EBD - AULA 11 - ADULTOS (2)

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A SALVAÇÃO NÃO É OBRA HUMANA
Texto áureo/Verdade prática
INTRODUÇÃO
1. Uma lição soteriológica. Soteriologia (gr. soteria, "salvação" [cf. Lc 19.9; Jo 4.22; At 4.12; Rm 1.16; 13.11; Hb 9.28 etc.]; gr. logeia, "coleção" [cf. 1 Co 16.1,2]) é o estudo sobre a salvação. A presente lição soteriológica toma como base Efésios 2.1-10, perícope que nos apresenta uma clara explicação sobre a depravação total da humanidade e a salvação pela graça de Deus mediante a fé.
2. O que são soteriologias inadequadas? Se a soteriologia é o estudo sobre a salvação, soteriologias inadequadas, impróprias ou inconvenientes são os estudos sobre o assunto que não tomam a Bíblia como fonte primacial de autoridade. A salvação — tendo em vista a Queda (cf. Gn 3.15; Ap 13.8) — implica regeneração (Jo 3.1-8), justificação (Rm 5.1-5) e santificação (1 Co 6.9-11) do pecador, mediante a aceitação da obra expiatória realizada pelo Senhor Jesus (Jo 3.16), a qual abarca sua encarnação para revelar a glória do Pai (1.14), sua morte vicária (v. 29) e sua ressurreição para nossa justificação (Rm 4.25). Qualquer doutrina que negue essas verdades bíblicas é inadequada e herética, como é o caso de reencarnacionismo, galacionismo, gnosticismo, bem como das heresias soteriológicas presentes no islamismo, no russelismo (pseudojeovismo) e no mormonismo.
I. A SALVAÇÃO SOB A GRAÇA DE DEUS
1. A descrição do estado espiritual humano (vv. 1-3). Nestes três versículos temos ênfases importantes quanto aos efeitos da Queda.
a) O pecador está espiritualmente morto (v. 1). Por causa da Queda, o ser humano está morto "em ofensas e pecados". Morte, na Bíblia, sempre significa separação. E, no caso da morte espiritual, denota separação de Deus (Is 59.1). Como vimos na aula anterior, morte espiritual é a corrupção — e não a destruição — da imago Dei. Indica que o pecador não pode salvar-se, pois não tem força em si mesmo para desejar e buscar a salvação. Ele precisa, antes de tudo, da investidura da graça de Deus, que, de modo preveniente, capacita-o para crer e se arrepender (Tt 2.11-13; 3.5; Rm 10.17).
b) O pecador está sob o domínio de Satanás (v. 2). Por causa da Queda, o homem não pode, por si mesmo, obedecer a Deus. E, como não há meio termo, está também entregue ao Maligno, pois anda "segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência". É por isso mesmo que seu arbítrio precisa ser liberto, como diz a primeira frase do acrônimo armínio-wesleyano FACTS: freed by grace to believe (liberto pela graça para crer). A partir dessa iniciativa divina para salvar o pecador, este pode tomar a decisão — ou não, pois é um ser livre, moral — de desviar-se do curso deste mundo, a fim de trilhar o caminho da salvação (Jo 9.32,36; 14.6; Mt 7.13,14), trocando o jugo da opressão maligna pelo suave jugo de Jesus (11.28-30).
c) O pecador está, sentimental, volitiva e intelectualmente, corrompido (v. 3). Paulo explica que estar espiritualmente morto e andar "segundo o príncipe das potestades do ar" também significa ter a alma completamente corrompida pelo pecado (cf. Rm 7.18-24). Suas três faculdades estão corrompidas: (1) Sentimento: "andávamos nos desejos da nossa carne". (2) Volição: "fazendo a vontade da carne". (3) Intelecto: "e dos pensamentos".
d) O pecador já está condenado ao Inferno (v. 3). Por causa da Queda, todos os seres humanos são naturalmente pecadores; isto é, todos têm o germe (agente causador) do pecado desde a concepção (Rm 3.23; Sl 51.5). Em João 3.36 está escrito: "Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece". Paulo corrobora isso ao dizer que "éramos por natureza filhos da ira, como os outros também".
2. Mortos em ofensas e pecados (vv. 1,5). Embora o pecado ainda esteja presente na nossa vida, não estamos mais mortos em ofensas e pecados, pois fomos vivificados (ou ressuscitados) "juntamente com Cristo". Morte, nesse caso, é sinônimo de separação de Deus; e vivificação, de reconciliação com Ele, pela qual nos "fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus" (v. 6; cf. Rm 5.11; 2 Co 5.18,19). A salvação decorre, portanto, da ação convencedora do Paráclito sobre a vida do pecador (Jo 16.8-11) e da concretização da obra salvífica mediante a aceitação do pecador (Rm 10.9,10; Ef 2.6-10). A graça preveniente e vivificadora é o próprio amor de Deus em ação, abrangendo (como uma moeda com dois lados) a graça propriamente dita — "abundantes riquezas da sua graça" (v. 7) — e a misericórdia: "Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)" (Ef 2.4,5).
3. A exegese dos versículos 8-10:
a) O que é exegese? Grosso modo, denota "interpretação"; refere-se a um modo acurado, primoroso, esmerado, de interpretar textos. O substantivo grego exégesis, cuja forma verbal é exegéomai ("explicar", "expor", "explanar"), tem o sentido de guiar para fora (cf. Lc 24.35; Jo 1.18; At 10.8; 15.12,14; 21.19). Exegese é, também, uma das duas matérias da Teologia Exegética, fundamental para a interpretação correta do texto sagrado: a Hermenêutica, que serve à Exegese com regras e princípios, e a Exegese, propriamente dita, que emprega princípios hermenêuticos e várias outras ferramentas epistemológicas e metodológicas, visando a extrair de cada texto sagrado a sua verdadeira significação.
b) Como fazer a exegese de um texto bíblico?
De modo geral, o método exegético abarca sete etapas:
Pesquisa. Trata-se de preparação, visão geral ou introdução. Isso, evidentemente, significa ler e reler o texto, a fim de formular uma tese. Um trabalho exegético que não apresente uma tese não é realmente uma exegese. Tese é uma proposição que pode ser defendida.
Análise contextual. É a consideração de todos os tipos de contexto, especialmente o histórico e o literário.
Análise formal. Implica analisar o texto quanto a forma e estrutura.
Análise detalhada. Consiste em analisar cada parte do texto.
Síntese. Depois dos passos acima, é possível ver o texto como um todo e reafirmar ou não a tese defendida a princípio. Aqui podemos concluir que a tese inicial não se sustenta. O hermeneuta ou exegeta que se preza não força a Bíblia a dizer o que não diz.
Reflexão. Implica refletir sobre o produto final, derivado do texto bíblico examinado. Em outras palavras, é a interpretação teológica.
Aprimoramento e ampliação. Denota rever todo o processo, visando à exposição do texto. Portanto, o que chamamos de exegese de um texto é, na verdade, a sua exposição resultante do trabalho exegético (etapas mencionadas).
c) Exposição de Efésios 2.8-10. O termo "graça" (gr. cháris, "favor", "dom", "presente") se refere ao que Deus nos tem dado sem merecermos; é o oposto de misericórdia (cf. Rm 6.23). A salvação não depende de obras, embora estas indiquem que somos salvos: "somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas" (Ef 2.10). Diante do exposto, a frase "isto não vem de vós, é dom de Deus" (v. 8) denota que tudo — não somente a fé, mas todo o processo da salvação — é um presente (gr. dôron) de Deus! Ao fim e ao cabo, só podemos exercer a fé e o arrependimento para obter a salvação depois da ação preveniente do Deus de toda a graça (cf. Rm 10.17; At 11.18).
II. SOTERIOLOGIAS INADEQUADAS NA ANTIGUIDADE
1. Os reencarnacionistas. A doutrina da reencarnação está presente em várias religiões e seitas, como hinduísmo, budismo, jainismo, sikhismo, kardecismo etc. Para esses grupos, a obra redentora de Jesus não tem valor algum, pois o que eles veem como "salvação" é uma série de encarnações, pelas quais o ser humano vai se aperfeiçoando. O hinduísmo, por exemplo, não tem uma doutrina clara sobre a salvação pela qual se explique como o homem pode escapar do interminável e cansativo ciclo das reencarnações. A alma de quem morre renasce numa nova criatura vivente, podendo renascer numa casta mais alta ou mais baixa, até mesmo num animal. Há uma ordem inexorável nesse ciclo ou processo de transmigração da alma, cujo impulso é chamado de karma ("ato", em sânscrito). O que uma pessoa enfrenta nesta vida é resultado de suas ações na vida anterior. E assim sucessivamente até a iluminação. Esse processo cármico é completamente antibíblico (Sl 78.39; Hb 9.27; Jo 9.1-3).
a) O reencarnacionismo kardecista:
Quem foi Allan Kardec. As práticas espíritas são tão antigas quanto o homem, mas a sistematização das suas doutrinas ocorreu no fim do século XIX, na França. Em 1857, o pedagogo Hippolyte Léon Denizart Rivail escreveu O Livro dos Espíritos, que impulsionou o desenvolvimento da doutrina kardecista. Ele nasceu em Lion, França, e adotou o pseudônimo Allan Kardec em razão de acreditar que era a reencarnação de um poeta celta com esse nome. Sua frase preferida era: "Fora da caridade não há salvação". Para ele, "caridade" é a realização de boas obras, e "salvação" significa alcançar o estado de iluminação, após sucessivas reencarnações. Não por acaso, em seu túmulo, no Cemitério de Père Lachaise, em Paris, há a seguinte inscrição: "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei".
O kardecismo e sua doutrina reencarnacionista. A morte de um ente querido, por mais dolorosa que seja, não é encarada de forma absolutamente negativa pelo kardecismo. Trata-se apenas do encerramento de uma missão no mundo dos vivos. Os espíritas têm na doutrina da reencarnação as respostas para todas perguntas, desde o mau humor de um vizinho à morte repentina de alguém. Kardec acreditava que o Inferno é "a série de reencarnações punitivas a que estão condenados todos os espíritos imperfeitos e, algumas vezes, algum espírito adiantado, mais que tenha praticado um grande crime” (COSTA, p. 123). Para ele, o novo nascimento é uma nova encarnação, e João Batista, a reencarnação de Elias. Apesar de o kardecismo não ser cristão, utiliza o cristianismo para se legitimar, a fim de não parecer uma religião exótica. Daí procurar textos sagrados que justifiquem as suas falsas doutrinas.
b) Resposta bíblica ao kardecismo. Basta observar o contexto de João 3.3 para entender que Jesus falava de regeneração, e não de reencarnação (vv. 4-8). Ele falou em nascer da água e do Espírito, que significa tornar-se uma nova criatura mediante o poder purificador da Palavra de Deus, simbolizada pela água (15.3; Ef 5.26), e do Espírito Santo (Tt 3.5). Sabemos que ambos fluem juntos na conversão do pecador. Com base no cumprimento profético de que João Batista é "o Elias que havia de vir" (Ml 4.5; Mt 11.13,14), os kardecistas também alegam que ele é a reencarnação de Elias. Mas, se isso fosse verdade, quem deveria aparecer, na Transfiguração, era João Batista (17.3). Afinal, este já estava morto, naquela ocasião (14.1-12). Ademais, como Elias foi levado ao Céu, sem passar pela morte (2 Rs 2.11), seu espírito jamais poderia reencarnar, uma vez que sequer desencarnou! Na verdade, Jesus apenas se referiu à semelhança dos ministérios desses dois profetas e à autoridade espiritual dada a João Batista (cf. Lc 1.17)
2. Os galacionistas:
a) O que é o galacianismo? Já estudado na lição 2, trata-se do legalismo judaizante que floresceu no tempo dos apóstolos, especialmente na província da Galácia. A doutrina dos judaizantes (gr. ioudaízo, "judaizar"; cf. Gl 2.14), combatida por Paulo na Epístola aos Gálatas e no primeiro concílio da Igreja (At 15), consistia em negar a salvação unicamente pela graça aos gentios. Os galacionistas obrigavam os não judeus a viverem como judeus como condição para a salvação (cf. 1 Co 7.18-20), ignorando que esta é exclusivamente pela graça, e não pelas obras (Ef 2.8-10; Gl 2.16).
b) Por que os galacionistas foram considerados hereges? Eles não defendiam a salvação pela graça. Antes, opunham-se à crença de que muito do que consta no Antigo Testamento são, na era da Igreja, tipos e símbolos: apenas apontam para o caráter e a obra do Messias. Eles não criam que as leis cerimoniais do judaísmo "haviam sido cumpridas na vinda, morte e ressurreição de Jesus — e que agora estavam obsoletas e não exerciam qualquer autoridade sobre os cristãos salvos. [...] Para ser salvo, um gentio que cria em Cristo precisava se converter ao judaísmo, passar pela circuncisão e colocar-se debaixo da autoridade da Lei Mosaica. Um judeu que era salvo precisava continuar observando toda a Lei Mosaica, tal como fazia antes de crer em Jesus" (KALISHER, p. 22-23). Por causa disso, Paulo considerou os galacianistas falsos mestres, propagadores da salvação pelas obras (Gl 1.7; 2.4; cf. At 15).
3. Os gnósticos. Já estudamos sobre o gnosticismo na lição 3 e vimos que sua doutrina (gr. gnosis, "conhecimento", no sentido de iluminação espiritual) é extremamente sincrética. Os gnósticos dos primeiros séculos mesclavam elementos cristãos, judeus e pagãos com o platonismo, de onde derivam a ideia de que as essências das coisas existem independentemente delas. Quanto à salvação, eles se basearam, principalmente, no maniqueísmo.
a) O gnosticismo e a cosmovisão deísta. Os gnósticos dos primeiros séculos consideram Deus totalmente incognoscível, transcendental, a ponto de se relacionar com a humanidade somente por meio de emanações angelicais. O segmento docetista (gr. dokéo, "parecer") afirmava que ho Logos é uma dessas emanações mediadoras, e não Deus encarnado. O deísmo (séc. XVII), em oposição ao teísmo bíblico, ao defender a ideia de que há um deus presente na natureza apenas através do seu poder, e não de modo pessoal, fundamenta-se no gnosticismo. Negando uma revelação especial, os milagres, a providência, os adeptos da cosmovisão deísta (Voltaire, John Locke etc.) são racionalistas: afirmam que tudo o que sabemos acerca da divindade é oriundo da nossa razão.
b) O gnosticismo e a cosmovisão dualista. A soteriologia gnóstica se baseia no dualismo maniqueísta, de Mani ou Maniqueu (216-276 d.C.). Quando este "entrou em contato com o cristianismo, ele concebeu a ideia (c. 238) de combinar dualismo oriental com o cristianismo, em um todo harmonioso. Ele se considerava um apóstolo de Cristo e o Paracleto prometido" (THIESSEN, p. 41). No maniqueísmo, há sempre duas substâncias distintas e irredutíveis: ideia e objeto; mente e matéria; luz e trevas; o bem e mal; Deus e Satanás. Abraçando as ideias de Mani, os gnósticos tentaram solucionar o problema do mal postulando dois deuses lutando pelo domínio do universo. Quanto à salvação, só seria possível mediante um conhecimento místico exclusivo, a gnosis. Biblicamente falando, esse dualismo entre forças divinas é uma heresia; embora o Diabo seja um anjo caído poderoso, não é capaz de rivalizar com o Todo-poderoso (Ap 1.8).
III. AS SOTERIOLOGIAS INADEQUADAS DE HOJE
1. O islamismo:
a) O que é o islamismo? É uma das três religiões consideradas monoteístas, ao lado do judaísmo e do cristianismo. Na aula referente à lição 6 apresentamos um resumo do islamismo, dando destaque para a história de Mohamad, desde sua fuga de Meca até sua morte. Também discorremos sobre sobre o Alcorão (conteúdo, estrutura e importância) e as principais doutrinas do islamismo. Vimos que, para essa religião, não existe Trindade, e Jesus é apenas um profeta que veio depois de João Batista, um dentre os muitos inferiores a Mohamad. O Alcorão nega expressamente a ideia de que Jesus morreu na cruz, em substituição pelo pecado (sura 112). Quanto ao Espírito Santo, dizem que é uma força que emana de Allah.
b) A salvação no islamismo. O Céu e o Inferno do islamismo são muito diferentes dos que a Palavra de Deus, a Bíblia, descreve. De acordo com o Alcorão, o Paraíso é um lugar de bênçãos e prazeres físicos eternos (sura 3), e a salvação é pelas obras, por mérito (sura 13). Claro está que o deus do islã não é o mesmo Deus da Bíblia. Este amou todos os pecadores, a ponto de enviar ao mundo o seu Unigênito (Jo 3.16; Rm 5.8), enquanto que Allah não ama os pecadores (sura 2). "Não existe na religião islâmica a ideia da corrupção total do gênero humano [...]. O ensino dessa religião é que a humanidade não tem nada com o pecado de Adão, pois todo ser humano nasce bom. Quando peca, pede perdão, e Allah [...] o perdoa [...]. Desse modo, não precisam de Jesus. Se não há pecado, logo não há necessidade de salvação" (SOARES, 2024, p. 138). Segundo as Escrituras, só podemos receber a salvação pela graça de Deus mediante a fé e o arrependimento (Rm 10.9,10; Mc 1.15).
2. As testemunhas de Jeová:
a) Uma seita pseudocristã. Também temos discorrido, ao longo deste trimestre, sobre essa seita antitrinitária e arianista, iniciada em 1874, cujo fundador é Charles Taze Russel (1852-1916), filho de presbiterianos, que pertenceu à Igreja Congregacional e à Igreja Adventista. Como os adeptos dessa seita não creem que Jesus é Deus, defendem ideias absurdas de salvação pelas obras, como a de que somente um grupo seleto de 144 mil testemunhas, "os ungidos", herdarão o Céu, enquanto os outros herdarão a Terra. Ao contrário do que eles dizem, trata-se de um grupo de 144 mil israelitas que atuarão durante o período tribulacional, após o Arrebatamento da Igreja (cf. Ap 7.1-8).
b) Quem são os 144 mil? "Deus não abandonará o planeta nas mãos de Satanás, do Anticristo e do Falso Profeta, mas levantará quem testemunhe do poder e da grandeza do Senhor. O grupo mais proeminente entre esses são os 144 mil" (BENWARE, p. 382). Antes de tudo, é importante observar que o Novo Testamento apresenta o Israel étnico, divido em doze tribos (Lc 22.30; 2.36; At 26.7; Tg 1.1), o que, por si mesmo, é um pressuposto importante para a interpretação de que os 144 mil são israelitas, mesmo. Mas serão israelitas cristãos, cujo "papel parece ser similar àquele dos discípulos originais de Jesus: anunciar a vinda do Messias e do Reino. Começando em Apocalipse 7.9, João descreve uma 'grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas', que aparentemente se converteram por causa do testemunho dos 144 mil" (DYER, p. 77).
Os 144 mil não são membros especiais de seitas pseudocristãs. Eles não representam os adventistas do sétimo dia, que afirmam isso por causa do seu ensino herético sobre o Shabbat. Os servos do Senhor mencionados em Apocalipse 7.2-9 também não são os adeptos da seita Testemunhas de Jeová. Estas diziam outrora que a totalidade dos seus membros era de 144 mil. E pararam de afirmar isso quando o número de seus membros cresceu.
Os 144 mil não são a Igreja antes do Arrebatamento. Teólogos não dispensacionalistas insistem na ideia de que "há muitas indicações de que João está, de fato, tratando da igreja, especialmente pela centralidade que a igreja ocupa ao longo de todo o livro de Apocalipse" (OSBORNE, 2014, p. 348). Mas os 144 mil aparecem no Céu como um grupo distinto dos 24 anciãos, que representam a Igreja glorificada no Céu, como já estudamos (Ap 14.1-3). Ademais, em nenhuma parte das Escrituras as doze tribos de Israel estão associadas à Igreja, e sim ao Israel étnico. Não faz o menor sentido alterar esse significado consistente somente nessa parte da Bíblia. "Como diz John Walvoord: 'A ideia prevalecente de que a Igreja é o verdadeiro Israel não tem sustentação em nenhuma referência explícita na Bíblia, e a palavra 'Israel' nunca é usada para gentios e se refere somente àqueles que são racialmente descendentes de Israel, ou seja, de Jacó. [...] Seria um tanto ridículo levar a tipologia de Israel representando a Igreja até o extremo de dividi-la em doze tribos'" (HITCHCOCK, p. 129-130).
Os 144 mil são pregadores israelitas do período tribulacional. Isto é, são o somatório dos membros de cada tribo de Israel selados por Deus para cumprir uma missão especial durante a Tribulação. Está implícito que seu trabalho será pregar o Evangelho, especialmente a seus compatriotas em todo o mundo. Afinal, o Senhor "escolheu Israel originalmente para ser sua testemunha. Ele o encarregou de transmitir as Boas-novas de Deus para as outras pessoas do mundo (Is 42.6; 43.10)" (RHODES, p. 145). Assim, um grande reavivamento ocorrerá, imediatamente após o encerramento da era da Igreja, "durante os 21 primeiros meses da Tribulação. Segundo Apocalipse 7, enquanto o Anticristo estiver ocupado em seus planos políticos, o Espírito Santo, por meio de um grupo conhecido como 'os 144 mil', alcançará os corações de milhões de pessoas, que serão levadas a um conhecimento salvífico de Jesus Cristo, ocasionando a maior colheita de almas da história da humanidade" (LAHAYE; HINDSON, p. 107).
3. O mormonismo:
a) Quem é o fundador da igreja mórmon? Trata-se do norte-americano Joseph Smith Jr. (1805-1844). Depois de passar por várias igrejas evangélicas, ele foi — supostamente — orientado pelo próprio Deus, em 1820, a fundar a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, o que só ocorreria dez anos depois disso. Em 1823, um anjo (Morôni) lhe apareceu para indicar que Deus lhe dera uma nova revelação em placas, as quais estavam enterradas. Alguns anos mais tarde, Smith as desenterrou e, em 1830, publicou o seu conteúdo, O Livro de Mórmon, quando fundou o mormonismo. Esta seita pseudocristã floresceu, especialmente, em Salt Lake City, Utah.
b) As heresias do mormonismo. Para os mórmons, a Bíblia não é a Palavra de Deus. Embora eles não a desprezem totalmente, priorizam outras três fontes: O Livro de Mórmon, Doutrina e Convênios e A Pérola de Grande Valor. Eles afirmam que Deus Pai tem um corpo de carne e osso tão palpável como o nosso. A princípio, eles eram polígamos, mas, quando Utah "se uniu à federação na condição de estado-membro dos Estados Unidos, a comunidade precisou abrir mão de alguns de seus costumes especiais, entre eles a poligamia" (GAARDER, p. 215).
c) A soteriologia do mormonismo. Como vimos na lição anterior, os mórmons creem numa "salvação geral" para os não mórmons, que precisam buscar a "salvação pessoal" prioritariamente por meio das obras. Além da obrigatoriedade de crer que Smith é um porta-voz de Deus, uma espécie de mediador, uma das obras salvíficas é o batismo, inclusive o indireto. Segundo a doutrina do "batismo pelos mortos", um mórmon vivo pode ser rebatizado em nome um parente falecido. Por isso, eles mantêm um serviço — muito útil —, em computadores de suas congregações e no site Family Search, onde podemos encontrar microfilmes das certidões (nascimento, casamento, óbito) de nossos antepassados.
REFERÊNCIAS
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