A Ação de Deus na História

Texto Ex 6.1-9

EX 6.1 - Então o Senhor disse a Moisés: — Agora você verá o que vou fazer a Faraó, pois, por mão poderosa, os deixará ir e, por mão poderosa, os expulsará da sua terra.

Ex 6.2 - Deus falou a Moisés e lhe disse: — Eu sou o Senhor. 

Ex 6.3 - Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como o Deus Todo-Poderoso;1 mas pelo meu nome, O Senhor, não lhes fui conhecido.

Ex 6.4 - Também estabeleci a minha aliança com eles, para dar-lhes a terra de Canaã, a terra em que viveram como estrangeiros.

Ex 6.5 - Eu também ouvi os gemidos dos filhos de Israel,c os quais os egípcios escravizam, e me lembrei da minha aliança. 

Ex 6.6 - Portanto, diga aos filhos de Israel: “Eu sou o Senhor. Vou tirá-los dos trabalhos pesados no Egito, vou livrá-los da escravidão, vou resgatar vocês com braço estendido e com grandes manifestações de juízo. 

Ex 6.7 - Eu os tomarei por meu povo e serei o seu Deus; e vocês saberão que eu sou o Senhor, seu Deus, que os tiro dos trabalhos pesados no Egito. 

Ex 6.8 - Eu os levarei para a terra que jurei dar a Abraão, a Isaque e a Jacó; darei essa terra a vocês como herança. Eu sou o Senhor.”

Ex 6.9 - Desse modo Moisés falou aos filhos de Israel, mas eles não deram ouvidos a Moisés, por causa da angústia de espírito e da dura escravidão.

INTRODUÇÃO - DEUS INTERVÉM NA HISTÓRIA

O livro de Êxodo narra um dos momentos mais significativos da história da redenção: a libertação do povo de Israel da escravidão no Egito.

Neste contexto, Deus se revela de maneira mais profunda a Moisés e ao Seu povo, não apenas como o Deus dos patriarcas, mas como o Senhor que cumpre Suas promessas e age poderosamente na história.

As festas bíblicas instituídas por Deus servem como marcos que lembram Sua intervenção contínua na história da humanidade.

Porque é importante resgatarmos o sentido cristocêntrico das festas biblicas?

Elas não são apenas celebrações rituais, mas representam etapas do plano redentor de Deus, apontando para a libertação, formação e herança do Seu povo.

No capítulo 6 de Êxodo, encontramos sete declarações divinas que delineiam o processo de redenção de Israel.

Estas declarações não são apenas promessas para aquele tempo, mas refletem a ação contínua de Deus na história, culminando em Cristo e se estendendo à Igreja e a cada indivíduo.

A REVELAÇÃO PROGRESSIVA DE DEUS

Ex 6.1 - Então o SENHOR disse a Moisés: — Agora você verá o que vou fazer a Faraó, pois, por mão poderosa, os deixará ir e, por mão poderosa, os expulsará da sua terra.

Ex 6.2 - Deus falou a Moisés e lhe disse: — Eu sou o SENHOR.

Ex 6.3 - Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome, O SENHOR, não lhes fui conhecido.

Ex 6.4 - Também estabeleci a minha aliança com eles, para dar-lhes a terra de Canaã, a terra em que viveram como estrangeiros.

Ex 6.5 - Eu também ouvi os gemidos dos filhos de Israel, os quais os egípcios escravizam, e me lembrei da minha aliança

1. Contexto Histórico: Moisés e a Crise de Fé

Após a primeira abordagem ao faraó, Moisés enfrenta desânimo e questiona a eficácia de sua missão (Êxodo 5:22-23). Deus responde reafirmando Sua soberania e prometendo agir com “mão poderosa” para libertar Israel (Êxodo 6:1). Essa expressão indica que a libertação será resultado direto da intervenção divina, não de esforços humanos.

2. A Identidade Divina: De El Shaddai a YHWH

Deus se apresenta a Moisés como “o SENHOR” (YHWH), destacando uma revelação mais profunda de Sua natureza.

Enquanto os patriarcas conheceram Deus como El Shaddai, o Todo-Poderoso, agora Ele se revela como YHWH, o Deus que cumpre Suas promessas e está presente na história de Seu povo (Êxodo 6:2-3).

Essa transição marca o início de uma nova fase na relação entre Deus e Israel

3. A Abrangência do Significado de “Eu Sou”

A expressão “Eu Sou” (em hebraico, “Ehyeh Asher Ehyeh”) é rica em significado.

Ela pode ser traduzida como “Eu Sou o que Sou”, “Eu Serei o que Serei” ou “Eu Me Tornarei o que for necessário”.

Essa declaração enfatiza a autoexistência, imutabilidade e presença constante de Deus.

Ele é o Deus que está sempre presente, que se revela progressivamente e que se torna tudo o que Seu povo necessita em cada situação.

Essa compreensão é fundamental para Moisés e para o povo de Israel, pois assegura que Deus está com eles em sua jornada, pronto para agir em seu favor.

4. Deus Muda a Ordem Natural das Coisas

Deus anuncia a Moisés que mudaria a ordem natural das coisas.

Somente o “Eu Sou” tem poder e autoridade para alterar ciclos e a ordem natural segundo Sua vontade.

Moisés seria o mensageiro e também a testemunha dos sinais que seguiriam a proclamação da mensagem: o povo de Israel, escravizado por faraó—que não detinha direito legítimo sobre eles—seria reivindicado por Deus para libertá-los para uma vida livre. Faraó não poderia mais deter o que Deus estava prestes a realizar.

5. A Aliança e a Fidelidade de Deus

Deus relembra Sua aliança com Abraão, Isaque e Jacó, enfatizando que não esqueceu Suas promessas (Êxodo 6:4-5). Ele afirma ter ouvido o clamor dos israelitas e estar pronto para agir em favor deles. Essa reafirmação da aliança destaca a fidelidade de Deus e Sua disposição em cumprir o que prometeu, independentemente das circunstâncias.

AS SETE AÇÕES REDENTORAS DE DEUS NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE

Ex 6.6 - Portanto, diga aos filhos de Israel: “Eu sou o SENHOR. Vou tirá-los dos trabalhos pesados no Egito, vou livrá-los da escravidão, vou resgatar vocês com braço estendido e com grandes manifestações de juízo.

Ex 6.7 - Eu os tomarei por meu povo e serei o seu Deus; e vocês saberão que eu sou o SENHOR, seu Deus, que os tiro dos trabalhos pesados no Egito.

Ex 6.8 - Eu os levarei para a terra que jurei dar a Abraão, a Isaque e a Jacó; darei essa terra a vocês como herança. Eu sou o SENHOR.”

Neste trecho, Deus revela a Moisés sete declarações que delineiam o processo de redenção de Israel. Essas ações refletem a progressão da redenção divina, desde a libertação até a posse da herança.

Estamos diante de um descortinar da ação de Deus na história, tanto no aspecto histórico quanto profético e pessoal. As sete festas anuais (Páscoa, Pães Ázimos, Molhos das Primícias, Pentecostes, Trombetas, Expiação e Tabernáculos) uniam o povo na memória coletiva da ação de Deus na história. Essas festas serviam como marcos históricos e proféticos do desenvolvimento do plano eterno de Deus para a humanidade.

Antes de estabelecer essas festas, Deus anuncia Suas ações redentoras, e cada um dos verbos mencionados em Êxodo 6:6-8 está relacionado com os ciclos anuais das festas. Esses verbos não são apenas promessas isoladas; eles seguem uma sequência progressiva, refletindo o processo da redenção bíblica. Cada verbo representa uma etapa no caminho da liberdade, identidade e destino do povo.

1. Tirar (יצא yatsa’)

Texto: Vou tirá-los dos trabalhos pesados no Egito;

Aplicação Geral: Libertação da Escravidão

Festa: Páscoa - 14o dia primeiro mês

Perspectiva Histórica (Cristo-Israel): Libertação de Israel da escravidão no Egito.

Perspectiva Profética (Cristo-Igreja): Jesus, o Cordeiro Pascal, liberta a Igreja do pecado.

Perspectiva Pessoal (Cristo-Indivíduo): Cristo nos liberta das opressões espirituais e emocionais.

2. Livrar (נצל natsal)

Texto: vou livrá-los da escravidão

Aplicação Geral: Resgatar da Aflição e Servidão

Festa: Pães Ázimos - 15o a 21o dia do primeiro mês

Perspectiva Histórica (Cristo-Israel): Purificação de Israel da mentalidade e cultura egípcia

Perspectiva Profética (Cristo-Igreja): A Igreja é chamada à santidade, livre da mentalidade caída e cultura pecado.

Perspectiva Pessoal (Cristo-Indivíduo): Somos chamados a viver uma vida pura, livre de impurezas e do domínio pecado

3. Resgatar (גאל ga’al)

Texto: vou resgatar vocês com braço estendido e com grandes manifestações de juízo.

Aplicação Geral: Restaurar à condição original

Festa: Molho das Primícias - Primeiro domingo após a páscoa

Perspectiva Histórica (Cristo-Israel): Deus redime Israel, dando-lhes identidade como Seu povo.

Perspectiva Profética (Cristo-Igreja): Cristo é as primícias dos que ressuscitam; a Igreja é redimida e chamada a existência como povo de Deus

Perspectiva Pessoal (Cristo-Indivíduo): Somos redimidos e restaurados à nossa verdadeira identidade em Cristo.

4. Tomar (לקח laqach)

Texto: Eu os tomarei por meu povo

Aplicação Geral: Adoção como Povo Particular

Festa: Pentecostes - 3o mês - 50o dia após a festa do Molho das Primícias

Perspectiva Histórica (Cristo-Israel): Deus toma Israel como Sua propriedade exclusiva por meio da outorga da Torá

Perspectiva Profética (Cristo-Igreja): A Igreja é formada e recebe o Espírito Santo que a empodera para proclamar a Palavra.

Perspectiva Pessoal (Cristo-Indivíduo): Somos adotados como filhos de Deus, pertencentes a Ele para vivermos por meio da Sua Palavra para o louvor da sua glória

5. Ser (היה hayah)

Texto: e serei o seu Deus; e vocês saberão que eu sou o SENHOR, seu Deus, que os tiro dos trabalhos pesados no Egito.

Aplicação Geral: Presença Constante

Festa: Trombetas - 1o dia do 7o mês

Perspectiva Histórica (Cristo-Israel): Deus se revela como Senhor de Israel.

Perspectiva Profética (Cristo-Igreja): Cristo se revela como Senhor da Igreja e que retornará para reunir a Igreja.

Perspectiva Pessoal (Cristo-Indivíduo): Vivemos na expectativa da presença constante de Deus em nossas vidas.

6. Levar (בוא bow’)

Texto: Eu os levarei para a terra que jurei dar a Abraão, a Isaque e a Jacó;

Aplicação Geral: Condução ao lugar prometido

Festa: Expiação - 10o dia do 7o mês

Perspectiva Histórica (Cristo-Israel): Deus conduz Israel ao arrependimento e perdão.

Perspectiva Profética (Cristo-Igreja): Cristo é o sumo sacerdote que expia os pecados da Igreja.

Perspectiva Pessoal (Cristo-Indivíduo): Somos conduzidos ao arrependimento e recebemos perdão através de Cristo.

7. Dar (נתן nathan)

Texto: darei essa terra a vocês como herança. Eu sou o SENHOR.” ;

Aplicação Geral: Concessão da Herança

Festa: Expiação - 15o dia ao 22o dia do 7o mês

Perspectiva Histórica (Cristo-Israel): Deus dá a terra prometida como herança a Israel.

Perspectiva Profética (Cristo-Igreja): Cristo estabelece o Reino de Deus; a Igreja habita com Ele.

Perspectiva Pessoal (Cristo-Indivíduo): Recebemos a promessa da vida eterna e habitamos na presença de Deus.

CONCLUSÃO: RESPONDENDO A AÇÃO DE DEUS NA HISTÓRIA

Ex 6.9 - Desse modo Moisés falou aos filhos de Israel, mas eles não deram ouvidos a Moisés, por causa da angústia de espírito e da dura escravidão.

Apesar das promessas claras e poderosas de Deus, o povo de Israel não deu ouvidos a Moisés devido à “angústia de espírito e à dura escravidão” (Êxodo 6:9). A expressão hebraica traduzida como “angústia de espírito” sugere uma opressão tão intensa que impedia até mesmo a respiração adequada, refletindo um estado de desânimo profundo e desesperança. Essa condição emocional e física os tornou incapazes de receber a mensagem de libertação, mesmo sendo ela uma resposta direta às suas orações e clamores.

Essa reação nos desafia a considerar como as circunstâncias difíceis podem obscurecer nossa percepção das promessas divinas. Assim como os israelitas, podemos nos encontrar tão sobrecarregados pelas pressões da vida que nos tornamos insensíveis às palavras de esperança e salvação que Deus nos oferece.

No entanto, a fidelidade de Deus não depende da nossa capacidade de crer ou compreender plenamente Suas promessas. Ele continua a agir em nosso favor, conduzindo-nos do Egito à Canaã, da escravidão à liberdade, da promessa à herança. Somos convidados a reconhecer e responder à ação de Deus em nossa história, permitindo que Ele transforme nossas vidas, mesmo quando as circunstâncias parecem desfavoráveis.

Portanto, que possamos abrir nossos corações para ouvir e confiar nas promessas de Deus, mesmo em meio às adversidades. Que nossa fé seja fortalecida pela certeza de que Ele é o Senhor, o Deus que cumpre Suas promessas e nos conduz à plenitude de Sua vontade.