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Gálatas 5.13 RA
Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor.
Fostes chamados à liberdade
Após a dissertação a respeito das duas escravidões, a do pecado e da lei, e da recomendação de não nos permitirmos nenhuma delas, pode-se surgir uma dúvida de como manter uma postura saudável. Se não devemos prender nossas consciências a escravidão da lei, como não cairmos na libertinagem, que é a escravidão da carne?
Depois de exortar os gálatas a não permitirem qualquer detrimento de sua liberdade, Paulo agora lhes recomenda que sejam moderados em usá-la. Ele estabelece uma norma para o seu uso lícito, para que não se converta num pretexto ou ocasião para licenciosidade.1
A resposta está no amor ao próximo. Basta avaliarmos o amor ao próximo em nossos passos e saberemos se estamos em atos de libertinagem ou carnais.
A liberdade está na consciência e olha para Deus. O seu uso é externo e não lida apenas com Deus, mas também com os homens.
Calvino, J. (2010). Gálatas, Efésios, Filipenses e Colossenses. (T. J. Santos Filho, F. Ferreira, W. Ferreira, L. G. Freire, & M. do Amaral Silva Ferreira, Orgs., V. G. Martins, Trad.) (Primeira Edição, p. 171). São José dos Campos, SP: Editora FIEL.

servos uns dos outros, pelo amor

Gálatas 5.13 RA
13 Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor.
Autonegação: O amor contemporâneo ou fruto.
A expressão "servos uns dos outros" do versículo podem transmitir a ideia de abnegação equivocada. Como já dito, o que vai ser o nosso parâmetro para não cairmos na libertinagem é a avaliação do amor ao próximo em nossos atos e isso pode nos levar a uma abnegação radical a fim de não cairmos na libertinagem. As palavras " servos uns dos outrosservos uns dos outros" Por isso, o que pode ser solução para a libertinagem ou escravidão da carne, se interpretado e praticado de uma forma incorreta, também poderá nos levar a escravidão de uma prática meramente ritualística como é na escravidão da Lei. Abnegação não é necessariamente amor ao próximo.
Nas primeiras palavras do sermão "O Peso da Glória" de C. S. Lewis, o autor logo comenta sobre uma decadência na forma de pensar cristã a respeito do que seria a maior virtude. Para os cristãos do passado, a maior virtude é o amor, enquanto para os cristãos modernos é a abnegação ou a autonegação, que pode ser visto em "logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim".
O amor não é sinônimo de abnegação para ter sido substituído ao longo dos tempos. Amor é assegurar as coisas para os outros e abnegação é nos privarmos dessas coisas que deveríamos estar assegurando para os outros. Obviamente que para assegurar completamente algo para alguém, primeiro devemos nos privar dessa coisa para podermos dar. Mas é possível não assegurarmos completamente, mas dividirmos a coisa, amando sem abnegar. Assim como é possível nos privarmos de algo sem objetivarmos assegurar esse algo a alguém, ou seja, podemos abnegar sem amar. Então, apesar de conectadas, não são iguais e seu elo é fraco, por isso, é possível existir abnegação sem existir o amor e amor sem abnegação.
A centralidade dada a autonegação hoje, como se fosse o mesmo que amor, nos leva a ver a nossa abstinência, e não a felicidade dos outros, como a mais importante questão. Temos muito sobre autonegação no Novo Testamento, mas não temos nada sobre ela como um fim em si mesmo. Segundo C. S. Lewis, a culpa de toda essa confusão está na influência estoica e de Kant sobre a nossa ótica a respeito dos desejos pelo nosso próprio bem, bem como sobre a intensa esperança de experimentá-los. Vemos esse desejo pelo próprio bem como "uma coisa má que se esconde na maior parte das mentes modernas" (p. 32).
Mesmo que "amar o próximo como a ti mesmo" nos reporte de imediato a ordem de amar ao próximo, ela também nos faz refletir que vamos amar equivalentemente ao amor que temos a nós mesmos e isso nos traz a importância de nos querermos bem para podermos querer bem a alguém. Então, o problema não é se querer bem, mas o que acreditamos ser o bem a ser desejado. Desejar o próprio bem não é mal, mas o mal está escondido no que pensamos ser o nosso bem, pois o homem naturalmente se quer bem de forma corrompida, onde o seu próprio bem está baseado na autonomia da presença de Deus. O homem corrompido se sente bem sendo autônomo de conhecimento, autônomo sobre sua própria natureza, autônomo sobre seus próprios objetivos, razões e sentidos e, por fim, autônomo sobre a ética (certo ou errado).
Se não é o querer o próprio bem que está errado, então, podemos tirar a abnegação do centro e passar a usá-la com uma maior sensatez. Não precisamos viver com com centralidade na autonegação como fim simplesmente por temermos pecar ao nos querermos bem. Basta que queiramos algo correto em vez de evitar querer algo. Basta que foquemos em desejar amar a Deus que não precisaremos nos focar em nos abster de amar esse mundo, mas nos absteremos naturalmente por uma sobreposição interior orquestrada pelo Santo Espírito.
Será natural quando nossos corações se encherem de alegria por entendermos através do agir do Espírito que o que provêm de Deus é imensamente superior em experiência, promessas e recompensas se comparado com qualquer outra coisa que possamos desejar. Nos faremos realmente bem se estivermos desejando o que é bom e não o que é ilusório, como a própria autonomia que não traz plenitude. Segundo as inúmeras promessas e recompensas vistas nos Evangelhos, é possível entender que o Senhor considera que nossos desejos não são muito fortes, e sim muito fracos. Como disse Lewis:
Somos criaturas medíocres, brincando com bebidas, sexo e ambição, quando a alegria infinita nos é oferecida, como uma criança ignorante que prefere fazer castelos na lama em meio a insalubridade por não imaginaro que significa o convite de passar um feriado na praia. Nos contentamos com muito poucos. (p.32)2
Ou seja, o querer corrompido pode até ser forte quantitativamente, como visto nos capítulos 1-3 de Romanos, mas é qualitativamente fraco. É exatamente, por isso, que a autonegação não é objetivo de vida quando entendemos que não é forte o que estamos negando, mas fraco. Tão fraco que a negação desse mal passa a ser natural quando vemos o tamanho da força do bem que é prometido por Deus. Não é preciso viver em uma abstinência árdua, forçada, cheia de tentativas e erros, basta amar a Deus, olhando para a magnitude de sua natureza fiel e poderosa reveladas em promessas ao longo da história.
Gálatas 5.14 RA
Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Referências

Calvino, J. (2010). Gálatas, Efésios, Filipenses e Colossenses. (T. J. Santos Filho, F. Ferreira, W. Ferreira, L. G. Freire, & M. do Amaral Silva Ferreira, Orgs., V. G. Martins, Trad.). São José dos Campos, SP: Editora FIEL.
LEWIS, C. S. O Peso da Glória. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017.
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