O Evangelho e os Ídolos

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Introdução:

"Na semana passada, em Atos 17, vimos o Evangelho confrontar as elites intelectuais de Atenas e desmantelar os ídolos do orgulho (Estoicos) e da autonomia (Epicureus). O Evangelho foi a resposta para a mente inquieta.
Vimos que a maior alegria da vida não está em entender o mundo, mas em descobrir quem o governa.
E quando entendemos isso, podemos descansar. Porque aquele que determina os tempos também guia o nosso coração.
O Evangelho nos convida a essa entrega confiante: a viver não como quem tenta controlar Deus, mas como quem descansa sob o controle dEle.
No Capítulo 18, Paulo segue para Corinto, onde estabelece o Evangelho e o Trabalho, trabalhando como fazedor de tendas com Áquila e Priscila. Deus o encoraja, afirmando: 'tenho muito povo nesta cidade' (Atos 18:10), reafirmando que a Soberania de Deus é o fundamento da nossa Missão.
É neste contexto de evangelização prática, poder e crescimento, que Paulo finalmente chega a Éfeso.
A diferença é drástica: aqui, o Evangelho não confrontará apenas ideias, mas o que mais tem poder sobre a vida das pessoas: os ídolos culturais e econômicos, centrados no culto à deusa Ártemis, que gerava toda a riqueza da cidade. É um sistema de adoração que, em Atos 19, veremos ser ameaçado de colapso pela simples proclamação da verdade."
MANIFESTO DA SÉRIE “Quando a verdade chega, ela desafia a zona de conforto, exige respostas, provoca tumultos ou avivamentos.”
Nossa identidade enquanto igreja: "Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação" (2 Co 5:18). O confronto em Éfeso é a reconciliação (o fim da inimizade com Deus) que gera o conflito (com o mundo dos ídolos).

Texto Base: Atos 19:23-41

Atos dos Apóstolos 19.23–41 NVI
23 Naquele tempo houve um grande tumulto por causa do Caminho. 24 Um ourives chamado Demétrio, que fazia miniaturas de prata do templo de Ártemis e que dava muito lucro aos artífices, 25 reuniu-os com os trabalhadores dessa profissão e disse: “Senhores, vocês sabem que temos uma boa fonte de lucro nesta atividade 26 e estão vendo e ouvindo como este indivíduo, Paulo, está convencendo e desviando grande número de pessoas aqui em Éfeso e em quase toda a província da Ásia. Diz ele que deuses feitos por mãos humanas não são deuses. 27 Não somente há o perigo de nossa profissão perder sua reputação, mas também de o templo da grande deusa Ártemis cair em descrédito e de a própria deusa, adorada em toda a província da Ásia e em todo o mundo, ser destituída de sua majestade divina”. 28 Ao ouvirem isso, eles ficaram furiosos e começaram a gritar: “Grande é a Ártemis dos efésios!” 29 Em pouco tempo a cidade toda estava em tumulto. O povo foi às pressas para o teatro, arrastando os companheiros de viagem de Paulo, os macedônios Gaio e Aristarco. 30 Paulo queria apresentar-se à multidão, mas os discípulos não o permitiram. 31 Alguns amigos de Paulo dentre as autoridades da província chegaram a mandar-lhe um recado, pedindo-lhe que não se arriscasse a ir ao teatro. 32 A assembléia estava em confusão: uns gritavam uma coisa, outros gritavam outra. A maior parte do povo nem sabia por que estava ali. 33 Alguns da multidão julgaram que Alexandre era a causa do tumulto, quando os judeus o empurraram para frente. Ele fez sinal pedindo silêncio, com a intenção de fazer sua defesa diante do povo. 34 Mas quando ficaram sabendo que ele era judeu, todos gritaram a uma só voz durante cerca de duas horas: “Grande é a Ártemis dos efésios!” 35 O escrivão da cidade acalmou a multidão e disse: “Efésios, quem não sabe que a cidade de Éfeso é a guardiã do templo da grande Ártemis e da sua imagem que caiu do céu? 36 Portanto, visto que estes fatos são inegáveis, acalmem-se e não façam nada precipitadamente. 37 Vocês trouxeram estes homens aqui, embora eles não tenham roubado templos nem blasfemado contra a nossa deusa. 38 Se Demétrio e seus companheiros de profissão têm alguma queixa contra alguém, os tribunais estão abertos, e há procônsules. Eles que apresentem suas queixas ali. 39 Se há mais alguma coisa que vocês desejam apresentar, isso será decidido em assembleia, conforme a lei. 40 Da maneira como está, corremos o perigo de sermos acusados de perturbar a ordem pública por causa dos acontecimentos de hoje. Nesse caso, não seríamos capazes de justificar este tumulto, visto que não há razão para tal”. 41 E, tendo dito isso, encerrou a assembleia.

Introdução: O Preço da Verdade (v. 23)

Éfeso era o centro religioso e comercial da Ásia Menor. Era o oposto de Atenas (cidade de debates). Éfeso era a cidade da Ação, da Magia e da Riqueza.
O Ídolo Cultural: O centro da vida em Éfeso era o Templo de Ártemis (Diana), uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo. Era a deusa da fertilidade, da magia e o centro da economia de turismo e idolatria.
A Tese: O Evangelho puro tem um custo. Ele não se contenta em coexistir com a idolatria; ele a destrona.
Quando o Evangelho confronta o ídolo do coração, ele inevitavelmente quebra o sistema econômico, cultural e social que construímos em torno desse ídolo. O Evangelho não apenas transforma vidas; ele provoca tumulto (v. 23).

Ponto 1 - Ídolos de ontem e hoje

O tumulto em Éfeso (v. 23) não foi sobre política ou filosofia, foi sobre o coração humano.
Nossas ações, nossa economia e nossa cultura são apenas o reflexo do que realmente adoramos.
Nosso coração é a câmara existencial do nosso amor, e são nossos amores que nos orientam a um fim supremo ou telos. Não é que eu apenas “conheça” alguma finalidade ou “creia” em algum telos. Mais que isso, eu anseio por algum fim. Eu desejo algo e o desejo acima de tudo. São meus desejos que me definem. Em resumo, você é o que ama.
 James K. A. Smith (Você é aquilo que ama)
Meus irmãos, o Evangelho em Éfeso não estava apenas confrontando a deusa Ártemis; ele estava confrontando o telos, o objetivo final daquela cidade.
Conforme Smith, toda a nossa vida está orientada para um fim. Para o ourives Demétrio, o telos de sua vida não era o Deus vivo, mas sim o dinheiro e o sistema sustentado por Ártemis.
Suas práticas diárias – fazer e vender os ídolos – eram as liturgias que treinavam seu coração a amar a prata.
Como falamos na última semana, a filosofia da nossa vida é encontrar Deus; assim podemos nos perguntar: - adoramos mesmo a Deus ou ao sistema que estar envolvido na religião me dá.
2. Idolatria é um problema de desejo.
"A mente humana é uma fábrica de ídolos. Conforme Smith, se você é aquilo que você ama, o que você ama no lugar de Deus moldará sua vida em uma liturgia de adoração substituta."
Tem um romance, do Neil Gaiman chamado Deuses Americanos, que fala sobre Deus modernos.
Gaiman diz que os deuses só sobrevivem se forem adorados e alimentados pela crença, atenção e devoção das pessoas. Quando as pessoas param de crer em Odin, Artemis, eles morrem. Elas passam a crer no Deus da Tecnologia, no Deus da Mídia, no Deus da Globalização que são alimentados pelas liturgias modernas
Adoramos pessoas quando nossos relacionamentos são mais importantes que nossa relação com Deus quando decidimos mentir e enganar para “proteger” a relação que temos. Porque sem ela, nossa vida não terá sentido!
Adoramos a segurança da vida, dinheiro, quando nos dispomos a qualquer coisa para obter mais, no passado se sacrificavam crianças aos deuses, continuamos fazendo isso de outra forma, quando sacrificamos nossas relações porque não temos tempo.
Adoramos a nossa imagem seja quando as pessoas são levadas a depressão e disfunções alimentares por preocupação excessiva com o corpo ou quando fazemos coisas para maquiar nossa situação econômica, nos colocando em apuros para não mostrar fragilidades.
"Um ídolo é qualquer coisa mais importante que Deus para você, que domine seu coração e sua imaginação... Qualquer coisa que você busque a fim de receber o que só Deus pode dar."
Timothy Keller (Deuses Falsos)
Como descobrir o que é um ídolo para nós? quando saímos do pesar para o desespero, quando deixamos de escutar Deus para não perder meu ídolo verdadeiro.
O pesar é uma dor para a qual existem fontes de consolação. O Pesar vem da perda de algo bom entre outros, de modo que, se você enfrenta um retrocesso na carreira, encontra consolo no amor da sua família.
Quando a vida perde sentido ou esperança, não há fontes alternativas para onde voltar-se. Isso acaba com você.
Idolatria vem do ato de tomar uma “alegria incompleta deste mundo” e construir a vida inteira em torno dela.
O Conflito: O Evangelho de Paulo não é apenas uma nova religião; é uma força destrutiva para o sistema de adoração que alimenta Ártemis. O ourives Demétrio percebe: "esse Paulo... tem desviado muita gente" (v. 26). Isso significa que as pessoas pararam de alimentar o ídolo.
A fé em Cristo desliga o "adorador" do sistema de idolatria.
Demétrio busca segurança no ídolo de prata, mas quando o Evangelho chega, o ídolo só lhe oferece ira e medo (v. 28). A prata não trouxe a paz, mas o tumulto.

Ponto 2 - Poder dos ídolos

A reação à pregação de Paulo revela que, quando a verdade confronta o ídolo, a razão desaparece e o caos domina.

1. A Irracionalidade do Caos (A Voz da Idolatria)

O Grito: A multidão começa a gritar: "Grande é a Diana dos efésios!" (v. 28). O que começa como um protesto financeiro (Demétrio) se torna um fervor religioso irracional.
O Engano: A idolatria não se sustenta pela razão (como os filósofos de Atenas), mas pelo medo e pelo grito do rebanho. A maioria da multidão nem sequer sabia o motivo do tumulto (v. 32).
Aplica-se ao Nosso Coração: Quando nosso ídolo (sucesso, dinheiro, imagem, controle) é confrontado, nossa reação é frequentemente irracional, emotiva e caótica.
Nós gritamos slogans (v. 28) em vez de raciocinarmos, pois o ídolo está sendo ameaçado.
Há casos aqui na comunidade que ao confrontar o ídolo do coração da pessoa, ela se afasta, fica raivosa porque mexemos naquilo que pra ela é caro
Romanos 1.21 “21 porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se.”
A "futilidade nos raciocínios" se manifesta no tumulto. Eles gritam por duas horas: "Grande é a Diana dos efésios!" (v. 34) e a maioria da multidão sequer sabia por que estava reunida (v. 32). Não há lógica, apenas paixão irracional pelo ídolo ameaçado.
A "insensatez do coração" é o que faz o protesto, que começou como um cálculo financeiro de Demétrio, se transformar em um fervor religioso cego.

2. O Evangelho Destrona e Desmascara

O Poder Destrutivo do Evangelho: Paulo não precisou ir ao templo de Ártemis para pregar contra ela. O Evangelho puro (v. 26) pregado por ele, Áquila e Priscila foi suficiente para esvaziar os bolsos dos ourives. A luz da verdade desmascara o ídolo.
O Evangelho Traz Ordem: A ordem só é restaurada por uma autoridade secular (o escrivão da cidade, v. 35-41), mostrando que a idolatria é tão caótica que até o mundo precisa intervir para pará-la. A paz só pode ser encontrada quando o ídolo é removido.

PONTO 3: O Novo Objeto de Amor

1. Você pode não adorar o que você acha que adora

Como identificar nossos ídolos?
Sua religião é o que você faz na solidão.
Para onde apontam a maioria dos seus pensamentos, o que você habitualmente busca alegria
Onde você gasta seu dinheiro? o padrão dos nossos gastos pode revelar ídolos do nosso coração
Veja onde suas emoções são mais incontroláveis. Um medo, um desejo que lhe faz fazer coisas que você sabe que estão erradas
A Lição de Smith: Se você é aquilo que você ama, o Evangelho nos convida a amar a Deus acima de tudo (o verdadeiro Objeto de Adoração).
A Cura do Coração: O Evangelho não apenas quebra os ídolos (a idolatria da prata, o temor de Ártemis), mas reorienta o coração para o verdadeiro e único Senhor.
As escrituras ordenam que levemos todo pensamento cativo a Cristo
2Coríntios 10.5 “5 Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.”
e que sejamos transformados pela renovação da nossa mente
Romanos 12.2 “2 Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
O seguidor de Jesus será um estudante da Palavra, alguém cujo “prazer está na lei do SENHOR” (Sl 1.2).
Se você segue a Jesus com seriedade, aproveitará cada oportunidade de aprender mais sobre Deus, a Palavra dele, aquilo que ele exige de nós e o que ele deseja para sua criação.
Você não se limita a frequentar o culto e ouvir o sermão: você frequenta o alicerce dominical, une-se a um grupo de relacionamento, lê a Bíblia diariamente, comparece a quantas conferências for possível, devora livros que o ajudem a compreender melhor a Deus e a sua Palavra, bebe conhecimento.
Vir ao domingo é uma liturgia importante para ajudar a moldar sue coração, não uma obrigação religiosa. Frequentar um Gr é importante não por amizade, mas pra buscar um discipulado em Jesus com seus irmãos.
Você pratica a palavra, oração, separa tempo para seus amigos, sua família, se doar a uma ação comunitário, socorrer o aflito, exercer perdão.
são liturgias que treinam nosso coração a amar o que Cristo ama, redirecionando o desejo da terra para o alto.
As disciplinas espirituais são formas de adoração, e a adoração é a maneira decisiva de substituir os ídolos do seu coração
Colossenses 3.1–3 “1 Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus. 2 Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas. 3 Pois vocês morreram, e agora a sua vida está escondida com Cristo em Deus.”
E assim você vai esmagando os ídolos do seu coração, assim vai ficando natural agir de acordo com a palavra de Cristo. Com paciência!
Você faz sua vida girar em torno do que é eterno, Deus, sua palavra, sua presença...

CONCLUSÃO

Chamado Final: Qual é o ídolo em seu coração que o Evangelho está confrontando hoje?
O que você ama que está criando um sistema de auto-adoração?
O Evangelho puro oferece a única economia de vida que não está baseada na prata, mas na Graça, e que não leva ao tumulto, mas à Paz de Cristo.
Precisamos entender que onde está nosso tesouro está nosso coração, precisamos lembrar a nossa alma que o nosso tesouro é Cristo.
Olhar para Ele nos encanta e nos faz fazer tudo girar em torno Dele. Nós sabemos o seu valor, refletimos sua beleza e importância.
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