O Rei que se assenta com pecadores (Mc 2.13-17)
O Rei que se tornou servo: sermões no Evangelho de Marcos • Sermon • Submitted • Presented
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Introdução
Introdução
Estamos num momento do Evangelho de Marcos em que Jesus se defronta com questionadores, principalmente escribas e fariseus. As respostas de Jesus nesses confrontos lançam luz sobre sua identidade, sua autoridade e ensinam profundas lições acerca do Reino de Deus.
Na passagem anterior, Marcos evidenciou a autoridade pessoal de Jesus ao perdoar pecados. Hoje, Ele deixa claro qual é o alvo do seu perdão: aqueles que se identificam como pecadores, para os quais a mesa da comunhão já está posta.
Exposição por Versículos (Mc 2.13-17)
Exposição por Versículos (Mc 2.13-17)
1. Jesus Chama Levi para Segui-lo (13-14)
1. Jesus Chama Levi para Segui-lo (13-14)
Movimento Contínuo de Jesus:
Em Mc 2.13, observamos que “Jesus saiu novamente” – uma ação que marca todo o seu ministério, mostrando que Ele está sempre em movimento, acompanhando a multidão e ensinando.
O Chamado a Levi:
Ao passar, Jesus encontra Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria (Mc 2.14). Esse detalhe revela o contexto de Levi [ou evangelista Mateus]: ele era um publicano, a serviço do Império Romano e, portanto, socialmente marginalizado e desprezado pelos judeus. Para os estes, publicanos eram pessoas que se assemelhavam em posição às prostitutas. A ele Jesus chama “segue-me”. Marcos apresenta o “segue-me” como se fosse um “caminha no mesmo caminho que eu”.
Resposta Imediata:
O convite “Segue-me” é prontamente atendido por Levi, evidenciando a disposição dos verdadeiros discípulos. A resposta rápida contrasta com a hesitação dos religiosos e ressalta o drama do chamado: um pecador abandona imediatamente aquilo que o dominava para seguir Jesus.
2. A Comunhão à Mesa e o Banquete de Levi (15)
2. A Comunhão à Mesa e o Banquete de Levi (15)
A Mesa como Espaço de Transformação:
Em Mc 2.15, ao se sentar para comer na casa de Levi, Jesus está na presença de muitos publicanos e pecadores.
O Significado Cultural da Mesa:
Na cultura da época, a mesa simbolizava comunhão, intimidade e aprendizado. Estar à mesa com Jesus indicava não apenas uma refeição, mas uma oportunidade de transformação e renovação de vida.
O Banquete como Sinal de Redenção:
A festa promovida por Levi – também descrita em Lc 5.29 – demonstra o abandono do seu antigo modo de vida e celebra a nova condição em Cristo. O banquete é extensivo a muitos outros pecadores que responderam positivamente ao chamado, reconhecendo a oportunidade de redenção que Jesus oferece.
3. A Crítica dos Escribas e Fariseus (16)
3. A Crítica dos Escribas e Fariseus (16)
Observação Crítica e Distanciamento:
Em Mc 2.16, os escribas e fariseus, ao verem Jesus comendo com publicanos e pecadores, questionam os discípulos [primeira ocorrência das 46 em Marcos]: “Como é que ele come com publicanos e pecadores?”
A Postura dos Religiosos:
Essa atitude evidencia uma postura crítica e hostil. Os líderes religiosos optam por permanecer distantes, limitando-se a observar e a julgar [jamais entrariam naquela casa], sem experimentar a transformação que ocorre à mesa com Jesus.
4. A Resposta de Jesus (17)
4. A Resposta de Jesus (17)
Identificação com os Necessitados:
Ao ouvir as críticas, Jesus responde em Mc 2.17:
“Os sãos não têm necessidade de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.”
O Apogeu do Drama:
Com essa resposta, Jesus reafirma que sua missão é alcançar os que reconhecem sua própria fragilidade e necessidade de cura espiritual. É interessante que ele se identifica não com os bons, mas com os maus. Se identifica não como sendo um deles, mas o salvador daqueles pecadores. Eles são aqueles que precisam de um salvador. O que há em comum entre eles não é o estado pecaminoso [todos o são], mas o reconhecimento de que são como doentes espirituais precisando de cura.
Lição para os Religiosos:
A declaração serve de alerta: a verdadeira conversão e arrependimento surgem do reconhecimento de que todos somos doentes espirituais e necessitamos da redenção que somente Cristo pode oferecer.
Aplicações
Aplicações
1. A Resposta Imediata dos pecadores:
Aqueles que se reconhecem como pecadores respondem imediatamente ao chamado de Jesus. Em contraste, os que confiam em sua própria justiça – como os religiosos – tendem a protelar ou mesmo a não responder ao convite. Essa diferença evidencia o drama do chamado: abandonar o que nos domina para vivermos na plenitude da graça.
2. Observar vs. Estar à Mesa:
Há uma diferença fundamental entre simplesmente observar e estar à mesa com Jesus. Enquanto os pecadores se reúnem com Ele, comendo, bebendo e sendo transformados, os escribas e fariseus permanecem à margem, limitando-se a criticar. São apenas questionadores, como quem está em pé apenas querendo pegar alguém em contradição. Essa reflexão nos desafia a examinar nossa própria postura: estamos apenas observando, ou participando ativamente da comunhão que transforma?
Será que em relação a Jesus e a igreja você não está somente observando e na defensiva? Apenas vendo no que vai dar? Esperando o dia em que alguém na igreja não será tão condizente com o evangelho pregado? Ou mesmo esperando que alguém não atenda às expectativas moralistas que você impões para os outros [mesmo quando não acredita nelas]?
3. Nossa Postura Diante de Cristo e da Igreja revela nossa verdadeira confiança.
No final das contas, se estamos descontentes com nossos pecados e contentes em Cristo, se nos sentamos à mesa e seguimos a Jesus, se nos identificamos com a comunidade dos pecadores, ou se, por outro lado, estamos contentes com nossa própria justiça e descontentes com Jesus, se permanecemos à margem, apenas observando, ou se nos colocamos na posição daqueles que apontam o dedo para a igreja, isso revela claramente onde está a nossa verdadeira confiança.
Nossa facilidade em julgar e considerar os pecados dos outros como imperdoáveis pode, na verdade, nos levar a uma indiferença perigosa em relação ao Filho de Deus. O conteúdo da nossa fé não se manifesta somente em palavras, mas, sobretudo, na nossa postura: seja em um humilde serviço, seja em uma crítica recorrente e distante.
4. O Exemplo de Redenção em Levi:
Levi representa um exemplo poderoso de redenção. Social e culturalmente marginalizado, ele encontrou em Cristo uma nova vida. Embora nossa cultura valorize histórias de redenção pessoal, o evangelho nos ensina que a verdadeira restauração vem da cruz, quando vivemos a leveza da justificação. Cristãos não banalizam caminhos árduos de redenção pessoal, pelo contrário, o fazem a partir do poder e da liberdade da cruz.
5. Jesus: O Rei que se Faz Servo e se assenta com pecadores:
Por fim, é crucial lembrar que Jesus é o Rei que se faz servo, que se senta com os pecadores e oferece perdão. Diante d’Ele, ninguém possui dignidade suficiente para se apresentar. Ele é a parte ofendida que tem todo o direito de não se relacionar com pecadores. No entanto, Ele escolhe se associar com os miseráveis, com os quebrados, com os páreas da sociedade. Ele veio, desceu dos céus para trazer redenção e vida nova àqueles que estão perdidos, convidando-nos à mesa e desafiando-nos a levar o convite do banquete adiante, para que outros também possam experimentar a transformação do evangelho.
SDG