Mateus - o discípulo decidido

Um chamado para pessoas comuns  •  Sermon  •  Submitted
0 ratings
· 159 views
Notes
Transcript

Introdução

Como vimos desde o começo, um dos fatos que se destaca na vida de todos os doze apóstolos é o quanto eram comuns e incultos quando Jesus os encontrou.
Exceto por Judas Iscariotes, os Doze vinham da Galileia. Aquela região toda era predominantemente rural, sendo formada por cidades pequenas e vilarejos.
Cristo intencionalmente ignorou os aristocratas e influentes e escolheu homens que, na maioria, eram desprezados.
Deus sempre usou esse sistema. Ele exalta os humildes e abate os soberbos.
5 Ele derruba os que habitam no lugar alto, na cidade altiva; abate-a, abate-a até o chão, e a reduz a pó. 6 Pisam-na os pés, os pés dos pobres e os passos dos necessitados. ().
Deus disse a Israel:
Mas deixarei no meio de ti um povo humilde e pobre; e eles confiarão no nome do SENHOR. ().
Os líderes religiosos do tempo de Jesus (assim como a maioria das celebridades religiosas até os dias de hoje) eram líderes cegos guiando outros cegos.
É justamente por isso que, quando chegou a hora de Jesus designar os apóstolos, ele escolheu homens humildes e comuns. Eram homens que não relutavam em reconhecer sua própria pecaminosidade.

Mateus, um pecador desprezado

É bem provável que nenhum dos Doze fosse um pecador mais declarado do que Mateus.
Em , ele é chamado por seu nome judeu, “Levi, filho de Alfeu”. Lucas refere-se a ele como “Levi” em , e como “Mateus” quando apresenta a lista dos Doze em e .
Mateus, é o autor do Evangelho que leva o seu nome. Por esse motivo, seria de se esperar que houvesse uma profusão de detalhes sobre esse homem e seu caráter.
Mas sabemos muito pouco sobre Mateus.
A única coisa da qual temos certeza é que ele SE TORNOU um homem humilde e retraído, que se colocou totalmente em segundo plano ao longo de seu extenso relato da vida e do ministério de Jesus.
Em todo o seu Evangelho, ele menciona seu próprio nome em apenas duas ocasiões. (Uma delas é quando relata o seu chamado e a outra é quando apresenta a lista dos doze apóstolos.)
Quando Jesus o chamou, Mateus era um coletor de impostos, um publicano.
Essa é a última qualificação que poderíamos esperar encontrar num homem que viria a se tornar um apóstolo de Cristo.
Os coletores de impostos eram as pessoas mais desprezadas de Israel.
Eram odiados e rejeitados por toda a sociedade judaica.
Os publicanos eram homens que compravam do imperador romano o direito de cobrar impostos e que depois extorquiam do povo de Israel o dinheiro para encher os cofres romanos e seus próprios bolsos.
Com frequência, arrancavam dinheiro das pessoas à força através de seus capangas.
registra o chamado desse homem:
Saindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me. Ele se levantou e o seguiu. ()
Nos versículos seguintes, Mateus prossegue dizendo:
Estando Jesus à mesa na casa de Mateus, chegaram muitos publicanos e pecadores e se sentaram à mesa juntamente com Jesus e seus discípulos. ().
Lucas revela que, na verdade, tratou-se de um enorme banquete que Mateus ofereceu em sua própria casa em homenagem a Jesus.
27 Depois disso, ele saiu e, vendo um publicano chamado Levi, sentado na coletoria, disse-lhe: Segue-me. 28 Ele, deixando tudo, levantou-se e o seguiu. 29 E Levi ofereceu-lhe um rico banquete em sua casa; e estavam com eles à mesa um grande número de publicanos e outras pessoas. 30 Os fariseus e seus escribas criticavam os discípulos, perguntando: Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores? 31 Jesus lhes respondeu: Os sãos não precisam de médico, mas sim os doentes; 32 eu não vim chamar os justos ao arrependimento, mas os pecadores. ()
Ao que parece, ele convidou muitos de seus colegas publicanos e vários outros párias da sociedade para conhecerem Jesus.
Como vimos no caso de Filipe e André, o primeiro impulso de Mateus depois de seguir a Jesus foi levar a ele seus amigos mais próximos e apresentá-los para o Salvador.
Aplicação: Poderia ser chamado de amigo aquele que conhecendo a maior notícia de todas a mantivesse em segredo?
Ilustração:
Artista americano ateu diz que não reconhece como cristão verdadeiro aquele que não faz proselitismo (prega o evangelho).
Mateus estava tão empolgado de ter encontrado o Messias que desejava apresentar Jesus para todos que conhecia. Assim, ele organizou um grande banquete em homenagem a Jesus e convidou todas essas pessoas.
Aplicação: Boa tática para evangelizar.
Por que Mateus convidou coletores de impostos e outros indivíduos desprezíveis? Pois eram o único tipo de gente que ele conhecia.
Para um homem judeu como Mateus, tal ocupação transformava-o num traidor de sua nação, num pária social, no mais abjeto dos abjetos. Provavelmente, também era um excluído religioso, proibido de entrar em qualquer sinagoga.
Assim os seus únicos amigos eram criminosos, vagabundos, prostitutas e gente dessa laia. Foram essas pessoas que ele convidou à sua casa para conhecer Jesus.
De acordo com o relato do próprio Mateus, Jesus e seus discípulos foram de bom grado e comeram com eles.
É claro que as pessoas da instituição religiosa ficaram indignadas e escandalizadas.
Não tardaram em expressar suas críticas aos discípulos.
No entanto, Jesus retrucou dizendo que eram justamente as pessoas doentes que precisavam de um médico.
Ele não tinha vindo para chamar os justos [hipócritas] ao arrependimento, mas sim os pecadores.
Pessoas como Mateus, que estavam dispostas a confessar seus pecados, seriam perdoadas e redimidas.
Interessante:
Três coletores de impostos são mencionados nos Evangelhos e cada um deles encontrou o perdão.
· Em , vemos Zaqueu;
· Um publicano é mencionado na parábola de ; e
· Mateus é chamado por Jesus.
Além disso, diz:
Todos os publicanos e pecadores aproximavam-se dele para o ouvir. ()
Em , depois que Jesus elogiou o ministério de João Batista:
E todo o povo que o ouviu, até mesmo os publicanos, reconheceram a justiça de Deus e receberam o batismo de João. ()
Jesus admoestou os líderes religiosos com as seguintes palavras:
31 Qual dos dois fez a vontade do pai? Eles disseram: O primeiro. Jesus lhes disse: Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas estão entrando antes de vós no reino de Deus. 32 Pois João chegou a vós apontando o caminho da justiça, e não crestes nele, mas os publicanos e as prostitutas creram. Vós, porém, vendo isso, nem assim reconsiderastes para crerdes nele. ().

Mateus, um homem decidido

Os coletores de impostos tinham uma certa quantia que eram autorizados a coletar para o governo (; ).
No entanto, havia um acordo tácito com o imperador romano que permitia-lhes tributar outras taxas e impostos adicionais que conseguissem e ficar com uma porcentagem para si.
Havia dois tipos de coletores de impostos, os gabbai e os mokhes.
Os gabbai eram coletores de impostos gerais. Coletavam impostos sobre propriedades, rendas e o imposto censitário que todo adulto deveria pagar.
Esses impostos eram determinados por tributações oficiais, de modo que, nesse nível, não havia muita corrupção.
Os mokhes, porém, coletavam impostos sobre importações ou exportações, bens para o comércio interno e sobre praticamente tudo o que era transportado nas estradas.
Colocavam cabines de pedágio nas estradas e pontes e taxavam animais de carga e eixos dos carros de transporte; cobravam ainda tarifas sobre encomendas, cartas e tudo o que conseguissem taxar.
Suas tributações eram, com frequência, arbitrárias e injustificadas.
Havia dois tipos de mokhes — os grandes mokhes e os pequenos mokhes.
O grande mokhe ficava nos bastidores e contratava outros para arrecadarem impostos para ele. (Ao que parece, Zaqueu era um grande mokhe — “maioral dos publicanos” — ).
Mateus era, evidentemente, um pequeno mokhe, pois trabalhava numa coletoria onde tratava diretamente com o público ().
Ele era aquele que as pessoas viam e do qual mais se ressentiam.
De acordo com o relato do próprio Mateus, Jesus o viu sentado na coletoria e disse: “Segue-me!” ().
Saindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, que estava sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me. Ele se levantou e o seguiu. ()
Imediatamente e sem qualquer hesitação, Mateus “se levantou e o seguiu.”
27 Depois disso, ele saiu e, vendo um publicano chamado Levi, sentado na coletoria, disse-lhe: Segue-me. 28 Ele, deixando tudo, levantou-se e o seguiu. ()
Ele abandonou a coletoria. Deixou sua cabine de pedágio, renunciou à sua profissão amaldiçoada, sua vida de pecados e foi com Jesus.
Uma vez tomada a decisão, era irreversível.
Não havia escassez de pessoas gananciosas que cobiçavam uma franquia tributária como a de Mateus e, assim que ele saiu outra pessoa assumiu seu lugar.
Uma vez que Mateus renunciou à sua posição, não poderia nunca mais voltar atrás.
Mateus abriu mão da sua fonte (desonesta) de renda para seguir Jesus.
Aplicação: o brasileiro está acostumado com a desonestidade e o “jeitinho” brasileiro entrou nos muros da igreja. Vemos crentes que não abrem mão para seguir Jesus.
Podemos supor que Mateus era uma pessoa materialista já que se envolveu com uma ocupação como aquela. Então, por que ele deixou tudo para trás e seguiu Jesus sem saber o que o futuro lhe reservava?
A melhor resposta que podemos deduzir é que: Mateus tinha fome de Deus. Nenhum bem material pôde saciar a sua alma.
Sabemos que Mateus conhecia muito bem o Antigo Testamento, pois seu Evangelho cita o Antigo Testamento 99 vezes.
São mais vezes do que Marcos, Lucas e João juntos.
Ele possuía um bom conhecimento das Escrituras.
Ele deve ter realizado esse estudo do Antigo Testamento por iniciativa própria, uma vez que não podia ouvir a Palavra de Deus sendo explicada em nenhuma sinagoga.
Aplicação: o que falta para nós é FOME DE DEUS.
Ele acreditava no verdadeiro Deus. Por ter conhecimento do registro da revelação de Deus, ele compreendia as promessas sobre o Messias.
Sua fé é indicada claramente não apenas pelo modo imediato com que respondeu ao chamado, mas também pelo fato de — depois de seguir a Jesus — ter realizado um banquete evangelístico em sua casa.
Isso é praticamente tudo o que sabemos sobre Mateus:
· ele conhecia o Antigo Testamento,
· cria em Deus,
· estava buscando o Messias,
· deixou tudo imediatamente quando encontrou Jesus e,
· na alegria de seu novo relacionamento, chamou os párias deste mundo e apresentou-os a Jesus.
Tornou-se um homem de humildade silenciosa que amava os excluídos e não dava lugar à hipocrisia religiosa — um homem de grande fé, que se entregou completamente ao senhorio de Cristo.
Mateus é uma lembrança vívida de que o Senhor com frequência escolhe as pessoas mais desprezíveis deste mundo, redimindo-as, dando-lhes um novo coração e usando-as de formas admiráveis.
O perdão é o tema que permeia depois do relato da conversão de Mateus.
É claro que, mesmo como coletor de impostos, Mateus tinha consciência do seu pecado, da sua ganância e de que estava traindo seu próprio povo.
Ele sabia que era culpado de corrupção, extorsão, opressão e abuso.
No entanto, Jesus lhe disse: “Segue-me.”
Aplicação: aqui temos a definição de “segue-me”, abandonar nossos interesses materialistas por Cristo.
Mateus sabia que nesse chamado havia uma promessa inerente de perdão dos seus pecados.
Seu coração havia muito ansiava por esse perdão. E foi por isso que ele se levantou sem hesitar e dedicou o resto de sua vida a seguir Cristo.

Conclusão

Sabemos que Mateus escreveu seu Evangelho pensando no público judeu.
A tradição diz que ele ministrou aos judeus tanto em Israel como em outros lugares durante muitos anos antes de ser martirizado por sua fé.
Não há nenhum relato confiável de como ele foi morto, mas as tradições mais antigas indicam que foi queimado numa fogueira.
Assim, esse homem que abandonou uma carreira lucrativa sem pensar duas vezes continuou disposto a dar tudo de si por Cristo até o fim.
Related Media
See more
Related Sermons
See more