Aula 3 - Confissão de Fé de Westminster: Capítulo 3- DO DECRETO ETERNO DE DEUS

INTRODUÇÃO:

Veremos nesse estudo assuntos difíceis para a nossa compreensão, mas, que, estão revelados na palavra de Deu, e, portanto, devemos nos referir a eles com reverência e zelo. Veremos sobre os eternos decretos de Deus.

A doutrina dos eternos decretos de Deus diz respeito à vontade soberana de Deus, que antes da fundação do mundo decretou, ordenou e estabeleceu tudo quanto passaria a existir e acontecer.

A doutrina dos decretos de Deus está embasada em outros atributos Dele tais como: onisciência ( Sua sabedoria e conhecimento completo), onipotência( Ele é Todo-Poderoso) e na Sua inescrutável soberania.

Em Isaías 55.8-9 “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor,porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.”

Em Romanos 9.20 “Quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim?” Paulo reforça ainda mais a nossa limitação diante da grandiosidade do nosso Deus.

Paradoxo Teológico:

A Bíblia contém diversas verdades que, à primeira vista, podem parecer contraditórias, mas que coexistem harmoniosamente dentro da revelação divina. Essas "paradoxos teológicos" não são contradições, mas mistérios que demonstram a grandeza de Deus e a limitação do nosso entendimento humano. Aqui estão algumas dessas verdades:

1. Deus é Três e Um (A Trindade)

📖 Mateus 28:19 – "Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo." 📖 Deuteronômio 6:4 – "Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor."

➡ Aparentemente contraditório: Deus é um só, mas existe como três pessoas distintas – Pai, Filho e Espírito Santo. ➡ Síntese bíblica: Deus é um em essência, mas três em pessoas.

2. Jesus é totalmente Deus e totalmente homem

📖 Colossenses 2:9 – "Porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade." 📖 João 1:14 – "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós."

➡ Aparentemente contraditório: Como Jesus pode ser 100% Deus e 100% homem ao mesmo tempo? ➡ Síntese bíblica: Jesus tem duas naturezas (divina e humana) em uma única pessoa.

3. Deus é soberano e o homem é responsável por suas escolhas

📖 Provérbios 16:9 – "O coração do homem planeja o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos." 📖 Atos 2:23 – "Sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos."

➡ Aparentemente contraditório: Se Deus controla tudo, como o homem pode ser responsável por suas ações? ➡ Síntese bíblica: Deus predestina todas as coisas, mas os homens ainda fazem escolhas reais e são responsabilizados por elas.

4. A Bíblia foi escrita por homens, mas é 100% a Palavra de Deus

📖 2 Timóteo 3:16 – "Toda a Escritura é inspirada por Deus." 📖 2 Pedro 1:21 – "Porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo."

➡ Aparentemente contraditório: Como a Bíblia pode ter sido escrita por autores humanos e, ao mesmo tempo, ser totalmente inspirada por Deus? ➡ Síntese bíblica: Deus usou a personalidade e estilo dos escritores, mas garantiu que Sua Palavra fosse registrada sem erro.

5. Deus deseja que todos sejam salvos, mas nem todos serão

📖 1 Timóteo 2:4 – "O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade." 📖 Mateus 7:13-14 – "Larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela."

➡ Aparentemente contraditório: Se Deus deseja que todos sejam salvos, por que nem todos serão? ➡ Síntese bíblica: Deus oferece salvação a todos, mas permite que alguns rejeitem essa oferta.

6. Somos salvos pela graça, mas devemos perseverar até o fim

📖 Efésios 2:8-9 – "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie." 📖 Mateus 24:13 – "Mas aquele que perseverar até o fim será salvo."

➡ Aparentemente contraditório: Se somos salvos apenas pela graça, por que devemos perseverar? ➡ Síntese bíblica: A graça nos salva, mas a evidência da salvação verdadeira é a perseverança na fé.

7. Somos fracos, mas somos fortes em Cristo

📖 2 Coríntios 12:10 – "Porque, quando estou fraco, então, é que sou forte."

➡ Aparentemente contraditório: Como alguém pode ser forte e fraco ao mesmo tempo? ➡ Síntese bíblica: Nossa força não vem de nós mesmos, mas da dependência total de Cristo.

8. A vida cristã é de descanso, mas exige esforço

📖 Mateus 11:28-29 – "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim." 📖 Filipenses 2:12-13 – "Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar."

➡ Aparentemente contraditório: Como a vida cristã pode ser um descanso e, ao mesmo tempo, um esforço? ➡ Síntese bíblica: Descansamos na graça de Cristo, mas nos esforçamos para viver em obediência.

Conclusão

Essas verdades bíblicas não são contradições, mas misteriosas harmonias que refletem a grandeza de Deus. Elas nos lembram que a mente humana tem limites, enquanto os caminhos do Senhor são infinitamente superiores (📖 Isaías 55:8-9 – "Os meus pensamentos são mais altos que os vossos pensamentos.").

É então com essa certeza de que somos limitados que mergulharemos nesse estudo.

1-O Plano Soberano de Deus

Símbolos de Fé: Confissão de Fé, Catecismo Maior e Breve Catecismo Capítulo III: Dos Decretos Eternos de Deus

Desde toda a eternidade e pelo mui sábio e santo conselho de sua própria vontade, Deus ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada a liberdade ou a contingência das causas secundárias, antes estabelecidas.

INTRODUÇÃO:

O problema do mal tem sido discutido amplamente, nos arrais calvinistas ou arminianos, mas na maior parte das vezes eu tenho a impressão de que o problema não é bem compreendido, muitas vezes não é bem compreendido as reais implicações em assumir uma ou outra posição. A verdade é que de fato o mal é um problema, por isso nós falamos o “ O problema do Mal”, Mas que problema é esse?

O Amor Sem Propósito – No ateísmo, o amor não tem um significado real além de reações químicas no cérebro, sendo apenas um mecanismo biológico para a sobrevivência da espécie.

O Pensamento e a Razão – Se nossa mente é apenas o resultado de processos naturais cegos, não há garantia de que nossos pensamentos sejam realmente confiáveis ou correspondam à verdade.

Moralidade: Certo e Errado São Apenas Opiniões? – Sem um padrão absoluto, o bem e o mal se tornam apenas construções humanas, variáveis e sem valor objetivo, dependendo apenas da opinião ou do contexto social.

Conclusão – Se viemos do nada e caminhamos para o nada, tudo o que sentimos, pensamos e acreditamos perde o significado real, restando apenas um universo sem sentido ou propósito.

A hipocrisia do ateísmo fica evidente quando um ateu age como se conceitos como amor, racionalidade e moralidade tivessem um valor real e objetivo, mesmo que sua visão de mundo não consiga justificá-los.

No dia a dia, o ateu ama, pensa e luta por justiça como se esses conceitos tivessem valor real e transcendental, mas sua própria visão de mundo nega essa possibilidade. No fundo, ele precisa "emprestar" de uma cosmovisão teísta para viver de maneira coerente, mostrando que, mesmo sem admitir, ele age como se Deus existisse.

O teólogo Thomas de aquino, dizia que apenas duas coisas pode se tronar argumentos contrários a existência de Deus, 1- a existência do mundo de forma natural ( naturalismo) hoje usado pelo o evolucionismo onde diz que não houve ninguém esteve por trás da criação do mundo ele surgiu de maneira natural. 2- O segundo e Maior argumento dos ateus tem usado ao longo do tempo é justamente a existência do mal. Como é o argumento ?

Se Deus existe, então Ele é onisciente (sabe de todo mal), onipotente (pode impedir todo mal) e onibenevolente (deseja impedir todo mal).

Se um ser onisciente, onipotente e onibenevolente existe, então o mal não deveria existir.

Mas o mal existe.

Logo, um ser onisciente, onipotente e onibenevolente não existe.

Portanto, Deus (como tradicionalmente concebido) não existe.

Como os cristãos respondem a isso ?

Há basicamente dois grupos principais duelando por ai.

1- Resposta: “Deus não tem nada haver com o mal”:

Ele criou o homem bom, mas foi o homem e tão somente o homem quem decidiu pecar fazendo o uso do seu livre arbítrio, Deus portanto não tinha não tem e nem nunca teve nada haver com o mal. O máximo que Deus pode ter com isso é previsto a existência do mal. Essa ideia geralmente é defendida em círculos arminianos, aqueles que levam o arminianismo as ultimas consequências acabam dizendo assim: “ nem prevê Deus previu, nem isso ele abriu mão de sua onisciência, ele abriu mão de conhecer o futuro para deixar o ser humano totalmente livre para tomar sua decisão”. Quer alguém vá até a primeira resposta quer vá até o fim da outra de maneiro o outra a resposta final é Deus não tem relação com o mal, Deus não determinou e não tem qualquer responsabilidade a existência do mal. o Mal é absolutamente um a questão da criatura.

Conclusão: Surge então dois problemas com esse argumento, 1- Teológico / 2- Hermenêutico:

Teológico: Então de algum modo Deus não tem todo o controle sobre este mundo, ele é o criador mas não é o governador, não o governador em ultima instancia, mesmo que eu assuma um discurso bonito dizendo que “ Deus abriu mão do controle porque ele espera um amor livre das suas criaturas, Deus quer um relacionamento intenso e sincero com elas por isso Deus abriu mão do controle e deixou totalmente isso a merce do livre arbítrio das suas criaturas, é um discurso bonito e totalmente atrativo para a pós modernidade,mas não elimina uma questão fundamental. Deus não está de fato no trono, Ele não esta ditando plenamente os rumos deste mundo ele esta no máximo participando dirigindo de alguma maneira mas não tem todo o controle , porque ele passa uma parte desse controle para as suas criaturas para respeitar o livre arbitrio delas, Ele criou um onibus e colocou passageiros dentro do onibus mas ele não tem todo o controle desse onibus, talvez ele até seja o motorista mas não tem controle total sobre o ônibus ou sobre o mundo fora do onibus, ou sobre algo fora do onibus que possa atrapalhar a viagem desse onibus, sendo assim esse onibus pode chegar a um destino totalmente inesperado,não planejado, consequentemente pode não haver solução para o mal, porque nada garante que no final o mal triunfe se Deus respeitar ao extremo a liberdade humana, Deus não pode passar por cima do livre arbítrio das suas criaturas então nada garante que o mal não seja aquele que vai triunfar neste mundo. Esse é o problema teológico em dizer Deu não teve nada haver com a existencia do mal.

Hermenêutico: Como explicar as muitas passagens bíblicas que apontam para a soberania de Deus sobre o mal e sobre todas as coisas,ou seja diversas passagens bíblicas mostram que Deus pre-ordenou inúmeros eventos que ao nosso ver são ruins mas a bíblia mostra que Deus ordenou que eles acontecessem,a escritura tem testemunho amplo sobre isso, na proxima aula veremos com mais detalhes todos os textos sobre isso.

2- Resposta : “Deus é o criado do mal”.

O mal existe porque Deus desejou que ele existisse, Deus ordenou isso e assim ele aconteceu assim Deus é o autor do mal, não o autor como alguém que fez a ação por si mas o autor como aquele que decretou ativamente que ele acontecesse, assim ele é o escritor da obra então o escritor dirigi os personagens assim se o escritor dirigi os personagens em ultima instância aquilo que os personagens falam ou fazem não são deles mesmos mas do autor, logo não tem como fugir Deus é o autor do mal, isso elimina o problema do controle do ônibus, Deus está plenamente no controle do ônibus mas essa posição tem dois problemas tambpem 1-Hermeneutico/2- Teologico.

Problema Teológico : Deus não é totalmente bom: Se Deus é o autor do mal, então o mal faz parte da essência da criação, o mal faz parte da essência do Deus que criou, logo não há solução para o mal, ele não pode ser extirpado plenamente pois faz parte da natureza humana ou angelica que caíram não há como extirpar, o mal da criação se Deus é o autor do mal.

Hermenêutico: Como explicar as muitas passagens bíblicas que apontam para a liberdade humana, e para a responsabilidade total dos atos humanos neles mesmos e par ao fato que a Bíblia mostra que Deus é totalmente bom e que não é o autor do mal. Como explicar isso ?

As duas posições tem problemas telógicos e hermenêuticos, ambas pensam que são racionais elas até podem parecer racionais no primeiro momento e satisfaz a mente de algum, mas são irracionais em suas conclusões pois a primeira tira Deus do trono a outra a segunda deixa Deus no trono mas como um Deus tirano e malévolo,não importam quais sejam as explicações que se possam dar esta é a conclusão que os sistemas chegam e ponto final. Se Deus decretou a existência do mal ele é um Deus bom e mal ao mesmo tempo, por outro lado se ele não teve nada haver com isso ele não é todo poderoso, não há outra conclusão.

O que não é o calvinismo ?:

A Geralmente pensa-se que aquela segundo posição citada acima que “ Deus é o autor do mal” , acredita-se que essa é a posição do calvinismo, engano total o calvinismo não defende isso, o calvinismo nunca disse que Deus é o autor do mal, João calvino nuca disso, A confissão de Fé de Westminster nunca disse isso, o que o calvinismo defende, o que a Confissão de Fé de Westminster defende? Duas coisas ao mesmo tempo :

1- Deus decretou todas as coisas, portanto o mal faz parte dos decretos de Deus. ( O mal não é um surpresa aos olhos de Deus, o mal não surpreendeu a Deus, o mal não acontece de maneira autônoma independente da vontade de Deus, o mal esta debaixo das ordenanças, da ordenação divina.

2-Mesmo Deus tendo decretado a existência de todas as coisas inclusive do mal, isso não faz de Deus o autor do mal, o autor do mal é a criatura ( Sátanas, o homem) que sendo livres, como foram criados, desejaram desobedecer e escolher desobedecer a Deus.

3-De acordo com calvino o mal tem sua origem não no ato Criativo de Deus mas no ato reativo da vontade livre das suas criaturas. O mal não tem origem no ato criativo de Deus mas no ato reativo das suas cristuras.

4-Deus controla todas as coisas, Deus determina e decreta todas as coisas, mas quem é o único que pode ser chamado de o autor do mal? resposta: Satanas. ele escreve isso no seu livro mais famoso as institutas

"O diabo é completamente ímpio, pois se opõe à glória de Deus e à salvação das pessoas. João também deixa isso claro em sua carta (1João 3:8), quando diz que ele peca desde o princípio. Ou seja, ele é o criador, líder e planejador de toda maldade e injustiça."

Quem é o autor,guia e arquiteto de todo o mal? Satanás, porém calvino não ignora que o diabo e os anjos foram criados por Deus ele diz :

"O Diabo foi criado por Deus, mas é importante lembrar que sua maldade não veio da criação de Deus, e sim de sua própria corrupção. Tudo o que nele é condenável foi resultado de sua rebelião e queda. A Bíblia nos ensina isso para que não pensemos que ele já foi criado mau desde o início e acabemos atribuindo a Deus algo que não faz parte de Sua natureza."

é isso que calvino está dizendo, a maldade que existe em satanás não pode e não deve recair ou respingar em Deus pois isto é totalmente estranho a Deus.

"Por isso, Cristo disse em João 8:44 que, quando Satanás mente, ele está apenas agindo conforme sua própria natureza. E Ele explica o motivo: ‘porque não permaneceu na verdade’. Isso significa que, em algum momento, Satanás esteve na verdade, mas escolheu abandoná-la. Quando Jesus o chama de ‘pai da mentira’, Ele deixa claro que a culpa pela sua maldade é toda dele, e não de Deus. Assim, evitamos qualquer pensamento errado que possa culpar Deus pelo pecado de Satanás. Mesmo que essas explicações sejam breves e não tão detalhadas, elas são mais do que suficientes para defender a majestade de Deus contra qualquer acusação enganosa. E, afinal, para que serviria saber mais sobre os demônios, se isso não nos trouxesse um propósito útil?"

Calvino não admite em hipótese alguma que a Deus seja atribuída a responsabilidade do mal, a responsabilidade do mal esta toda na criatura, calvino esta baseado na regra de não ir além do que a escritura ensina, ele diz :

"Algumas pessoas reclamam que a Bíblia não explica de forma detalhada e organizada a queda de Satanás—como, por quê, quando e de que maneira aconteceu. Mas isso acontece porque essas informações não são essenciais para nós. Deus achou melhor não falar nada sobre isso ou apenas mencioná-lo brevemente, porque o Espírito Santo não tem a intenção de alimentar nossa curiosidade com histórias inúteis e sem propósito. O objetivo do Senhor sempre foi ensinar, em Suas Escrituras, apenas aquilo que é realmente útil para a nossa edificação espiritual."

Ou seja , Calvino não quer , não vai e não entra em debates filosóficos sobre a existência do mal, ele se contenta com aquilo que a escritura diz , ele se contenta com ela , A escritura não atribui a Deus a autoria ou causa do pecado por esta razão calvino para por ai também.

"Portanto, para não perdermos tempo com questões desnecessárias, devemos nos contentar com um resumo simples sobre os demônios: eles foram criados como anjos de Deus, mas ao se corromperem, se perderam e passaram a ser instrumentos de destruição para outros. O que realmente precisamos saber sobre isso está claramente ensinado por Pedro e Judas (2 Pedro 2:4; Judas 6): ‘Deus não poupou os anjos que pecaram; eles não permaneceram em sua posição original, mas abandonaram sua morada’. Além disso, quando Paulo menciona os ‘anjos eleitos’ (1 Timóteo 5:21), ele sugere, implicitamente, que há outros que foram condenados."

Calvino comentando Tiago e Isaías:

"Quando a Bíblia diz que Deus cega ou endurece o coração de alguém, isso não significa que Ele seja a origem dessa cegueira nem o responsável pelo pecado, como se Ele tivesse culpa nisso. Portanto, o pecado não vem de Deus, e não podemos acusá-Lo de ter prazer no mal. Isso mostra que é inútil o homem tentar culpar Deus por seus próprios vícios, pois todo mal vem da corrupção do próprio ser humano. Tiago nos ensina que Deus não tenta ninguém a pecar, pois Ele mesmo não pode ser tentado pelo mal. Quem nos leva ao pecado é o diabo, que é consumido por um desejo insano de fazer o mal. Deus, por outro lado, não deseja nada que seja mau e, por isso, não pode ser o autor de nenhuma ação pecaminosa em nós. Não se enganem: se Deus é a fonte de todo o bem, é impossível que Ele seja também a fonte do mal."

Isaias 45.7 :"Algumas pessoas distorcem o significado da palavra 'mal', tentando fazer parecer que Deus é o autor do pecado. No entanto, é óbvio que elas estão interpretando de maneira errada as palavras do profeta. Isso fica claro quando observamos o contraste que ele faz: ele opõe 'paz' ao 'mal', mas aqui 'mal' significa sofrimento, guerras e outras dificuldades, não pecado. Se o profeta estivesse contrastando 'justiça' com 'mal', então até poderia haver algum sentido nesse argumento. Mas, como o contraste que ele faz é entre coisas opostas, a interpretação correta é evidente. Portanto, precisamos fazer uma distinção clara: Deus pode ser o autor do 'mal de punição'—ou seja, dos sofrimentos e castigos justos—mas nunca do 'mal de culpa', pois Ele não pode ser responsabilizado por nenhum mal moral."

CONCLUSÃO DE CALVINO:

"Como poderia Deus tolerar a iniquidade, se Ele é o juiz de todo o universo? Julgar é parte essencial da natureza de Deus, por isso Ele ama a justiça e rejeita a injustiça.

O apóstolo Paulo reforça isso ao dizer que Deus não age com injustiça ao escolher alguns e rejeitar outros. Paulo não tenta evitar a questão, mas deixa claro que não podemos medir Deus pelos padrões humanos. Nosso entendimento é muito limitado para compreender plenamente a justiça divina.

Na verdade, o apóstolo admite que os julgamentos de Deus são tão profundos que, se tentássemos entendê-los completamente, nossas mentes seriam esmagadas por sua grandeza. Sempre que ouvimos falar da glória de Deus, devemos lembrar que Sua glória está ligada à Sua justiça. O que merece louvor, necessariamente, deve ser justo.

O homem caiu porque Deus, em Sua providência, permitiu, mas a queda aconteceu por culpa do próprio homem. Gênesis 1:31 nos diz que, no princípio, Deus viu que tudo o que havia criado era muito bom. Então, de onde veio a corrupção do ser humano? Para que ninguém pense que o mal veio da criação de Deus, Ele mesmo aprovou Sua obra como boa.

Portanto, o mal não veio da criação de Deus, mas do próprio homem, que corrompeu sua natureza pura por sua própria maldade e, com isso, arrastou toda a sua descendência para a ruína. Assim, devemos procurar a causa da nossa condenação na corrupção da natureza humana, em vez de buscar uma resposta oculta e inacessível na predestinação divina. O problema do mal não deve ser explicado pela predestinação secreta de Deus, mas pelos atos do próprio ser humano."

O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE O MAL :

1-Nenhum texto bíblico atribui causalidade do mal a Deus, aqueles que defendem isso o fazem por meio de argumentos filosóficos, por ilustrações como um escritor da historia como se fosse possível comparar Deus com um escritor humano, Não há nenhuma referencia bíblica que Deus é o autor do mal moral.

2-Alguns textos claramente mostram que Deus não pode ser o autor do mal:

Gênesis “ Tudo era bom” “ Muito bom” Deus ta declamando que no final sua criação é muito boa para que ninguém pense que o mal lhe é intrínseco, para que ninguém pense que veio no pacote da criação, precisa entender que o mal é um intruso, e que por ser um intruso pode ser extirpado, se ele não é um intruso se ele faz parte ele não podes ser extirpado.

O amplo quase infinito testemunho das escrituras esta sempre apontando para a bondade de Deus, “ o Jovem Rico” veja não há duvida o caráter de Deus é plenamente bom Jesus diz, e tudo o que Deus criou é bom Deus não criou nada mal, 1Timóteo 4.1–4 “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência, que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e por quantos conhecem plenamente a verdade; pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável,”

“ pois tudo o que Deus criou é bom” o principio genérico aqui para defender que o alimento não é ruim é que tudo o que Deus criou é bom ou seja da origem da criação só saiu o que é bom.

Tiago 1.13–17 ARA

Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. Não vos enganeis, meus amados irmãos. Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.

Não pisca um pouco bom ou um pouco mal, não há variação , não há sombra de mudança , ou seja tiago aqui esta contrastando a origem da pecaminosidade humana com a fonte de todo bem que so pode ser Deus, a conclusão hermenêutica nescessária é o mal não pode proceder de Deus porque se pudesse, Ele teria que mudar sua essência e deixaria de ser o pai das luzes em quem não hjá variação ou sombra de mudança, se o mal procede de alguma maneira de Deus isso significa que Deus mudou sua essência. Esse é um argumento pra mim definitivo.

Mas alguém pergunta e Isaías não mostra explicitamente que Deus é o autor do mal, “ eu formo a luz e criou as trevas, faço a paz e criou o mal, eu o Senhor faço todas as coisas” esse termo mal não significa mal moral ou pecado ou malignidade, significado contrario de paz ou seja guerra tragédia e catástrofes no contexto seria a invasão dos inimigos.

Habacuque entendeu bem essa divisão entre o mal moral e o mal cataclismo:

“ 12 Não és tu desde a eternidade, ó SENHOR, meu Deus, ó meu Santo? Não morreremos. Ó SENHOR, para executar juízo, puseste aquele povo; tu, ó Rocha, o fundaste para servir de disciplina. 13 Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a opressão não podes contemplar; por que, pois, toleras os que procedem perfidamente e te calas quando o perverso devora aquele que é mais justo do que ele?” Hc 1.12–13.

A pergunta de Habacuque é porque o Senhor demora tanto para fazer justiça aos nossos inimigos Já que o Senhor é puro de olhos e não pode contemplar o mal, a relação é Deus não pode ser nunca o autor do mal moral mas ele é sim o autor do mal circunstancial como catástrofe ou disciplina que venha contra o povo de Deus.

RESPOSTA AO ATEU:

O mal não foi necessariamente criado, o mal não é um ato criativo de Deus, deus criou o mundo material , o homem a terra e os espíritos mas o mal não é nehuma dessas coisas, o que é o mal? O mal é uma atitude em relação ao bem, uma atitude em relação ao bem, assim o único autor do mal é aquele que tem essa atitude.é ilógico dizer que Deus é o autor do mal pois significaria que ele próprio teria uma atitude contraria a ele mesmo, o mal é uma atitude contraria a Deus, um ato , uma ação que é fruto do uso de coisas que Deus criou o que? o homem, satanas, o livre arbitrio, a personalidade de satanas e do proprio adão, mas o ato é deles, Deus não pode ser o autor disso, ele não pode ser o autor de um ato contra ele mesmo.

leandro lima> “No entanto as atitudes malignas desses autores não são independente de Deus como diz calvino e como diz a confissão de fé de westminster e como a escritura amplamente defende. Deus ordenou tudo o que acontece antes da fundação do mundo, ele regula, controla como diz a CFW, mas não podemos dizer que a existência do Mal tem sua origem em Deus porque a escritura não diz se não satisfaz a sua mente filosofica o problema é seu, nós temos que ficar com o que o texto bíblico diz”.

E nesse ponto a existência do mal não se torna um acontecimento convicente contra a existencia de Deus:

Se Deus existe como os cristãos e teístas defendem.

Se Deus é todo-poderoso e todo bom, então o mal não poderia existir.

Mas o mal existe, logo Deus não existe.

Ou ele não é todo poderoso, ou seja não tem poder para acabar com ele;

Ou ele tem e não o quer logo ele não é bom.

Infelizmente aqui o arminiano não tem resposta, pois ele vai ter que dizer que Deus não controla todas as coisas, que Deus deixou suas criaturas com a liberdade para fazer qualquer coisa como bem entenderem, sem regular e sem controlar, e nesse ponto o ateu vai dizer então seu Deus não é todo poderoso, mas o arminiano pode falar não ele é sim todo poderoso ele só não quer usar o poder e acabar com a nossa liberdade ou , o ultra calvinista vai dizer que Deus criou o mal e o ateu então diz como eu disse : então ele é mal.

O calvinista dirá : Deus não criou o mal, porém jamais foi surpreendido pelo o mal, Deus decidiu que a existência do mal contribuiria para um grande proposito, revelar a bondade, a justiça,a misericórdia e o amor de Deus, no resumo porque o mal existe? porque Deus pode usá-lo para a gloria de Deus.

O problema do mal é justamente o grande motivo de Jesus ter sido enviado ao mundo, por causa do mal o filho de Deus se fez carne e habitou entre nós e se entregou numa cruz para começar a extirpar o mal, é nesse sentido que a existência do mal não se torna contrária a existência de Deus, porque como diz o versículo todas as coisas e aqui se incluem o mal, coopera para o bem daqueles que amam a Deus.

CONCLUSÃO:

A Posição de Calvino sobre a Criação do Mal – Resumo

Calvino ensina que Deus não é o autor do pecado, embora tudo o que acontece no universo ocorra sob Sua soberana providência. Ele faz algumas distinções importantes para esclarecer essa questão:

1-Deus ordena todas as coisas, mas não cria o pecado

Calvino: Desde a eternidade, Deus decretou todas as coisas segundo Sua sabedoria e justiça. No entanto, isso não significa que Ele seja o criador do mal moral ou o responsável pelo pecado.

📖Isaías 46:9-10 – “Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade: que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim; que anuncio o fim desde o princípio, e, desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade.”

Explicação: Deus governa todas as coisas e nada foge ao Seu plano soberano, mas isso não significa que Ele seja o autor do pecado.

2-O pecado surge da vontade da criatura, não de Deus

Calvino: Tanto os anjos caídos quanto os homens pecaram por sua própria escolha. Deus permitiu essa queda, mas sem violar o livre-arbítrio ou ser o agente do pecado.

📖Tiago 1:13-14 – “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, quando esta o atrai e seduz.”

📖 Eclesiastes 7:29 – “Eis o que tão-somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias.”

Explicação: Deus criou o homem bom, mas foi o próprio homem que escolheu pecar. O pecado surge da corrupção do coração humano, não da vontade de Deus.

3-Deus governa e limita o mal

Calvino: O mal não acontece de maneira fora do controle divino. Deus regula, limita e até usa o mal para cumprir Seus propósitos justos e santos, mas Ele mesmo continua sendo perfeitamente santo e justo.

📖 Jó 1:12 – “Disse o SENHOR a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a tua mão.”

📖 Gênesis 50:20 – “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como se vê neste dia, que se conserve muita gente com vida.”

🔹 Explicação: Deus permite que o mal ocorra, mas Ele coloca limites e pode usar até mesmo atos malignos para cumprir Seus propósitos soberanos.

4-A diferença entre "mal de punição" e "mal de culpa"

Calvino: Deus pode ser o autor do “mal de punição” (como juízos e castigos justos), mas nunca do “mal de culpa” (pecado). O pecado sempre surge da corrupção da criatura, não de Deus.

📖 Isaías 45:7 – “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas.”

📖 Amós 3:6 – “Tocar-se-á a trombeta na cidade, sem que o povo estremeça? Sucederá qualquer mal à cidade, sem que o SENHOR o tenha feito?”

🔹 Explicação: Esses versículos falam sobre o mal de punição (juízos divinos como guerras, desastres e sofrimento), e não sobre mal moral (pecado). Deus pode trazer julgamentos, mas nunca cria o pecado.

A responsabilidade do homem

Calvino : O homem corrompeu sua própria natureza por sua própria maldade e não pode culpar Deus por sua queda. A culpa do pecado está na humanidade, não em Deus.

📖 Romanos 5:12 – “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.”

📖 Deuteronômio 32:4-5 – “Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto. Procederam corruptamente contra ele; não são seus filhos, e sim suas manchas; geração perversa e deformada é.”

🔹 Explicação: O pecado entrou no mundo através do homem, e não de Deus. A responsabilidade da queda recai sobre Adão e sua descendência, e não sobre o Criador.

5-Conclusão: Deus não é o autor do pecado

Calvino conclui que Deus governa todas as coisas sem ser o autor do mal moral, e a origem do pecado está no coração do homem, não na vontade de Deus.

📖 Romanos 9:14 – “Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum!”

📖 1 João 1:5 – “Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma.”

🔹 Explicação: Deus governa todas as coisas com justiça, mas nunca pode ser acusado de ser o autor do pecado, pois Ele é santo e justo.

Resumo Final: O QUE APRENDEMOS ?

Deus decretou todas as coisas, mas sem ser o autor do pecado.

O pecado vem da corrupção do homem e dos anjos, não de Deus.

Deus permite e limita o mal, mas nunca o deseja ou o causa diretamente.

Há uma distinção entre mal de punição (julgamento divino) e mal de culpa (pecado).

A responsabilidade do pecado é da humanidade, não de Deus.