O Cuidado com a Língua

Tiago 3.1-12.

No capítulo 1 Tiago alertou sobre a pessoa ser precipitada com as palavras, e que portanto, Deus nos chamou para sermos tardios no falar.

Hoje iremos tratar sobre a língua e o poder que ela tem.

O livro de Provérbios nos diz:

Provérbios 18.21 “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto.”

Provérbios 15.4 “A língua serena é árvore de vida, mas a perversa quebranta o espírito.”

Provérbios 16.24 “Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo.”

Ainda no livro dos Salmos temos o Salmo 34.12–13 “Quem é o homem que ama a vida e quer longevidade para ver o bem? Refreia a língua do mal e os lábios de falarem dolosamente.”

Com esses textos podemos chegar a uma única conclusão, a Língua é fruto de bondade, mas também de maldade, ao mesmo tempo que ela pode ser usada para o bem do próximo e o seu progresso, ela poderá ser usada para o mal e a sua destruição.

A língua não deixa escondido o que está no seu coração, mas ela lhe expõe, ela expõe a sua falta de sabedoria, o seu orgulho, a sua amargura, sua inveja, o seu pecado.

Alguém já disse que a língua é tão perversa e perigosa, que Deus a colocou em uma gaiola chamada boca e com grades que chamamos de dentes.

A Língua pode ser ilustrada como uma flechar, pois com ela nós não precisamos estar perto de alguém para os ferir, mas, pelo contrário conseguimos atacar alguém de uma grande distância.

Sendo assim, chamo a sua atenção para meditarmos sobre o tema:

O Cuidado com a Língua

Tiago á havia tratado um pouco sobre esse assunto, mas agora ele vai falar com mais profundidade.

Sua primeira advertência é aos mestres

V.1: “Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo.”

Naquela o que aparenta é que muitos judeus cristãos queriam se tornar mestres, serem líderes do povo de Deus. Tiago então alerta, que os que são mestres, os líderes, eles lideram através do uso de palavras, e a maior ferramenta dos mestres que Deus chama para o ministério é justamente isto, pregar, falar, usar palavras.

O ensino é necessário, logo, o uso da língua é indispensável aos mestres.

Sendo assim, alguns irmãos a quem Tiago escreve, desejavam se tornar mestres, mas com a motivação errada. E Tiago afirma que antes, eles devem levar em conta o peso de responsabilidade que todos que se tornam mestres tem.

Pois, diz que aos mestres será dado maior juízo. O juízo para com os mestres, os líderes será maior, com maior toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia de juízo” (Mt 12.36).

Lucas 12.48 “Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de reprovação levará poucos açoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão.”

Tiago alerta um problema constante que existe na igreja desde sempre, que são os falsos mestres, pois um falso mestre é capaz de leva uma geração inteira a perdição. A liderança é a causadora da maior parte dos problemas da igreja.

Quantos são os mestres que temos hoje em nossas igrejas no Brasil que são uma vergonha para o Evangelho, que corrompem a mensagem, que enganas os fiéis, e que buscam promoção para seu nome e sua glória? Tais mestres ocupam os púlpitos e pregam palavras, proferem discursos que unicamente envergonham e blasfemam o nome de Cristo. Quantos são os líderes que causaram divisões no meio do povo de Deus, causaram emburrecimento nos crentes e até mesmo foram fonte de desanimo e de desvio por parte de muitos que confiaram em líderes e em suas palavras?

2Timóteo 2.15 “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”

Atualmente temos milhares de pessoas que sofrem diariamente por causa dos falsos mestres, mestres que pregam, ensinam, discursam, mas que suas palavras são de morte, são de engano, são palavras inspiradas pelo diabo, o vosso pai.

Mas, Tiago afirma que estes sofreram maior juízo. Deus permite que eles permaneçam pregando, permite que eles permaneçam ensinando, mas no grande Dia o Senhor dirá apartai-vos de mim, vão para o lago de fogo e enxofre, lugar que está preparado para vocês e o diabo.

V.2: Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear também todo o corpo.

Os mestres, a maior parte do tempo trabalham com palavras, logo, eles tem mais tendência a tropeçar nas palavras.

Provérbios 10.19 “No muito falar não falta transgressão, mas o que modera os lábios é prudente.”

Eclesiastes 5.3: “Porque da muita ocupação vêm os sonhos, e a voz do tolo, da multidão das palavras”

O controle da língua revela a verdadeira religião, e além disso revela que aquele que a controla é perfeito varão, isto quer dizer que uma das grandes virtudes na vida cristã é o dominar sua própria língua, contudo, isso não é tarefa fácil. Tiago afirma que se conseguimos dominar a língua que é essa pequena parte do corpo, logo, nós conseguiremos dominar todo nosso corpo.

O argumento é do maior para o menor, pois, o que é mais difícil dominar em nossa vida é a nossa língua, porém, se nós conseguimos chegar a essa maturidade cristã e dominar ela, logo, conseguiremos dominar o corpo que é uma tarefa mais fácil.

Mas, não se esqueça que Tiago disse que todos tropeçamos, e em muitas coisas!

E se quisermos dominar nosso corpo, se quisermos dominar nossas paixões, nossas emoções, comecemos pela língua. Quem domina sua língua, este domina o corpo todo.

V.3-4: Ora, se pomos freio na boca dos cavalos, para nos obedecerem, também lhes dirigimos o corpo inteiro. Observai, igualmente, os navios que, sendo tão grandes e batidos de rijos ventos, por um pequeníssimo leme são dirigidos para onde queira o impulso do timoneiro.

Tiago usa aqui várias ilustrações para definir dois grandes exemplos que são domáveis pelos homens

E outros dois exemplos do perigo, a perversidade, sagacidade da língua ao ponto dos homens não conseguirem domá-la.

Cavaleiro que controla o cavalo (v.3)

Apenas com cabrestos podemos controlar o cavalo.

Timoneiro (piloto de navio) que controla o leme (V.4)

Apenas com o leme, mesmo que em meio a tempestades e fortes ventos violentos/fortes, o pequeno leme irá guiar o navio através do impulso do timoneiro, ou seja, através da mão do piloto do navio que ira controlar o leme e direcionar a embarcação para onde ele quer que ela vá.

Quem controla a língua, esse pequeno órgão, poderá controlar a vida.

A língua é pequena, menor do que um cavalo, é muito menor que um navio, mas o seu perigo e sua forma indomável e destruidora é ilustrada por Tiago

V.5-8: Assim, também a língua, pequeno órgão, se gaba de grandes coisas. Vede como uma fagulha põe em brasas tão grande selva! Ora, a língua é fogo; é mundo de iniquidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como também é posta ela mesma em chamas pelo inferno. Pois toda espécie de feras, de aves, de répteis e de seres marinhos se doma e tem sido domada pelo gênero humano; a língua, porém, nenhum dos homens é capaz de domar; é mal incontido, carregado de veneno mortífero.

Uma brasa que coloca fogo em uma grande selva (v.5-6) ela é pequena, mas pode causar grande destruição, e se gaba por isso, pois ela é fogo, e assim como uma brasa acesa jogada na flores causa incêndios monstruosos, a língua mesmo tendo um tamanho pequeno causa uma grande destruição.

Provérbios 16.27 “O homem depravado cava o mal, e nos seus lábios há como que fogo ardente.”

A língua coloca em jogo toda nossa vida

Provérbios 26.21 “Como o carvão é para a brasa, e a lenha, para o fogo, assim é o homem contencioso para acender rixas.”

Provérbios 26.20 “Sem lenha, o fogo se apaga; e, não havendo maldizente, cessa a contenda.”

A língua é como mundo de iniquidade, ou seja, assim como o mundo está cheio de iniquidade, a língua está cheia de iniquidade.

A língua está entre os membros do corpo, e consegue contaminar o corpo inteiro.

A língua ainda afeta todos os aspectos da existência humana.

Além disso, Tiago afirma que ela é posta em chamas pelo inferno, a ideia aqui é que quando a língua é incendiada pelo Espírito Santo de Deus, ela irá gerar palavras de poder e graça para salvação, edificação, e abençoar os outros, mas, se ela for incendiada pelo inferno, ela ira gerar destruição de vidas, famílias, casamentos, nomes, reputações, amizades, cidades, estados, países e igrejas.

Mas, todas especies de animais, sejam eles feras, repteis, marinhos ou aves, todos podem ser domados pelo ser humano, a língua porém, nenhum ser humano a consegue domar (v.7-8)

A língua é mal incontido, ela está sempre se movendo, é inquieta, imprevisível, inconstante, ela é incontrolável.

A língua é comparada a uma víbora, que tem veneno mortífero.

A imagem é de uma cobra venenosa, cuja língua nunca descansa e cujas presas estão cheias de veneno mortal.

V.9-10: Com ela, bendizemos ao Senhor e Pai; também, com ela, amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma só boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não é conveniente que estas coisas sejam assim.

Além disso, a língua é incoerente, enganosa e hipócrita. (v.9-10)

Pois a usamos para louvar e bendizer a Deus, a mesma língua que usamos para falar bem do outro, utilizamos para falar mal. A mesma língua que dizemos Deus te abençoe que Deus te amaldiçoe. E isso fazemos com homens que foram criados à semelhança de Deus. Isso não é conveniente, mas é contraditório. E não podem ser dessa forma.

Tiago ilustra isso nos últimos versos dizendo:

V.11-12: Acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que é doce e o que é amargoso? Acaso, meus irmãos, pode a figueira produzir azeitonas ou a videira, figos? Tampouco fonte de água salgada pode dar água doce.”

É incongruente, é hipocrisia, é contraditório.

Aplicações:

Quantas vezes a sua língua foi fonte de destruição?

Sua língua pode destruir sua família, sua língua pode destruir seu casamento, sua língua pode destruir suas amizades, sua língua pode ser uma barreira para evangelizar o perdido.

Sua língua pode ser um empecilho para um emprego melhor, para ser um pai melhor, para ser um marido melhor, um melhor empregado, um melhor empresário, um melhor líder.

As palavras não são tudo, mas tenha certeza que elas estão presente em tudo, em todos os lugares.

Tome cuidado com as fofocas, rejeite-as, cuidado com a maledicência, cuidado com as mentiras proferidas, os falsos testemunhos, abra o seu olho e seus ouvidos, e feche mais a sua boca, e deixe a língua presa.

Busque ter conversas produtivas, de crescimento, de edificação, de animo, de conforto, de sabedoria, conversas de devoção a Deus e de serviço e amor ao próximo.

Somos talvez a geração que mais fala precipitadamente, somos a geração que mais discutimos assuntos superficiais e não proveitosos ou produtivos. Somos a geração de muitas palavras e de pouca sabedoria.

Somos uma geração conhecida pelo muito falar, e pelo pouco se calar.

Provérbios 13.3 “O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína.”

Use sua língua como fonte de bênção!

Na Palestina, região árida e seca, quando se fala em fonte, fala-se de um lugar muitíssimo importante para eles. Pois são as fontes os lugares onde os sedentos, os cansados chegam e encontram alegria, vida, força e coragem para prosseguirem a caminhada da vida.

A Bíblia fala de Agar perambulando no deserto com seu filho Ismael. A água acabou, a sede implacável a dominou e o desespero tomou conta dela e do seu filho. Sem esperança, sentou-se longe do seu filho para chorar, pois não tinha coragem de vê-lo morrer de sede. Mas, do céu o anjo de Deus lhe falou.

Uma fonte começou a jorrar água perto de Ismael e a esperança brotou em sua alma, a vida floresceu e o futuro sorriu para Agar e seu filho (Gn 21.15–21).

Assim é uma palavra boa: traz esperança em meio ao desespero; traz vida em meio as portas da morte, traz alegria em meio a tristeza.

Que bênção você poder usar sua língua como uma fonte de refrigério para as pessoas, para abençoá-las, encorajálas e consolá-las. Como é precioso trazer uma palavra boa, animadora e restauradora para uma alma aflita.

Provérbios 16.24 “Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo.”