ENTENDENDO O CONTEXTO PARA EXPOR O TEXTO

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"Conselhos para uma Correta Interpretação da Bíblia. ( "Conselhos Importantes para Novos Cristãos, Fernando Angelim).

1. Leia com reverência e oração.
Primeiramente, devemos nos achegar ao texto sagrado com reverência e oração, compreendendo que, mesmo sendo um livro escrito por homens, também é plenamente inspirado por Deus. Então, necessitamos da iluminação do Espírito Santo para nos desvendar a verdade revelada. Assim como orou o salmista oremos também: “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei” (Sl 119:18).
João Calvino comenta que necessitamos da graça de Deus, para compreendermos os mistérios que excedem nossa capacidade limitada.
2. Utilize o método histórico-gramatical.
Para interpretarmos a Bíblia corretamente, uma boa sugestão é utilizarmos o método histórico-gramatical. Ou seja, devemos buscar compreender como os primeiros leitores receberam aquela mensagem.
Qual era o objetivo original do autor, o que ele queria transmitir ou ensinar naquele texto? Em qual contexto encontra-se aquela passagem? Qual o pano de fundo histórico? Em que momento foi escrita? Devemos fazer perguntas ao texto buscando extrair o seu significado inicial, pois ao compreendermos o ensino que o autor quis transmitir, teremos maior precisão para aplicá-lo em nossas vidas. Sempre devemos tomar esses cuidados antes de aplicar seus princípios aos dias de hoje. Esse conselho é importante, pois muitas heresias podem surgir de aplicações equivocadas.
3. Não interprete de maneira alegórica um texto literal nem faça o contrário.
É importante destacar que devemos ler a Bíblia de forma literal até que o próprio texto nos force a ler de forma figurada. Não devemos alegorizar passagens que devem ser lidas literalmente nem interpretar de forma literal passagens que claramente são figuras de linguagem.
Por exemplo, se o texto diz “do suor do seu rosto comerás seu pão”, é evidente que se trata de um sentido figurado, não vamos pensar que cada pingo de suor se transformará em um pão, mas que do seu trabalho o homem tiraria o seu sustento.
Houve momentos em que os discípulos buscaram interpretar ao pé da letra o que Jesus falou e falharam grandemente e foram corrigidos pelo Senhor, por exemplo: “Ora, tendo os discípulos passado para o outro lado, esqueceram-se de levar pão. E Jesus lhes disse: Vede e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. Eles, porém, discorriam entre si, dizendo: É porque não trouxemos pão. Percebendo-o Jesus, disse: Por que discorreis entre vós, homens de pequena fé, sobre o não terdes pão? Não compreendeis ainda, nem vos lembrais dos cinco pães para cinco mil homens e de quantos cestos tomastes? Nem dos sete pães para os quatro mil e de quantos cestos tomastes? Como não compreendeis que não vos falei a respeito de pães? E sim: acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. Então, entenderam que não lhes dissera que se acautelassem do fermento de pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus” (Mt 16.5-12). Quando o Senhor Jesus falou sobre o “fermento dos fariseus”, ele se referia à doutrina dos fariseus, mas os discípulos interpretaram literalmente, de maneira equivocada, pensando que ele falava isso por conta de não terem levado pães e o mestre os advertiu. Portanto, nem sempre a interpretação literal é a melhor opção, é preciso estar atento às figuras de linguagem.
O contrário também é perigoso. Interpretar de maneira alegórica um texto que possui sentido literal, quando a Bíblia não dá subsídios para tal, pode levar a grandes erros. Alguns, por incredulidade, vão tentar interpretar relatos dos milagres descritos na Bíblia de maneira figurada, não crendo que poderiam ocorrer literalmente, forçando a passagem a dar outro entendimento que não aquele que está claro na narrativa. Por exemplo, digamos que o texto relata que Jesus multiplicou pães e peixes, erram aqueles que interpretam figuradamente a passagem atribuindo um outro significado, dizendo que não houve milagre, entendendo que o significado é que as pessoas ao verem o exemplo de Jesus se tornaram generosas e passaram a repartir seus alimentos. Esse tipo de interpretação abre portas para a anulação do sobrenatural, dos milagres e do próprio evangelho.
Outra forma equivocada é simplesmente impor significados ao texto que a Escritura não tem a intenção de dar, por exemplo, um pregador escolhe pregar em 1Sm 17:30, sobre o relato de Davi enfrentando o gigante. No momento em que Davi pega cinco pedras, o pregador impõe um significado específico para cada pedra, alegorizando a passagem, dizendo que uma é a pedra da fé, a outra é a da esperança etc. Essa também NÃO é a forma adequada de interpretar a Bíblia. É muito importante observarmos o contexto, o gênero literário, a analogia das Escrituras8 e as figuras de linguagem presentes para uma compreensão adequada.
4. Compreenda o estilo do texto Devemos compreender qual o gênero do texto que estamos lendo.
Isso também poderá nos ajudar na compreensão. Devemos examiná-lo e descobrir se é um evangelho ou uma carta? Um texto apocalíptico ou provérbios? Descobrir isso é importante, pois cada tipo de texto tem suas particularidades literárias.
5. Lembre-se: a Bíblia não se contradiz.
Devemos entender que a Bíblia não se contradiz. Quando encontramos nela aparentes contradições, provavelmente trata-se de um desses problemas: interpretação (possivelmente nós estamos interpretando erroneamente o texto) ou tradução (o tradutor pode ter utilizado uma palavra que não corresponde ao sentido correto de determinada passagem).
6. Entenda que a Bíblia interpreta a própria Bíblia.
Um outro princípio importante é que a Bíblia interpreta a própria Bíblia. O teólogo batista do século XVII, Nehemiah Coxe, afirmou: “…o melhor intérprete do Antigo Testamento é o Espírito Santo falando conosco através do Novo Testamento”, ou seja, textos posteriores que fazem uso de textos anteriores lançam luz interpretativa sobre eles e quando a Escritura interpreta a si mesma, ela o faz de maneira infalível. Além disso, se encontrarmos passagens obscuras, elas devem ser lidas à luz de passagens mais claras sobre o mesmo tema.
Sempre devemos observar o contexto, ler os versículos anteriores e posteriores e o que os outros livros das Escrituras dizem sobre o assunto em questão. Isso porque, interpretar textos isolados, fora de contexto, pode ser perigoso. Por exemplo, muitas pessoas utilizam a frase “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4:13) como um texto isolado, referindo-se a “tudo posso conquistar” ou “tudo posso conseguir” etc. Mas, ao observarmos o contexto da passagem (Fp 4:11- 12), entendemos que Paulo afirma nos versos anteriores que aprendeu a estar contente em qualquer situação, tanto a passar necessidade quanto a ter fartura, logo notamos que o texto se refere a “tudo posso suportar”. Sendo assim, se ignoramos o contexto, perdemos o significado original da passagem.
7. Considere o enredo completo e o progresso da revelação.
Outro ponto é que devemos considerar o progresso da revelação. Isto é, a sequência dos acontecimentos registrados na Bíblia à luz do seu enredo completo. Esse aspecto trata-se de compreendermos onde se encontra o texto que estamos lendo. Em que momento da revelação está localizado no grande quadro da Bíblia? Antes ou depois da queda? Está no Antigo ou no Novo Testamento? De que maneira ele se relaciona com a grande história da redenção? Observar esse ponto é importante, pois alguns eventos bíblicos marcam certas mudanças que podem influenciar nossa compreensão de determinadas passagens bíblicas. Por exemplo, antes da queda, a condição do ser humano era diferente do que seria posteriormente. Se interpretássemos que os seres humanos hoje estão nas mesmas condições de Adão antes de Gênesis 3, cometeríamos erros terríveis por não considerarmos as consequências do seu pecado para a humanidade.
Além disso, por não considerar o progresso da revelação, alguns grupos religiosos acabam trazendo elementos judaicos para o culto cristão, de modo contrário ao objetivo para o que foram instituídos inicialmente. Certas cerimônias e objetos que faziam parte do sacerdócio levítico, cumpriram seu papel como sombra do que viria, ou seja, apontavam para Cristo, o Mediador da Nova Aliança (Hb 8.6).
Sendo assim, quando observamos os textos bíblicos em seu devido contexto e os esclarecimentos posteriores que a Escritura faz deles, somos auxiliados no entendimento sobre a finalidade de cada elemento apresentado em determinado período e entendemos qual era seu objetivo final. Isso pode nos privar de muitos equívocos. Deste modo, compreenderemos o texto à luz da visão geral da Bíblia que, de acordo com Nick Roark e Robert Cline, pode ser resumida como: “Deus, o Pai, enviou seu Filho por meio do Espírito para conquistar um povo para a sua própria glória”.
8. Busque extrair o significado do texto e não impor seu significado a ele.
Lembre-se, devemos evitar impor o nosso significado ao texto. A Bíblia não foi escrita em nosso contexto, nem em nossa época, nem em nossa cultura, por isso sabemos que existem desafios de interpretação e textos difíceis; mesmo assim, nossa tarefa é extrair o que o texto quer dizer e não forçarmos um sentido ao texto para justificar nossas ideias.
9. Aquilo que é fundamental está claro.
Ao pensarmos nas passagens de difícil interpretação, podemos achar que somente um erudito poderia compreender as Escrituras. No entanto, nos pontos cruciais da fé cristã, a Bíblia é clara. Em pontos fundamentais, como no que é necessário para a salvação do homem, a mensagem é tão clara a ponto de até mesmo uma criança conseguir entender."

Pregação Expositiva: Contextos:

1. Definição:
Entender o contexto é buscar compreender o que o autor queria dizer e como os leitores originais deveriam entender o que foi escrito.
É uma viagem no tempo - Ele nos tira da perspectiva do século 21, e nos leva ao período bíblico. Quando estudamos o contexto, nossa tarefa é entrar no mundo bíblico, viajar por suas paisagens, viver os seus costumes, e falar em sua língua. Não podemos interpretar um texto de mais de dois mil anos atrás com uma visão apenas do nosso século. É necessário entender o que aquele texto significou em sua época. Não há caminho direto.
É o alicerce da interpretação – Ele é a base da construção do estudo bíblico. Sem um bom alicerce, o edifício da interpretação está fadado a ruir. Só podemos seguir em nosso estudo bíblico se primeiro identificarmos o seu alicerce. Estas informações se tornam um filtro por onde podemos passar. O contexto imediato são a última palavra sobre o significado de um termo ou conceito.
É indispensável para dar significado ao texto- Se pararmos para pensar, não há significado fora do contexto. Sem contexto, temos somente vários significados possíveis.
Em resumo, o estudo do contexto tem o seguinte objetivo: “entender o todo, para depois entender as partes”. Por isso, nosso primeiro objetivo no estudo de um texto bíblico é entender o contexto em que ele está, caso contrário, não entenderemos o que ele diz.
2. Quais são seus elementos?
A ilustração do ovo – [1] gema, [2] clara e [3] casca. Da mesma forma, toda passagem das Escrituras envolve três áreas: [1] contexto imediato (ou da passagem), [2] contexto geral (ou do livro) e [3] contexto bíblico:
Contexto imediato:
O contexto imediato se refere ao parágrafo da passagem. Ele se relaciona com o que veio antes e o que vem depois do texto escolhido. Entender o contexto imediato envolve responder as seguintes perguntas:
1. O que o autor diz?
2. Como o autor diz?
3. O que vem antes?
4. O que vem depois?
5. Porque está aqui?
6. O que significa?
7. Qual é a intenção do autor?
8. O que ele esperava dos leitores?
9. Como os leitores entenderam?
Contexto geral:
Não é em todo livro que você irá encontrar todos estes aspectos, mas este deve ser seu alvo em cada texto que for pregar.
O contexto geral representa o ambiente histórico do texto. Cada um dos 66 livros da Bíblia foi escrito em contextos diferentes. Sua composição levou 1500 anos, e neste tempo, muita coisa mudou. Por isso, num estudo do texto, devemos fazer uma “viagem no tempo”, considerando alguns aspectos:
A. Livro:
Em qualquer texto que formos estudar, o que é imprescindível procurar, são os seguintes itens:
Autor:
O foco é saber quem escreveu ou compilou o livro. Alguns livros começaram com um autor, mas foram concluídos por outra pessoa. Por exemplo 1 Samuel 25.1, onde Samuel morre. Alguns israelitas compilaram os relatos subsequentes a sua morte.
Data:
Não só identificar a data, mas a situação em que o livro é escrito. Por exemplo, Gênesis, foi escrito por Moisés no deserto do Sinai. Filipenses foi escrita por Paulo de uma prisão domiciliar. 2Timóteo foi escrita por Paulo de uma outra prisão, agora mais parecido com uma masmorra. Muitas vezes, esta informação é fundamental para entendermos o significado do texto.
Destinatários:
Aqui o foco é identificar para quem aquele livro ou carta foi escrito. Por exemplo, na carta de Tito, devemos identificar para quem ela foi escrita. Quem é o destinatário? Uma pessoa ou várias? Ele já apareceu antes na Bíblia? Há alguma descrição dele no texto?
Propósito :
É descobrir o que motivou a escrita do livro. Pergunta: “A Bíblia foi escrita para crentes ou incrédulos? ”. Ela deve ser pregada a toda humanidade, mas primeiro, foi escrita para o povo de Deus. Todo livro foi escrito com o propósito de resolver algum problema ou prover a solução a alguma necessidade do povo de Deus. Nosso papel é tentar identifica-lo.
Normalmente as dicas estão no conteúdo do próprio livro. Por exemplo, o propósito de 1 Timóteo está descrito em 1.5. Outro exemplo é João 20.30-31. Tito também tem um versículo que deixa bem claro qual é o propósito de Paulo escrever esta carta.
Tema :
O tema é o conteúdo do livro, que resolve o problema ou necessidade que o motivou. Ele é uma ideia principal, que se desenvolve em todo o livro. Se descobrirmos o tema do livro, as passagens menores dele ficarão mais fáceis de serem entendidas.
Por exemplo: o tema de Provérbios está em 1.7. Todos os outros versículos do livro devem ser interpretados à luz destas palavras, tendo elas como base.
Outro exemplo, é o evangelho de Marcos (1.1; 10.45). No livro, vemos Jesus como o Messias, Filho de Deus. Ele é o Servo Sofredor, que dá sua vida pelo perdido.
B. Ambiente
Histórico :
Qual é a época na história em que o livro foi escrito? Se foi antes de Cristo, se foi depois de Cristo. AT – Se foi no deserto do Sinai, no reino do Norte ou do Sul, no exílio, ou na volta a Jerusalém. NT – Se foi no começo da era cristã, se foi em tempo de perseguição, ou de paz, etc.
Cultural :
Descobrir qual é o ambiente do texto. Qual é a cultura do povo da época? Que costumes eles tinham?
Por exemplo, em 1 Coríntios 11.2-16, Paulo fala sobre o uso do véu. Se não entendermos o que o véu significava naquela época, não podemos entender o que Paulo está dizendo neste texto. É por isso que muitos interpretam esta passagem como uma regra que deve durar em os contextos (usar o véu). Mas Paulo está falando da submissão da mulher ao seu marido e de sua honra diante da sociedade. Não usar o véu naquele contexto era uma demonstração de insubmissão ao marido e desonra da mulher perante a sociedade.
Linguístico:
Descobrir qual a forma de se comunicar da época. Por exemplo, o livro de Salmos é constituído de poesia. Muito do estilo encontrado ali não se usa mais hoje em dia.
Outro exemplo é a forma com que Jesus trata sua mãe em João 2.4. Será que ele foi desrespeitoso? Não! A expressão “mulher” era uma forma respeitosa de se referir a uma pessoa do sexo feminino.
Um exemplo mais claro da diferença linguística é Cantares. Nesta poesia do XX século antes de Cristo, Salomão se refere a sua mulher com palavras não usadas ultimamente (1.9; 4.1-5). Para Salomão, sua noiva não tinha defeito (4.7), mas se não considerarmos sua forma de linguagem, ele está mentido!
Geográfico:
Descobrir a geografia de onde a passagem acontece é fundamental. Por exemplo, em sua carta a Tito, Paulo diz que o deixou em Creta, para pastorear a igreja dali (1.5). Mas onde é Creta? É uma cidade, um país ou continente? Entender isso nos ajuda a entender melhor o conteúdo da carta.
Religioso:
Precisamos identificar quais eram os costumes religiosos da época. Se era uma época em que o povo estava debaixo da Lei de Moisés, ou se já estavam na Nova Aliança. Quais são as crenças dos personagens envolvidos na história, etc.
Por exemplo, a passagem de Jesus com a mulher samaritana (João 4). Judeus e samaritanos não se “bicavam” (Jo 4.6-9).
Outro exemplo é o homem leproso que vai até Jesus em Marcos 1.40-45. O leproso era alguém impuro, e não podia ficar na cidade (Lv 13.43-46). Jesus está na cidade da Galileia (Mc 1.39), e este leproso entra na cidade. Mesmo assim, Jesus toca nele e o purifica. Nisso vemos Sua misericórdia e pureza, a ponto de purificar alguém impuro (que não podia adorar a Deus).
Político:
Identificar qual é a forma de governo da época. Se é uma época em que há um rei colocado por Deus, ou se o povo está sob o regime de uma nação inimiga. Se há um imperador que convoca a todos a adora-lo. Se há perseguição contra os cristãos pela parte das autoridades.
Por exemplo, em Tito 3.1, Paulo o exorta a lembrar o povo a ser sujeito as autoridades. Mas o que não sabemos de cara é que em 66 d.C., na época da escrita da carta, começou no império romano a guerra civil judaico-romana. Nela os judeus se voltaram contra o império romano. E é neste contexto, de luta contra o império, que os cristãos deveriam ser sujeitos a suas autoridades.
Outro exemplo, está no livro de Hebreus. Ele foi escrito a judeus e gentios, que começaram a ser perseguidos. Nesta perseguição, muitos começaram a “apostatar” da fé (nega-la e abandona-la). Por isso, o autor do livro (desconhecido), encoraja os leitores a permanecerem firmes na fé, apesar da perseguição. Por isso ele diz as palavras de 10.23-25. Por isso ele fala da fé em 11.1-2, 6, 13; e encoraja-os a fazerem o mesmo 12.1-2.
Lembre-se que nem todos estes pontos serão respondidos. Mas você deve procura-los, para entender de maneira correta o que o livro está dizendo.
A grande maioria deles não será citada na pregação, mas são fundamentais para que você possa chegar ao real significado do texto.
Contexto bíblico:
Neste ponto, devemos observar como o livro se relaciona com a mensagem geral da Bíblia. Nosso propósito deve ser responder as perguntas:
1. Qual é a mensagem do livro como um todo?
2. Como ele se encaixa na mensagem da Bíblia?
Por fim, dedique-se:
Para isso, precisamos ter uma noção (mesmo que breve) da mensagem principal da Bíblia. Precisamos saber qual é a história que ela apresenta. Quando fizermos isso, devemos perguntar como nosso livro coopera com esta mensagem.
Karl Lachler, em seu livro “Pregue a Palavra”, diz que:
O espírito de preguiça milita contra a leitura. Por isso, faça a leitura do livro, a fim de obter em sua mente um quadro geral daquilo que ele contém. Repita este passo quantas vezes for preciso, se houver alguma dúvida quanto ao rumo do livro (p. 51).
No livro, ele diz que um pregador, chamado G. Campbell Morgan, lia um livro da Bíblia 50 vezes, antes de pregá-lo. Ele cita que sabe “de pastores que separam um dia na semana para leitura exclusiva das Escrituras”.
Ainda no livro “Pregue a Palavra”, Karl Lachler (p. 53) diz que um escritor, chamado Geoffrey Thomas, pergunta o porquê de haver tão pouco poder no púlpito. A conclusão dele está atitude básica do ministro diante da Bíblia. Thomas, então, faz a seguinte pergunta: "Nós lemos a Bíblia?" e acrescenta o seguinte comentário:
Isto é terrivelmente elementar, mas é por onde devemos começar. Nós lemos a Bíblia? Nós a lemos mais do que o jornal do dia? Nós a lemos a cada dia? Enxergamos como nosso dever examinar diariamente as Escrituras, separar tempo para isto e estudá-las atentamente? Será que nós as interrogamos, fazendo perguntas e decifrando seu significado? Fazemos disto uma das principais finalidades na vida? Lemos outras coisas que iluminam nossa compreensão da Bíblia? Nas conversas com cristãos falamos sobre o significado da Palavra de Deus? Somos movidos pelas Escrituras (Logan 1986, 373)?
Leia o livro todo em diferentes versões.
O terceiro passo é usar outras traduções antes de tentar entender o que aquele trecho significa. Cada versão tem uma tentativa de interpretação do texto. Algumas são mais fiéis ao texto original (Bíblia Almeida), outras são mais fiéis ao seu sentido original (Nova Versão Internacional).
1. As mais fiéis à estrutura e linguajar original tendem a ser mais difíceis de entender, por usarem palavras não tão comuns hoje em dia (ARA).
2. Porém, as que buscam usar uma linguagem mais atual, podem perder um pouco da riqueza das construções e ênfases do texto original (NVI).
3. Outras, são apenas paráfrases, ou seja, traduções em uma linguagem mais simples, mais atual (NTLH, VIVA).
O importante é ler o texto em várias versões e perceber as mudanças e semelhanças entre uma e outra. Uma sugestão de tradução seria a Bíblia Almeida Século 21. Ela segue a estrutura do texto original, mas também traduz palavras antigas por novas, mas “entendíveis” atualmente.
Ler o livro todo e em várias versões é indispensável para entendermos o texto dentro de seu contexto.
Use introduções ao livro e/ou comentários.
Normalmente, as Bíblias de estudo vêm com uma introdução ao livro, contendo algumas de suas informações básicas. Depois, podemos procurar ler algum livro de introdução ou comentário bíblico. Mas lembre-se:
A busca por algum comentário não é para que ele interprete a passagem para você - Esta primeira olhada é para tentar ter uma visão geral sobre o que o livro fala. Se você interpretar o texto somente baseado no que os comentários dizem, você não estará pregando o texto, mas sim os comentários.
Antes de abrir um comentário, certifique-se de ter lido o livro antes, tentando achar as respostas simplesmente por meio de seu próprio conteúdo.
O nosso processo no estudo do contexto deve partir do [1] contexto bíblico, depois ir para o [2] contexto geral, e depois, focar no [3] contexto imediato. O contexto limita nossa área de interpretação. Quanto mais estudamos o contexto, mais fiéis a Palavra de Deus seremos.
Quando entendemos o que o autor queria dizer, o porquê ele disse isso, e como os destinatários entenderiam, podemos fazer uma interpretação mais próxima da original. Por isso, entender o contexto de nossa passagem é primordial para prega-la. Não existe estudo bíblico (e pregação) sem estudo do contexto.

CONCLUSÕES:

 Refletindo sobre os caminhos de nossa interpretação bíblica Martinho Lutero:
"O que eles [os sofistas] deveriam fazer é vir ao texto vazios, derivar suas idéias da Escritura Sagrada, e então prestar atenção cuidadosa às palavras, comparar o que precede com o que vem em seguida, e se esforçar para agarrar o sentido autêntico de uma passagem em particular, em vez de ler as suas próprias noções nas palavras e passagens da Escritura, que eles geralmente arrancam do seu contexto."
 
Como ter uma hermenêutica sadia, uma volta à Bíblia? (Isaltino G. C. Filho)
  
1.  Reconhecendo-a como normativa, autoritativa, palavra última, definitiva e cabal de Deus. Não há o que lhe acrescentar.
 
2.  Trazendo os ensinos humanos ao seu crivo, subordinando-os a ela. Todo profeta, todo pregador, deve ser avaliado à luz das Escrituras. Se ele falar e não se cumprir, ele é falso (Dt 18.22). Se ele falar, cumprir-se o que ele falar e ele desviar o povo da Palavra, deve ser morto (Dt 13.1-5). O padrão é sempre a Palavra falada de Deus.
 
3.  O bom senso recomenda que se fuja das interpretações que jamais alguém viu, do ineditismo. Quem se coloca sob holofotes deve ser rejeitado imediatamente.
 
4.  Os batistas não surgiram ontem e têm uma herança teológica coerente, uma teologia fechada (no sentido de ser completa, de abarcar todas as áreas da vida).Cuidado com visões fragmentárias, em que toda a Bíblia é analisada à luz de uma parte.
 
5.  Cuidado com o experiencialismo, aquela atitude em que as experiências humanas são válidas e julgam a Bíblia. É a Bíblia que deve julgar nossas experiências, e não o oposto.A ordem é FATO > FÉ > EMOÇÃO.
6.  Como conseqüência, o ensino bíblico criterioso, a hermenêutica correta e a exegese bem feita devem ser objetos de estudo do pastor, para alimentar sadiamente sua igreja.
 
A nova reforma propriamente dita (Isaltino G. C. Filho)
 
 1)  Precisamos de uma volta às Escrituras com estudo bíblico sério.
Negar que Lutero, Calvino e teólogos posteriores, de grande conteúdo, tenham o que ensinar, é insensatez. A Igreja Católica tem o peso da Tradição. Temos ojeriza a este nome, mas precisamos resgatar a teologia do passado, com sua erudição e profundidade. E a livre interpretação (não o livre exame) da Bíblia precisa ter contornos mais bem definidos.
 
2)  O doutrinamento das igrejas deve ser privilegiado. É falsa a dicotomia vida espiritual ou doutrina. As doutrinas bíblicas não são estéreis e sem vida. São fonte de vida.
 
3)  Precisamos de mais zelo ao encaminhar jovens aos seminários, ao criar seminários, ao formar currículos e conteúdo programáticos, e ao consagrar pastores ao ministério.
 
4)  Por último: precisamos de uma reforma eclesiológica. Muitas de nossas igrejas não estão crescendo como deveriam. Há pastores que querem ver seu ministério deslanchar e não conhecem muitos ministérios modelos.
João Wesley:
" Aqui estou, longe da agitação dos homens. Sento-me sozinho: só Deus está aqui. Em sua presença abro, leio seu livro; faço-o com o objetivo de encontrar o caminho para os céus. Por acaso existe alguma dúvida sobre o significado do que estou lendo? Será que algo parece obscuro ou complexo? Ergo meu coração ao Pai das Luzes: “Senhor, esta não é tua palavra? ‘Se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus’? Tu disseste: ‘Se alguém quiser fazer tua vontade, ele conhecerá’. Estou desejoso de fazê-la, deixa-me conhecer a tua vontade”. Procuro, então, e considero passagens paralelas das Escrituras, com toda a atenção e sinceridade de que minha mente é capaz. Se qualquer dúvida ainda permanecer, consulto aqueles que são experientes nas coisas de Deus; e, então, os escritos que estão mortos, ainda falam. E aquilo que dessa forma aprendo, isso ensino."
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