TRÊS EM PESSOA

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A fórmula para a Trindade é paradoxal, mas não é, de modo algum, contraditória. A lei da não contradição afirma que algo não pode ser e não ser o que é ao mesmo tempo e no mesmo relacionamento. Por exemplo, posso ser um pai e um filho no mesmo tempo, mas não no mesmo relacionamento. A fórmula histórica é que Deus é um em essência e três em pessoa. Ele é um de uma maneira e três de outra maneira. Para violar a lei da não contradição, alguém teria de dizer que Deus é um em essência e, ao mesmo tempo, três em essência ou que Deus é um em pessoa e, ao mesmo tempo, três em pessoa. Portanto, quando consideramos as categorias formais de pensamento racional, vemos, objetivamente, que a fórmula da Trindade não é contraditória.

A fórmula cristã para expressar a Trindade – Deus é uma essência em três pessoas – pode parecer contraditória, porque estamos acostumados a ver um ser como uma pessoa. Não podemos conceber como um ser poderia ser contido em três pessoas e, apesar disso, ser um único ser. Assim, a doutrina da Trindade nesta formulação é misteriosa; leva a mente a pensar num ser que é totalmente um em sua essência, mas três em pessoa.

Parte do problema que temos em explicar como Deus é um em ser mas três em pessoa é que esta fórmula foi derivada da palavra latina persona, da qual obtemos a nossa palavra pessoa. A sua função primária na língua latina era como um termo jurídico ou como um termo usado nas artes dramáticas. Era costumeiro atores altamente treinados desempenharem mais do que um papel numa peça, e os atores distinguiam seu personagem por falarem usando máscaras, que em latim era persona.

Por isso, quando Tertuliano falou pela primeira vez de Deus como um ser em três personae, estava dizendo que Deus existia simultaneamente como três papéis ou personalidades – Pai, Filho e Espírito Santo. Entretanto, a ideia de “pessoa” nessa fórmula não corresponde exatamente ao nosso conceito de personalidade, no qual pessoa significa um ser distinto.

Para estabelecer uma distinção entre as pessoas da Trindade, outras palavras têm sido usadas. Uma delas é subsistência. Esta palavra soa familiar porque ela é usada frequentemente para descrever aqueles que vivem abaixo de níveis econômicos padrões. Uma subsistência na Divindade é uma diferença real, mas não uma diferença essencial no sentido de uma diferença em ser. Cada pessoa na Trindade subsiste ou existe sob a presença de deidade. Subsistência é uma diferença dentro do escopo do ser, não um ser ou essência separada. Todas as pessoas da Divindade têm todos os atributos de deidade.

Outra palavra importante que usamos para entender a distinção entre as pessoas da Trindade é existência. A palavra existência é derivada etimologicamente do latim existere, constituída de ex (“fora de”) e stere (“permanecer”). De um ponto de vista filosófico, desde antes de Platão, o conceito de existência se refere ao ser puro que não depende de nada quanto à sua capacidade de ser. É eterno. Tem o poder de ser em si mesmo. Não é criado de modo algum. Existência criada é caracterizada não por ser e sim por tornar-se, porque o principal traço de caráter de todas as criaturas é que elas mudam. O que você é hoje você será levemente diferente amanhã, e hoje você é diferente do que era ontem.

Deus não existe como os seres humanos existem, porque isso o tornaria uma criatura, dando-lhe uma existência dependente e derivada. Em vez disso, nós dizemos que Deus é. Deus está sendo, não se tornando, não mudando. Os teólogos falam da Trindade não como três existências, mas como três subsistências; ou seja, dentro do ser único e não derivado de Deus, numa dimensão menor, temos de fazer distinção entre estas subsistências, que a Bíblia chama Pai, Filho e Espírito Santo. Não há três existências ou seres, mas, em vez disso, três subsistências dentro deste único Ser eterno.

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