A Ceia Do Senhor
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A Ceia do Senhor
A Ceia do Senhor
23 Porque eu recebi do Senhor o que também lhes entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, pegou um pão 24 e, tendo dado graças, o partiu e disse: “Isto é o meu corpo, que é dado por vocês; façam isto em memória de mim.” 25 Do mesmo modo, depois da ceia, pegou também o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto, todas as vezes que o beberem, em memória de mim.” 26 Porque, todas as vezes que comerem este pão e beberem o cálice, vocês anunciam a morte do Senhor, até que ele venha. 27 Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor. 28 Que cada um examine a si mesmo e, assim, coma do pão e beba do cálice. 29 Pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si.
Contexto
Contexto
A Cidade de Corínto era uma cidade grande e importante para o governo e comércio da época. Era um lugar onde se reuniam pessoas de várias partes do mundo, consequentemente, era um lugar onde muitas culturas e religiões se misturavam. Corínto era uma cidade romana, por isso a lei e os costumes romanos eram muito importantes, inclusive no que diz respeito a sua religão. Era uma cidade com muitos deuses e senhores. E como de costume na época, a religião e os comportamentos cotidianos estavam interligados. O culto a esses deuses estava totalmente integrado a assuntos políticos, festas da cidade, acordos comerciais e a vida em geral. Por causa desse contexto, Paulo elabora essa carta para ensinar aos crentes daquela igreja que seus costumes e crenças eram diferentes dos demais. A vida que eles viviam já não era mais a mesma, o Deus que eles adoravam era outro, e por consequência, o seu culto também deveria mudar, assim como todo o modo de viver.
Do capítulo 11 ao 14, Paulo vai tratar algumas questões particulares ao Culto Público, como intruções sobre a Ceia do Senhor.
Quais eram os principais problemas daquela igreja? Divisões e facções. Pessoas que se dividiam fazendo inimizades dentro da igreja, e lógicamente isso influenciava em seu comportamento na Ceia do Senhor. Isso fica muito claro dos versos 17 a 22, onde Paulo vai repreendê-los por seu comportamento separatista, tomando a ceia de forma errada e prejudicial para o corpo. Vendo então esse problema, Paulo vai instuí-los mais uma vez a respeito de como deve ser a Ceia do Senhor. E então entramos nos versos que lemos.
1- Orígem vs. 23a
1- Orígem vs. 23a
A Orígem desse momento é o próprio Cristo. A Ceia só é celebrada e realizada porque Jesus assim instituíu. A Narrativa da Ceia que Paulo apresenta. É muito semelhante ao que é apresentado nos Evangelhos, em especial o evangelho de Lucas, que diz assim: Lucas 22:19-20
19 E, pegando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: — Isto é o meu corpo, que é dado por vocês; façam isto em memória de mim. 20 Do mesmo modo, depois da ceia, pegou o cálice, dizendo: — Este cálice é a nova aliança no meu sangue derramado por vocês.
Algumas coisas ficam claras para nós. O fato de Paulo estar repetindo estas palavras, nos afirmam a realidade que a Ceia do Senhor deve ser celebrada por todo o corpo de Cristo, não foi apenas um momento ímpar na vida dos discípulos naquela noite com Jesus. Todos os que foram salvos e confessaram sua fé por meio do batismo, devem participar da Ceia do Senhor. E outra coisa muito importante, é o fato de que este momento é uma instrução do próprio Cristo. A Ceia não é invenção de homens, não é uma instiuição da igreja, não é apenas um rito religioso, mas é de fato uma ordenança de Jesus. Algo que Ele mesmo ordenou que fizéssemos até a Sua volta gloriosa.
2- Elementos vs. 23-25
2- Elementos vs. 23-25
Na sequência do texto, nós nos deparamos com os elementos da Ceia, o pão e o vinho. É verdade que durante toda a história da igreja, existiu, e ainda existe, um grande debate a respeito do que significam estas palavras de Jesus. Alguns acreditam que de fato o pão e o vinho se tornam, literamente, corpo e sangue de Jesus, é o caso dos Católicos Romanos, outros acreditam que os elementos contém partes da substância do corpo e sangue, como uma esponja contém água, o pão e o vinho contém carne e sangue de Jesus. Nós, porém, acreditamos que o pão e o vinho apenas simbolizam o corpo e o sangue. Nós encaramos os elementos como uma representação simbólica do corpo e do sangue de Jesus. Como lá em João capítulo 6 onde o povo suplica a Jesus por mais milagres e ele diz que o povo só o seguia para receber o que Jesus podia fazer. E vai então lembrá-los de quando Deus alimentou o povo no deserto com o Maná, e vai dizer que este alimento do Céu, vinha da parte do próprio Deus, e então Ele vai definir a Si mesmo como o Pão da Vida. Ora, o Maná representava Cristo mas não era de fato o próprio Cristo. Assim acontece também na Ceia, os elementos representam Cristo, mas não são de fato corpo e sangue do nosso Senhor.
Mas diante diso, o que eles então representam?
Pão vs.24
Pão vs.24
O Pão representa o Corpo de Cristo que foi dado em nosso favor. Quando comemos do Pão temos de ter a noção de que simbolicamente, estamos participando do sofrimento que Cristo levou no corpo. O Pão representar a Carne, é para nos fazer lembrar do Sacrifício de Cristo, do Seu sofrimento e tudo o que Ele passou até a morte. E percebam que o corpo é dado por cada um daqueles que creem. Lembre-se do que Jesus fez por você, nós não podemos fazer como os coríntios e esquecer o que de fato este momento representa. Representa o amor de Cristo por nós ao se entregar na Cruz para nos salvar. Jesus estava profetizando a respeito do Seu Sacrifício que aconteceria alguns dias depois daquele momento.
Vinho vs.25
Vinho vs.25
Da mesma forma podemos e devemos olhar agora para o vinho. Ao olhar para este elemento, nós devemos nos lembrar da salvação que recebemos de Cristo Jesus. Quando nosso Senhor disse que o sangue é o simbolo da Nova Aliança, Ele está afirmando mais uma vez que nossa comunhão com Ele, nossa salvação e Vida eterna estão seguradas únicxa e exclusivamente no Sangue de Jesus. Se ao comermos do pão nós participamos de Seus sofrimentos, ao tomarmos do cálice, nós participamos de Seu perdão. Percebam que coisa gloriósa, meus irmãos. Somos lembrados continuamente do amor infinito do nosso Senhor, que não deixou de derramar o Seu próprio sangue para que fossemos salvos. Essa Nova Aliança é agora o cumprimento da promessa que Deus fez ao povo por meio do Profeta Jeremias.
31 — Eis aí vêm dias, diz o Senhor, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. 32 Não segundo a aliança que fiz com os seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; pois eles quebraram a minha aliança, apesar de eu ter sido seu esposo, diz o Senhor. 33 Porque esta é a aliança que farei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no seu coração as inscreverei; eu serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. 34 Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: “Conheça o Senhor!” Porque todos me conhecerão, desde o menor até o maior deles, diz o Senhor. Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei.
Deus está cumprindo mais uma profecia, está realizando mais um feito gracioso. E esta Nova Aliança se baseia principalmente no Perdão do Senhor. Uma Nova Aliança com um povo que traíu o Senhor mas que Este Perdoaria a iniquidade do povo e não se lembraria mais de seus pecados.
Meus irmãos, ao tomarmos do cálice, precisamos ter muito claro em nossas mentes que nós fomos perdoados graciosamente por Cristo e que Ele fez de nós novas criaturas.
“Em Memória de Mim”
“Em Memória de Mim”
Temos ao fim destes dois versos a frase preferida de nós batistas: “Em memória de Mim”. Gostamos de afirmar a verdade de que o momento de Ceia para nós é um memorial gracioso do nosso Senhor. Mas até quando estas palavras serão para nós um jargão do orgulho de nossa doutrina e se tornarão verdadeiramente uma posição de nossos corações? Estas palavras tem peso, meus irmão, e possuem um significado. Você realmente se lembra de Jesus ao participar da Sua mesa? Era este o problema dos coríntios, eles esqueceram de Jesus. Olha o que um comentarista afirma:
Dentro da igreja coríntia, as pessoas não observaram a Ceia do Senhor apropriadamente (v. 20–21). Elas precisavam se lembrar da morte de Jesus e refletir sobre as implicações dela para elas. Por isso, Paulo repete as palavras de Jesus como lembrete aos coríntios de que a Ceia do Senhor é um ato de lembrança.
Simon Kistemaker
A Ceia ser um ato de lembrança, ou como gostamos de dizer: um memorial, tem o propósito de levar nossas mentes até Jesus. Precisamos olhar para estes elementos como represntações significativas do corpo e sangue de Cristo, da sua morte e sua ressurreição.
3- Propóstito vs. 26
3- Propóstito vs. 26
E é seguindo por este caminho que nós chegamos ao propósito de celebrarmos a Ceia. Nós fazemos isto para anunciar a morte de Cristo. Celebrar a Ceia do Senhor é um meio de pregarmos o Evangelho do Reino. Mas observem que coisa interessante, as primeiras pessoas para quem pregamos no momento da Ceia, somos nós mesmos. Se olharmos para o que acabamos de falar sobre os elementos, toda vez que participarmos desta mesa, nós anunciamos a morte e ressurreição de Jesus para nós mesmos, nós somos lembrados do nosso Salvador. É pro isso que é extremamente importante participarmos da Ceia, porque ela é para nós uma pregação, um anúncio do que Cristo fez por nós. E a segunda pessoa para quem pregamos é para o nosso próximo. Lembram-se do contexto que esta igreja enfrentava? De intensas divisões e inimizades? Participar da Ceia, anuncia um Evangelho que restaurou a minha comunhão com Deus, mas também com o meu irmão. Eu anuncio o evangelho para ele porque o amo em Cristo e sou feliz pela sua vida ter sido salva como a minha. Percebem como, na Mesa do Senhor, não há espaço para brigas, picuinhas, inimizades, fofocas, discussões, birra, rancor. Olha como isso é poderoso. Se a ceia é um momento da celebração da Aliança do Perdão, como eu posso não estar em paz e não perdoar o meu irmão? Isto é incabível. Nós precisamos anunciar a morte de Cristo para nós e para o nosso próximo até que Ele venha. Não podemos parar! Um dia estaremos realmente sentados a mesa com Ele, mas até lá, celebramos em amor uns com os outros.
4- Consequência vs. 27-29
4- Consequência vs. 27-29
E então nós chegamos nas consequências de participarmos da Mesa do Senhor. Veja que verso 27 começa com a expressão “por isso”, ou seja, ele vai concluir um pensamento iniciado anteriormente, e que pensamento é este. De que a Ceia é uma celebração do Perdão que recebemos de Jesus e da comunhão que temos uns com os outros.
vs. 27 E no começo ele nos leva a pensar sobre a Ceia como um momento de Perdão, e nos adverte para que não tomemos a Ceia indignamente. O autor e reformador João Calvino, vai afirmar que tomar a Ceia de forma indigna, é justamente achar que é digno de participar da Ceia. Lembra o que os coríntios estavam fazendo lá nos versos 21 e 22? Muitos estavam se fartando e se embebedando enquanto outros nem se quer conseguiam comer, e Paulo vai dizer que estes menoprezavam a igreja de Deus e evenrgonhavam os que nada tinham. Que comportamento é esse se não o da divisão? Um grupo se sentia toalmente no direito de participar daquele momento enquanto privavam outros que eles não achavam que deveriam participar. Dentro deste contexto, entendemos então que de fato, tomar a ceia de forma indigna, é não ter a noção de que você foi perdoado para poder participar deste momento. É realmente acreditar que você tem o direito de estar ali e não por graça divina. Aqueles que fazem isso, se tornam réus, ou seja, culpados diante do Senhor, e demonstram não ter recebido o perdão gracioso de Deus.
vs. 28 E é justamente com isso em mente que ele nos exorta ao auto-exame. O que seria então examinar a si mesmo? É justamente olhar pra dentro de si e afirmar que não há nada de bom em nós que valha a pena ser salvo. Não existe bondade em nós, só existe pecado, desgraça e inimizade com Deus. Fazer este auto-exame é repetir a oração de Davi no Salmo 139:23-24 23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; 24 vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” É reconhecer a tua natureza pecaminosa e confessar os teus pecados diante do Senhor. Que cada um examine a si mesmo, é a afirmação que no momento da Ceia, meus olhos de julgamento tem que estar sobre mim, e não sobre o próximo. “Vou ficar olhando para quem não está tomanto a Ceia”. Ei, pera aí, Paulo manda examinar a si mesmo, e não o próximo. Olhe para dentro de si, reconheça sua natureza pecaminosa, confesse seus pecados ao Senhor e peça perdão, aí então você toma a sua Ceia.
Outro detalhe muito imoortante, é que Paulo não diz “examine a si mesmo, e se estiver muito ruim aí, não tome a ceia”. Não! Meus irmão, o crente em Jesus, que foi batizado precisa tomar a Ceia do Senhor.
Porque se você não toma a Ceia, você está afirmando algumas coisas muito perigosas, como por exemplo: “não fui perdoado por Jesus”, ou “meu pecado é grave demais para que Deus me perdoe”, e também “prefiro me manter refém do meu pecado ao invés de confessá-lo e receber o perdão de Jesus”. Estas são afirmações muito perigosas. O conselho de Paulo é para que depois de se examinar, você tome sim a Ceia do Senhor, porque este momento não é sobre nós e sobre nossas capacidades, mas sim sobre o perdão e a graça de Jesus. Por isso, não deixe de tomar a sua Ceia. Se examine e perticipe da Mesa.
vs. 29 E então. no verso 29 ele vai nos lembrar da Ceia como um momento de comunhão. Este corpo que Paulo se refere aqui, tem dois sentidos. Um é de fato o corpo de Cristo. A ideia de que eu preciso ter noção da importância do momento que estou participando. Discernir o corpo é olhar para a Pessoa de Cristo e me submeter a Ele. E é mais um convite ao auto-exame, me arrependendo dos meus pecados. Como afirma um comentarista:
Comentário Bíblico Popular: Novo Testamento D. A Ceia do Senhor (11:17–34)
Comer e beber sem discernir o corpo do Senhor é trazer juízo para si. Devemos estar cientes de que o corpo do Senhor foi entregue a fim de que nossos pecados pudessem ser eliminados. Se continuarmos a viver em pecado e, ao mesmo tempo, participarmos da ceia do Senhor, estaremos vivendo em falsidade. F. G. Patterson escreve: “Quando participamos da ceia do Senhor sem julgar o pecado em nós, não discernimos o corpo do Senhor que foi partido a fim de dar cabo do pecado”.
E este corpo é também o corpo da Igreja de Cristo, e isso fica muito claro no contexto imediato em que estamos lendo, onde Paulo está exortando uma igreja quanto a forma de se relacionar um com o outro. Por isso então, esta característica acaba de tomar tons mais pesados. O que Paulo está dizendo então, é que participar da Ceia do Senhor, sem perdoar o meu irmão, sem ter a noção de que eu faço parte de um corpo, de que eu não estou sozinho, de que não sou melhor do que ninguém, que se o meu irmão pecou contra mim, eu preciso perdoá-lo em meu coração, isso significa tomar a Ceia para o meu juízo. Ou seja, meus irmão, participar da Ceia do Senhor nos faz refletir tanto sobre nossa comunhão com Deus como também com o próximo. Como afrima o Rev. Hernandes Dias Lopes:
Quando você vem para a Ceia, mas, despreza o seu irmão, fazendo acepção de pessoas, ou nutrindo mágoa em seu coração, você está participando da Ceia sem discernir o corpo. E se você participa da Ceia sem discernir o corpo, você está participando de forma indigna.
Hernandes Dias Lopes
Conclusão
Conclusão
Portanto, meus irmãos, a Ceia é importante, precisamos levá-la a sério. Ela é uma ordenança porque foi uma órdem que nosso Senhor Jesus nos deu.
Olha o que afirma a declaração doutrinária da nossa convenção:
A ceia do Senhor, observada através dos símbolos do pão e do vinho, é um profundo esquadrinhamento do coração, uma grata lembrança de Jesus Cristo e sua morte vicária na cruz, uma abençoada segurança de sua volta e uma jubilosa comunhão com o Cristo vivo e seu povo.
Declaração Doutrinária CBB
Meu desejo e oração, irmãos, é que a partir de hoje, nós possamos encarar a Ceia do Senhor com outros olhos. Que possamos levar a sério o examinar a si mesmo e discernir o corpo. Que tenhamos em mente o que representam estes alimentos na mesa e o gracioso e poderoso privilégio de participarmos deste momento e sermos alimentados espiritualmente do nosso Senhor por sua Graça e Misericórdia.