HISTÓRIA DOS BATISTAS

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AS RAÍZES DA FÉ BATISTA

Da Igreja Primitiva à Igreja Imperial

Mateus 16.18 ARA
18 Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
Jesus deixou claro: a Igreja é dEle — e seria edificada sobre a fé dos que o reconhecem como o Cristo, o Filho do Deus vivo. Nos primeiros séculos, a igreja vivia exatamente isso: simplicidade, comunhão, perseguição e fidelidade à Palavra. Os cristãos não tinham templos, cargos ou poder político — apenas fé, amor e coragem. Mas, com o passar do tempo, as coisas começaram a mudar.
Por volta do ano 325 d.C., o imperador Constantino se “converteu” e declarou o cristianismo religião oficial do Império Romano. A princípio, isso pareceu bom — afinal, o cristianismo deixou de ser perseguido. Mas, aos poucos, a fé simples dos apóstolos deu lugar à institucionalização da igreja. A igreja deixou de ser dos pobres e humildes e passou a ser controlada pelos ricos e poderosos. A adoração se encheu de rituais, as Escrituras foram escondidas do povo, e a autoridade espiritual foi substituída por poder político. Foi nesse contexto que surgiu o que hoje chamamos de Igreja Católica Romana.

A Corrupção e as Indulgências

Com o passar dos séculos, a igreja medieval se tornou uma instituição riquíssima, mas espiritualmente empobrecida. O ensino bíblico sobre salvação pela graça foi distorcido. Os líderes religiosos passaram a vender perdão — literalmente. Chamava-se isso de indulgência.
Indulgência era um documento que “garantia” o perdão dos pecados — mediante pagamento. As pessoas eram ensinadas que, ao comprar uma indulgência, poderiam encurtar o tempo que seus parentes passariam no purgatório. Era uma forma de arrecadar dinheiro, financiando catedrais e o luxo da liderança religiosa. Era o “Edir Macedo 1.0”: uma liderança religiosa corrompida, explorando a fé do povo para enriquecer e manter o poder.

A Reforma Protestante

Mas Deus nunca deixa de agir. Em 1517, um monge alemão chamado Martinho Lutero se levantou contra esses abusos. Lutero afixou 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, denunciando os erros e chamando a igreja de volta à Palavra. A principal mensagem de Lutero era simples e poderosa: “O justo viverá pela fé.” (Romanos 1.17)
Ele redescobriu o Evangelho da graça: a salvação é dom gratuito de Deus, recebida pela fé em Jesus Cristo, e não por obras ou dinheiro. Essa revolução espiritual se espalhou pela Europa.
Outros reformadores — como João Calvino, Ulrico Zuínglio e John Knox — também ajudaram a purificar a fé e a devolver ao povo a Bíblia e a centralidade de Cristo.

Os Puritanos e a Busca por uma Igreja Pura

Na Inglaterra, a Reforma chegou de forma diferente. O rei Henrique VIII rompeu com Roma em 1534, mas manteve boa parte das práticas antigas. Na verdade, o problema maior é que o rei queria se divorciar de sua esposa, Catarina de Aragão, e se casar com Ana Bolena. Como o papa Clemente VII não apoiou, o rei decidiu criar outra igreja e anexá-la ao estado, a Igreja Anglicana.
Na verdade, foi mais Elizabeth I quem promulgo, em 1559, o Ato de Uniformidade, que estabelecia um liturgia comum, que obrigava todos a frequentarem a igreja, e oficializou a Igreja Anglicana como a igreja oficial dos ingleses.
Por motivos óbvios uma igreja fundada em meio a tanta corrupção e imoralidade muitos ficariam frustrados com a igreja e por isso surgiram então grupos que queriam uma igreja realmente reformada, fiel às Escrituras. Esses eram os puritanos — chamados assim porque desejavam “purificar” a Igreja Anglicana. Os puritanos pregavam:
A autoridade absoluta da Palavra de Deus;
A necessidade de conversão pessoal;
E a simplicidade do culto — sem rituais ou superstições.
Mas mesmo entre os puritanos havia diferença de opinião. Alguns entenderam, lendo a Bíblia, que o batismo deveria ser apenas para crentes conscientes — e não para bebês. Ficaram conhecidos também como não conformistas, dando origem, então, aos separatistas sob a influência de Robert Browne. Ele buscava orientar que a igreja deveria ter características de ordem congregacional e autônoma.
Quando foi por volta do ano 1603, o rei Tiago I se tornou rei e muitos puritanos e separatistas tentaram dialogar com as autoridades parlamentares e com o rei na tentativa de mudar os rituais, o sistema de governo da igreja e os dogmas. Como é de se imaginar, as perseguições religiosas escalaram, principalmente contra os puritanos e separatistas e eles foram considerados traidores, rebeldes, arrogantes e fora da Lei. Até acusados de serem os maiores inimigos do Governo, mais até que os papas, eles foram.
Tiago I, um suposto teólogo, entendia que reinava sobre a graça de Deus e que detinha a autoridade sobre a Igreja. Ou seja, toda ação eclesiástica dos clérigos deveria ser outorgada por ele. E por isso, com imponência e inflexibilidade se posicionou contra os que tentavam dialogar dizendo:
“Como supremo governador em todas as classes, e sobre todas as pessoas (tanto na área eclesiástica como civil), ele devem levar isto em silêncio; (...) Se isto é tudo que têm a dizer, eu os farei conformar, ou os expulsarei da terra, ou farei algo ainda pior” (Oliveira, 1997, p. 74)
Essa postura resultou em ameaças e perseguições implacáveis contra os dissidentes da Igreja Anglicana. Podemos ver, que tudo realmente coopera par ao bem daqueles que amam a Deus, pois com essa perseguição esses religiosos, que queriam liberdade, se lançaram pelo mundo em busca de liberdade religiosa. Um desses lugares foi os Estados Unidos.

O Surgimento dos Batistas

Como se é perceptível, a Reforma Protestante não se limitou a uma única vertente teológica nem a um espaço demográfico específico. Ou seja, temos aqui quatro principais frentes:
A luterana - Martilho Lutero na Alemanha
A anglicana - Henrique VIII na Iglaterra
A reformada - Calvino em Genebra / Zwínglio em Zurique / John Knox na Esócia)
A radical - com grupos racionalistas, espiritualistas e anabatistas
No início do século XVII (por volta de 1609–1612), na Inglaterra, John Smyth e Thomas Helwys deram os primeiros passos para a formação de igrejas batistas. Eles rejeitavam o batismo infantil e defendiam:
O batismo apenas de crentes;
A liberdade de consciência e de religião;
A autonomia de cada igreja local;
E a autoridade suprema das Escrituras.
Enquanto estiveram na Holanda, ambos estabeleceram contatos significativos com os anabatistas, promovendo diálogos, trocando experiências e até cooperando uns com os outros em alguns aspectos. Esses princípios se tornaram a base do movimento batista em todo o mundo. De lá, o movimento se espalhou para a Holanda, depois para os Estados Unidos (com Roger Williams, em 1638), e finalmente chegou ao Brasil em 1882, com os missionários William e Anne Bagby.
John Smyth era formado pela Universidade de Cambridge, sacerdote da Igreja Anglicana por cerca de 4 anos e em 1598 abandonou o anglicanismo para se casar e passou para o lado puritano conformista. Depois de alguns anos e com o aumento da perseguição por parte do rei Tiago I ele acabou mudando para o lado Puritano Separatista
Thomas Helwys era um renomado advogado e proprietário de algumas propriedades herdadas por seu pai. Foi casado com Joan Asmore e teve 7 filhos. Em teologia era leigo, mas ainda assim tinha muito conhecimento bíblico e era muito interessado em questões religiosas.

Linha do tempo

1607–1608: Smyth (ex-anglicano, puritano separatista, formado em Cambridge) foge da perseguição na Inglaterra e vai para Amsterdã com um pequeno grupo.
1609: Estudando o NT, conclui pelo batismo de crentes e constitui uma igreja; por não haver quem o batizasse como crente, autobatiza-se e depois batiza os demais.
1610: Aproxima-se dos anabatistas menonitas (Waterlander); repudia o auto batismo e pede filiação a eles por entender que sua ordenação e batismo anteriores não eram bíblicos.
1611–1612: Thomas Helwys discorda de unir-se aos menonitas e retorna à Inglaterra, onde organiza a primeira igreja batista em solo inglês e publica defesa histórica da liberdade religiosa.
1613: Thomas Helwys é preso e morre entre 1615 e 1616. A partir de então outros líderes vão se dedicar a estabelecer a tolerância religiosa na Inglaterra.
1631: Roger Williams e John Clarke vão para a América.
1639: Primeira Igreja Batista de Providence, em Rhode Island.
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