Escolhas que revelam o coração

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Introdução

Aqueles que já estão na casa dos quarenta anos talvez vão se lembrar de um programa infantil apresentado pelo Sérgio Malandro, que continha um quadro chamado “A Porta dos Desesperados". Onde uma criança ia ao palco e ela tinham que escolher entre três portas, onde uma dessas portas tinha um prêmio de alto valor que elas muito desejavam. Porém, em outras duas portas tinha uma pessoa fantasiada de monstro ali dentro que sairia e correria atrás da criança, caso ela escolhesse aquela porta. Depois de escolher a porta, ainda fechada, com 1/3 de chance de acerto, o apresentador fazia várias ofertas para a criança. Oferecia brinquedos de menor valor que aquele que possivelmente estava dentro da porta, para ela desistir de abrir a porta e não se arriscar.
A tensão estava na decisão: o prêmio era garantido, mas limitado; já a porta poderia conter algo muito melhor ou absolutamente nada, nada não, um baita susto. Esse dilema simples reflete algo que vivemos em nosso dia a dia: muitas vezes, somos colocados diante de escolhas que revelam a quem confiamos e o que valorizamos.
No capítulo 13 de Gênesis, encontramos um cenário semelhante na história de Abrão e Ló. Ambos enfrentam uma escolha que não é apenas prática, mas profundamente espiritual. Abrão precisa decidir se confiará no que vê ou no Deus que prometeu fazer dele uma grande nação. Ló, por sua vez, é confrontado com a oportunidade de escolher aquilo que parece ser o melhor para ele, mas que ignora as implicações eternas de suas decisões.
E essa história não é apenas sobre eles, mas sobre nós. Somos frequentemente tentados a tomar decisões com base no que nos parece mais seguro, mais vantajoso ou mais fácil, em vez de confiar no chamado de Deus. Assim como Abrão e Ló, também enfrentamos testes de fé, fracasso e prosperidade que revelam onde está nosso coração.
Hoje, quero que juntos exploremos essa passagem de Gênesis 13 para aprender como viver pela fé nas escolhas que enfrentamos. Vamos refletir sobre como Deus nos chama a abrir mão do controle e confiar n'Ele, mesmo quando isso significa abraçar o desconhecido. Afinal, a verdadeira bênção está em confiar nas promessas de Deus, não nas aparências.
Então, a pergunta que quero que carreguemos ao longo deste sermão é esta: como estão nossas escolhas revelando a quem pertencemos e o que realmente amamos? Que Deus nos conduza a escolhas que honrem o Seu nome!
Gênesis 13.1–4 NAA
1 Abrão saiu do Egito e foi para o Neguebe, ele e a sua mulher e tudo o que tinha. E Ló foi com ele. 2 Abrão era muito rico; possuía gado, prata e ouro. 3 Fez as suas jornadas do Neguebe até Betel, até o lugar onde primeiro tinha armado a sua tenda, entre Betel e Ai, 4 até o lugar do altar, que anteriormente tinha feito. E ali Abrão invocou o nome do Senhor.

1. Fé Lida com o Fracasso (Gn 13:1-4)

Abrão está voltando de um momento de fracasso no Egito. Em Gênesis 12, ele desceu ao Egito por causa da fome, mas, ao invés de confiar em Deus, ele tomou decisões baseadas no medo e no pragmatismo, chegando a mentir sobre sua esposa, Sarai, para proteger a si mesmo. Esse episódio foi um teste para sua fé, e, como vemos, Abrão falhou. Mas o que acontece depois é crucial: ele não permanece em seu fracasso. Ele retorna ao altar.
O texto de Gênesis 13:1-4 nos mostra Abrão subindo do Egito de volta ao Neguebe, depois seguindo para Betel, ao lugar onde antes tinha erguido um altar ao Senhor. Lá, ele invoca novamente o nome do Senhor. Esse movimento é significativo. Abrão volta ao ponto onde começou, ao lugar onde se encontrou com Deus pela última vez. Isso reflete não apenas geografia, mas um coração que busca restauração.
Fracassos são inevitáveis na caminhada com Deus. Nenhum de nós é perfeito, e, muitas vezes, agimos como Abrão, tomando decisões por medo ou autossuficiência. No entanto, a fé verdadeira não é medida pela ausência de falhas, mas pela nossa disposição de voltar a Deus em arrependimento. Como o salmista declara: "O Senhor firma os passos do homem bom e no seu caminho se compraz. Se cair, não ficará prostrado, porque o Senhor o segura pela mão" (Salmo 37:23-24).
Abrão nos ensina algo fundamental: a fé genuína não é uma confiança cega em nós mesmos, mas uma dependência no caráter e nas promessas de Deus. Ele reconheceu seu erro, voltou ao altar e invocou o nome do Senhor. Essa é a essência do arrependimento: não é apenas admitir o erro, mas retornar à comunhão com Deus, confiando que Ele restaura.
Aplicação Prática Assim como Abrão, precisamos aprender a lidar com nossos fracassos pela fé. Quando erramos, somos tentados a nos afastar de Deus, pensando que não somos mais dignos de Sua graça. Mas a verdadeira fé nos chama a fazer o oposto: voltar para Ele, confiar em Sua misericórdia e começar de novo.
Pergunte a si mesmo: como você reage aos seus fracassos? Eles o afastam de Deus ou o levam de volta ao altar? Abrão nos lembra que a fé não é perfeita, mas perseverante. Que possamos sempre encontrar em Deus o caminho para a restauração.
Gênesis 13.5–13 NAA
5 Ló, que ia com Abrão, também tinha rebanhos, gado e tendas. 6 E a terra não podia sustentá-los, para que morassem juntos, porque eram muitos os seus bens, de maneira que não podiam morar um na companhia do outro. 7 Houve desentendimento entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló. Nesse tempo os cananeus e os ferezeus habitavam essa terra. 8 Então Abrão disse a Ló: — Não deveria haver conflito entre mim e você e entre os meus pastores e os seus pastores, porque somos parentes chegados. 9 Não está toda a terra aí diante de você? Peço que você se afaste de mim. Se você for para a esquerda, irei para a direita; se você for para a direita, irei para a esquerda. 10 Ló ergueu os olhos e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem-regada, como o jardim do Senhor, como a terra do Egito, até a região de Zoar. Isto foi antes de haver o Senhor destruído Sodoma e Gomorra. 11 Então Ló escolheu para si toda a campina do Jordão e partiu para o Oriente. E assim separaram-se um do outro. 12 Abrão habitou na terra de Canaã, e Ló foi morar nas cidades da campina. E ia armando as suas tendas até Sodoma. 13 Ora, os moradores de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra o Senhor.

2. O Teste da Prosperidade (Gn 13:5-13)

Depois de voltar ao altar e restaurar sua comunhão com Deus, Abrão enfrenta outro teste: desta vez, o teste da prosperidade. Gênesis 13 nos conta que tanto Abrão quanto Ló haviam sido abençoados com muitos bens, incluindo rebanhos, servos e posses. No entanto, essa abundância gerou um conflito entre os pastores de ambos, pois o território não era suficiente para sustentar tudo o que possuíam. Assim, surge a necessidade de uma separação.
Aqui vemos algo importante: a prosperidade, muitas vezes, pode ser um teste mais difícil do que o fracasso. Quando enfrentamos dificuldades, somos frequentemente levados a buscar a Deus e depender d'Ele. Mas, quando tudo está indo bem, a tendência natural do coração humano é confiar nos bens e nas circunstâncias, em vez de no Senhor.
No desenrolar do texto, vemos que Abrão, com humildade e generosidade, permite que Ló escolha primeiro a terra para onde deseja ir. Ló, guiado pelo que os olhos viam, escolhe o vale do Jordão, "como o jardim do Senhor, como a terra do Egito" (Gn 13:10). É uma decisão que parecia promissora do ponto de vista humano, mas que desconsiderava as implicações espirituais: Ló opta por se aproximar de Sodoma, um lugar marcado pela corrupção e pelo pecado.
Por outro lado, Abrão demonstra um coração voltado para Deus. Ele não escolhe baseado no que é mais atraente aos olhos, mas confia que o Senhor é quem garante a sua provisão. Essa generosidade de Abrão não é apenas fruto de um bom caráter, mas de sua fé em Deus. Seus olhos estavam voltados para a promessa de Deus, e não para as riquezas temporais.
Aplicação Prática Este episódio nos ensina que o teste da prosperidade pode ser um grande perigo para o nosso coração. Assim como Ló, muitas vezes somos tentados a tomar decisões baseadas na aparência, no lucro ou no conforto, sem considerar as consequências espirituais de nossas escolhas. Mas Deus nos chama a confiar n'Ele, mesmo quando isso significa abrir mão do que parece ser a melhor oportunidade.
Devemos nos perguntar: como reagimos quando enfrentamos abundância? Estamos dispostos a renunciar ao que é terreno para buscar o que é eterno? Filipenses 4:12-13 nos lembra: "Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece."
Ilustração Podemos lembrar aqui das palavras de Jesus sobre o rico insensato, que dizia: "Você tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos anos. Descanse, coma, beba e alegre-se!" Mas Deus lhe respondeu: "Louco! Esta mesma noite pedirão a sua alma” (Lc 12:19-20). A prosperidade não é um problema em si, mas pode facilmente se tornar um ídolo que nos afasta de Deus.
Que possamos, como Abrão, viver pela fé, confiando na provisão do Senhor e não nas riquezas passageiras deste mundo.
Gênesis 13.14–18 NAA
14 O Senhor disse a Abrão, depois que Ló se separou dele: — Erga os olhos e olhe de onde você está para o norte, para o sul, para o leste e para o oeste; 15 porque toda essa terra que você está vendo, eu a darei a você e à sua descendência, para sempre. 16 Farei a sua descendência como o pó da terra, de maneira que, se alguém puder contar o pó da terra, então será possível também contar os seus descendentes. 17 Levante-se e percorra essa terra no seu comprimento e na sua largura, porque eu a darei a você. 18 E Abrão, mudando as suas tendas, foi morar nos carvalhais de Manre, que estão junto a Hebrom. E ali edificou um altar ao Senhor.

3. A Escolha que Honra a Deus (Gn 13:14-18)

Após a separação entre Abrão e Ló, o texto nos mostra que Deus fala novamente com Abrão. O Senhor renova Sua promessa e confirma que toda a terra que Abrão vê será dada a ele e à sua descendência para sempre. É um momento de reafirmação da aliança divina, que ocorre logo após Abrão demonstrar fé, generosidade e confiança em Deus ao deixar Ló escolher primeiro.
Enquanto Ló, ao seguir o desejo de seus olhos, se aproxima das terras corruptas de Sodoma, Abrão permanece no lugar da promessa. Ele não estava preocupado com aparências ou com vantagens imediatas, mas com a fidelidade de Deus. Por isso, ele se estabelece em Hebrom, constrói outro altar ao Senhor e continua sua caminhada de fé.
Aqui vemos o contraste fundamental entre Ló e Abrão:
escolheu com base no que parecia vantajoso no momento, ignorando os perigos espirituais de sua decisão. Abrão, por outro lado, viveu pela fé, confiando que Deus supriria suas necessidades e cumpriria Suas promessas.
O que fez Abrão agir dessa forma? Ele tinha um coração que olhava além do que era visível. Sua esperança estava ancorada em algo eterno, não em riquezas temporais. Como Hebreus 11:10 nos diz, ele esperava "a cidade que tem fundamentos, cujo arquiteto e edificador é Deus". Sua confiança estava em Deus, e não nas circunstâncias ou oportunidades humanas.
Aplicação Prática
A escolha de Abrão nos desafia a refletir sobre nossas próprias decisões. Estamos vivendo com os olhos fixos na eternidade ou apenas no aqui e agora? Muitas vezes, como Ló, somos tentados a priorizar o que é visível e imediato, mas Deus nos chama a viver pela fé, confiando em Suas promessas, mesmo quando elas parecem distantes.
Pergunte a si mesmo:
Suas decisões refletem confiança nas promessas de Deus ou são guiadas pelo medo e pela busca de segurança terrena? Você está construindo "altares" em sua vida — momentos de adoração e comunhão com Deus — ou está apenas acumulando bens e confortos passageiros?
Ilustração
Jesus enfrentou uma escolha semelhante no deserto, quando Satanás lhe ofereceu todos os reinos do mundo se Ele apenas se curvasse e adorasse o diabo (Mt 4:8-10). Mas Jesus rejeitou essa oferta, escolhendo o caminho da cruz. Ele confiou no plano do Pai, sabendo que o sofrimento levaria à verdadeira glória e redenção para o mundo. Assim como Jesus, somos chamados a abrir mão de atalhos e aparentes vantagens para buscar a vontade de Deus.
Conclusão do Tópico
A escolha de Abrão aponta para uma fé madura, uma vida que honra a Deus acima de tudo. Enquanto Ló "pegou o dinheiro", Abrão "abriu a porta dos desesperados” e confiou nas promessas de Deus. Mas como assim, por vezes nós agimos pior do que as crianças no programa do Sérgio Malandro, que rejeitam o que é garantido e confiam na promessa da porta. Aceitamos o que é visível e temporal por que desconfiamos do que pode sair de dentro da porta, confiamos menos em um Deus que é bom, Santo e pefeito do que uma criança confia no Sérgio Malandro. Você já parou para pensar nisso? Acima de tudo precisamos confiar no caráter de Deus, e não nas garantias do que Ele vai fazer.
Que possamos seguir o exemplo de Abrão, vivendo com os olhos fixos no Senhor e construindo nossas vidas sobre Suas promessas, não sobre as ilusões deste mundo.

Conclusão do Sermão:

A história de Abrão e Ló em Gênesis 13 nos apresenta um contraste claro entre dois tipos de vida: uma fundamentada na fé e na confiança nas promessas de Deus, e outra baseada no que é visível e passageiro. Abrão escolheu abrir mão do controle, confiando que Deus seria fiel em cumprir Sua Palavra, enquanto Ló tomou decisões baseadas no que parecia vantajoso aos olhos humanos, mas que o levou a consequências trágicas.
Essas escolhas revelam algo profundo sobre o nosso coração. Nossas decisões diárias — grandes ou pequenas — demonstram a quem realmente pertencemos e no que colocamos nossa esperança. Vivemos pela fé, como Abrão, ou somos movidos pelas aparências e pela busca de conforto imediato, como Ló?
Mas, ao final, o exemplo de Abrão aponta para alguém maior. Jesus é o verdadeiro modelo de quem viveu totalmente pela fé e em obediência ao Pai. Ele enfrentou a maior escolha de todas: seguiu o caminho do sofrimento e da cruz, confiando que a vontade de Deus era boa, perfeita e agradável. Ele rejeitou os atalhos oferecidos por Satanás e escolheu o caminho do Pai por amor a nós. Em Sua obediência, Jesus nos garantiu a herança eterna que Abrão esperava: um lugar na presença de Deus.
Hoje, somos convidados a fazer o mesmo: abrir mão de nossa autossuficiência e confiança em coisas temporais, e entregar nossas vidas ao único que pode nos conduzir à verdadeira vida. Isso significa abrir a "porta” da fé, mesmo sem saber exatamente o que está dentro, porque confiamos no caráter e nas promessas de Deus.
Desafio Final
Então, a pergunta que devemos levar para casa é esta: quais escolhas você está fazendo hoje? Como elas revelam o que realmente importa para você? Você está disposto a confiar em Deus, mesmo quando isso significa renunciar ao que é seguro e visível?
Que possamos ser pessoas que vivem pela fé, construindo altares em nossas vidas que glorificam a Deus e impactam as gerações futuras. Afinal, o que Deus tem preparado para aqueles que confiam n'Ele é infinitamente maior do que qualquer coisa que possamos alcançar por conta própria.
Concluímos com o convite de Jesus em Mateus 6:33: "Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas." Que essa seja a escolha que nos define: buscar o Senhor acima de tudo, sabendo que Ele é fiel para cumprir cada uma de Suas promessas.
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