A vida após o novo nascimento
Sermon • Submitted • Presented
0 ratings
· 2 viewsNotes
Transcript
Texto
Texto
Vocês sabem estas coisas, meus amados irmãos. Cada um esteja pronto para ouvir, mas seja tardio para falar e tardio para ficar irado. Porque a ira humana não produz a justiça de Deus. Portanto, deixando toda impureza e acúmulo de maldade, acolham com mansidão a palavra implantada em vocês, a qual é poderosa para salvá-los.
Sejam praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando a vocês mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se àquele que contempla o seu rosto natural num espelho; pois contempla a si mesmo, se retira e logo esquece como era a sua aparência. Mas aquele que atenta bem para a lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte que logo se esquece, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar.
Se alguém supõe ser religioso, mas não refreia a sua língua, está enganando a si mesmo; a sua religião é vã. A religião pura e sem mácula para com o nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se incontaminado do mundo.
Introdução
Introdução
Tiago é considerado pelos estudiosos como Provérbios do Novo Testamento: um registro de diversas palavras de sabedoria que orienta a prática da vida cristã. O autor não escreve grandes esboços teológicos, complexos e rebuscados, mas registra um manual de sabedorias simples, que poderiam ser aplicadas até mesmo por um recém-convertido que não conhecia nada a respeito de Deus;
Nesse trecho, em especial, Tiago está demonstrando que a vida cristã não deve ser apenas uma religiosidade de qualquer tipo. Ou seja, não deve ser aquela que se restringe à prática do culto como um fim em si mesma, nem uma em que se valoriza demais os atos espirituais, o sobrenatural, o metafísico, esquecendo-se do real, do “aqui e agora”. Tiago, respondendo a 1.18, está falando de uma vida de regeneração, aquela que foi gerada por Jesus pelo novo nascimento.
Questão norteadora
Questão norteadora
Como podemos demonstrar com a nossa vida que fomos verdadeiramente regenerados?
Desenvolvimento
Desenvolvimento
Ouvindo as pessoas antes de qualquer outra coisa
Ouvindo as pessoas antes de qualquer outra coisa
Cada um esteja pronto para ouvir, mas seja tardio para falar e tardio para ficar irado.
Pode-se dizer que ouvir é uma arte: é necessário se ter habilidade para ser executada com eficiência. Não é uma tarefa simples, visto que a sociedade, a cada dia que passa, tem se tornado mais egoísta e ansiosa. O autor destaca dois empecilhos para praticar a arte de ouvir:
A fala: os textos de sabedoria, por diversas vezes, demonstrarão quão prejudicial é a prática de falar de maneira inadequada, irrefletida:
Provérbios 10.19 “Quem fala demais acaba caindo em transgressão, mas quem controla a língua é sábio.”
Provérbios 15.1 “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.”
Provérbios 17.27–28 “Quem controla as suas palavras possui conhecimento, e o sereno de espírito é inteligente. Até o insensato, quando se cala, é tido por sábio; se fica de boca fechada, passa por inteligente.”
Efésios 4.29 “Não saia da boca de vocês nenhuma palavra suja, mas unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem.”
Em nenhum momento os textos citados estão denegrindo toda e qualquer tipo de fala. Contudo, deve-se atentar para falas que edificam, que trarão paz e testemunharão a sabedoria.
A ira: em geral ela surge por uma falta de empatia, fruto do egoísmo que paira o coração humano. Cria-se preconceitos a respeito do outro, o que dificulta a prática do ouvir. A Palavra de Deus também possui outras orientações sobre ela:
Provérbios 16.32 “É melhor ter paciência do que ser herói de guerra; o que domina o seu espírito é melhor do que o que conquista uma cidade.”
Mateus 5.22 “Eu, porém, lhes digo que todo aquele que se irar contra o seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem insultar o seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem o chamar de tolo estará sujeito ao inferno de fogo.”
Efésios 4.26 “Fiquem irados e não pequem. Não deixem que o sol se ponha sobre a ira de vocês,”
Em todos os textos citados, demonstra-se que a ira é um pecado quando nasce de maneira irrefletida. Uma coisa é se irar contra o pecado, contra a maldade, a opressão. Jesus se irou contra tudo isso. Agora, irar-se contra uma pessoa porque ela discorda de você, ou tem uma visão de mundo diferente, isso sim é um pecado. A ira deve também ser uma atitude que surge após uma reflexão, e não fruto dos impulsos humanos. Ela fere, ela julga, produz mágoas e ressentimentos (motivo pelo qual Paulo alerta para que, após a ira, não se aumente a prática do pecado através de amargura).
Para resolver essas questões, Tiago apresenta o seguinte mandamento: livre-se de toda a maldade que há dentro do coração, e receba a Palavra do Evangelho que salva o pecador. Ao falar que a Palavra foi implantada, Tiago faz uma referência à regeneração, e orienta para que os que têm dificuldade em ouvir, voltem-se para a palavra que o Espírito Santo registrou dentro de cada coração, apegue-se a ela, e livre-se de toda maldade que há dentro da mente. Somente dessa maneira se pode começar a praticar um ouvir saudável, sem o prejuízo de uma fala e ira irrefletidas.
Praticar aquilo que se tem ouvido da palavra de Deus
Praticar aquilo que se tem ouvido da palavra de Deus
Ouvir também não é um fim em si mesmo. Aprende-se a ouvir, a fim de reter com mais profundidade a palavra de Deus que deve ser praticada constantemente por aquele que crê;
A salvação, fruto da obra de regeneração, deve vir acompanhada de boas obras. Essas boas obras não são um peso, uma obrigação, mas uma resposta espontânea à obra de Deus realizada na vida do salvo;
Há instruções claras na Escritura que orientam o salvo a praticar aquilo que se tem ouvido:
Lucas 11.28 “Jesus, porém, respondeu: — Pelo contrário! Mais bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!”
Romanos 2.13 “Porque justos diante de Deus não são aqueles que somente ouvem a lei, mas os que praticam a lei é que serão justificados.”
O autor apresenta algumas razões para a prática da palavra de Deus
Presta-se mais atenção aos mandamentos de Deus, procurando compreendê-los com profundidade. Não é uma análise superficial, mas intensa, a fim de obter maior conhecimento possível da vontade divina;
Ao praticar a palavra de Deus, ela será lembrada com mais frequência por aquele que a pratica. Dessa forma, a cada dia que passar, seguir os mandamentos do Senhor se tornará mais fácil;
Será feliz em todas as áreas da sua vida, pois entendeu qual é a plena vontade de Deus, e a vive sem nenhum problema.
Viver uma vida altruísta
Viver uma vida altruísta
A última orientação de Tiago é uma consequência das duas anteriores: ao se ouvir mais as pessoas ao redor, e se dispor a praticar no meio delas aquilo que a palavra de Deus dá como instrução, a vida passa a ser altruísta;
Viver uma vida altruísta envolve se relacionar com pessoas, ouvir suas dores, sofrimentos, queixas, segurar as falas de juízo, ira e impaciência; é se entregar por inteiro ao serviço do outro, sentir sua dor, suas lágrimas, ter compaixão, empatia;
Tiago despreza nesse trecho a religião que se afasta das pessoas. Não faz sentido uma comunidade que se reúne num prédio, ou dentro de uma casa, e restringe sua vida espiritual ao gueto evangélico. O convite do autor vai além:
Primeiro, atentar para aqueles que estão sofrendo. Tiago fala aqui das viúvas e dos órfãos, modelos de pessoas que sofrem na sociedade. Cabe ao ouvinte-praticante da Palavra de Deus estar atento aos sofrimentos do outro, e procurar saná-lo. Não se deve apenas olhar com pena, ou prometer uma oração, mas, de fato, tomar uma atitude que auxilie a resolver a situação difícil em que a outra pessoa se encontra;
Segundo, não se corromper pelo mundo. Ao se deixar levar pelos valores atuais, o ouvinte-praticante que deve ser altruísta corre o risco de ser contaminado pelo egoísmo, pelo hedonismo, pelo relativismo, ceticismo, etc. Diante disso, ficará cada vez mais difícil viver para atender as necessidades do outro.
Considerações finais
Considerações finais
As orientações do Tiago devem levar o crente a se sentir desconfortável. Não é fácil se relacionar: ouvir pessoas sem nenhum tipo de juízo, opinião ou ira; praticar a compaixão, a fraternidade, a misericórdia, com quem muitas vezes não merece ou não é conhecido do fiel; viver em prol do outro, ajudando-o a resolver seus conflitos, sem se deixar corromper pelo mundo.