Comunhão e evangelismo: dois imperativos necessários para a vida da igreja
Retiro IPBA 2017 • Sermon • Submitted
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Proposta: Apresentar a relação entre os conceitos de comunhão e evangelismo enquanto características essenciais da própria igreja. Desenvolver o conceito de missionalidade no qual comunhão e evangelismo fazem parte de uma mesma construção. Não há comunhão sem evangelismo e não há evangelismo sem comunhão.
Introdução: não há comunhão sem evangelismo e não há evangelismo sem comunhão
Introdução: não há comunhão sem evangelismo e não há evangelismo sem comunhão
Ideia principal: Não há comunhão sem evangelismo e não há evangelismo sem comunhão
Roteiro da exposição: (a) Apresentação dos conceitos de comunhão e evangelismo e os problemas relacionados a eles; (b) Aprender com os primeiros cristãos sobre como a igreja nos primeiros dias lidava com essas questões; (c) Pensar sobre as nossas questões locais e as implicações para sermos uma igreja mais relevante em Campo Grande;
- Aprender com os primeiros cristãos sobre como a igreja nos primeiros dias lidava com essas questões;
Pensar sobre as nossas questões locais e as implicações para sermos uma igreja mais relevante em Campo Grande,
Definindo os termos
Definindo os termos
O que é comunhão?
O que é comunhão?
O termo comunhão que vemos na bíblia deriva da palavra grega koinonia;
Essa palavra pode significar várias coisas dependendo do contexto, mas ela sempre está relacionada a uma “comunidade, fraternidade, coisas que são compartilhadas”;
Se pensarmos em uma ilustração para o conceito de comunhão (ou koinonia) podemos usar a imagem de uma “mesa de refeição”
No AT esse conceito aparece várias vezes, como no Êxodo (), quando Deus institui a refeição da páscoa para comunicar coisas importantes para o seu povo. Perceba nos primeiros versículos como Deus trata a refeição ali compartilhada, se o cordeiro fosse muito para uma família, aquela família deveria chamar o seu vizinho. O cordeiro deveria bastar para todos.
Bem diferente de hoje quando a refeição é banalizada e desprezada, naquele tempo a refeição era vista como um sinal de intima relação entre as pessoas.
Jesus usa a mesma refeição da páscoa para instituir a mais importante “refeição” da Igreja (A ceia do Senhor) na qual a igreja compartilha (comunga - está em união) dos benefícios da nova aliança feita no sangue de Cristo derramado em favor de muitos.
Comunhão é antes de ser uma reunião, um retiro, um culto, um evento ou qualquer aglomerado de pessoas… É um profundo e íntimo relacionamento que temos por causa de Jesus.
É saber que você só pode se reunir junto com seus irmãos porque Cristo decidiu “compartilhar” (tornar comum) o corpo dele com você e comigo. A comunhão só é possível por causa de Jesus.
O que é evangelismo?
O que é evangelismo?
O termo evangelismo como nós tratamos é um pouco impróprio por si, pois muitas vezes já pensamos em algum tipo de proselitismo e nos métodos para fazer isso. Muitas vezes tratamos o Evangelismo enquanto um “programa” que desenvolvemos e não como algo que naturalmente fazemos.
Ter ideias para evangelizar não é ruim, mas o conceito de evangelismo é mais profundo do que meramente fazer isso ou aquilo para evangelizar.
Assim como a comunhão o evangelismo só existe porque existe Evangelho. O foco do evangelismo não tem que ser a forma ou os métodos, mas o Evangelho, a boa notícia. Quando tratamos muito os “métodos” de Evangelismo e pensamos muito nos seus resultados, pode acontecer que esqueçamos a parte mais importante do Evangelismo que é o Evangelho.
Dessa forma devemos lembrar que o Evangelismo é primeiramente e essencialmente algo que Deus fez por nós. É a boa notícia dele, não a nossa. É a vida que recebemos por ele e que compartilhamos com os outros.
Relação entre os dois
Relação entre os dois
E aqui entra a relação que existe entre esses dois termos. Não existe comunhão sem evangelismo assim como não existe evangelismo sem comunhão.
As boas notícias de Jesus não são meras informações que você conhece quando lê um livro qualquer e continua fazendo o que você está fazendo. As notícias de Jesus de fato mudam a nossa vida.
Não tem como você se dizer um portador da mensagem do Evangelho se você não sabe receber o seu irmão, se você não compartilha seus bens e seu tempo com ele. Se o Evangelho de Cristo não mudou a sua vida, você não compartilha a luz.
Desenvolvimento
Desenvolvimento
E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.
Contexto: Igreja primitiva
Contexto: Igreja primitiva
Estamos no começo da igreja, Pedro e os apóstolos seguem a ordem dada por Cristo (Pedro prega a palavra, faz discípulos, os batiza) > Dessa forma já no primeiro discurso, Pedro anuncia que a descida do Espírito Santo no Pentecostes era confirmação do que foi profetizado por Joel e 3000 mil crêem e são batizados (ver v. 37-39);
O texto que lemos é um resumo importante sobre como viviam provavelmente esses 3000 homens e mulheres que acreditaram na mensagem do Evangelho
Podemos perceber aqui a ação do Espírito Santo. A igreja ainda nos primeiros capítulos é pequena, se formos bem otimistas podemos calcular aí umas 200 pessoas até então. Entretanto após a pregação 3000 mil pessoas são acrescentadas a igreja. Isso é incrível! Cerca de 1500% de aumento.
- Podemos perceber aqui a ação do Espírito Santo. A igreja ainda nos primeiros capítulos é pequena, se formos bem otimistas podemos calcular aí umas 200 pessoas até então. Entretanto após a pregação 3000 mil pessoas são acrescentadas a igreja. Isso é incrível! Cerca de 1500% de aumento.
Tanto o versículo 42 quanto o versículo 47 aqui são importantes para “encapsular” a ideia principal. O primeiro (42) abre dizendo sobre como eles viviam e o último termina dizendo qual a consequência natural que a igreja experimentava ao viver desse jeito.
V. 42: “Perseveravam…”
V. 42: “Perseveravam…”
O verbo perseverar aqui é de fundamental importância. Devemos ter a imagem de alguém que se esforça muito para alguma coisa. Alguém que trabalha e não desiste. Mesmo que sofra e que tenha dificuldades (e os primeiros cristãos tinham muitas). Eles estavam constantemente firmes.
Uma ideia que muitos vão concordar é que nesse primeiro momento o autor está trabalhando sobre o culto a Deus. A constante adoração que o povo de Deus faz. Antes de ser algo social e que se volta para a sociedade é algo que se faz diante de Deus. O culto (que é serviço) é importante e necessário para todos aqueles que são atingidos pela graça de Jesus. No serviço a Deus nos nos movimentamos dessas 4 formas, em ensino, comunhão, partir do pão e orações;
O culto a Deus é marcado por
“ensino dos apóstolos”: doutrina, ensinamento (veja que não é qualquer ensino);
“comunhão”: o compartilhar em um sentido amplo - a koinonia - ter tudo em comum;
“partir do pão”: provavelmente a ceia do Senhor, a maior benção que compartilhamos e temos em comum uns com os outros;
“orações”: declaração de dependência de Deus;
V. 43-47a: A vida na comunidade
V. 43-47a: A vida na comunidade
O culto a Deus não é algo que fica parado em nosso movimento de domingo após domingo mas algo que reverbera na nossa vida em comunidade, diante de nossos irmãos e da sociedade.
(43) Relação causal entre os prodígios e sinais e o “temor de alma” que enchia os crentes daquela época - Deus está no meio do seu povo; Temor a Deus;
(44-45) Os que criam tinham tudo em comum. Eles agiam para não ter pobres ou carentes em seu meio (lembre da instituição dos diáconos também); Comunhão íntima;
(46-47a) Os efeitos dessa vida que teme a Deus e que está em comunhão íntima;
Na vida litúrgica => perseveravam no templo;
Na vida fraternal => partiam do pão em casa;
Na vida devocional => louvando a Deus;
Na vida social => contando com o favor de todo o povo;
v. 47b: Evangelismo como consequência
v. 47b: Evangelismo como consequência
A providência de Deus no evangelismo; Não são precisos grandes truques para evangelizar alguém. Basta viver como a ‘doutrina dos apóstolos’ nos ensina.
Cabe ao Senhor acrescentar os seus. E ele faz isso, constantemente, dia a dia.
O Senhor é o agente na obra de salvar seu povo, não nós. Não é você que salva alguém, mas o Senhor (Jesus). O Espírito de Deus cumpre a profecia de Joel e confirma essa obra, a igreja se enche de temor, vive a vida de acordo com a doutrina dos apóstolos e o Senho acrescenta a igreja os seus;
O milagre da salvação acontece todos os dias; A igreja cresce segundo o seu Senhor, não nós;
O ciclo: Pregação > Batismo > Ensino > Comunhão > Pregação (Evangelismo);
A essência da igreja
A essência da igreja
Tendo em mente esses conceitos, gostaria de trabalhar alguns pontos que saltam para nós após a leitura desse texto:
A essência da igreja: Católica e Apostólica (Credo Niceno, 325 d.C.)
Se pudermos relacionar essas marcas da igreja com os conceitos de comunhão e evangelismo podemos pensar da seguinte forma:
Comunhão e Catolicidade: A catolicidade lembra da universalidade da igreja e da comunhão existente na sua confissão - Jesus é quem nos une; Pão e vinho são compartilhados entre todos simbolizando que Jesus morreu e ressuscitou por todos nós; Não existem divisões em uma igreja que de fato é católica;
Apostolicidade e Evangelismo: Somos enviados ao mundo como “ovelhas entre lobos” mas com um dever de ser uma igreja pública e relevante. Não há como voltarmos atrás na nossa missão. A apostolicidade nos lembra que temos uma mensagem (doutrina dos apóstolos) para pregar e viver diante do mundo perdido;
Dois movimentos necessários para a vida da igreja: Duas forças que movimentam a igreja simultaneamente. A catolicidade move a igreja para a essência do que ela é (força centrípeta - de fora para dentro) enquanto a apostolicidade move a igreja para fora para cumprir sua missão (força centrífuga - de dentro para fora);
Missionalidade: Comunhão e Evangelismo enquanto uma coisa só;
Missionalidade: Comunhão e Evangelismo enquanto uma coisa só;
Aproveitando a ideia de que catolicidade e apostolicidade são duas forças simultâneas, o conceito de missionalidade é uma proposta de unir a comunhão e o evangelismo enquanto uma coisa só. Ser missional é comungar e evangelizar de forma que não existam mais distinções entre uma coisa e outra, para que dependentes de Deus, ele acrescente os seus a sua igreja.
A igreja enquanto “luz para as nações”;
A igreja enquanto “luz para as nações”;
Israel é colocado como “luz” para as nações;
A igreja é luz para os gentios - não é uma instituição qualquer;
A igreja não existe ara si mesma mas para testemunhar os atos de Deus para o mundo;
“A função que a igreja tem de testemunhar não é uma tarefa secundária - é a sua razão de ser - sua vocação central; a tarefa missionária pertence à essência da igreja; o poder de testemunhar da igreja dependerá em grande parte de ela ser a igreja” Suzane De Diétrich
Uma comunidade de contraste;
Intencionalidade: Devemos prestar atenção na nossa coerência enquanto igreja - quanto ao evangelismo e a comunhão - e ao nosso exercício de ser igreja. Estamos sendo coerentes com a doutrina dos apóstolos? Estamos vivendo uma vida que reflete esses valores TOTALMENTE distintos dos valores do sistema do mundo? Nós não poderemos ser “luz para as nações” enquanto não formos distintos;
Naturalidade: Os efeitos naturais do Evangelho. A igreja que prega e vive a doutrina dos apóstolos não precisa esperar nada mais do que a suficiente e energizante ação do Espírito Santo, que os move a compartilhar tudo o que tem e tudo que é uns com os outros e que acrescenta os seus a essa comunidade;
“A dedicação da comunidade ao ensino, à comunhão, à mesa do Senhor e à oração produz uma vida que manifesta a nova vida do reino. A vida dos crentes é marcada por poder (muitas maravilhas, sinais e milagres são realizados), por generosidade radical (eles têm coisas em comum, e os que possuem mais, em algumas ocasiões vendem suas propriedades para ajudar os necessitados), por solidariedade comunitária (eles continuam a se reunir), por alegria (eles vivem com um coração alegre e sincero) e por louvor e gratidão a Deus. Essa é realmente uma comunidade de contraste, que cumpre o que Deus tinha em mente par ao seu povo desde o início. Lucas descreve o resultado com estas palavras: "E o Senhor lhes acrescentava a cada dia os que iam sendo salvos" Michael Goheen, A igreja missional na bíblia;