Deus é soberano sobre o bem e o mal

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Ilustração
Nessas últimas semanas os jornais na TV e as páginas de notícias na internet trouxeram a nosso conhecimento eventos que geraram grande tristeza e comoção. No início do mês mais de vinte pessoas foram presas na província de Guangxi na China, por motivos exclusivamente religiosos. Na Nigéria terroristas islâmicos tem promovido um verdadeiro massacre de cristãos. No Sudão, cinco voluntários de uma organização de ajuda humanitária foram assassinados, na última terça-feira. Aqui no Brasil, na última sexta-feira uma jovem de 28 anos morreu após ser atingida por um tiro, dentro de um carro de aplicativo, no Rio de Janeiro. Diante de eventos como esse, que em todo o mundo estão longe de serem ocorrências isoladas, todo cristão deve chegar a uma conclusão inequívoca: situações assim, que se repetem com mais frequência do que gostaríamos, são uma consequência clara do mal no qual jaz o nosso mundo. E diante do mal que nos assola, os críticos da fé e até mesmo muitos cristãos levantam um questionamento: Onde está Deus? E a resposta para essa pergunta pode não agradar e não satisfazer a todos, ale´m de ofender e incomodar alguns, mas o fato é que, de acordo com a Escritura, Deus está onde sempre esteve, no seu alto e sublime trono, governando soberanamente sobre tudo o que existe, dirigindo a história geral e as histórias particulares dos homens, administrando todas as coisas, inclusive o mal, para o fim proposto por Ele mesmo: o louvor de sua glória.
Introdução
Quando olhamos para o Salmo 11, nos deparamos com algumas questões que podem dificultar a interpretação do texto. Duas das mais importantes entre essas questões dizem respeito à data e ao contexto que motivaram a composição do salmo. Não sabemos quando o texto foi escrito e nem seu contexto exato. Para Calvino, Davi escreveu o salmo recordando o estado angustiante a que ele reduzido durante o período em que foi perseguido por Saul (1Samuel, a partir do capítulo 15). Outros teólogos admitem a possibilidade de que esse salmo tenha sido escrito quando Davi fugia de Absalão. Seja qual for o caso, a linguagem usada no cântico deixa evidente que as circunstâncias que motivaram sua escrita eram claramente más e geraram profunda angústia e tristeza para Davi. Nessas circunstâncias, o homem chamado “segundo o coração de Deus”, não questionou onde estava o Senhor, e nem duvidou de seu poder, pelo contrário, Davi depositou sua confiança o em Deus, na certeza de que Ele rege o mundo soberanamente e que no tempo oportuno Ele mesmo exerce a justiça sobre bons e maus, retribuindo o homem de acordo com suas ações.
Frase de Transição
Diante do exposto chamo sua atenção para o tema da nossa reflexão nessa noite: Deus é soberano sobre o bem e o mal. Minha intenção é discorrer sobre o texto de maneira que possamos compreendê-lo e chegar assim a algumas aplicações pertinentes para nossa vida. Faremos isso a partir de algumas proposições, das quais a primeira nos leva à conclusão de que:
1. A existência do mal não contradiz e não mitiga a soberania de Deus - v. 1
Para os ateus, céticos e outros críticos da religião o argumento acerca da existência do mal é visto como o calcanhar de Aquiles das religiões, mas principalmente do cristianismo bíblico. Isso ocorre, pois, para eles a existência de um Deus que é plenamente bom e plenamente poderoso no mesmo universo que o mal existe é contraditória. No Século XVII o filósofo francês Pierre Bayle formulou o seguinte argumento nesse sentido:
Novo Dicionário de Teologia A Persistência do Mal

se Deus fosse todo-bondade, ele destruiria o mal; se Deus fosse todo-poderoso, ele poderia destruir o mal; mas, como o mal não é destruído, consequentemente tal Deus não existe.

O fato é que a Escritura atesta exatamente essa realidade dual: Deus é plenamente bom, Ele é plenamente poderoso, e o mal existe. Dessa forma, tomando a Escritura como base, a existência do mal não contraria a existência de Deus, assim como não contradiz e não mitiga sua soberania. Davi expressa essa interpretação teológica da realidade no contexto geral do salmo e de maneira mais específica no contexto dos v. 1-3, com uma ênfase maios no v.1.
Observe quão direta e precisa é a afirmação que abre esse salmo. No SENHOR me refugio. Davi olha para Deus e o identifica como o seu lugar seguro, a sua fortaleza, o seu socorro. A linguagem utilizada aqui é uma linguagem de guerra, muito parecida com aquela que encontramos no Salmo 46. E à rigor, Davi chega a exatamente à mesma conclusão que os filhos de Coré, que ao escreverem Salmo 46, se referem à Deus como o seu refúgio e fortaleza.
O homem necessita de refúgio, de socorro, de abrigo, de fortaleza, em tempo de aflição; quando é confrontado com a maldade de seus inimigos; quando precisa lidar com as situações difíceis ou calamitosas da vida. Ou em outras palavras, o homem precisa se refugiar em face da ocorrência do mal. E essa linguagem de Deus como refúgio, denota a confiança inequívoca de que o Senhor é suficientemente poderoso e governa soberanamente sobre tudo, exercendo o seu poder, inclusive nessas circuntâncias difíceis e calamitosas nas quais de uma maneira mais especial e enfática o seu auxílio é reclamado por seu povo. Perceba que Davi nao ignora a existência do mal, mas também não questiona a soberania divina no governo de tudo. Ele entendia que essas duas coisas não são excludentes. Quando olhamos para Escritura somos levados à mesma conclusão. A Escritura nos mostra duas realidades unidas, a realidade do mal no mundo e a realidade da soberania de Deus. Elas não se anulam e não se diminuem.
Em face do mal os questionamentos sobre a existência, sobre a bondade e sobre a soberania de Deus e consequentemente os questionamentos e ataques acerca da plausibilidade da nossa fé surgem. Diante disso a nossa resposta deve ser sempre a mesma: Mesmo em face do mal Deus está onde sempre esteve: no seu alto e sublime trono, governando a história soberanamente, administrando o mal para um fim que embora esteja além da nossa compreensão, é bom e glorioso. Nesse ínterim Ele mesmo se mostra como o refúgio e socorro para aqueles que o buscam.
2. O mal que existe no mundo não é uma obra de Deus, mas do homem - v.2-3
Nos v.2-3 Davi expõem uma questão que parte do mundo atual tem uma grande dificuldade de admitir: o fato de que o mal moral existe e sua existência no mundo não é autônoma, mas o resultado das ações de pessoas que são más, de gente ruim. O salmista estabelece nesses versículos uma tensão clara entre aqueles que são ímpios e aqueles que são justos.
E para que saibamos exatamente do que Davi está falando quero pedir que você observe que a humanidade, nesses versículos é caracterízada a partir de termos opostos: ímpios e justos. Essas palavras não são substantivos, elas são adjetivos. Na análise gramatical aprendemos que o adjetivos são qualificadores, ou seja, são palavras que indicam as características de um determinado ser, no caso aqui, a humanidade. Davi está trocando o todo pela parte, ele se refere ao homem, a partir de suas características. Quando olhamos para o texto hebraico, chegamos ao adjetivo “rashaim” que é traduzido como ímpio. O seu sentido básico é o de uma pessoa que é caracterizada pela maldade. Esse é um termo relativamente comum na Escritura, que aparece mais de 200 vezes em todo o Antigo Testamento, com os sentidos de pessoa má, enganador, escarnecedor, pecador, malfeitor e ladrão. Por outro lado encontramos no texto, os adjetivos “yasharleb”, traduzido como reto de coração e “tsadiqq” traduzido como justo. Esses dois adjetivos tem o mesmo sentido, o de alguém que é moralmente bom e que age com justiça, são termos igualmente comuns, figurando em mais de duas centenas de ocasiões na literatura vetero e neotestamentária.
Com isso em mente, agora perceba que é justamente as ações dos ímpios, que recebem a atenção nos v. 2-3. A ideia básica desses versos é que aqueles que vivem de maneira justa e piedosa, aqueles que se esforçam para viver em retidão moral são constantemente afligidos e não encontram sossego com facilidade, porque os que homens maus, osenganadores, os malfeitores, aqueles que amam a violência e são os agentes do mal no mundo estão por todos os cantos, às vezes à vista, às vezes nas sombras, como arqueiros que tem as flechas já estabelecidas e esperam apenas a melhor oportunidade para ferir ou matar, como vemos no v.2. Quando chegamos no v.3 encontramos uma afirmação cuja interpretação é difícil. Os fundamentos são destruídos e justo nada pode fazer. Se lembre que há dois contextos prováveis para escrita do salmo, em ambos Davi se encontrava sobre uma perseguição injusta. Então o que geralmente se admite é que Davi está considerando o fato de que ele era perseguido exclusivamente porque seus adversários eram maus e agiam injustamete, logo os fundamentos destruidos, são muito provavelmente as ações, valores e costumes aceitos como a base da vida comum em sociedade tais como a verdade, paz, justiça, retidão e santidade. E é justamente à destruição desses valores, desses fundamentos, que os homens ímpios dedicam suas vidas.
Então se no contexto bíblico é mal tudo aquilo que não está em harmonia com a ordem divina, aquilo que é moralmente errado; aquilo que prejudica ou fere a vida e a felicidade e aquilo que cria a desordem no mundo, e que as ações dos ímpios se encontram no bojo dessas coisas, então não há como creditar o mal a ninguém mais, além do próprio homem. Não negamos que Deus seja soberano e governe sobre todas as coisas, inclusive sobre a vida do homem, mas, e esse é um mas muito importante, Deus não retira e não usurpa a capacidade do homem de entender o que é certo e o que é errado e de agir de acordo com isso. No universo criado por Deus tudo foi ordenado para funcionar de acordo com sua natureza. A gravidade faz o que a gravidade faz, os cães fazem o que os cães fazem, e o homem faz aquilo que o homem faz, ele age de acordo com sua própria natureza, o problema é que essa natureza é pecaminosa e inclinada para o mal. Mas nem mesmo essa inclinação natural do coração para o mal retira do homem a responsabilidade de seus atos. Veja a advertência de Deus à Caim (Gn. 4. 7). Quando o homem não domina o seu coração, os seus desejos e impulsos, o mal vem à tona.
E mm face do mal, onde está Deus? - Questionam os críticos. E a nossa resposta permanece a mesma. Deus continua onde sempre esteve no seu alto e sublime trono, dirindo a história e governando soberanamente sobre tudo. Ele restringe sim a maldade do homem na manifestação de sua graça comum, mas ele não oblitera a capacidade de decidir do homem, e o homem age de acordo com sua própria vontade. Deus é isento de qualquer mal, porque o seu caráter é santo e perfeito. O mal que impera no mundo é fruto do coração humano.
3. Mesmo em face do mal Deus exerce o governo atento e soberano - v. 4
Quando chegamos ao v.4 é possível perceber que o foco argumentativo de Davi muda. Sua atenção está, agora, primariamente voltada para Deus. O contexto geral permanece o contexto da história como a conhecemos, da vida debaixo do sol em que há homens bons e também homens ímpios, que empenham suas vidas como agentes do mal. Deus, embora possa parecer para os mais desatentos, não está fora do cenário. Perceba que formalmente o v. 4 está divido duas partes que apontam para isso. Davi faz dois pares de afirmações similares que tem entre si uma relação complementar, apontando para a realidade de que Deus encontra-se em uma posição elevada em relação à Criação, sendo logicamente dententor de toda autoridade e dessa posição ele vê todos os homens e tem acesso irrestrito aos seus corações de maneira que Ele pode inclusive sondar as motivações que levam os homens a agir de uma ou outra forma, quer com justiça quer com impiedade.
Uma questão importante aqui é mais uma vez a linguagem utilizada por Davi. Temos nesse verso uma liguagem real, por assim dizer, por meio da qual ele apresenta Deus como o SENHOR que possui e ocupa um trono. E então eu pergunto a você: O que faz um Rei, a partir de seu trono? Ele exerce a autoridade e governa de maneira soberana e providente. É exatamente isso que Davi tem em mente ao contemplar a realidade de que Deus está no céu entronizado. Das maiores alturas ele exerce seu governo soberano e providente, sobre o mundo, sobre a história, sobre os períodos de paz, sobre os períodos de guerra, sobre aqueles que são maus e se apressam para derramar sobre sangue inocente, mas também sobre você e sobre mim, unidos ao seu povo, à sua igreja, por intermédio de Cristo Jesus.
O fato de que Deus é o Senhor soberano, que ocupa o trono do céu, implica necessariamente em que ele governe e dirija todas as coisas, de maneira que nada escape de suas mãos, ou ocorra à parte de sua vontade ou sua permissão. Nesse sentido, ainda que pela dureza de seu coração o homem arrazoe em seu íntimo que “não há Deus”, a realidade não é alterada, e Deus permence no controle e na direção da história. Ele é soberano sobre tudo, inclusive sobre o mal, ainda que não seja o seu autor. Isso quer dizer que nem mesmo o mal escapa ao olhar atento e ao controle absoluto de Deus.
Então talvez você se pergunte: Como Deus, sendo Rei Soberano, age diante do mal no mundo? A resposta para essa questão é relativamente complexa e nem sempre agrada àqueles que são mais ávidos pela manifestação definitiva da justiça divina. Vamos pensar no caso de Davi. Esse salmo pode ter sido escrito em referência à perseguição de Saul ou de Absalão. Deus não retirou o “mal” imediatamente. De fato chegou um momento em que o mal cessou, mas até que isso ocorresse, Deus administrou a história como um todo e as histórias particulares de Davi, Saul e Absalão, conduzindo-as rumo ao desígnio estabelecido por Ele mesmo na eternidade, de forma que Saul foi definitivamente rejeitado, Davi foi feito Rei e Absalão, mesmo com toda a sua fúria, não pode tomar o reinado de seu pai definitivamente. Podemos pensar ainda na história de José. Seus irmãos intentaram o mal contra ele que foi vendido para os midianitas e depois vendido como escravo no Egito. Anos mais tarde, ao reencontrar seus irmãos, José concluiu que Deus tornou o mal em bem. Perceba que nesse caso, novamente, o mal não foi inicialmente desfeito, José sofreu no Egito, Jacó sofreu com o luto pela morte de um filho que não estava morto, mas Deus administrou de igual forma a história geral e as histórias particulares, conduzindo todas as coisas para um fim proveitoso e glorioso.
Portanto o saldo que temos é esse. Assentado no seu trono que está no céu, Deus governa a história geral e as histórias particulares de maneira soberana e providente. Na história o mal é uma realidade com a qual o homem deve conviver e o próprio Deus administra o mal de uma maneira que muitas vezes foge de nossa compreensão. Ele exerce seu poder governando e controlando o mal. Ora Ele o permite, em tempo oportuno Ele o pune, em situações determinadas Ele transforma o mal em bem; em contextos específicos usa o mal para testar e disciplinar aqueles a quem ama, e em um dia ele restaurará e resgatará completamente o seu povo do poder e da presença do mal, dando fim à ele. Dessa forma, você pode descansar na certeza de que em face do mal Deus continua onde sempre esteve: no seu alto e sublime trono, dirindo a história e governando atenta e soberanamente sobre tudo.
4. Deus, no tempo devido, retribuirá de maneira definitiva o bem e o mal praticado pelos homens - v. 5-7
Mantendo o foco na justiça de Deus, Davi agora contempla a realidade de que independente de quem sejam, todos os homens que se encontram sob o escrutínio dos olhos do Senhor, enfrentarão a manifestação da sua justiça, seja no tempo presente, seja na eternidade, pois, no momento determinado, Ele mesmo trará a devida retribuição tanto para o bem, quanto para o mal praticados pelos homens.
A afirmação de Davi, no v.5 é categórica. Segundo o salmista, Deus põe todos os homens à prova. No v. 5 vemos uma progressão e relação ao v. anterior. No v.4, Davi nos faz saber que Deus olha e examina todos os homens, agora no v. 5 tomamos conhecimento de que esse perscrutar do Senhor, objetiva um julgamento perfeito ao qual serão submetidos todos os homens.
O primeiro tipo de pessoa, que o texto trás à baila, são os ímpios, mencionados aqui como aqueles que amam a violência. Mas quem são essas pessoas? Sem sombra de dúvida eles são os mesmos homens que segundo Salomão (Pv. 1. 16) tem pés que se precipitam para o mal e são ágeis para derramar sangue inocente. São também os mesmos que segundo Isaías (Is. 59. 7) praticam apenas maldade e violência. São os mesmos homens sobre os quais Paulo afirma (Rm. 3. 17-18) que não conhecem o caminho da paz e consideram que é inútil temer a Deus. Embora possa parecer, momentaneamente, que Deus encontra-se indiferente à maldade que eles perpetram, no tempo oportuno, Ele os subverterá por completo e em definitivo, derramando sobre eles o cálice da sua ira. Perceba que no AT o figura do fogo possui alguns significados sendo os mais comuns a purificação e a justiça de Deus. No contexto do Salmo 11, as brasas de fogo e o vento abrasador, são a manifestação da justiça retributiva de Deus contra o pecado. A conclusão a que chegou Davi nesse verso, e a certeza que nós precisamos cultivar em nossos corações é que, embora possa parecer que Deus encontra-se indiferente à maldade do homem, na realidade todas as ações dos homens estão sendo pesadas na balança e no tempo oportuno Deus manifestará sua justiça.
Finalmente no v. 7, encontramos a recompensa dos justos. Davi que se estava, como já vimos, em um momento dificil de sua vida, consegue encontrar consolo na realidade de que a manifestação da justiça de Deus, trará não apenas a punição para os ímpios, mas também, o refrigério e o descanso para aqueles que se entregam a ele. A afirmação que os justos verão a face do Senhor, nos direciona para duas perspectivas interessantes. Alguns intérpretes entendem que ver a face do Senhor, contempla um sentido de ser aprovado por Deus, contado como parte do seu povo recebendo assim  a proteção e o cuidado especial do Senhor. O que faz sentido, afinal embora Deus manifeste sua graça comum a todos os homens, aqueles que fazem parte do seu povo recebem do Senhor um cuidado especial. Há ainda intérpretes que entendem que ver a face do Senhor contempla na verdade uma perspectiva eterna, apontando para a realidade de que aqueles que são considerados justos pelo Senhor, entrarão na vida eterna e verão o Senhor, como afirma Paulo face a face (1Co. 13. 12). E tomando como base o contexto precedente a segunda opção parece mais adequada. Assim como o Senhor retribuirá os injustos com a manifestação da sua ira de maneira definitiva, ele também retribuirá aqueles que por ele foram considerados justos, manifestando a sua graça de maneira definitiva.
Conclusão
No grande drama da história, Deus nunca perde o controle, nem mesmo quando nos deparamos com notícias tão ruins como aquelas que temos visto últimamente na TV. Bem e mal, calamidade e bonança, tristeza e alegria, guerra e paz, todas as coisas estão sob o domínio do Senhor. Tudo aquilo que acontece, só acontece sob a ordem e a permissão de Deus. A história geral e as histórias particulares com seus dramas, alegrias e tristezas; em seus momentos de bonança e também em meio ao mal, são dirigidas e administradas pelo Senhor, que as conduz para um fim proposto por Ele mesmo na eternidade, fim esse que é bom e perfeito, e acima de tudo, glorifica o bom nome do Senhor. Onde Deus está em face do mal? Onde Ele sempre esteve: No seu trono no mais alto céu, conduzindo a história, no controle absoluto, de absolutamente tudo o que existe e acontece.
Aplicações
Sua fé não deve ser baseada em outra coisa, senão no próprio Deus, que se revela como Senhor soberano.
Eventualmente podemos nos deparar com épocas em que o mal se multiplica. Nessas ocasiões a tristeza e até mesmo o medo podem nos cercar. Estamos expostos à violência nas ruas, somos confrontados pela realidade das injustiças sociais e padecemos com sucessivas crises pessoais. Nessas circunstâncias, você como cristão não deve se desesperar, nem agir como quem perdeu o controle. Pelo contrário, você deve como Davi, se refugiar no Senhor confiando que Ele reina e exerce o seu domínio sobre a história. O seu refúgio não deve ser uma fuga da realidade, mas a certeza de que o Senhor continua soberano sobre a realidade, mesmo no tempo mal.
Você precisa entender que o verdadeiro problema do mundo não é filosófico, político ou social, e sim moral.
Embora os eternos desígnios de Deus contemplem a ocorrência do mal, e ainda que Ele mesmo em seu governo soberano administre o mal, em nenhuma hipótese, Deus deve ser visto como o seu autor. Davi mostra claramente que o mal nasce do coração humano. Isso nos permite concluir que o problema do coração do homem é o coração dos problemas da humanidade. Porque o mal é um problema moral você não deve esperar redenção na política, nas ideologias, nos movimentos revolucionários, na educação e nem em qualquer outra coisa, se não no Evangelho que é o poder de Deus para a salvação do homem. O Evangelho de Deus é a única resposta eficaz ao mal, porque Ele transforma a raíz do problema, o coração que produz o mal.
3. Saiba que a soberania divina é mais ampla que nossa compreensão e Deus a opera de maneira misteriosa.
Assim como Davi certamente não compreendia tudo o que lhe acontencia, e José só pode contemplar de maneira clara a soberania e a providência de Deus quando o Senhor finalmente transformou o mal em bem, também acontece conosco. Você precisa estar consciente de que nem sempre você entenderá de imediato as formas pelas quais Deus opera sua soberania, sua providência e sua graça. Apesar disso, o fato de não compreendermos algo não implica em que isso seja falso. Talvez você não compreenda como funciona o seu coração, isso não quer dizer que o seu coração não funcione. O mesmo vale para a soberania e para a providência de Deus. As Escrituras nos ensinam que Ele dirige todas as coisas no seu invisível, mesmo que não vejamos Ele está lá governando sobre tudo e fazendo com que “todas as coisas cooperem para o bem daqueles que o amam” (Rm 8.28). Você deve se apoiar nessa certeza, afim de que o seu coração não seja tomado pela angústia e pela ansiedade em face do mal.
4. Como cristão é necessário que você aprenda a viver com os olhos no trono e os pés no chão.
Em face da ocorrência do mal, seja sobre nossa própria vida, sobre a vida de pessoas a quem amamos e queremos bem, ou até mesmo sobre a vida de desconhecidos, é comum que vejamos os nossos ânimos exaltados. Mesmo entre os cristãos é crescente o número daqueles que eventualmente se sentem tentados ou mesmo executam algum tipo de justiçamento com as próprias mãos. Nesse ponto temos muito a aprender com Davi, o homem chamado segundo o coração de Deus. Em face do mal ele não fez justiça com as próprias mãos, mas como disse no v.1, ele se refugiou no Senhor. Você também deve proceder dessa forma. Sabendo que Deus julgará todos homens, sejam eles justos ou injustos, você não precisa se vingar do mal, nem viver ansioso por “acertar as contas”. Pelo contrário, naquilo que depender de você viva em paz com todos os que estão à sua volta, perdoe aqueles que necessitam de perdão, e se esforce por perseverar em retidão, na certeza de que o Juiz de toda a terra, a seu tempo, executará a perfeita justiça.
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