Tiago - O Discípulo do Zelo e do Fervor

Um Chamado Para Pessoas Comuns - Os 12 Discípulos  •  Sermon  •  Submitted
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Transcript
Não sejais descuidados no zelo; sede fervorosos no espírito. Servi ao Senhor.

Introdução

O relato bíblico é praticamente destituído de qualquer detalhe mais claro sobre a vida e o caráter de Tiago. Ele nunca aparece sozinho nas narrações dos Evangelhos, mas sempre junto com João, seu irmão mais jovem e mais conhecido.
A única vez em que é mencionado isoladamente é no livro de Atos, no qual é registrado o seu martírio.
Entre os dois pares de irmãos, ao que parece, a família de Tiago e João era bem mais proeminente que a família de Pedro e André.
Isso fica implícito no fato de que Tiago e João são chamados com frequência de “filhos de Zebedeu” (; ; ; ; ; ), o que significa que Zebedeu era um homem importante.
O prestígio de Zebedeu pode ter vindo de seu sucesso financeiro, da linhagem de sua família, ou de ambas as coisas.
As aparências indicam que ele era abastado. Seu negócio de pesca era grande o suficiente para empregar vários servos.
e logo os chamou. E eles passaram a segui-lo, deixando seu pai Zebedeu com os empregados no barco.
Além disso, a família toda de Zebedeu tinha prestígio suficiente para que o apóstolo João fosse “conhecido do sumo sacerdote” ().
Há algumas evidências da igreja primitiva de que Zebedeu era um levita e que fazia parte do círculo íntimo da família do sumo sacerdote.
Seja qual for o motivo da proeminência de Zebedeu, fica claro pelas Escrituras que ele era um homem importante e que a reputação de sua família se estendia da Galileia até a casa do sumo sacerdote em Jerusalém.
Comparando e , deduzimos que a esposa de Zebedeu chamava-se Salomé.
entre elas se achavam Maria Madalena; Maria, mãe de Tiago e de José; e a mãe dos filhos de Zebedeu.
E algumas mulheres também estavam ali, olhando de longe, entre as quais Maria Madalena; Maria, mãe de Tiago, o mais novo, e de José; e Salomé.
A preocupação dela com Jesus indica que não foram somente os filhos que atenderam ao chamado de Cristo e decidiram segui-lo e servi-lo.
Como filho mais velho de uma família tão proeminente, é possível que Tiago tivesse achado que, por todos os direitos, deveria ter sido o principal dos apóstolos. Na verdade, essa pode ser uma das primeiras razões pelas quais há tantas discussões “sobre qual deles parecia ser o maior”.
E surgiu também uma discussão entre eles sobre qual deles parecia ser o maior.
Tiago ocupa uma posição de destaque dentro do círculo mais íntimo de três apóstolos.
· Ele, Pedro e João foram os únicos que Jesus permitiu acompanhá-lo quando ressuscitou a filha de Jairo ().
· Esses mesmos três discípulos testemunharam a glória de Cristo no monte da transfiguração ().
· Tiago estava entre os quatro discípulos que fizeram perguntas a Jesus em particular no monte das Oliveiras ().
· Foi incluído mais uma vez juntamente com João e Pedro na ocasião em que o Senhor instou esses três a orarem com ele em particular no Getsêmani ().
Assim, como membro do pequeno círculo mais íntimo, ele foi uma testemunha, privilegiado do poder de Jesus de ressuscitar os mortos, ele viu sua glória quando Jesus foi transfigurado, viu a soberania de Cristo na maneira com que o Senhor revelou o futuro a eles no monte das Oliveiras e viu a agonia do Salvador no jardim.
Se há uma palavra-chave que se aplica à vida do apóstolo Tiago, essa palavra é intensidade.
Do pouco que sabemos sobre ele, fica evidente que Tiago era um homem de intenso fervor e entusiasmo.
Aliás, Jesus deu a Tiago e João um apelido: Boanerges — “filhos do trovão”.
Isso define a personalidade de Tiago em termos vívidos. Ele era zeloso, impetuoso, intenso e fervoroso.
O pouco que sabemos sobre Tiago ressalta o fato de que ele era um homem de disposição impetuosa e veemente.
Enquanto André calmamente levava indivíduos a Jesus, Tiago desejava ter poder de pedir fogo dos céus para destruir vilas inteiras cheias de pessoas.
Até mesmo o fato de Tiago ter sido o primeiro a sofrer o martírio — e de esse martírio ter sido realizado pelas mãos de Herodes — sugere que ele não era um homem passivo e sutil, mas, sim, que era parte de sua personalidade causar agitação, de modo que fez inimigos mortais com grande rapidez.
Elias era um homem desse tipo.
Neemias possuía semelhante intensidade.
Eu os repreendi e os amaldiçoei. Espanquei alguns deles e arranquei-lhes os cabelos. Fiz que jurassem em nome de Deus e lhes disse: Não dareis vossas filhas em casamento aos filhos deles e não tomareis as filhas deles para vossos filhos, nem para vós mesmos.
João Batista também era de temperamento ardoroso.
Ao que parece, Tiago era feito de matéria-prima igual à deles.
Era franco, intenso e impaciente com aqueles que praticavam o mal.
Não há nada errado com o zelo, desde que aplicado corretamente. Lembre-se que o próprio Jesus fez uso de um chicote e livrou o templo de seus comerciantes.
Tiago sabia melhor que ninguém o quer era ser consumido de zelo pelo Senhor.
Muito daquilo que Tiago viu Jesus fazer provavelmente ajudou a alimentar esse zelo — como quando o Senhor repreendeu os líderes judeus, quando amaldiçoou as cidades de Corazim e Betsaida e quando confrontou e destruiu poderes demoníacos.
O zelo é uma virtude quando é, verdadeiramente, zelo pela justiça.
No entanto, por vezes o zelo fica aquém da justiça.
O zelo sem entendimento (religiosidade) pode ser condenatório.
Porque posso testemunhar de que eles têm zelo por Deus, mas não com entendimento.
O zelo sem sabedoria é perigoso. O zelo misturado à insensibilidade é cruel. Sempre que se transforma em cólera desenfreada, pode ser mortal.
E em certas ocasiões, Tiago demonstrou uma tendência a deixar-se dominar por tal zelo mal empregado. Dois incidentes específicos ilustram esse fato.
Um deles é o episódio em que ele pediu fogo do céu. O outro é a ocasião em que Tiago e João chamaram sua mãe para ajudá-los a conseguir os lugares mais elevados no reino. Vejamos cada um desses episódios separadamente.

Fogo do céu

O melhor lampejo daquilo que levou Tiago e João a ficarem conhecidos como filhos do trovão encontra-se em .
Quando se completavam os dias para que fosse elevado ao céu, ele manifestou o firme propósito de ir para Jerusalém.
52 E enviou mensageiros à sua frente; estes foram e entraram num povoado de samaritanos para lhe preparar pousada.
53 Mas os samaritanos não o receberam, pois viajava para Jerusalém.
54 Quando viram isso, os discípulos Tiago e João disseram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir?
55 Ele, porém, voltando-se, repreendeu-os: Vós não sabeis de que espírito sois.
56 Pois o Filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-la. E foram para outro povoado.
Jesus estava se preparando para passar por Samaria. Dirigia-se a Jerusalém para a última Páscoa, a qual ele sabia que iria culminar com sua morte, sepultamento e ressurreição.

Entendendo o contexto: Samaritanos

Os samaritanos eram uma etnia de mestiços dos israelitas do reino do norte.
Quando Israel foi conquistada pelos assírios, as pessoas mais proeminentes e influentes das tribos foram levadas para o cativeiro e a terra foi reassentada com pagãos e estrangeiros leais ao rei da Assíria (2Rs 17:2434).
Os israelitas mais pobres que permaneceram na terra casaram-se com esses pagãos.
Desde o princípio, os pagãos mestiços não prosperaram na terra, pois não temiam ao Senhor. Assim, o rei da Assíria enviou de volta um dos sacerdotes que havia levado para o cativeiro a fim de que ele ensinasse o povo a temer o Senhor ().
O resultado foi uma religião que misturava elementos da verdade e do paganismo.
Assim, temiam o SENHOR mas também cultuavam seus próprios deuses, conforme o costume das nações de entre as quais haviam sido levados.
Em outras palavras, diziam ser adoradores de Jeová como Deus, mas fundaram seu próprio sacerdócio, construíram seu próprio templo e criaram seu próprio sistema de sacrifícios.
Em resumo, inventaram uma nova religião baseada, em grande parte, nas tradições pagãs.
É claro que os judeus consideravam os samaritanos uma raça mestiça e sua religião como também sendo mestiça. É por isso que, no tempo de Cristo, iam a extremos para evitar passar por Samaria. A região toda era considerada impura.
No entanto, nessa ocasião Jesus estava determinado a ir para Jerusalém, como havia feito anteriormente (). Ele escolheu o caminho mais direto passando por Samaria.
Ao longo da viagem, ele e seus seguidores precisariam de lugares em que pudessem comer e passar a noite. Tendo em vista que o grupo que viajava com Jesus era relativamente grande, ele enviou mensageiros adiante deles para providenciar as acomodações.
Os mensageiros de Jesus não conseguiram acomodações.
O problema não era a falta de espaço para eles na hospedaria; o problema era a falta de hospitalidade intencional dos samaritanos.
Eles os estavam tratando com desprezo propositado.
Tiago e João, os filhos do trovão, encheram-se imediatamente da mais intensa cólera.
Tendo recentemente visto Elias no monte da Transfiguração, se lembrassem do fato narrado em .
Disseram:
Quando viram isso, os discípulos Tiago e João disseram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir?
Essa referência ao que Elias havia feito é cheia de significado.
O episódio ao qual Tiago e João estavam se referindo havia ocorrido nessa mesma região.
Eles conheciam o relato do Antigo Testamento e sabiam de sua relevância histórica para Samaria.
Durante o reinado de Acabe, no tempo de Elias, Samaria havia se transformado num centro de adoração a Baal ().
Acazias era filho e sucessor de Acabe. Sua mãe, Jezabel, ainda estava viva durante seu reinado e exercia influência maligna através do trono do filho.
Elias havia sido o oponente de Acabe e Jezabel durante anos.
Naturalmente, Acazias o odiava, e é provável que tenha decidido matá-lo. Assim, enviou “um capitão de cinquenta, com seus cinquenta soldados” para confrontar Elias.
2 Reis 1.9-13 O rei lhe enviou um capitão de cinquenta, com seus cinquenta soldados. Este foi encontrar-se com Elias, que estava sentado no topo do monte, e disse-lhe: Ó homem de Deus, o rei diz: Desce.
10 Mas Elias respondeu ao capitão de cinquenta: Se sou homem de Deus, desça fogo do céu para destruir a ti e aos teus cinquenta soldados. Então desceu fogo do céu e destruiu a ele e aos cinquenta.
11 O rei tornou a enviar-lhe outro capitão de cinquenta com seus cinquenta soldados. Este lhe falou: Ó homem de Deus, assim diz o rei: Desce depressa.
12 Elias também respondeu a este: Se eu sou homem de Deus, desça fogo do céu para destruir a ti e aos teus cinquenta soldados. Então o fogo de Deus desceu do céu e destruiu a ele e aos seus cinquenta.
13 O rei enviou pela terceira vez um capitão de cinquenta com seus cinquenta soldados. E o terceiro capitão de cinquenta, subindo, colocou-se de joelhos diante de Elias e suplicou-lhe: Ó homem de Deus, peço-te que tenhas pena da minha vida e da vida destes cinquenta servos teus.
Tudo isso ocorreu exatamente na mesma região que Jesus propôs que atravessassem a fim de se dirigirem a Jerusalém.
Mas...
A missão de Jesus era muito diferente da missão de Elias. Cristo tinha vindo para salvar e não para destruir.
Assim, sua resposta aos “Irmãos Boanerges” foi uma firme repreensão:
Ele, porém, voltando-se, repreendeu-os...
Ele estava numa missão de resgate, e não de julgamento.
Pois o Filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-la.
Aplicação: o Zelo de Tiago e João tinha como fonte o orgulho. Tinham acabado de ver Elias no monte da Transfiguração.
Se achavam os super crentes. Os espirituais. Não olharam para além de si mesmos.
Ilustração:
Durante um importante exercício militar, dois sargentos da Força Aérea trabalhavam dentro de um furgão sob um ataque simulado. Estavam sob ordens rigorosas para não abrir a porta, a menos que recebessem o código secreto.
Mais tarde, ouviram bater na porta do furgão. Lembrando das ordens, gritaram "Quatro" e esperaram a resposta correta, "Batida". Nunca veio. Vários minutos depois, ouviram bater de novo, mas novamente não ouviram a resposta certa.
Ao longo da tarde, vários outros chegaram à porta e surraram, mas ninguém dava a senha correta.
Orgulhosos por não terem sido enganados abrindo o furgão para o inimigo, receberam um telefonema de um oficial superior furioso que disse para abrir a porta imediatamente.
Depois de explicarem que estavam simplesmente seguindo ordens, foram informados que o código não era "Quatro - Batida", mas quatro batidas.
Aplicação: Na vida cristã, a motivação para a obediência e o zelo, não pode ser o orgulho próprio.
É claro que virá o dia em que Jesus irá julgar o mundo.
2 Tessalonicenses 1.7-9 ...quando o Senhor Jesus se revelar do céu com seus anjos poderosos em chama de fogo,
8 punindo os que não conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus.
9 Estes sofrerão como castigo a perdição eterna, longe da presença do Senhor e da glória do seu poder,
Aquele não era o lugar nem o momento para isso.
Não é o momento hoje.
Observe que, de modo algum, Jesus estava condenando o que Elias havia feito no tempo dele. Tampouco estava defendendo uma abordagem puramente pacifista para todos os conflitos.
O que Elias fez foi para a glória de Deus e com a permissão categórica de Deus.
O fogo do céu foi uma expressão da ira de Deus (não de Elias) e foi um julgamento merecidamente rigoroso contra um regime de malignidade impensável que havia ocupado o trono de Israel durante várias gerações. Tais extremos de perversidade exigiam medidas extremas de julgamento.
Tiago e João gostariam de serem tratados por Deus como queriam que os samaritanos fossem?
Não é assim que Deus costuma nos tratar.
O SENHOR é bom para todos, e suas misericórdias estão sobre todas as suas obras.
O exemplo de Jesus ensinou a Tiago que a bondade amorosa e a misericórdia são virtudes a serem cultivadas tanto quanto a justa indignação e o zelo fervoroso.
Alguns anos depois disso:
, , E descendo à cidade de Samaria, Filipe passou a pregar-lhes Cristo.
6 Unânimes, as multidões escutavam atentamente as coisas que Filipe dizia
8 E houve grande alegria naquela cidade
Sem dúvida, muitos dos que foram salvos através da pregação de Filipe eram algumas das mesmas pessoas a quem Jesus poupou quando Tiago quis incinerá-las.
Podemos estar certos de que até mesmo o próprio Tiago regozijou-se grandemente com a salvação de tantos que outrora haviam desonrado a Cristo de modo tão evidente.

Tronos no reino

nos dá um outro vislumbre sobre o caráter de Tiago.
Nessa passagem descobrimos que Tiago não era apenas fervoroso e zeloso; também era ambicioso e demasiadamente confiante.
Então, a mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se dele com seus filhos, prostrando-se e fazendo-lhe um pedido.
21 Jesus lhe perguntou: Que queres? Ela lhe respondeu: Concede que no teu reino estes meus dois filhos se sentem, um à tua direita, e outro à tua esquerda.
22 Jesus, porém, respondeu: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que estou para beber? Eles lhe responderam: Podemos.
23 Então lhes disse: Certamente bebereis do meu cálice; mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda, não me compete concedê-lo; isso será dado para quem está preparado por meu Pai.
24 Ao ouvirem isso, os dez indignaram-se contra os dois irmãos.
Marcos também relata esse incidente, mas não menciona que Tiago e João usaram da intercessão de sua mãe. Apesar de Mateus registrar que é ela quem faz o pedido a Jesus, uma comparação com o relato de Marcos deixa claro que ela foi colocada ali pelos seus filhos.
Da sua parte, fica claro que Salomé era uma participante voluntária. Obviamente ela havia incentivado as ambições de seus filhos, o que pode ajudar a explicar a origem de algumas das atitudes deles.
A resposta de Jesus lembrou com sutileza que o sofrimento era o prelúdio da glória: “Podeis vós beber o cálice que eu estou para beber?” Não tinham uma ideia exata do que havia nesse cálice que ele estava pedindo que bebessem.
Então, obviamente, com sua extremada confiança tola e ambiciosa, garantiram-lhe: “Podemos.”
No entanto, Cristo não fez tal promessa. Em vez disso, garantiu-lhes que iriam beber do seu cálice.
· Tiago desejava uma coroa de glória; Jesus deu-lhe um cálice de sofrimento.
· Desejava poder; Jesus deu-lhe serventia.
· Desejava um lugar de proeminência; Jesus deu-lhe o túmulo de um mártir.
· Desejava exercer domínio; Jesus deu-lhe uma espada — não para brandir, mas como instrumento de sua própria execução.
Quatorze anos depois disso, Tiago viria a ser o primeiro dos doze a ser morto por causa de sua fé.
Por causa deste tipo de orgulho, MUITOS pastores e muitos CRENTES tem caído.
“O orgulho é essencialmente competitivo [...]. O prazer do orgulho não está em se ter algo, mas somente em se ter mais que a pessoa ao lado. Dizemos que uma pessoa é orgulhosa em ser rica, inteligente e bonita, mas isso não é verdade. As pessoas são orgulhosas por serem mais ricas, mais inteligentes e mais bonitas que as outras. [...] É a comparação que torna uma pessoa orgulhosa.” C. S. Lewis em Cristianismo puro e simples
- C. S. Lewis em Cristianismo puro e simples
Tiago e João queriam um lugar melhor que os outros discípulos.
Mas há orgulho também na reação dos outros discípulos.
“Se quer descobrir quão orgulhoso você é, a maneira mais fácil é perguntar-se: ‘Quanto me desagrada que os outros me tratem como inferior, ou não notem minha presença...?” C. S. Lewis em Cristianismo puro e simples
- C. S. Lewis em Cristianismo puro e simples
O verdadeiro zelo e o verdadeiro fervor não está na APARENTE ESPIRITUALIDADE, ou APARENTE HUMILDADE.
"Os que conhecem Deus serão humildes e aqueles que se conhecem não podem se orgulhar". - John Flavel

Verdadeiro Zelo e Fervor

Não sejais descuidados no zelo; sede fervorosos no espírito. Servi ao Senhor.
Zelo (spoude): fazer com toda diligência, interessar-se com muita seriedade.
: Vontade de ajudar os outros (NTLH); cuidado (RA); diligência (RC); dedicação completa (NVI)
É amar (cuidar) o outro: o que implica admoesta-lo.
“Um cristão zeloso é alguém de um interesse só. Não basta dizer que é sincero, cordial, inabalável de todo coração e fervoroso em espírito. Ele só vê, se importa e vive por um propósito: agradar a Deus. Se ele vive ou se ele morre, se ele tem saúde ou se ele está doente, se é rico ou pobre, se é elogiado ou ofendido, se é considerado sábio ou tolo, se recebe honra ou desonra - por tudo isso, o cristão zeloso não se importa com nada. O que o inflama é agradar a Deus, e promover a glória dEle.”
Fervor (zeo): água fervendo (arder, ferver, aceso).
Ele era instruído no caminho do Senhor e, fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão as coisas concernentes a Jesus...
“Ele era instruído no caminho do Senhor e, fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão as coisas concernentes a Jesus...”
“Quando o crente realmente arde com o Espírito, ele não demonstra isso recorrendo a manifestações de excitamento religioso.”
- Hendriksen

CONCLUSÃO: O cálice de sofrimento

O fim da história de Tiago do ponto de vista humano encontra-se registrado em :
Naquela mesma ocasião, o rei Herodes decidiu maltratar alguns da igreja; e matou ao fio da espada Tiago, irmão de João.
2 e matou ao fio da espada Tiago, irmão de João.
Essa é a única passagem nas Escrituras em que Tiago aparece sozinho, separado até mesmo de seu irmão.
São apresentados poucos detalhes sobre o martírio de Tiago. As Escrituras relatam que foi Herodes quem ordenou sua morte e que o instrumento de execução foi uma espada (o que significa, obviamente, que ele foi decapitado).
Não se tratava de Herodes Antipas, aquele que matou João Batista e levou Jesus a ser julgado; este era seu sobrinho e sucessor, Herodes Agripa I.
O fato de Tiago ter sido o primeiro dos 12 a ser morto é significativo. (Tiago é o único apóstolo cuja morte encontra-se, de fato, registrada nas Escrituras.)
Tiago ainda era um homem intenso, mas com zelo e fervor direcionados de forma correta.
Sua intensidade, agora sob o controle do Espírito Santo, tinha sido um instrumento para a propagação da verdade que havia incitado de tal modo a fúria de Herodes.
Ainda corajoso, zeloso e comprometido com a verdade, ao que parece, ele havia aprendido a usar essas qualidades para o serviço do Senhor e não para o engrandecimento próprio.
Naquele momento, sua força era tão grande que, ele bebeu do cálice que Cristo lhe deu. Sua vida foi curta, porém sua influência permanece até os dias de hoje.
Eusébio, o historiador da igreja primitiva, transmite um relato da morte de Tiago, apresentado por Clemente de Alexandria:
“[Clemente] diz que aquele que levou Tiago até o tribunal, ao ouvir seu testemunho, foi tocado e confessou que ele próprio era um cristão. Assim, de acordo com Clemente, os dois foram levados juntos e, no caminho, ele implorou a Tiago que o perdoasse. Depois de refletir por um instante, [Tiago] disse: ‘A paz seja contigo’, e beijou-o. Os dois foram, então, decapitados juntos.”
Assim, no final, Tiago havia aprendido a ser mais parecido com André, levando as pessoas a Cristo em vez de estar sempre tentando julgá-las.
Sua intensidade foi, por fim, temperada pela sensibilidade e pela graça.
Em algum ponto ao longo do caminho, ele teve de aprender a controlar a raiva, refrear a língua, redirecionar o zelo, eliminar a sede de vingança e perder inteiramente a ambição egoísta.
Tais lições são, por vezes, difíceis de ser aprendidas por pessoas intensas como Tiago.
O zelo deve ser sempre controlado e temperado com o amor.
No entanto, se é entregue ao controle do Espírito Santo e misturado com paciência e longanimidade, esse zelo é um instrumento maravilhoso nas mãos de Deus.
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