A Justiça do Reino

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Texto Mt 5.5-6

Mt 5.5 Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Mt 5.6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça

O Caminho Invertido da Justiça do Reino

As palavras de Jesus no Sermão do Monte são um manifesto de um Reino que inverte tudo aquilo que o mundo considera valioso. Aqui, o Rei declara felizes os pobres, os que choram, os mansos e os famintos. Quem esperaria isso?

Ilustração do executivo no leito

Certo homem era admirado por sua firmeza e competência. Seu valor estava ligado ao que fazia e à imagem que projetava. Como muitos de nós, acreditava ter tudo sob controle.
Até que veio a doença.
No hospital, entubado e imóvel, já não podia agir, decidir ou falar. A força cedeu espaço ao silêncio.
Foi nesse lugar de fragilidade que ele descobriu: nunca foi autossuficiente. Apenas não percebia.
Ali, a grandeza já não estava em liderar, mas em se deixar cuidar. O orgulho deu lugar à vulnerabilidade diante da vida… e de Deus
É nesse chão da humildade que o Reino começa a florescer — não onde mostramos o melhor de nós, mas onde deixamos Deus nos refazer.

A Palavra bem-aventurado

A palavra “bem-aventurado” vem do grego makários, e significa mais do que feliz — é alguém plenamente satisfeito em Deus, não nas circunstâncias.
Ela ecoa o termo hebraico que significaavançar, caminhar corretamente”.
Ou seja: ser bem-aventurado é estar na rota certa, em aliança com Deus.
Jesus está dizendo: “Felizes são os que andam no Reino, mesmo que o mundo não os entenda.”

As Bem-aventuranças como jornada do discipulado de Jesus:

Reconhecemos nossa pobreza espiritual.
Choramos pela nossa condição.
Tornamo-nos mansos — não porque desistimos da vida, mas porque confiamos em Deus.
Passamos a desejar a justiça — não só no mundo, mas em nós.
Hoje, vamos focar em duas marcas dessa jornada:
A mansidão, que molda nossos relacionamentos;
A fome de justiça, que revela nossos verdadeiros desejos.

O Mansos são bem-aventurados!

“Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.” (Mateus 5.5)
A mansidão é uma virtude silenciosa e profunda. Incompreendida por muitos, mas celebrada por Jesus.
Ela não é fruto de timidez ou fraqueza, mas da rendição. É resultado de alguém que já foi confrontado por Deus, que já não vive na defensiva e que confia mais na justiça divina do que na força própria.
Se as duas primeiras bem-aventuranças nos confrontam com nossa condição interior diante de Deus, esta terceira nos conduz ao modo como nos relacionamos com os outros.

Mansidão não é sobre…

Antes de qualquer definição positiva, é preciso desconstruir o que muita gente entende por mansidão.
Mansidão não é:
Não é ausência de opinião;
Não é medo ou passividade;
Não é tentar agradar a todos;
Não é fuga de conflito.
A Bíblia mostra que pessoas mansas são profundamente firmes, corajosas e posicionadas — mas escolhem confiar em Deus ao invés de buscar controle ou vingança.
Mansidão é força sob controle. É a coragem sem agressividade. A verdade sem imposição.
Como dizia Martyn Lloyd-Jones, “o manso é aquele que já não se vê como dono de si mesmo.”

A mansidão no contexto do Reino de Deus

O manso:
Não se apega aos próprios direitos — vive da graça.
Não precisa vencer discussões — sabe que já foi vencido por Deus.
Não tenta conquistar pela força — pois sabe que é herdeiro.
“Aquele que se curva diante de Deus, pode andar de pé diante dos homens.”
Abraão, por exemplo, cedeu a Ló a melhor parte da terra (Gn 13) porque confiava que Deus era sua porção.

O manso herdará a terra

Jesus promete herança aos mansos.
Na Bíblia, “herdar a terra” representa a bênção, a paz, o cuidado e o propósito eterno. No Reino, não é o mais forte que vence — é o mais submisso.
Os mansos governam, não pela força, mas pela autoridade concedida pelo Pai.
O usurpador precisa tomar.
O herdeiro apenas ocupa.
O manso sabe que não é dono, é mordomo. Ele descansa porque sabe a quem pertence.

Aplicação Pastoral

Você tem disputado espaços… ou confiado em quem te colocou onde está?
Tem reagido com controle… ou exercido autoridade em submissão?
No Reino:
A herança é dos que confiam.
A autoridade é dos que representam o Pai.
A glória é para os que se rendem.

A justiça como uma necessidade primária

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.” (Mateus 5.6)
Jesus usa duas necessidades vitais — fome e sede — para descrever o desejo que deve arder no coração do discípulo.
Não é curiosidade, nem obrigação religiosa — é anseio profundo por Deus e pela sua vontade.

O que essa justiça não é

Para entender bem o que Jesus afirma, é necessário primeiro entender o que Ele não está dizendo. A justiça aqui:
Não é só justiça legal;
Não é apenas ativismo social;
Não é moralismo religioso;
Não é justiça que busca autopromoção.
Jesus não está exaltando os que têm sede de sensações espirituais, mas os que têm fome de serem conformados à vontade do Pai.
A justiça do Reino não é centrada no ego, na reputação ou na aceitação. Ela nasce no quebrantamento, no arrependimento e na sede por uma vida que reflita Deus em cada gesto.
É a justiça de quem entendeu que:
Não basta conhecer a Bíblia — é preciso amar e viver o que ela ensina;
Não basta desejar bênçãos — é preciso desejar o caráter do Abençoador;
Não basta parecer justo — é preciso ser transformado no íntimo.

A justiça do Reino

A justiça do Reino é profunda e abrangente. Ela começa na alma, se expressa na ética pessoal e se manifesta em compaixão pública.
Justiça imputada — recebida pela fé, por meio da obra de Cristo.
“Justificados pela fé, temos paz com Deus.” (Rm 5.1)
2. Justiça implantada — transformação contínua do caráter.
“Somos transformados de glória em glória.” (2Co 3.18)
3. Justiça promovida — busca do bem comum, da verdade e da equidade.
“Busquem primeiro o Reino e a sua justiça.” (Mt 6.33)
John Stott dizia que essa justiça:
Restaura o relacionamento com Deus (legal),
Reformata o coração e a conduta (moral),
Reestrutura a vida em comunidade (social).
A justiça do Reino nos alcança para nos transformar, e nos transforma para nos tornar instrumentos de transformação.

A dádiva da saciedade

Jesus promete saciedade — mas não conforto superficial.
Ele sacia os que querem ser parecidos com Ele, não os que querem apenas se sentir bem.
Quanto mais comemos, mais queremos. Quanto mais somos preenchidos, mais desejamos.
É a fome santa, que não leva à frustração — mas à plenitude.

Aplicação Pastoral

Todos nós temos fome. Mas nem todos sabem do que realmente estão com fome.
Alguns têm fome de reconhecimento, outros de controle.
Alguns vivem sedentos por experiências, mas seguem secos de caráter.
Outros confundem sede de justiça com sede de vingança.
Jesus está dizendo:
“Felizes são os que têm fome daquilo que o céu valoriza.”

Conclusão: Um Reino que confronta e transforma

As bem-aventuranças não são frases bonitas — são marcas de um discípulo real.
A pobreza de espírito leva ao choro pelo pecado.
O choro nos ensina a mansidão.
A mansidão nos conduz a desejar viver como Deus deseja.

Aplicações finais

Se os mansos herdarão a terra…
Como você lida com conflitos?
Você impõe ou serve?
Reivindica ou descansa?
Se os que têm fome de justiça serão fartos…
Que tipo de conteúdo tem alimentado sua alma?
Você tem fome de semelhança com Cristo… ou apenas quer uma vida melhor?

Chamada à ação

Hoje, Jesus te convida a:
Parar de lutar por controle — e confiar no Pai.
Trocar a fome de aceitação pela fome de transformação.
Se reposicionar como alguém que vive para agradar a Deus — não aos homens.
O Reino de Deus não é dos fortes — é dos rendidos.
Não é para os satisfeitos com este mundo — é para os famintos por Deus.

Finalização

Herança não se conquista — se recebe.
Justiça não se fabrica — se deseja.
Felicidade não é o fim — é o fruto da comunhão com Deus.
Que o Espírito nos desperte para viver com mansidão e fome de justiça — até que Cristo seja tudo em todos.
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