O problema da Ansiedade

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As preocupações da vida

Lucas 12.22-34
No sermão anterior falamos do problema da avareza e do materialismo. No sermão de hoje, trataremos sobre a consequência desses problemas, que é a ansiedade. No texto que expomos (Lc. 12.13-21), Jesus nos advertiu para nos afastar de todo tipo de avareza. Mostramos na própria Escritura, que avareza é o mesmo que pecado de idolatria, e que Deus repudia os dois.
Deus não apenas desaprova a avareza, o amor ao dinheiro e o apego aos bens materiais, mas também todo vínculo emocional, físico ou espiritual que você possa criar com esses bens.
Deus não quer que haja, entre você e o dinheiro, entre você e a casa, entre você e o trabalho, entre você e a roupa ou a comida, entre você e qualquer coisa material uma relação de amor ou dependência.
Se existe uma coisa que você afirme, categoricamente, que não vive sem. Essa coisa já se tornou um “pequeno deus” para você. Se existe uma coisa, capaz de mudar o seu humor, transformar ou transtornar a sua personalidade, modificar sua relação com o mundo e com as pessoas, arrancar ira, desconcentrar, criar preocupação da mais básica há mais excessiva. Essa coisa tem sido um “pequeno deus” em sua vida.
Encerramos o último sermão com J.C. Ryle ensinando-nos:
“Quando podemos afirmar que um homem é rico para com Deus? Nunca, até que ele seja rico em graça, fé e boas obras, até que se dirija ao Senhor Jesus suplicando que lhe dê o ouro refinado pelo fogo (Ap 3.18). Nunca, enquanto não tiver uma casa feita não por mãos humanas, eterna, nos céus. Nunca, até que seu nome esteja escrito no livro da vida e que ele seja herdeiro de Deus e coerdeiro juntamente com Cristo. Este é o homem verdadeiramente rico! Seu tesouro é incorruptível. Seu banco nunca há de falir. Sua herança não fenece. Os homens não podem impedir que ele a desfrute. A morte não pode arrebatá-la de suas mãos. Todas essas coisas já pertencem àquele que é rico para com Deus – as coisas do presente e as do porvir. E o melhor de tudo, o que ele possui agora não significa nada em comparação ao que possuirá no futuro”.[1]
O sermão de hoje é uma notável continuação do anterior, depois de reprovar o homem que o pede para tomar juridicamente partido em seu favor. Jesus se volta aos seus discípulos e começa a ensinar sobe o problema da ansiedade e a preocupação pela vida.
O que é ansiedade?
A ansiedade é uma resposta emocional normal a situações de estresse, caracterizada por sentimentos de preocupação, medo e apreensão. Embora seja uma reação natural, a ansiedade pode se tornar patológica quando é excessiva e persistente, interferindo na vida cotidiana da pessoa.
1. Reação Normal: A ansiedade é uma resposta adaptativa que prepara o corpo para enfrentar situações desafiadoras, ativando o sistema de "luta ou fuga".
2. Sintomas: Pode incluir sintomas físicos (como taquicardia, sudorese e tensão muscular) e sintomas psicológicos (como preocupação excessiva e dificuldade de concentração).
3. Transtornos de Ansiedade: Quando a ansiedade se torna desproporcional e persistente, pode ser classificada como um transtorno, como o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), Transtorno do Pânico, entre outros.
Esse transtorno pode ser caracterizado por:
Preocupação excessiva: Pensamentos persistentes sobre eventos futuros.
Sintomas físicos: Como taquicardia, sudorese e tensão muscular.
Sintomas psicológicos: Dificuldade de concentração e irritabilidade.
Se ansiedade, a princípio pode ser compreendida como uma resposta adaptativa do corpo, não que isso seja bom, quando ela se torna excessiva, tende a se transformar em um transtorno que afeta a vida cotidiana.
O transtorno de ansiedade é um distúrbio psicológico caracterizado por sentimentos intensos de medo e preocupação que podem interferir nas atividades diárias. Quando a ansiedade se torna patológica, ela pode causar distúrbios físicos e emocionais significativos.
Sintomas Emocionais:
Preocupação excessiva: Pensamentos persistentes sobre eventos futuros.
Medo intenso: Sensação de pânico ou terror em situações específicas.
Sintomas Físicos:
Inquietação: Sensação de estar sempre em alerta.
Fadiga: Cansaço extremo, mesmo após descanso.
Irritabilidade: Respostas emocionais desproporcionais a situações cotidianas.
Dificuldade de concentração: Problemas em focar em tarefas.
Tensão muscular: Sensação de rigidez ou dor muscular.
Quando olho para o texto, vejo nosso Senhor preocupado com as questões mais simples e comuns da nossa vida. Quando nos versículos 6 e 7 ele diz: “6 Não se vendem cinco pardais por dois asses? Entretanto, nenhum deles está em esquecimento diante de Deus. 7 Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais! Bem mais valeis do que muitos pardais.”[2]– Deveríamos nos considerar feliz e bem-aventurados, pois Ele mesmo, tem prometido cuidar de nós não apenas nas coisas grandes e eternas, não apenas nas questões metafísica. Mas na vida cotidiana, nas idas e vindas de nossa vida.
- Por fim, é bom entendermos que: Se a avareza é a ameaça do muito, a ansiedade é a ameaça do pouco. Se na avareza o rico se perdeu por se esquecer de Deus e do próximo ao acumular só para si, na ansiedade os discípulos corriam risco de duvidar do cuidado de Deus para suprir suas necessidades básicas.[3]
Warren Wiersbe diz que: o fazendeiro se preocupou porque tinha coisas demais; porém, os discípulos se preocuparam por não terem o suficiente. Morris diz que “a avareza não pode obter o suficiente, a preocupação tem medo de que não terá o suficiente”
Vamos ao texto!
v.22-23 “A seguir, dirigiu-se Jesus a seus discípulos, dizendo: Por isso, eu vos advirto: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer, nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. 23 Porque a vida é mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes”.[4]
- Jesus conecta a conclusão do tema “avareza”, com o início da exortação sobre “ansiedade”. Acabara de dizer que é loucura uma pessoa pensar só em si e confiar nos bens para sua segurança. Agora, adverte seus discípulos a não ficarem ansiosos pela vida, quanto ao que haverão de comer ou vestir. Em vez de colocarem seu coração e sua devoção na provisão, eles devem se voltar para o Deus provedor.
- As palavras de Jesus nestes versículos são chamadas de “proibição do tempo presente” e em um contexto como este são uma indicação para parar de fazer o que você tem feito. (Isso requer de nós uma profunda decisão)
- Nossa preocupação com as coisas materiais controla a maior parte de nossa vida. Uma coisa que descobri é que, em nossa sociedade excessivamente abastada, as pessoas nunca têm o suficiente.
- As pessoas que podem pagar iates nunca parecem ter um grande o suficiente, aquilo que conquistam nunca se torna o limite do seu contentamento material, elas sempre estarão em busca de mais.
-  O resultado é uma constante insatisfação e ansiedade, pois seja lá o que você tenha parece nunca ser suficiente.
- Bem, precisamos considerar que na época de Jesus, a questão para a maioria da população não era o domicílio ou a carruagem familiar; era se você e sua família teriam comida suficiente para evitar a fome.
- Ele nunca teria sonhado em dizer: “Não se preocupe com sua vida, em que tipo de lar você vai viver ou que tipo de carruagem você terá”. Isso não era nem mesmo uma opção. Era: “Podemos viver da quantidade de comida que temos, e será que nossas roupas serão suficientes para o inverno?”. Estas são as coisas essenciais — nunca houve adicionais ou suplementos extravagantes.
- Um homem basicamente possuía um manto e duas túnicas e usaria a segunda como cobertor ou travesseiro ao viajar e dormir no chão (Lucas 9.3: “sem túnica extra”).
- O motivo pelo qual não se deve se encher de ansiedade é porque há muito mais na vida do que comida ou roupas (12.23).
- A preocupação apenas toma conta quando restringimos nossas necessidades aos aspectos meramente temporários e materiais da vida.
- A verdade é que a excitação sobre qualquer coisa nova, apenas dura enquanto ela parecer nova. Em alguns meses começamos a pensar no próximo e, dentro de três anos, já o trocamos por ele.
- Tal é a vida do homem viciado em bens materiais. A resposta aqui é simples: deixe de estar ansioso por necessidades como comida e roupas (e para nós, os complementos extravagantes ou mesmo luxuosos), mas aprenda a confiar em Deus para suas necessidades e concentre-se nele.
- Jesus deu a resposta no capítulo 4, versículo 4, extraído de Deuteronômio 8.3; vou citar esse versículo: “O homem não vive só de pão, mas de cada palavra que vem da boca do Senhor”. O alimento mais importante é o alimento espiritual que Deus fornece em sua palavra. Com isso, começamos a viver eternamente, não apenas para este dia em particular.[5]
- Na realidade, como se depreende com facilidade, tudo o que segue refere-se somente a crentes. Por causa disso, pelo fato de que a vida não depende de bens terrenos, porém exclusivamente de Deus, o crente não precisa preocupar-se ansiosamente.
- O crente não somente está livre da busca ávida por bens terrenos e do apego doentio aos mesmos (veja o oposto: o agricultor), mas está igualmente isento da torturante preocupação com as necessidades imperiosas do corpo. Porventura Deus, que concedeu o bem maior, a vida física, não poderia e não desejaria cuidar também da coisa menor, a saber, sua preservação?
v.24-27 – “Observai os corvos, os quais não semeiam, nem ceifam, não têm despensa nem celeiros; todavia, Deus os sustenta. Quanto mais valeis do que as aves! 25 Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? 26 Se, portanto, nada podeis fazer quanto às coisas mínimas, por que andais ansiosos pelas outras? 27 Observai os lírios; eles não fiam, nem tecem. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles”.[6]
- O texto nos remete a uma atitude, nos convoca a observação. Κατανοέω (Katanoeõ) – Que significa contemplar, considerar. Seria o mesmo que dizer, parem e olhem.
- A ansiedade é uma falta de observação. Uma incapacidade de contemplação. É andar pela vida sem reflexão.
- É fechar os olhos à natureza carregada das eloquentes evidências do cuidado de Deus. Jesus ordena que seus discípulos observem duas coisas.
Em primeiro lugar, observar os corvos (12.24–26). Os corvos, apesar de serem aves impuras, recebem o cuidado de Deus. Não semeiam, não ceifam, não têm dispensa nem celeiros; todavia, Deus os sustenta. No argumento do menor para o maior, Jesus pergunta: Vocês não valem mais do que as aves? Ora, se Deus cuida das aves, cuidará também de vocês!
Em segundo lugar, observar os lírios (12.27,28). Jesus deixa as aves impuras para falar sobre as flores mais limpas, os lírios. Eles não fiam nem tecem; contudo, nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora se Deus veste assim a erva que está no campo, com duração tão curta, quanto mais Deus cuidará dos seus discípulos, homens de pequena fé.[7]
- Tem algo interessante neste texto, os dois exemplos de Jesus aqui se relacionam com as fontes de ansiedade.
- Os corvos nos versículos 24–26 eram vistos como carniceiros impuros (Lv 11.15; Dt 14.14) e por isso os judeus os evitavam. Mas Deus não os abandonou; ele lhes forneceu alimento. Muitas pessoas dos tempos antigos reclamavam que os corvos nem sequer se preocupavam em voltar ao seu ninho. No entanto, Deus até os usou para fornecer alimento a Elias em 1Reis 17.3–6.
- Nos versículos 25 e 25, Jesus indica que a preocupação nunca ajuda a prolongar sua vida. Os estudos médicos reforçam esta visão prática: pessoas com empregos mais estressantes tendem a ter uma vida mais curta.
- A questão é que a preocupação encurta sua vida em vez de estendê-la, então por que se deixar fazer isso? Seja como os corvos e confie em Deus para cuidar de suas necessidades, depois basta sair e aproveitar a vida que Deus lhe permite ter.
- Portanto, já que a ansiedade não faz absolutamente nada para ajudar nas necessidades da vida (comida e roupas), por que desperdiçar sua energia preocupando-se também com seus “prazeres condenáveis”?
- Note que o versículo 26 passa das necessidades para as extravagâncias quando diz: “por que você se preocupa com o resto”? Ele não faz nada para ajudar nem as necessidades nem os luxos, portanto não se deixe cair no que nunca pode o ajudar, mas apenas machucá-lo.
(O Brasil, infelizmente, tem caminhado para um colapso, alimentos nas alturas, rombo milionário no governo, estatais dando prejuízo histórico. Desemprego, violência, economia em frangalhos, e com todos os sinais ligados, o governo continua com gastanças desgovernadas. Daí, os jornais, para falar de inflação, chamam o tomate, a cebola, o arroz ou café de vilões, quando apresentam os números da inflação).
Por que estou falando sobre isso?
- Se estivermos mais ligados ao que acontece no mundo do que o que Deus tem para fazer e realizar, talvez, as notícias sejam gatilhos para nossas crises de ansiedade, digo, para deixar de crer em Deus e sua palavra).
v.28 “Ora, se Deus veste assim a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais tratando-se de vós, homens de pequena fé!”[8]
- Jesus agora fala sobre a erva do campo, a grama  que é como os pardais em sua insignificância, aqui hoje e jogados no fogo e queimados amanhã.
- A imagem pode ser ou do Sirocco, o vento quente do deserto murchando a grama e flores em minutos, ou talvez o uso da grama seca como combustível na fornalha junto com a madeira.
- De qualquer forma, ela descreve o que tem apenas um valor passageiro e é transitório como resultado.
- Contudo, Deus ainda “veste” um campo com ela. Isso é seguido por uma descrição chave do cristão superficial — “você de pouca fé”.
- Em Mateus (6.30; 8.26; 14.31; 16.8), esta é uma frase primária que Jesus usa para seus discípulos: “homens de pouca fé”. Muitas vezes os seguidores de Jesus estão mais ligados ao mundo e suas exigências do que a Deus, de modo que as necessidades materiais (como as roupas certas) ganham o controle da vida deles.
v.29-30 – “Não andeis, pois, a indagar o que haveis de comer ou beber e não vos entregueis a inquietações 30 Porque os gentios de todo o mundo é que procuram estas coisas; mas vosso Pai sabe que necessitais delas”.[9]
- A indagação sobre o suprimento das necessidades básicas pode levar às inquietações.
- O que muitas vezes não consideramos é que uma alma inquieta, desassossegada, ansiosa quanto ao futuro e ao suprimento das necessidades, é uma evidência insofismável de incredulidade.
- Os gentios de todo o mundo, aqueles que não conhecem a Deus, é que se preocupam com essas coisas. Em vez de nos rendermos às inquietações da incredulidade, devemos nos fortalecer no entendimento do caráter bondoso de Deus, que conhece e supre as necessidades de seus filhos.
- Portanto, Jesus sintetiza o problema no versículo 29: “Não ponha seu coração no que vai comer ou beber”. Revertendo o velho adágio, tornamo-nos pessoas tão dominadas pela mentalidade terrena que não somos de nenhum bem celeste.
- Estamos tão obcecados com estas preocupações terrenas que nos tornamos consumidos pela preocupação. Nossa casa não é impressionante o suficiente, nossas refeições não são extravagantes o suficiente, por isso nos recusamos a ter alguém por perto.
- Cristo quer que percebamos que, se é assim que somos, aderimos ao “mundo pagão”, que “corre atrás de todas essas coisas” (12.30). Tudo o que eles têm é este mundo, então eles são consumidos por ele. Isso não deveria ser verdade em relação a nós.
- Devemos saber que temos um Pai amoroso que conhece nossas necessidades e cuida profundamente de nós. Isso deve nos libertar para que possamos seguir com buscas ou mesmo atividades celestiais. Estamos seguros em Deus e livres da ansiedade do mundo. Agora precisamos viver como se isso fosse verdade.
v.31-32 “Buscai, antes de tudo, o seu reino, e estas coisas vos serão acrescentadas. 32 Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino”
- Hernandes diz que: “O antídoto para as inquietações geradas no ventre da incredulidade é buscar antes de tudo e em primeiro lugar o reino de Deus. Mateus acrescenta … e a sua justiça (Mt 6.33). Quando cuidamos das coisas de Deus, ele cuida das nossas coisas. Quando nos voltamos para Deus em adoração e serviço, ele se volta para nós, suprindo nossas necessidades”.[10]
- A perspectiva cristã no último versículo, recusando-se a se preocupar com as coisas materiais, permanece como o polo oposto do mundo pagão, que “corre atrás de todas essas coisas”. O que os verdadeiros crentes “buscam” são coisas do “reino” (12.31); o tempo presente zēteite significa uma busca contínua daquela vida que reflete o reinado de Deus neste mundo.[11]
- Estes são os aspectos espirituais de nossa vida, aquilo que glorifica a Deus e traz tanto paz quanto alegria em nossa vida diária. Este é o “caminhar” cristão. Em Colossenses 1.10; 2.6 Paulo exorta seus leitores a “viver uma vida digna do Senhor e agradar-lhe em todos os sentidos” e a continuar a “viver suas vidas nele”.
O texto de Paulo diz: Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; 10 a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus; 11 sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria, 12 dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz”[12]
Em Cl. 2.6-7 ele diz: Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, 7 nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graças”.[13]
Quando vivemos dessa maneira, Jesus promete que “estas coisas [necessidades materiais] serão dadas a vocês também” pelo Pai.
- Perceba que ele não promete riqueza e prosperidade, mas as coisas básicas da vida. Na realidade, ele está prometendo grande riqueza, mas isso virá quando chegarmos ao céu.[14]
- A conclusão desse texto é maravilhosa, Jesus conclui (12.32) que não há razão alguma para medo ou ansiedade com relação às necessidades da vida ou sobre a perseguição por um mundo hostil, porque eles são o “pequeno rebanho” de Deus.
- Este é um termo do Antigo Testamento (Sl 23.1; Is 40.11; Jr 13.17; Zc 10.3) que descreve seu povo como os poucos marginalizados e vulneráveis à mercê de forças poderosas, mas sob a proteção de seu Pastor divino.
- Enquanto neste mundo temos pouco poder, no entanto “vosso Pai teve o prazer de vos dar o reino”.
- Portanto, na realidade, nós, os poucos frágeis, somos os possuidores do reino eterno, o povo mais rico do mundo. Estamos simplesmente aguardando nossa herança, quando nos transformaremos de pobres em príncipes. Enquanto a herança plena é o futuro, podemos viver agora como pessoas do reino, recusando-se a centrar-se naquilo que é terreno e adotando as realidades celestiais da vida.
v.33-34 “Vendei os vossos bens e dai esmola; fazei para vós outros bolsas que não desgastem, tesouro inextinguível nos céus, onde não chega o ladrão, nem a traça consome, 34 porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. [15]
- “Estamos no âmago de um dos temas principais de Lucas — substituir o tesouro terrestre pelo tesouro celestial (veja introdução).
- Jesus o afirma com ênfase hiperbólica: “Vendei vossos bens e dai-os aos pobres”. Isso não significa um comando absoluto — Compartilhar com os necessitados é muito mais importante do que comprar coisas luxuosas.
- Isso desenvolve ainda mais a antítese do capítulo 12, versículo 21 entre armazenar um tesouro para si mesmo e ser “rico para com Deus”.
- Isso tem sido mal compreendido nos séculos passados em termos absolutistas, resultando em votos de pobreza e na crença de que a riqueza em si mesma é um pecado.
- Uma filosofia bíblica de riqueza reconhece que as bençãos terrenas incluem a prosperidade material, e que quando Deus a dá, ele está chamando essa pessoa para um ministério de partilha.
- Como em “comer, beber e alegrar-se” de Eclesiastes 8.15 (veja 12.19 acima), Deus quer que desfrutemos da vida que ele nos dá na terra, mas principalmente quer que saibamos que com a riqueza vem a responsabilidade.
- Ele quer nos usar para melhorar a vida dos necessitados ao nosso redor. Devemos considerar a riqueza outro dom espiritual como cantar, falar ou trabalhar com nossas mãos. É um ministério a ser usado para a glória de Deus e para o benefício dos santos.
- Cristo está usando imagens terrenas como bolsas e os “tesouros” monetários nas bolsas como metáforas espirituais.
- Deixe-me acrescentar a ideia de contas bancárias. Em vez de depositar nosso dinheiro na terra, devemos dá-lo, e então ele será depositado no banco do céu, um “tesouro no céu que nunca falhará”, nunca cairá na inflação ou no fechamento de bancos.
- No céu, os juros continuam a se acumular e nunca podem despencar. Será “onde nenhum ladrão se aproxima e nenhuma traça destrói”.
- A imagem da traça está relacionada ao fato de que as roupas foram transmitidas por herança, e as traças poderiam destruir roupas caras.
- Cristo fornece o princípio básico no versículo 34: “Pois onde estiver seu tesouro, lá estará também seu coração”. Seu coração está sob o controle do foco de sua vida, e se esse “tesouro” estiver orientado para este mundo, ele será controlado pelas coisas erradas.
- O coração é a fonte de todos os aspectos não-materiais da vida, o intelectual, a voluntariedade, o emocional.
- Portanto, se o foco estiver errado, tudo na vida é virado de cabeça para baixo. Logo, não finja que está buscando a Deus se estiver se concentrando nas coisas deste mundo — suas prioridades provam quem você realmente é, e você está em sérios problemas. Temos investido nossos recursos no banco terreno ou no banco celestial?
- Isso determina nosso destino e nossa recompensa quando estamos diante de Deus e respondemos por nossa vida.
Conclusão
- Sei que esse é um árduo desafio, isso porque, precisamos nos “desmaterializar”, precisamos conforme Romanos 12.2 “Transforma-nos pela renovação da mente”, isso implica oferecer os nossos corpos em sacrifício vivo, como culto racional. Com o fim único e último de provar, experimentar a vontade de Deus, que é sempre “boa, perfeita e agradável”.
- Como começamos, por onde começamos?
Pela confissão, pela observação ou contemplação do próprio eu, reconhecendo quem se é, o que é. Seu modo de vida, sua própria vida. Daí pedindo ajuda ao Senhor, que te livre da ansiedade e preocupação cotidiana, pedindo a Ele que acrescente Fé em sua vida, de faça antes de ver, CRER, ante de ter, SER.
SDG.
[1] Hernandes Dias Lopes, Lucas: Jesus, o Homem Perfeito, org. Juan Carlos Martinez, 1‍aedição, Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2017), 391–392.
[2] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 12.6–7.
[3] Hernandes Dias Lopes, Lucas: Jesus, o Homem Perfeito, org. Juan Carlos Martinez, 1‍aedição, Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2017), 395.
[4] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 12.22–23.
[5] Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trad. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 344–345.
[6]Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 12.24–27.
[7]Hernandes Dias Lopes, Lucas: Jesus, o Homem Perfeito, org. Juan Carlos Martinez, 1‍aedição, Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2017), 396–397.
[8]Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 12.28.
[9] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 12.29.
[10] Hernandes Dias Lopes, Lucas: Jesus, o Homem Perfeito, org. Juan Carlos Martinez, 1‍aedição, Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2017), 397.
[11]Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trad. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 347.
[12] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Cl 1.9–12.
[13] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Cl 2.6–7.
[14] Grant R. Osborne, Evangelho de Lucas, trad. Renato Cunha, Comentário Expositivo do Novo Testamento (Bellingham, WA; São Paulo: Lexham Press; Editora Carisma, 2023), 347.
[15] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 12.33–34.
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