O CHORO SOBRE JERUSALÉM

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Lucas 19.41-48
Na tentativa de expor todo o final do capítulo 19, não teremos tempo para uma introdução que explore qualquer questão ou ideia além do texto.
O último sermão pregado em Lucas, o pb. Felipe falou sobre a entrada gloriosa de Jesus em Jerusalém. Como vimos, Jesus ali cumpri mais uma profecia sobre a messianidade, ou seja, o fato dele ser o messias prometido. Ao entrar em Jerusalém, montado em um jumentinho, sendo ovacionado pelo povo, Jesus está sendo coroado Rei. Esse é o principal símbolo contido na figura da entrada triunfal.
Algumas questões importantes, que nos ajudarão, inclusive, a compreender o que presente texto. Essa é última semana de Jesus, a entrada triunfal acontece na segunda-feira, na sexta-feira ele será crucificado. Ele está vivendo sua última semana, como veremos nos próximos capítulos, o plano de matá-lo já está em andamento, e o evento desta segunda-feira, deixa os religiosos ainda mais raivosos. Imagine, que há em Jerusalém cerca de 2 milhões de pessoas, uma multidão já está chegando à cidade, e buscando acomodações para a Páscoa, dessa forma, é provável, e muto provável, que as pessoas já estivessem chegando e se acomodando ao redor. Na época da Páscoa, a cidade de Jerusalém, ou melhor, os limites da cidade se estendiam por vários km se alongando até Betânia todos os arredores.
Jerusalém se tornava uma cidade de tendas, imagine que entre 2 e 3 milhões de pessoas se reuniam para a festa da Páscoa, alguns tinham familiares na cidade, outros ficavam em pequenas pousadas e hospedarias, os mais ricos, possuam casas de temporada na cidade, mas, grande parte das pessoas, se hospedavam em tendas, barracas. Neste caso, as pessoas se apressam a chegar, quando mais cedo chegassem na região, mais próximos do centro, o Templo, conseguiriam ficar.
Essas informações são importantes para que você entende a dimensão dos acontecimentos. Começando pela Entrada Triunfal, que não foi um evento para uma plateia de doze pessoas, mas, uma numerosa multidão. Assim, tanto o choro de Jesus, quanto a repreensão que ele trará no Templo, tenhamos em mente a multidão já presente em Jerusalém e toda a religiosidade praticada pelas pessoas.
v.41 – “Quando ia chegando, vendo a cidade, chorou”
- Interessantemente, a Bíblia não registra qualquer riso ou gargalhada de Jesus. Mas, deixa registrado, direta e indiretamente 3 ocasiões em que Jesus chorou.
- A primeira delas registrada em João 11.35, que é o menor versículo da Bíblia que diz: “Jesus chorou”, sobre a morte de Lázaro.
- Em segundo lugar, temos este versículo de Lucas, que registra o pranto de Jesus por Jerusalém.
- E em terceiro lugar, temos o escritor aos Hebreus que diz: “7 Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas,” (Hebreus 5.7).
Mas, por que Jesus chorou?
Jesus chorou por Jerusalém! De acordo com a expressão do texto original, eklausen, ele não somente verteu lágrimas, mas foi tomado de um forte lamento.
O texto nos diz que: “Quando ia chegando, vendo a cidade...” – É provável que essa seja uma referência a aproximação de Jesus ao Templo. E depois de ser saudado e adorado como Rei e Messias, ele se aproxima do templo, montado no jumentinho e se depara com tudo o que está preparado para Páscoa, tudo nesta cidade, durante essa semana, gira ao redor de uma religiosidade que não agrada a Deus. Tudo o que eles fazem, acreditam eles, o fazem para Deus, mas o verdadeiro Deus não se agrada de nada daquilo.
- O choro de Jesus, segundo o texto, tem como motivo:
1 – A rejeição da paz: Talvez haja aqui um trocadilho, haja visto que Jerusalém, significa “cidade de Paz”.
2 – O Juízo vindouro: Jesus vê o cálice da ira de Deus sendo derramado sobre aquela cidade, e o povo alheio a tudo isso.
3 – Compaixão profunda: Neste caso, o choro de Jesus, é carregado de uma profunda compaixão por toda aquela gente.
- Essa semana, um pastor que eu admiro bastante, postou um vídeo em sua rede social, pedindo que todas as pessoas de esquerda que lhe seguem, saiam imediatamente do seu perfil. Ele os aponta como assassinos, filhos do diabo. Eu concordo com ele, em toda a sua fala, sobre tudo o que ele diz. Ele está certo, são filhos de satanás. Mesmo sabendo disso, lhe digo, que há no meio desses, muitos pelos quais Jesus morreu.
- No campo da política eu aprovo esse radicalismo, no campo da teologia, não! Politicamente falando, talvez ele esteja correto, e busca uma completa separação daqueles que são movidos por ideologia. Mas, no campo da teologia, não! Pois nós não fomos chamados apenas a pregar aos filhos de satanás que vestem verde e amarelo, mas também os que vestem vermelho.
v.42 – “e dizia: Ah! Se conheceras por ti mesma, ainda hoje, o que é devido à paz! Mas isto está agora oculto aos teus olhos.”
- Jerusalém está efervescente para a Páscoa. Qualquer pessoa poderia olhar para tudo aquilo positivamente, digo, aplaudindo a religiosidade do povo. Sacerdotes e levitas desfilando para todos os lados, pessoas indo e voltando com os seus animais. Músicas e festas aconteciam nos dias que antecedia a Páscoa.
- Jesus olha para tudo aquilo, e vê violência no coração dos homens. Jerusalém, já não é a “Santa Cidade”, já não é “cidade de paz”.
- Essa não é primeira vez que Jesus dirige palavra à Jerusalém, no mesmo livro de Lucas, no capítulo 13.34-35 o texto diz: “34 Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir teus filhos como a galinha ajunta os do seu próprio ninho debaixo das asas, e vós não o quisestes! 35 Eis que a vossa casa vos ficará deserta. E em verdade vos digo que não mais me vereis até que venhais a dizer:
Bendito o que vem em nome do Senhor!” [1]
- Esse texto é bem emblemático, pois Jesus acabou de ser adorado com as palavras “Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas maiores alturas!”[2]
- Talvez os homens olhem ao redor e vejam a religião sendo zelosamente praticada, Jesus olha e vê devassidão, miséria e guerra.
- A eminente destruição de Jerusalém é o principal motivo de seu choro, Jesus não apenas diz que o juízo virá, mas descreve com minucias como isso acontecerá.
v.43 – “43 Pois sobre ti virão dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras e, por todos os lados, te apertarão o cerco; 44 e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação”.
- Esses versículos completam aquilo que estamos falando. Enquanto a multidão celebrava, Jesus chorava por Jerusalém, como que dizendo: “vocês não sabem o que farão daqui há alguns dias...”.
- Esses mesmo que gritaram: “bendito o que vem em nome do Senhor” serão os mesmos que pedirão: “Crucifica-o”.
- Jesus chorou pela cidade que o rejeitaria, e o crucificaria, e não pelas dores que haveria de sofrer.
Avançamos para os versículos seguintes, que tratam sobre “A Purificação do Templo”.
- Como disse anteriormente, essa é a última semana de Jesus, a entrada triunfal e o choro de Jesus por Jerusalém acontecem na segunda-feira, já os versículos 45 em diante, acontecem a partir da terça-feira. Neste caso, o que parece claro, é que Jesus tenha chegado no templo, visto todas as sanhas dos cambistas e vendedores, mas como não teria permanecido ali, visto que era acompanhado por grande multidão, realizará a purificação no dia seguinte, quando voltará para ensinar no Templo.
Vamos ao texto!
v.45-46 “45 Depois, entrando no templo, expulsou os que ali vendiam, 46 dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa será casa de oração. Mas vós a transformastes em covil de salteadores”. [3]
- Mais uma vez, precisamos recorrer ao contexto para que você entenda o que Jesus está realizando aqui.
- Como disse lá no início, essa é a semana da Páscoa, uma multidão de cerca de 3 milhões de pessoas se reúne em Jerusalém. E faz isso com o fim de celebrarem a Páscoa oferecendo sacrifício no Templo.
- Nesse período cerca de 255 mil sacrifícios são oferecidos.
- Deixe-me explicar como o templo funcionava: No Novo Testamento há duas palavras estreitamente relacionadas ao templo. A primeira é hieron, que significa “o lugar sagrado”. Isso incluía toda a área do templo, que cobria o cume do monte Sião e tinha uns 15 hectares de extensão. Estava rodeado por grandes muralhas.
- Havia um amplo espaço exterior chamado pátio dos gentios. Nele podia entrar qualquer judeu ou gentio. O pátio seguinte era pátio das mulheres.
- As mulheres não podiam ir além desse pátio.
- Logo vinha o pátio chamado pátio dos israelitas.
- Ali se reunia a congregação nas grandes ocasiões e dali entregavam as oferendas aos sacerdotes.
- A outra palavra importante é naos, que significa o templo propriamente dito, o qual se levantava no pátio dos sacerdotes. Toda a área incluindo os diferentes pátios, eram os recintos sagrados (hieron). O edifício especial levantado no pátio dos sacerdotes era o templo (naos).
- Jesus expulsa os que ali vendiam, acusando-os de mercantilistas e ladrões. Mas, o que está acontecendo?
- Há uma terrível máfia engendrada nas dependências do templo.
- Em toda a extensão interna do templo, havia cambistas que vendiam os sacrifícios, os animais que seriam sacrificados, endossados pelo Sumo-Sacerdote.
- O famoso bazar de Anás. Os dois sumos sacerdotes, Anás e Caifás, se tornaram podres de ricos por meio desse esquema criminoso. Esses, eram os mesmos que pagariam pela vida de Jesus.
- Esses homens eram responsáveis por venderem franquias para as pessoas que vendiam animais, eles davam as autorizações para que os negócios fossem realizados.
- Há quem pense no templo como um lugar bonito e agradável, mas, certamente não era. Havia animais, sangue, fezes de animais por todos os lados.
- Esses homens (cambistas) vendiam roupas, trocavam dinheiro, vendiam óleos, animais, incenso, e tudo mais que fosse necessário para os sacrifícios.
- Esse negócio era tão bem arranjado, que mesmo as pessoas que tinham animais, deixavam de trazê-los para oferece-los com o medo de serem rejeitados. Imagine isso! Você tem uma animal que tenha valor de 1.000 reais, mas quando você chega no templo o sacerdote, ou mesmo os levitas, fazem a inspeção do animal e o condenam, te obrigando a sair dali, e negociar um bom animal, caro, por uma animal mais barato, mas, que, seria aceito por eles.
- Os homens diziam o seguinte: seu animal não é adequado, desce e negocie. O cambista já sabendo, separava aquele animal valioso, entregando um animal qualquer, mas que seria aceito.
- Esse era o cenário!
- Aquele lugar, que deveria ser lugar de quebrantamento, contrição, esvaziamento, havia se tornado lugar de negociação e de enriquecimento ilícito. Covil de salteadores.
- Os sacerdotes praticavam extorsão a céu aberto, eles não tinham qualquer receio de defraudar os pobres, arrancando tudo que possuíam.
- Havia os vendedores de pombas, que, aos mais pobres, que não poderiam oferecer um cordeiro, segundo levítico, poderiam oferecer uma pomba. Os vendedores cobram valores até 100 vezes maiores que o normal.
- Para completar, há os cambistas, já que todo judeu deveria pagar o imposto do templo de meio shekel, perto da Páscoa. Isso é chocante, você poderia pagar essa quantia até 1 mês antes. Contudo, se você chegasse na semana da Páscoa, só poderia pagar no Templo. Você só poderia pagar em moedas, com a pesagem correta, caso não tivesse, você procura os cambistas que cobravam cerca de 25% do valor. Todas essas informações são trazidas por Flávio Josefo, um importante historiador judeu.
Poderia destacar muitas outras atrocidades cometidas no templo, como o fato de animais perfeitos serem roubados na hora do ofertório, muitos entravam por uma porta e saiam por outra para serem novamente comercializados.
- Mas, quero prender-me a questão do culto a Deus.
- Jesus diz com ênfase: “A minha casa...”
- O lugar onde Ele é adorado, onde o seu Nome é engradecido e louvado, lugar onde há santidade, verdade, justiça, onde corações se esvaziam, onde mãos se levantam, joelhos se dobram.
- Lugar onde o culto verdadeiro, ao verdadeiro Deus é praticado.
- Temos aqui, o primeiro ato do Rei reconhecido, Jesus expulsa os cambista e salteadores. Eu não consigo explicar como isso acontece, como ele encerra essa operação, mas o fato é, ele o faz.
- O culto é central!
- Não é como você quer, ou como você percebe ou entende. O culto não se limita ao seu próprio modo de realização eu devoção, mas aquilo que está escrito e prescrito na Sagrada Escritura.
- Deus rejeita aqueles que pervertem a adoração, e odeia mais àqueles que pervertem a adoração em seu nome. Prometendo curas, libertações, milagres e coisas que o Senhor jamais ofereceu ou prometeu.
- Deus rejeita àqueles que fazem de sua casa lugar de lazer e diversão, passatempo para o domingo, prestação de contas religiosa da semana ou no caso de muitos do mês.
- Deus rejeita, aos que se acham espertos, e como Ananias e Safira, fazem chacota de sua cara, entregando o resto de seus bens e de sua vida, como se esse fosse a melhor parte.
- Meu amado irmão, não é sobre você, não é nada sobre você, não sobre como você se sente, não é sobre suas experiências ou sensações. O culto não é nada disso. Deus não virá mais depressa se a corneta for tocada, se houver uma réplica da arca, se for derramado óleo.
- Deus não virá mais rápido baseado em sua capacidade de fazer falsete com a voz, se você chora quando louva, se ministra bem. Nada disso diz respeito ao desejo de Deus registrado em sua palavra.
1. A quem adorar
 João 4:23-24 – “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade…”
Explicação:O culto deve ser dirigido somente a Deus (Pai, Filho e Espírito Santo). Não há espaço para ídolos, santos ou mediações humanas.
Êxodo 20:3-5– “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem…”
Explicação:O culto é exclusivo. O primeiro e segundo mandamentos delimitam a quem devemos adorar e como devemos fazê-lo.
2. Como adorar
Levítico 10:1-3 – Nadabe e Abiú ofereceram “fogo estranho… e morreram perante o Senhor.”
Explicação:Deus rejeita o culto inventado pelo homem. A Confissão de 1689 ensina que só podemos adorar a Deus da maneira que Ele mesmo revelou em sua Palavra (princípio regulador do culto).
Deuteronômio 12:32 – “Tudo o que eu vos ordeno, isso cuidareis de fazer; nada acrescentareis, nem diminuireis.”
Explicação:O culto verdadeiro é regulado pelas Escrituras, não por tradições ou criatividade humana.
3. A exigência de santidade e sinceridade
Isaías 1:11-17 – Deus rejeita sacrifícios externos quando o coração está longe d’Ele.
O culto exige ; sem arrependimento, até mesmo a forma correta é vazia.Explicação:coração sincero e vida santa
Hebreus 12:28-29 – “Retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e piedade; porque o nosso Deus é fogo consumidor.”
O culto deve ser marcado por .Explicação:reverência, temor santo e gratidão
4. Elementos centrais do culto (segundo a 1689)
Atos 2:42– “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações.”
Explicação:Os elementos instituídos por Cristo são:
Pregação da Palavra
Oração
Sacramentos (Batismo e Ceia)
Cânticos espirituais (Efésios 5:19)
Contribuições voluntárias (1Co 16:1-2)
Tudo isso deve ser praticado em assembleia, no Dia do Senhor (Ap 1:10).
Resumo reformado (1689)
O culto verdadeiro é:
Exclusivo a Deus.
Regulamentado apenas pela Palavra.
Feito em espírito, verdade, reverência e santidade.
Praticado com os elementos que Ele instituiu (Palavra, oração, cânticos, sacramentos).
Eu concluo esse sermão, usando a última parte desse capítulo como exemplo sobre o culto bíblico.
v.47-48 “47 Diariamente, Jesus ensinava no templo; mas os principais sacerdotes, os escribas e os maiorais do povo procuravam eliminá-lo; 48 contudo, não atinavam em como fazê-lo, porque todo o povo, ao ouvi-lo, ficava dominado por ele.”
- A casa de Deus é lugar de oração e ensino. Jesus vai ao templo e ensina, entregava o que o Pai lhe confiou, as Boas Novas.
Conclusão
Hoje eu reforço o que ouvimos no último fim de semana durante o retiro, e que foi a palavra introdutória de hoje.
[1] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 13.34–35.
[2] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 19.38.
[3] Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Lc 19.45–46.
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