Cuidado com o que se fala
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23 Cuide da língua e fique de boca fechada, e você não se meterá em apuros.
À primeira vista, parece que a Bíblia quer que sejamos mudos. Soa como um discurso contra a liberdade de expressão, né? Obviamente não é este o sentido. No começo deste capítulo, o autor já fala sobre olhos arrogantes, coração orgulhoso e atos perversos. Tudo isso é pecado (PV 21.4).
Estamos diante de um texto de sabedoria que percorreu milênios e ainda hoje pode nos trazer muitas lições.
À luz das escrituras, sabemos de alguns personagens que falaram demais e se meteram em apuros:
Em Juízes 16, lemos que Sansão se envolveu com uma prostituta em Gaza e passou a noite com ela. Durante a madrugada, os homens de Gaza armaram para o pegarem em uma emboscada. Por pouco, ele conseguiu fugir, arrancando a porta e tudo no braço. Depois, não satisfeito, ele encontra uma tal de Dalila que, comprada pelos filisteus, tentou descobrir como a força de Sansão poderia ser cerceada. Ele revelou que perderia a força se seu cabelo fosse cortado. Isso resultou na prisão de Sansão. Em um último ato de vida, Sansão, já com cabelo crescido, derrubou os pilares do templo lotado de filisteus. O abrir da sua boca resultou em morte.
Em 2 Samuel 16, temos Simei, um homem da casa da família de Saul, amaldiçoando Davi. A Bíblia diz que ele atirava pedras com o rei e seus servos. 2Samuel 16.7-8
7 “Saia daqui, assassino, bandido!”, gritava para Davi. 8 “O Senhor lhe está retribuindo por todo o sangue derramado no clã de Saul. Você roubou o trono, e agora o Senhor o entregou a seu filho Absalão. Finalmente está provando de seu próprio remédio, pois é assassino!”
Isso fez com que em 1 Reis 36-38, após desobedecer uma ordem de Salomão, Simei, que já era visado pelo filho de Davi, ao descumprir uma ordem de que não poderia sair de Jerusalém, foi morto a mando de Salomão.
Outro personagem que falou demais foi o rei Ezequias. Está em Isaías 39.1-4
1 Pouco tempo depois, Merodaque-Baladã, filho de Baladã, rei da Babilônia, enviou cartas e um presente para Ezequias, pois soube que o rei tinha estado muito doente e havia se recuperado. 2 Ezequias recebeu com alegria os mensageiros babilônios e lhes mostrou tudo que havia na casa do tesouro: a prata, o ouro, as especiarias e os óleos aromáticos. Também os levou para conhecer seu arsenal e lhes mostrou tudo que havia nos tesouros do rei. Não houve nada em seu palácio nem em seu reino que Ezequias não lhes mostrasse. 3 Então o profeta Isaías foi ver o rei Ezequias e lhe perguntou: “O que esses homens queriam? De onde vieram?”. Ezequias respondeu: “Vieram da Babilônia, uma terra distante”. 4 “O que viram em seu palácio?”, perguntou Isaías. “Viram tudo”, Ezequias respondeu. “Eu lhes mostrei tudo que possuo, todos os meus tesouros.”
Com isso, Isaías profetiza que, por conta daquela atitude do rei, Israel seria levado ao cativeiro pela Babilônia.
Falar demais, portanto, traz consequências negativas.
Algumas áreas do conhecimento discutem sobre o falar demais.
A psicanálise tradicional dirá que o falar demais tem a ver com algum conflito mal resolvido nos primeiros anos da infância.
A psicologia dirá que é uma forma de a pessoa tentar marcar presença para não ser esquecida.
Fato é que devemos observar o texto de Provérbios como uma orientação muito válida neste tempo em que as pessoas vivem da fala, vivem da expressão.
A profissão mais desejada da atualidade é a de influencer. Apenas com um vídeo de alguns segundos, a pessoa pode comunicar um estilo, uma ideia e uma tendência que impactarão milhões de pessoas. Nem sempre para o bem, vale ressaltar.
O que é a língua? Ela não é apenas uma parte do seu corpo.
Derek Kidner, que foi um grande estudioso bíblico, autor de muitos comentários do Antigo Testamento, já disse certa vez ao estudar Provérbios: “
Provérbios: Manual de Sabedoria para a Vida Língua Falsa e Boca Lisonjeira
A língua pode provocar grandes desavenças, como uma fagulha pode colocar em chamas toda uma floresta. A língua é um mal incontido, uma fera incapaz de ser domada. A língua enganosa produz frutos venenosos. A língua lisonjeira é uma fonte poluída da qual fluem águas amargas.”
A língua é, portanto, um instrumento que precisa ser controlado. Se não domada, ela produz morte, maldição.
Isso é um lembrete para nós que falamos quase sempre sem pensar nas consequências. E a mensagem é sempre, sobretudo, para o mensageiro.
As nossas relações devem ser baseadas na sabedoria do que falar e do que não falar. Muitos aqui estão na época de namoro. É importante prestarem atenção à forma e aquilo que vocês falam um para o outro. O namoro é uma época de conhecimento ainda. Se as coisas já estão pesadas, se vocês dizem mais coisas que ferem do que edificam, isso já é um sinal ruim da qualidade da relação de vocês. Vigiem porque a intimidade do casamento só faz com que as palavras sejam mais diretas, o que pode ser compreendido como mais duras. Daí o que já feria, talvez fira ainda mais.
O mesmo vale para a questão das amizades. Cuidado com as críticas que você diz que são construtivas, mas são ditas apenas para que seu amigo ou amiga se sinta diminuído e incapaz de ter outras amizades bem melhores do que a que tem com você. Não podemos ser esse tipo de pessoa que cresce ao pisar em outras. Isso não é bíblico. Paulo diz em Filipenses 2.3
3 Não sejam egoístas, nem tentem impressionar ninguém. Sejam humildes e considerem os outros mais importantes que vocês.
Se todos os dias tivermos essa orientação como meta, já teremos um recurso muito bom para domar a nossa língua.
Não saíremos por aí contando vantagem, com o que, muitas vezes, é mentira.
Cuide de sua língua e fique de boca fechada.
A boca, à luz da Bíblia, tem um significado peculiar. É um símbolo do que está no seu coração. Você verbaliza aquilo que grita no seu coração.
18 mas as palavras vêm do coração, e é isso que os contamina.
Como está o nosso coração pós-Impacto? Alegre pelo que Deus realizou em Piratininga ou tristes porque perdemos um feriado prolongado que poderia ser aproveitado em casa ou na praia descansando?
O nosso coração é nosso pior inimigo. E ele tem para si duas companheiras fiéis: a língua e a boca, sempre prontas para nos destruir.
E é na adolescência e na juventude, quando nos achamos mais sábios que Salomão, que mais dizemos besteiras. Que mais ferimos as pessoas.
Quando pensamos antes de falar, deixamos de atirar contra as pessoas que nos cercam.
Existem algumas dicas comprovadas por cientistas que são apontadas como eficazes no controle da fala, sobretudo, no momento da raiva:
RESPIRE POR LONGOS MINUTOS EM SILÊNCIO
O ato de respirar traz tranquilidade e possibilita que reavalie o que iria falar
DÊ UM TEMPO
Se o respirar não deu certo, dê um tempo antes de prosseguir com uma discussão. Fazer uma outra atividade ajuda a esfriar as coisas.
TENHA PERSPECTIVA DO ALCANCE DA SUA FALA
As nossas palavras não morrem assim que saem de nossa boca. Elas são plantadas como semente no coração dos outros, portanto, sejamos prudentes naquilo que semearemos no coração das pessoas.
LEMBREMOS DAQUILO QUE NOS MOTIVA
Por três dias, nós nos dedicamos, compartilhamos sobre Jesus com um sorriso no rosto para recepcionar as pessoas. Devemos crer que aquilo não foi fingimento ou temporário. A nossa atitude e a nossa fala devem ser pautadas por aquilo que nos motiva. O amor de Deus, sobre o qual compartilhamos por meio das cores da pulseira, deve ser sempre a nossa motivação.
Tudo o que eu falei até agora aponta para o cuidado para que não entremos em apuros. Quais podem ser esses apuros?
Brigas
Inimizades
Perdição
Morte espiritual
Morte eterna
A boca e a língua controladas de alguém sábio falam palavras que abençoam, que constroem. A edificação é uma característica de amizades sábias e boas. Amigos que, realmente se gostam, oram uns pelos outros, conversam de forma verdadeira e com propósito uns com os outros.
Amigos devem orar uns pelos outros. Se passamos tempo com os nossos amigos e não investimos nada de oração pela vida dele, será que realmente o amo?
Com a boca e a língua controladas não corremos o risco de sermos brigões, inimigos, perdidos ou de enfrentarmos morte espiritual e eterna.
Como controlar a língua?
Alimentando o coração com coisas que edificam, desta forma, naturalmente, de sua boca sairão coisas boas.
14 Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a ti, Senhor, minha rocha e meu redentor!
Essa deve ser a nossa oração porque a força para mudar vem apenas do Senhor, mas sobre nós recai a responsabilidade de perseverar na jornada de frutificar o amor de Deus. A principal forma deste frutificar é sermos intencionais em nossas relações.
Oração de encerramento