O paradoxo do Calvário - vigília de Páscoa

Ewerton Luis
Paradoxos da Páscoa  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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INTRODUÇÃO

Os eventos da semana da Paixão de Cristo, de sua última Páscoa, revelam contrastes paradoxais que desafiam nossas expectativas sobre Ele até hoje. Um paradoxo é uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica, ou a uma situação que contradiz a intuição comum. De acordo com Lutero, a chave para se entender as Escrituras é o “paradoxo”.
DEFINIÇÃO: “Paradoxo” é uma declaração aparentemente contraditória, mas que encerra verdades profundas.
E Jesus amava os paradoxos. Por quê?
Porque eles desestabilizam nossa lógica humana. Eles desafiam nosso orgulho, expõem nossos valores errados e abrem espaço para a sabedoria de Deus. O maior desses paradoxos se encontra no Calvário, no monte chamado Caveira, lugar de condenação, vergonha e morte. Ali Deus fez nascer salvação, glória e vida eterna.
1Coríntios 1.18 “18 Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus.”
Assim, a Páscoa é um convite a reavaliar nossas expectativas sobre Jesus e a abraçar a verdade do Evangelho.

1° PARADOXO - A VULNERABILIDADE REVELA O PODER DE DEUS

TEXTO-BASE
LUCAS 23 NVT
23 A multidão gritava cada vez mais alto, exigindo que Jesus fosse crucificado, e seu clamor prevaleceu. 24 Então Pilatos condenou Jesus à morte, conforme exigiam. 25 A pedido deles, libertou Barrabás, o homem preso por revolta e assassinato. Depois, entregou-lhes Jesus para fazerem com ele o que quisessem.
O primeiro paradoxo da Páscoa não começa na Páscoa, e sim no Natal.
Filipenses 2.6–8 “6 que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; 7 mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. 8 E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!”
Vivemos numa cultura que associa força à invulnerabilidade.
“Homem não chora.”
“Briga de marido e mulher ninguém mete a colher.”
“Mostrar sentimentos é fraqueza.”
“Nunca deixe os outros verem seu ponto fraco.”
Essa mentalidade nos afasta de uma verdade essencial do Evangelho: a vulnerabilidade pode ser, paradoxalmente, uma das maiores formas de força.
Jesus não veio blindado, impenetrável ou distante. Ele veio vulnerável desde o ventre: nasceu indefeso, cresceu como criança totalmente dependente. Sendo Deus, se permitiu sentir fome, sede, cansaço. Chorou, suou sangue.
Sendo Rei, lavou os pés dos discípulos. Sendo Senhor da vida, entregou-se ao ódio de uma multidão e foi pendurado nu numa cruz.
A vulnerabilidade de Jesus não era fraqueza — era escolha. Era amor.
A força de Cristo estava em não se defender, mas em se entregar.
Sua glória estava em não evitar a dor, mas em atravessá-la com propósito.
Assim é Jesus: Ele não resolveu nosso sofrimento de cima pra baixo. Ele se desfez de tudo e entrou na nossa carne, na nossa dor.
Aplicação pessoal: Você tem medo de parecer fraco? De chorar, de pedir ajuda, de confessar uma luta?
O Calvário nos ensina que a verdadeira força está na coragem de ser vulnerável por amor. Ser cristão é seguir um Senhor que preferiu ser ferido a ferir, que escolheu expor-se em vez de esconder-se. E te convida a fazer o mesmo. Por mais doloroso que possa parecer. Ser vulnerável é a maior evidência da força que Deus te dará.
2Coríntios 12:9,2Coríntios 12.10 “Minha graça é tudo de que você precisa. Meu poder opera melhor na fraqueza”. Portanto, agora fico feliz de me orgulhar de minhas fraquezas, para que o poder de Deus opere por meu intermédio. 10 Por isso aceito com prazer fraquezas e insultos, privações, perseguições e aflições que sofro por Cristo. Pois, quando sou fraco, então é que sou forte.”

2° PARADOXO - A MALDIÇÃO NOS CONCEDE BENÇÃO

Para entendermos o 2° paradoxo, precisamos voltar para os livros da Lei. Está escrito em Deuteronômio o seguinte mandamento:
Deuteronômio 21.22–23 NVI
22 “Se um homem culpado de um crime que merece a morte for morto e pendurado num madeiro, 23 não deixem o corpo no madeiro durante a noite. Enterrem-no naquele mesmo dia, porque qualquer que for pendurado num madeiro está debaixo da maldição de Deus. Não contaminem a terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá por herança.
Na lógica do Antigo Testamento, ser pendurado num madeiro não era apenas um castigo físico, era um sinal público de que a pessoa estava debaixo da maldição de Deus. A cruz, para os judeus, era o pior tipo de escândalo. Como alguém poderia afirmar que o Messias – o ungido, o rei prometido – foi pendurado numa cruz como um maldito?
Lucas 23:23 narra que a multidão não parava de clamar, cada vez mais alto, pela crucificação. Em outras palavras, a multidão naquele momento afirmava com mais força: esse homem deve ser amaldiçoado por Deus.
Jesus foi voluntariamente ao lugar da maldição, para que você e eu pudéssemos experimentar a bênção da reconciliação.
Em Gálatas 3.13 Paulo escreve que Mas Cristo nos resgatou da maldição pronunciada pela lei tomando sobre si a maldição por nossas ofensas. ”
O Amado de Deus se fez maldição, para que malditos pudessem ser chamados de filhos.
💥 O maior escândalo da cruz é a maior demonstração de graça.

Aplicação pessoal (VIDEO)

Talvez você carregue culpas, medos, pecados antigos. Talvez ache que Deus está contra você, que sua cruz é um sinal de abandono.
Mas o Calvário te diz o contrário: e queria ilustrar isso de uma forma mais viva para você: “Muitas vezes um exemplo vivo vale mais do que mil palavras.
Nas olimpíadas de 92 em Barcelona,os expectadores viram o exemplo do sacríficio de Deus por seus filhos.
Naquele ano Derek Redmond da Grã Bretanha estava por alcançar o sonho de sua vida,que seria ganhar a medalha de ouro na corrida dos 400 metros.Quando foi dado o tiro de largada para as semifinais, Derek sabia sem dúvida alguma que ele corria a corrida da sua vida…
Mas tragicamente um rompimento de tendão na perna direita o jogou desajeitadamente no chão, na parte mais difícil da corrida. Movido por uma enorme força de vontade,ele se esforçou para ficar de pé,e se arrastou desesperadamente em direção à linha de chegada.
De repente um grande homem de camiseta  pulou das arquibancadas furando a segurança, e alcançou o corredor ferido… Jim Redmond passou os braços ao redor de seu filho, e disse:- “filho você não precisa fazer isto!”- Derek respondeu: “sim pai, eu preciso”,- “muito bem então, vamos terminar a corrida juntos”, disse o homem mais velho. E foi isto que eles fizeram, permanecendo ao seu lado por toda corrida, que frequentemente amparava a cabeça de seu filho escorado em seus ombros, e assim chegaram ao final enquanto a multidão se ajuntava chorando e aplaudindo.
Derek Redmond não ganhou a medalha de ouro naquele dia, mas ele terminou a corrida na certeza de ter um pai que o amava muito para ficar nas arquibancadas ao longe o vendo sofrer, um pai que furaria qualquer segurança para fazer parte de sua corrida. Este é o tipo de Pai celestial que temos! Um Deus que não fica distante lá no céu nos assistindo falhar e cair… E sim um Pai que quer fazer parte da nossa corrida, invadindo a nossa história por meio de uma cruz para andar junto com você em cada passo da jornada até que cheguemos seguros ao nosso lar.”

3° PARADOXO - A MORTE QUE NOS TRAZ VIDA

“Então Pilatos condenou Jesus à morte”
O maior paradoxo possível esteve naquela cruz. Ariano Suassuna escreveu que a morte era o “Encontro com o único mal irremediável”.
Morte, para nós, quase sempre é fim. Ruptura. Silêncio. Luto.
Qual a história pode ser escrita se as folhas acabaram?
Qual música pode ser cantada se não há mais voz?
Qual sonho pode ser realizado se não há mais realidade?
Jesus, o autor da vida, morreu. E não foi uma morte rápida, mas uma morte pública, lenta, dolorosa. Ele se deixou matar. Ele se entregou à morte.
Essa talvez fosse a pior finalização possível de uma história. O Deus que se torna vulnerável, o Escolhido que se torna maldito, agora é o autor da vida dando de encontro com a face da morte. Que lição poderia ser tirada disso tudo?
Gilberto Gil , certa vez escreveu :
Quem poderá fazer aquele amor morrer Se o amor é como um grão Morre, nasce, trigo Vive, morre, pão
Essa frase ecoa a sabedoria do Evangelho. Na lógica de Deus, é preciso morrer para que a vida floresça. O grão que não morre continua intacto, mas solitário. O grão que se entrega à terra se desfaz, se parte, mas gera vida.
Cristo foi esse grão. Na cruz, Ele se deixou romper para que você pudesse florescer.
A cruz é o campo onde a semente da eternidade foi plantada. O Calvário nos ensina que morrer para si mesmo é o caminho da verdadeira vida.
Oração de esperança
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