13. Para Vencer o Pecado e a Tentação - Medite na Grandeza de Deus
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Medite na Grandeza de Deus
Medite na Grandeza de Deus
Owen apresenta nove princípios específicos para a mortificação do pecado, que ele explica entre os capítulos nove e treze:
Considere os sintomas perigosos que acompanham seu desejo pecaminoso (cap. 9);
Tenha uma clara noção da culpa, do perigo e da maldade do pecado (cap. 10);
Carregue sua consciência com o peso da culpa desse pecado;
Desenvolva um anseio constante por libertação desse pecado;
Pergunte-se se esse pecado está enraizado na sua natureza e intensificado pelo seu temperamento;
Reflita sobre as situações em que esse pecado mais se manifesta;
Reaja com força logo nos primeiros sinais do pecado (cap. 11).
Os dois últimos princípios (8 e 9) são explicados nos capítulos seguintes. O oitavo é o tema deste capítulo.
Capítulo Doze
Capítulo Doze
O princípio particular que Owen trata aqui é o seguinte:
“Usa e exercita-te em meditações que te levem constantemente à humilhação e a pensamentos sobre a tua própria vileza.”
Primeiro, Owen apresenta dois princípios práticos para alcançar isso, e depois ele defende essa ideia contra possíveis objeções.
Dois Princípios Práticos
Dois Princípios Práticos
Como alguém pode chegar a um verdadeiro reconhecimento de sua própria vileza diante de Deus e ser realmente humilde?
A Escritura ensina que a verdadeira humildade nasce do conhecimento de Deus e da meditação sobre Sua grandeza. Esse é o primeiro princípio prático.
Como diz Owen:
“Pense muito na excelência da majestade de Deus e na tua distância infinita e inconcebível dele. Muitos pensamentos assim não deixarão de te encher de um senso da tua própria vileza, o que atinge profundamente a raiz do pecado interior.
Mantém-te nesses pensamentos para abater o orgulho do teu coração e manter tua alma humilde dentro de ti. Nada te deixará mais resistente aos enganos do pecado do que esse estado de coração.
Pensa grandemente na grandeza de Deus.”
As Escrituras confirmam isso, como vemos em Jó:
Jó 42:5-6
“Antes eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem.
Por isso me desprezo e me arrependo no pó e na cinza.”
O segundo princípio prático é que devemos refletir muito sobre o quanto ainda não conhecemos a Deus. É verdade que O conhecemos por meio de Cristo, mas devemos considerar o quão pouco de fato avançamos nesse relacionamento. “Sabemos... mas não como deveríamos saber.”
Pense nas palavras de Agur em Provérbios 30.2–4
“porque sou demasiadamente estúpido para ser homem; não tenho inteligência de homem, não aprendi a sabedoria, nem tenho o conhecimento do Santo. Quem subiu ao céu e desceu? Quem encerrou os ventos nos seus punhos? Quem amarrou as águas na sua roupa? Quem estabeleceu todas as extremidades da terra? Qual é o seu nome, e qual é o nome de seu filho, se é que o sabes?”
O salmista diz que os céus não podem conter Deus — quão infinito, quão imenso Ele é! E quão pouco nós realmente O conhecemos!
Como diz Owen:
“Podes tu olhar sem temor para o abismo da eternidade? Não suportas nem mesmo os raios do seu ser glorioso.”
Owen destaca, porém, que essa segunda prática deve caminhar junto com a ousadia filial com que nos aproximamos do trono celestial por meio de Cristo (Hebreus 4:15–16). As duas verdades devem coexistir em nossa experiência:
Não devemos concluir, por causa de nosso conhecimento limitado de Deus, que não somos filhos Dele. Ao contrário, devemos alegrar-nos em nossa filiação, buscando conhecê-lo cada vez mais, mesmo reconhecendo nossa pobreza espiritual — um relacionamento plantado, regado e sustentado pela graça de Deus (João 15:6).
Owen aconselha:
“Mantém teu coração em constante reverência diante da majestade de Deus, lembrando que até as pessoas de maior comunhão e intimidade com Ele ainda conhecem muito pouco de Sua glória nesta vida. Quando Deus revelou Seu nome a Moisés — os atributos mais gloriosos manifestos na aliança da graça — ainda assim foram apenas as ‘costas’ de Deus. Tudo o que Moisés viu é pequeno e baixo comparado às perfeições de Sua glória.”
Objeções à Doutrina de Owen
Objeções à Doutrina de Owen
Alguns poderiam dizer: “Mas Moisés viveu sob a Lei. Agora temos a plena luz do evangelho — Deus foi revelado! Não vemos apenas Suas costas, mas Seu rosto. Portanto, não precisamos nos humilhar pensando o quanto ainda O desconhecemos. Nós O conhecemos bem pelo evangelho; negar isso prejudica a fé.”
A isso Owen responde com várias considerações:
Ele concorda que o evangelho é uma revelação muito maior de Deus do que a Lei:
“Nosso dia é mais claro do que o deles; as nuvens se dissiparam, as sombras fugiram, o sol se levantou.”
Ele não nega que os cristãos conhecem e desfrutam de Deus — apenas afirma que há dois lados nessa história.
A visão que Moisés teve de Deus já era uma visão evangélica, mas ainda muito limitada em comparação não com nós, mas com a perfeição de Deus.
Mesmo Paulo, considerando as bênçãos da nova aliança, disse que ainda vemos como em espelho, de forma obscura (1 Coríntios 13:12). Nosso entendimento é parcial e imperfeito.
Assim como a rainha de Sabá viu que a sabedoria de Salomão superava tudo o que ouvira, também nossa experiência atual de Deus é pequena comparada ao que ainda veremos.
Portanto, devemos nos humilhar. Ainda não O vemos, diz João (1 João 3:2), mas O veremos um dia. Nossa alma orgulhosa precisa lembrar disso.
Por que conhecemos tão pouco de Deus?
Por que conhecemos tão pouco de Deus?
A razão é simples: Deus é incompreensível.
Nós O conhecemos negando o que Ele não é: dizemos que Ele é infinito e imortal, isto é, não finito e não mortal como nós. Assim, Ele é completamente distinto de nós, habitando “em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver” (1 Timóteo 6:16).
Ninguém jamais viu — nem verá — a essência divina. E tentar formar uma imagem Dele a partir de nossas percepções seria cair imediatamente em idolatria.
Nós conhecemos Deus pelo que Ele faz, não pelo que Ele é.
Outra razão é o meio que Ele escolheu para ser conhecido: a fé.
A fé é uma confiança baseada em testemunho, não uma prova por demonstração. Portanto, sempre há espaço para crescimento. Vemos “como em espelho, de forma obscura”. Podemos sempre confiar mais, entregar-nos mais, submeter-nos mais. Assim, nosso conhecimento de Deus se aprofunda e amadurece continuamente — mas ainda assim vemos apenas as “costas” de Suas perfeições.
Uma Objeção Adicional
Uma Objeção Adicional
Alguns podem objetar ainda: “Tudo isso é verdade, mas só se aplica a quem não conhece Deus por meio de Cristo ou tem uma fé fraca. Os cristãos maduros conhecem Deus melhor. Não precisamos meditar em nossa ignorância; somos luz no Senhor.”
Eles argumentam:
“A luz do evangelho é gloriosa — não uma estrela, mas o sol em todo o seu esplendor. O véu foi removido de nossos rostos. Assim, embora os incrédulos ou alguns fracos vivam em trevas, os crentes maduros têm visão clara da face de Deus em Cristo.”
Owen responde com quatro argumentos:
Todos os cristãos conhecem o suficiente para amar, obedecer e servir a Deus mais do que têm feito.
Nossa ignorância não é desculpa para negligência; se usássemos melhor o que sabemos, Deus nos confiaria mais.
É verdade que temos uma revelação maior em Cristo, mas isso não elimina nossa limitação. A encarnação revelou e velou ao mesmo tempo. Cada nova revelação traz novos mistérios, perguntas e desconfortos.
A diferença entre crentes e descrentes não está no conteúdo do que sabem, mas no modo como sabem. O incrédulo pode conhecer as palavras, mas não o Deus a quem elas se referem. O crente conhece pela fé viva.
O objetivo do evangelho não é revelar a essência de Deus, mas mostrar o suficiente para fundamentar nossa fé, amor e obediência — o que basta para criaturas fracas em meio às tentações.
Como diz Owen:
“A intenção de toda revelação do evangelho não é desvendar a glória essencial de Deus, para que O vejamos como Ele é, mas declarar o suficiente para ser base de nossa fé, amor, obediência e comunhão com Ele — ou seja, a fé e o serviço que Ele espera de nós neste mundo.”
Resumo do Capítulo Doze
Resumo do Capítulo Doze
A tese de Owen é simples:
O cristão deve praticar e exercitar-se em meditações que o encham constantemente de humildade e consciência da própria vileza.
Para isso, ele propõe dois princípios práticos:
Medite constantemente na excelência e majestade de Deus, reconhecendo, à luz disso, a própria insignificância.
Lembre-se continuamente de quão pouco conhece seu Pai e de quanto mais Ele tem a revelar.
Todo cristão precisa conhecer mais a Deus — esse deve ser nosso anseio constante.
Não deixe que outros cristãos usem a revelação do evangelho ou sua experiência de salvação para dissuadi-lo desse desejo profundo de conhecer mais o Senhor.
Não permita que o que você já sabe impeça o que ainda precisa aprender.
Se você conhece Cristo, está navegando por um oceano vasto e inexplorado — e muito ainda o aguarda.
No capítulo treze, Owen apresentará o último princípio da mortificação, que trata da paz interior — algo pelo qual a maioria dos cristãos daria a vida: ter mais poder para fazer a vontade de Deus e mais paz no processo.
