SOLI DEO GLORIA

508 Anos da Reforma — A Glória Somente a Deus

I. Introdução:

A. Os Cinco Solas:

Reafirmar as quatro Solas anteriores: Sola Scriptura (Autoridade), Solus Christus (Mediador), Sola Gratia (Causa), Sola Fide (Meio).

Apresentar o Soli Deo Gloria como o propósito e a assinatura de Deus em Sua obra. É a resposta à pergunta: "Por que tudo isso?"

Definição: Soli Deo Gloria significa que tudo o que existe e acontece, especialmente a salvação, é feito "dEle, por meio dEle e para Ele" (Romanos 11:36).

B. O Alvo da Nossa Existência (Base: Breve Catecismo de Westminster):

A pergunta fundamental da vida humana não é "Como posso ser feliz?", mas sim: "Qual é o fim principal do homem?"

Resposta: "O fim principal do homem é glorificar a Deus e se alegrar Nele para sempre."

A Escritura é repleta de afirmações de que a glória é a razão de Sua criação. Deus criou a todos os que são chamados pelo Seu nome para a Sua glória (Isaías 43:7).

II. Soli Deo Gloria na Soberania Divina

ESTA SEÇÃO ENFATIZA QUE A GLÓRIA DE DEUS DEVE SER O FOCO PRINCIPAL, PORQUE ELE É O CRIADOR, O AUTOR E O SUSTENTADOR DE TUDO.

A. A Glória na Criação (DÊ A GLÓRIA A DEUS):

O Motivo da Criação: Deus não criou o universo por necessidade, insuficiência ou para suprir alguma carência. Ele é auto-suficiente.

Jonathan Edwards diz que:

“O propósito de Deus ao criar o mundo não era obter algo que lhe faltava, mas sim manifestar e comunicar Sua glória.”

Implicação: O salmista expressou isso de forma maravilhosa: "Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos." (Salmo 19:1). A glória de Deus é a razão fundamental da existência.

B. A Glória na Salvação (O Evangelho da Graça):

Se a criação é para a glória de Deus, o caminho da salvação deve ser da mesma forma.

1. Glória na Graça e Fé:

A SALVAÇÃO NÃO É ALCANÇADA POR "MÉRITOS HUMANOS E BOAS OBRAS". É TODA GRAÇA (FAVOR IMERECIDO) E TODA FÉ (DOM DE DEUS).

“8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; 9 não de obras, para que ninguém se glorie.” — Efésios 2.8-9

“Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, 5 não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo…” — Tito 3.5-7

O Ponto: Se a glória fosse compartilhada, o homem teria do que se orgulhar. Deus orquestrou o plano para que toda vanglória humana fosse excluída.

2. Glória em Cristo (Solus Christus):

Cristo não veio buscar a sua própria glória, mas a glória do Pai. Ele disse: "Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer" (João 17:4).

Cristo se fez homem, viveu, morreu e ressuscitou para a glória de Deus Pai.

3. Glória na Soberania (A Doutrina Difícil):

Por que alguns são salvos e outros não? Esta é a pergunta que incomoda o homem.

Resposta de Romanos 9-11: O plano de salvação é para a glória de Deus, independentemente de como o homem se sente.

Nos salvos, o amor, a misericórdia e a graça de Deus são manifestados em grande abundância.

Nos perdidos, a justiça, o poder e a ira de Deus são igualmente exaltados (Rm 9:22-24).

A Conclusão: Mesmo a soberania de Deus na eleição e rejeição tem um único propósito final: promover a glória de Deus, e não a nossa própria glória.

III. A crise do Soli Deo Gloria na Igreja hoje

Cabe uma crítica contundente à mentalidade moderna que promove meios para instigar os homens a roubar a glória de Deus.

A. A Perda da Majestade e a Troca de Ídolos:

A Crise: A igreja moderna tem perdido o "senso de majestade" de Deus, resultando em uma preocupação excessiva com "nossos próprios ganhos" e "felicidade pessoal".

O Problema da Eglolatria: Vivemos em um mundo de "idolatria de si mesmo". A glória de Deus está sendo substituída:

Na Igreja: Pela glória do cantor, do pregador, da técnica de marketing e do entretenimento. O culto muitas vezes se torna um evento para nossas necessidades, em vez de uma ordenança do Senhor para prestarmos adoração sincera e sermos nutridos por seu cuidado.

Na Vida Pessoal: Buscamos a glória em nossos talentos, carisma e personalidade ("Que tens tu que não tenhas recebido?" - 1 Coríntios 4:7). A salvação é frequentemente vista como um meio para um fim pessoal (saúde, prosperidade, sucesso) e não com a finalidade pela qual ele foi propiciada aos pecadores: a glória de Deus.

B. A. W. Tozer, admoestou os Cristãos de sua época:

No início do século XX, afirmou que a igreja "abandonou o seu elevado conceito de Deus, substituindo-o por um tão baixo, tão desprezível."

O Motivo: A falta de compreensão e conhecimento da glória de Deus leva à perda de seriedade e profundidade nas doutrinas essenciais, tornando o evangelho sem significado.

IV. Chamado à Prática

A. Revisão do Princípio:

Soli Deo Gloria é o princípio formal (a forma ou substância da fé) que dá glória a Deus somente.

É o "por quê" da Reforma e de toda a vida cristã — pois este princípio pelo qual todas as coisas são criadas, foi por muito tempo subvertido, falsificado, pervertido, maculado pelo pecado dos homens:

“… porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, e o coração insensato deles se obscureceu, ... e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível ...” (Rm 1.21;23)

B. A Doxologia em Ação:

O cristão vive uma Doxologia (expressão de glória) em tudo o que faz.

No trabalho/estudo: Faça tudo com excelência, não para sua promoção, mas para que Deus seja glorificado na sua dedicação

— “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.” (1Co 10.31)

No sofrimento/alegria: Glorifique a Deus, pois Ele é fiel e preserva você das tentações:

— “Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar” (1Co 10.13)

Na mente/pensamento: Glorifique a Deus, reconhecendo que até mesmo a capacidade de desejar a Deus vem do Espírito Santo. E como nos instrui o apóstolo Paulo, devemos fazer isso:

— “…levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.5).