Sem título Sermão (22)

2 corintios 3/ 7 ao 18

A Glória que Permanece – Meditações em 2 Coríntios 3:7-18

Havia glória, sim, na aliança antiga. Um brilho real, vindo do céu, que pousava sobre o rosto de Moisés quando ele descia do monte. Era o reflexo de uma presença santa, de um Deus que falava, que escrevia com o dedo em pedras, que se revelava em trovões e fumaça. Mas... era uma glória que se desfazia. Um esplendor que logo sumia. Por isso, Moisés cobria o rosto — não só por reverência, mas porque o brilho passava.

E se até aquilo que passava vinha com glória… quanto mais gloriosa será a nova aliança, onde o Espírito de Deus sopra vida no lugar da letra? Onde há justiça no lugar da condenação? Onde não há mais véus, mas rostos descobertos?

Paulo chama a antiga aliança de “ministério da morte”. Forte, não é? Mas verdadeiro. Porque aquela lei santa, perfeita e justa, mesmo sendo de Deus, só fazia mostrar o quanto somos pecadores. Ela nos exigia o que não podíamos dar. Ela dizia: “Obedeça e viva!” — mas nos deixava sem força para obedecer. A letra dizia o certo, mas o coração não acompanhava. E no fim, sobrava só condenação.

Mas agora… agora veio algo infinitamente maior. Uma nova aliança. Um novo ministério. O Espírito entrou em cena. Ele não escreve mais em tábuas de pedra, mas em corações de carne. Ele não só diz o que é certo — Ele nos transforma. Ele não apenas exige justiça — Ele nos dá justiça. E não qualquer justiça: a justiça do próprio Cristo.

Por isso, Paulo fala com ousadia. Não como quem caminha sobre ovos, mas como quem pisa em chão firme. Porque a esperança que ele carrega não é de algo passageiro, mas de algo eterno. A glória da lei foi como a chama de uma vela — boa por um tempo. Mas agora o sol nasceu. E quem já viu o sol não precisa mais viver à luz da vela.

Mesmo assim… muitos ainda não veem. O véu continua sobre os olhos de muitos, especialmente do povo de Israel. Como no passado, ainda hoje não conseguem enxergar a glória de Cristo. Leem Moisés, mas não veem o Messias. O véu está ali. Mas quando o coração se volta para o Senhor — ah, então o véu cai. Então, os olhos se abrem. Então, tudo muda.

Porque onde está o Espírito do Senhor… aí há liberdade. Liberdade verdadeira. Não para viver como quiser, mas para finalmente ver. Para finalmente crer. Para finalmente ser transformado.

E é isso que acontece conosco. De rosto descoberto, contemplamos a glória do Senhor. E ao contemplar, somos transformados. Pouco a pouco. De glória em glória. Como quem sobe uma montanha e vai ficando cada vez mais perto do céu. E essa mudança não vem de nós, mas do próprio Espírito de Deus.

A antiga glória passou. A nova permanece. E cresce. E transforma. E nos leva de volta ao rosto de Cristo, onde toda a glória habita — para sempre.