Bem Aventurados os que Choram
Sermão do Monte. As bem aventuranças. • Sermon • Submitted
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O Sermão do Monte.
O Sermão do Monte.
O Sermão do Monte.
O Sermão do Monte.
Contexto.
O evangelho de Mateus é o primeiro do grupo dos evangelhos sinóticos, que se compõe de Mateus, Marcos e Lucas. Eles levam esse nome pelo fato de serem relatos muito parecidos, e a ideia do termo é de que algo foi visto junto, pela mesma ótica, mesma perspectiva.
Cada um desses evangelhos tem um público alvo, cada um deles está escrevendo para uma audição diferente. Por exemplo, enquanto Mateus escreve tendo um auditório judaico, Marcos escreve para os romanos, e Lucas escreve para Teófilo.
Mateus inicia seu relato com a genealogia de Jesus, é importante para ele fazer a ligação de Cristo com Abraão, passando por Davi, provando que Jesus Cristo é da linhagem de Davi, é o Messias prometido.
Após a genealogia ele fala sobre o nascimento de Jesus, e das implicações que se deram na infância de Cristo, tais como a visita dos magos, a fuga para o Egito quando Herodes tencionava matar todos os bebês, e a volta do Egito algum tempo depois.
Feito isso Mateus insere em seu relato a figura de João Batista, João aparece no deserto da Judeia pregando sobre arrependimento, e batizando aqueles que se arrependiam e vinham até ele.
Nessa altura, Jesus já é adulto e vai até João para ser batizado, após ser batizado Jesus é levado ao deserto para ser tentado e após vencer a tentação Jesus volta para a Galileia e inicia seu ministério. O início do ministério de Jesus se dá com Jesus pregando e chamando o povo ao arrependimento. ().
Jesus começa a reunir discípulos, até o momento temos pelo menos 4 nomes já reunidos com ele, Pedro, André, Tiago e João.
Jesus, acompanhado de seus discípulos percorre todo o território da Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, curando toda sorte de doenças. A fama de Jesus corre por toda a região da Síria, mais doentes são levados a Jesus, endemoninhados, lunáticos, paralíticos, e ele os cura a todos. No finalzinho do cap 4 somos informados que multidões seguem a Jesus, pessoas da Galileia, Decápolis, Jerusalém, Judeia, pessoas dalém do Jordão. Realmente, muita gente.
No início da cap 5 vemos então algo que é marcante no ministério de Cristo, a pregação. Os evangelhos constantemente nos relatam Jesus pregando, ensinando, advertindo, discutindo, argumentando. E aqui vemos a importância da pregação no ministério de Cristo. Assim também deve ser para nós, devemos pregar, a pregação deve ter lugar de destaque em nossa vida cristã. O ensino das Escrituras deve ter lugar de destaque em nossas vidas. Pais precisam ensinar seus filhos a Palavra de Deus, precisam usar a Palavra de Deus para repreender, corrigir, educar na justiça. A Escritura é extremamente útil para essas coisas. ().
O Sermão da Montanha é o sermão mais longo do Novo Testamento, ele começa no capítulo 5 e vai até o capítulo 7. São três capítulos de puro ensinamento proferidos por Jesus. Jesus aqui nesse sermão fala sobre muitas coisas. Fala sobre as Bem aventuranças, fala sobre os discípulos serem sal da terra e luz do mundo, fala sobre homicídios, adultérios, juramentos, vingança, amor ao próximo, fala como se deve dar esmolas, como se deve orar, como jejuar, sobre o acúmulo de bens, luz e trevas, sobre o cuidado de Deus para com os crentes, sobre julgamentos temerários, incita as pessoas a orar, fala sobre os falsos profetas, fala sobre os dois fundamentos (casa construída na rocha e a casa construída na areia). E ao fim, somos apresentados ao espanto das multidões. Eles ficaram maravilhados com a doutrina de Jesus (,), pois Jesus não ensinava como os escribas, mas sim ensinava com autoridade.
Essa é uma característica marcante da pregação de Jesus, era costume dos rabinos judeus ensinar seus discípulos com longas citações de escritos de outros rabinos e estudiosos, Jesus, em sua pregação, profere palavras próprias, ensinamentos próprios. Ensina com vigor, com autoridade, e isso impressiona.
As Bem Aventuranças.
Vs 1- Ainda que a prática fosse ficar em pé quando liam as Escrituras em público, os mestres judeus costumavam assentar-se para explicar o texto sagrado, muitas vezes com os discípulos assentados a seus pés.
Vs 2 - ênfase no fato de Jesus estar ensinando.
Vs 3- “Bem aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus”
Significado do termo.
Antes de analisarmos as bem aventuranças, cabe-nos analisar o significado de “bem aventurado”. O que quer dizer ser Bem aventurado?
“Bem aventurados”: O termo original traduzido como “Bem aventurados” é a forma plural da palavra Μακάριοι, que significa estar “plenamente satisfeito”. No grego clássico, o vocábulo refere-se ao estado de bem-aventurança do homem no mundo vindouro. Nas páginas do Novo Testamento, entretanto, é usado com respeito à alegria que resulta da salvação. Essa satisfação não é o resultado de circunstâncias favoráveis na vida, mas da habitação do Espírito de Cristo na vida do indivíduo. Portanto, seria inapropriado verter Μακάριοι simplesmente como “felizes”, porque este adjetivo está relacionado com circunstâncias favoráveis.
Essa mesma ideia é encontrada no Antigo Testamento, a palavra Μακάριοι, tem seu equivalente no hebraico como as-rê. Em todo o A.T são 44 referências a esse termo com suas devidas variações. Todas dando a ideia de: feliz, ditoso, bem aventurado, etc. (; ; ,; ; ; ; ;;;;; ; . etc).
No N.T Μακάριοι aparece em 27 referências, todas com o significado de “Abençoados” que se encaixa melhor no contexto do que a palavra “feliz” como algumas traduções trazem. É uma benção de Deus, advinda da salvação, não é uma felicidade ligada ao que os homens fazem, mas sim ligada ao que Deus faz em favor do homens. (; ; ; ).
Outra coisa a se observar é que na estrutura textual, as bem aventuranças estão na forma de paralelismo sintético, também conhecido como paralelismo progressivo, um tipo de poesia hebraica na qual a segunda linha completa o significado da primeira. Desse modo, aqui a segunda linha define mais especificamente a conotação de “bem aventurado”.
Bem aventurados os humildes de espírito.
A primeira das Bem aventuranças, é a de ser humilde de espírito. A palavra traduzida em nossa versão como “humilde” no original grego é πτωχοὶ que literalmente traz a ideia de encolher, rastejar, impotente de realizar qualquer objetivo. No grego clássico usava-se essa palavra para se referir a uma pessoa reduzida a miséria total, aquele que agachado em um canto pratica a mendicância. Ele estende uma mão para pedir esmola e esconde o rosto com a outra por causa da vergonha. Não significa simplesmente pobres, mas aqueles pobres imploradores, miseráveis, completamente dependentes.
O termo “humildes” ou “pobres” no texto não se refere a pobreza material, pois a pobreza material não é garantia de virtude ou salvação. Mesmo que existam muitos pobres virtuosos, a pobreza em si não é uma virtude. E se Jesus estivesse aqui defendendo a pobreza material Ele teria contradito muitas outras partes de Sua Palavra, incluindo o próprio Sermão do Monte. No Jesus diz “Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes”. Ora, se a pobreza material carrega em si um a virtude espiritual, então não dê nada aos pobres, pois ajudando-os estamos destituindo-lhes as virtudes. Como diz o teólogo Jonh MacArthur:
“Se Jesus estivesse ensinando a Bem-aventurança inata da pobreza material, então a tarefa do cristão seria de ajudar com que todos, incluindo a si próprio, se tonasse pobre sem nenhum tostão. fica claro que Mateus está falando aqui da condição do espírito e não da carteira.”
Ser pobre de espírito é reconhecer a própria pobreza espiritual à parte de Deus. É ver a si mesmo como realmente se é: um pobre, perdido, desesperado, impotente, que se arrasta pela sarjeta do pecado. É ver que estando fora de Cristo, se é espiritualmente necessitado, não importa a educação que se tenha, a riqueza que possua, o status social que carregue, as realizações profissionais.
Esse é o ponto de partida das Bem aventuranças. O pobre de espírito é aquele que reconhece sua miséria espiritual, reconhece sua total dependência de Deus. Ele percebe que não há recurso em si mesmo e que ele só pode implorar por misericórdia e graça. Ele sabe que não possui mérito espiritual, sabe que não merece ganhar nenhuma recompensa espiritual. Seu orgulho se foi, sua auto-confiança se foi, ele está de mãos vazias perante Deus.
Como bem observa o Dr Martin Loyd Jones, “No reino de Deus não existe sequer um participante que não seja “humilde de espírito”. Essa é a característica fundamental do crente, do cidadão do reino dos céus; e todas as demais características são, em certo sentido, resultantes dessa primeira qualidade. Essa qualidade indica um esvaziamento, Tal bem aventurança serve de teste perscrutador da alma de cada um de nós.”
Como bem observa o Dr Martin Loyd Jones, “No reino de Deus não existe sequer um participante que não seja “humilde de espírito”. Essa é a característica fundamental do crente, do cidadão do reino dos céus; e todas as demais características são, em certo sentido, resultantes dessa primeira qualidade. Essa qualidade indica um esvaziamento, Tal bem aventurança serve de teste perscrutador da alma de cada um de nós.”
O fato de ser pobre de espírito, ou humilde de espírito também transmite a sensação de que o reconhecimento dessa pobreza é algo genuíno, não um ato. Não é algo ligado a andar por aí agindo como um mendigo espiritual, mas é reconhecer quem realmente se é. É a verdadeira humildade, humildade não fingida.
Temos alguns textos bíblicos que demostram essa ideia.
Em , diz o seguinte: “Assim diz o Senhor: o céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis vós? E qual é o lugar do meu repouso? Porque a minha mão fez todas essas coisas, e todas vieram a existir, diz o Senhor, mas o homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme da minha palavra.
No : “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito oprimido”.
: “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado. coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus.
No N.T temos também referências a esse princípio:
.
O reino dos céus é dado aqueles que reconhecem sua total dependência de Cristo na obra de salvação. O cristão verdadeiro entende que não é salvo por suas próprias obras, não é salvo por algo que tenha feito, ou oferecido a Deus. Mas é salvo totalmente por causa das obras de outro. Ele é miserável, ele não tem o que oferecer. Ele não possui nada que seja agradável a Deus, ele não possui nenhuma justiça, sua justiça é considerada como trapo de imundície. Ele tem o coração contrito. Ele sabe que Deus não o aceita pelo que ele é. E reconhecer tal pobreza está diretamente ligado a doutrina da justificação pela fé. Observe que essa primeira bem aventurança deixa isso claro.
William Hendriksen diz: “Jesus não proclama que essas pessoas são bem aventuradas em virtude de serem pobres de bens materiais, ainda que, em sua maioria, também o sejam. São chamados de bem-aventurados por serem pobres em espírito. ou seja, são aqueles que se convenceram de sua pobreza espiritual. São aqueles que são conscientes de sua miséria e necessidade. Seu velho orgulho foi quebrado. São de um espírito contrito e tremente diante da Palavra de Deus. Perceberam sua total miséria, não esperam nada de si mesmos, e, sim esperam tudo de Deus”.
Temos vários exemplos de pessoas que reconheceram essa miséria espiritual, Moisés quando foi chamado por Deus, reconheceu que não tinha capacidade para realizar tamanha obra. Pedro quando Jesus Cristo ressuscitado envia peixes reconhece sua miséria e pede que Cristo se aparte dele pois ele era pecador. Agostinho em suas confissões deixa claro que o orgulho era o seu maior obstáculo para receber o evangelho, ele era orgulhoso de sua riqueza, seu prestígio, até que reconheceu que essas coisas eram menos que nada. Lutero percebeu que seus sacrifícios, seus rituais, não contavam em nada perante Deus. O brado conclusivo de todos esses homens foi: “não sou nada sem Cristo”.
Precisamos observar a construção das frases: Podemos dividi-la em três partes.
temos a Bem aventurança.
em seguida temos o sujeito: por exemplo, os pobres de espírito.
e por último temos o porquê dessa bem aventurança, porque os pobres de espírito são bem aventurados? Porque deles é o reino dos céus.
É significativo notar que, seguindo a estrutura do versículo, a Bem aventurança está na conclusão que já é tratada como algo certo aqui, ou seja, o reino dos céus é, pertence, aqueles que são pobres de espírito. É uma garantia. É uma afirmação, não é mera possibilidade.
Bem aventurados os que choram.
Vs 4 “Bem aventurados os que choram porque serão consolados”
A questão da segunda bem aventurança é o luto. Nove diferentes palavras gregas são usadas no N.T para falar de tristeza. Dos nove termos utilizados, o que temos neste texto (πενθοῦντες) é o mais grave. Ele representa a mais profunda tristeza sentida no coração, e foi geralmente reservada para luto pela morte de um ente querido. Ele é usado na LXX para a dor de Jacó quando ele pensou que seu filho José foi morto por um animal selvagem (). Ele é usado para descrever o luto dos discípulos de Jesus antes que soubessem que Ele havia ressuscitado dos mortos ().
A palavra carrega a ideia de profunda agonia interna, que pode ou não ser expressa por choro.
É importante observar o que Jonh MacArthur diz ao comentar esse texto: “Pecado e felicidade são totalmente incompatíveis. Quando um existe não pode existir o outro. Até o pecado ser perdoado a felicidade está bloqueada. Lamentação sobre o pecado traz o perdão do pecado, e o perdão do pecado traz uma liberdade e uma alegria que não pode ser experimentado de qualquer outra forma”.
O cristão é constantemente quebrado pela sua pecaminosidade, e quanto mais o tempo vai passando, mais maduro ele vai se tornando no Senhor, e mais ele vai vendo do amor e da misericórdia divina, mas também, vai vendo mais de sua própria pecaminosidade. Ao crescer na graça e no conhecimento o cristão cresce também na consciência do pecado e isso o faz chorar. Ao encarar suas mazelas ele chora. O choro aqui está totalmente ligado ao arrependimento, o contexto não é de um choro fingido, um choro externo e midiático, mas sim, um choro verdadeiro, fruto de um coração arrependido que reconhece a santidade de Deus. Reconhece que seu pecado levou Jesus Cristo para a cruz. Foi sua culpa. Foi por sua causa.
O cristão não consegue pecar e fingir que nada aconteceu. Ele não consegue pecar e deitar na cama como se aquilo não fosse nada. Assim como o pecado está ligado a sua caminhada, o arrependimento também o acompanha fazendo parte da santificação. O Espírito Santo que o guia e conduz o convence do pecado, e isso inevitavelmente traz o arrependimento. Traz o choro. Traz a tristeza. Não a tristeza segundo o mundo que produz a morte, mas a tristeza segundo Deus que produz arrependimento.
Pedro trai Jesus, ao cantar do galo Pedro entende seu pecado e chora copiosamente. Mas Pedro se arrependeu. Foi perdoado. Foi restituído. Judas pecou de igual forma, porém, não se arrependeu. Se enforcou, caiu e teve o corpo partido ao meio com as entranhas saindo pra fora. Davi pecou, adulterou com Bate-Seba, assassinou Urias, se arrependeu, foi perdoado, foi restituído, o é uma prova clara disso. Saul pecou, não se arrependeu, pelo contrário, se afundou mais ainda no pecado.
Você precisa se arrepender. Arrependei-vos, esse é o chamado do evangelho, o arrependimento não ocorre uma única vez e pronto, o arrependimento é algo constante na vida do cristão. A confissão de pecados é algo que deve ser constante na vida do cristão. Deus é Santo.
Choro pelos pecados dos outros.
Como Hendriksen bem afirma: “Não é necessário, contudo, limitar esse choro ao que ocorre em virtude dos próprios pecados individuais de uma pessoa: aqueles pelos quais pessoalmente ofendeu a Deus. O regenerado aprende a amar a Deus de tal forma que começará a chorar diante de todas as obras ímpias que os ímpios têm cometido de uma forma muito ímpia. O seu pranto, pois, está centrado em Deus, não no homem”.
O cristão é diferente das demais pessoas desse mundo. O cristão que reconhece que é pobre, miserável, cego e nu, reconhece as mazelas do pecado, conhece a Deus, e reconhece sua santidade, é alguém totalmente diferente das demais pessoas do mundo. O mundo é mal, o mundo jaz no maligno. O mundo é inimigo de Deus, e faz exatamente tudo aquilo que Deus desagrada. E detalhe, faz tudo isso sorrindo e se regozijando.
Homens traem suas esposas, esposas traem seus maridos.
Filhos desobedecem seus pais, e vivem numa espécie de emancipação moral, onde não existe mais respeito, consideração, afeto. Só existe o interesse no que aquele pai pode dar.
Pais violentam filhas e filhos.
Abortos acontecem frequentemente.
Assassinatos acontecem frequentemente, só em nosso país no último ano foram cerca de 63 mil homicídios.
A moral está baixíssima, homens estão se relacionando com outros homens e passeiam pelas ruas como se fosse tudo normal, e a sociedade tende cada dia mais a ter isso como normal.
Olhando para nós, pecamos frequentemente. Mesmo a Bíblia dizendo que morremos para o pecado, mesmo a Escritura nos ordenando que não deixemos reinar em nós o pecado pois já morremos pra ele e não somos mais seus escravos. Mesmo assim, pecamos. Não amamos a Deus como deveríamos amar, colocamos várias coisas na frente de Deus em nossas vidas. Não amamos nosso próximo como deveríamos amar. Os maridos não amam suas esposas como Cristo amou a igreja, as esposas não são submissas a seus maridos como ao Senhor. Os pais provocam a ira a seus filhos. Notamos entre nós impurezas, lascívias, inimizades, invejas, discórdias. E conhecendo a gravidade desses pecados e a santidade de Deus, tais pecados não nos tem feito chorar.
Quando digo “chorar” não me refiro somente ao ato de derramar lágrimas pelos olhos, mas sim ao que deveria preceder o ato, que é a tristeza, o arrependimento, o pesar. Paulo fala sobre a tristeza segundo Deus que produz arrependimento ().
Vivemos dias onde é apresentado para o crentes a possibilidade de uma vida alto astral, de uma vida de um auto-estima elevadíssima, mas quando olhamos a nossa volta não temos o mínimo motivo para nos alegrarmos nas coisas desse mundo. Estamos cercados de pecado, de misérias de coisas que desagradam a Deus, e nós mesmo constantemente desagradamos ao Senhor, com nosso atos, nossos pensamentos, nossa conduta de vida. E isso que deveria nos causar pesar, deveria nos fazer chorar, infelizmente não faz.
As pessoas estão indo pro inferno diariamente e os crentes fazem piada disso. O nome de Deus é zombado, achincalhado e os crentes não se sentem incomodados com isso. A depravação moral, aumenta a cada dia e isso não faz os crentes moverem um fio de cabelo sequer. Os crentes pecam, pecam e pecam e sequer se lembram de orar confessando seus pecados.
Enquanto o mundo caminha de mal a pior, se afundando a cada dia no pecado, a orientação bíblica é para que os crentes sintam pesar de tais acontecimentos.
Há uma grande necessidade da igreja chorar ao invés de rir. “A frivolidade, tolice e insensatez que reina no cristianismo deve nos fazer chorar”. (Jonh MacArthur).
Em ,, o profeta profetizando sobre a ruína de Jerusalém diz o seguinte: “O Senhor, O Senhor dos Exércitos, vos convida naquele dia para chorar, prantear, rapar a cabeça e cingir o cilício. Porém é só gozo e alegria que se veem; matam-se bois, degolam-se ovelhas, come-se carne, bebe-se vinho e se diz: Comamos e bebamos, que amanhã morreremos”.
Em , um capítulo inteiro é destinado a mostrar a visão que Deus dá ao profeta, e essa é uma visão de destruição, é uma visão que mostra que a destruição da cidade se dará pelas mãos do próprio Deus, e os Babilônios que chegarão 6 anos mais tarde virão como instrumentos de Deus. É muito significativo notar que nos vs 2 e 3 o Senhor ordena que o homem vestido de linho passe pelo meio da cidade e marque com um sinal a testa daqueles que suspiram e gemem por causa de todas as abominações que se cometem no meio da cidade. Os próximos versículos mostram que todos aqueles que não foram marcados na testa foram mortos, foram exterminados. Está claro pra nós aqui que essa postura de se lamentar pelas abominações cometidas pelos ímpios, gemer por isso,suspirar por isso, chorar por isso, é algo que Deus espera daqueles que são seus.
No o salmista expressa o mesmo princípio: “Torrentes de água nascem dos meus olhos, porque os homens não guardam a tua lei.”.
No livro de Esdras temos exemplo semelhante, após o retorno do cativeiro babilônico, o povo de Israel se envolveu numa miscigenação, os homens casaram com mulheres estrangeiras, tiveram filhos com elas, deram seus filhos em casamentos à mulheres estrangeiras, algo que era terminantemente proibido na lei do Senhor. Quando Esdras se depara com essa situação de tamanha transgressão da lei de Deus, ele rasga suas vestes, (,), arranca os cabelos da cabeça e da barba, e fica sentado atônito durante horas, ele chora por causa do pecado do povo, nos versículos que se seguem,em sua oração ele argumenta com Deus que estava totalmente envergonhado a ponto de não poder levantar os olhos por causa do pecado do povo. No cap 10.6 o texto nos informa que ele: “não comeu pão, nem bebeu água, porque pranteava por causa da transgressão dos que tinham voltado do exílio”.
Ele chora, se recusa a se alimentar, se recusa a beber água, por causa de um pecado que ele não havia cometido, ele era versado na lei do Senhor, conhecia a santidade de Deus, e o pecado do povo fez com que ele se sentisse mal fez com que ele chorasse.
No o salmista expressa o mesmo princípio: “Torrentes de água nascem dos meus olhos, porque os homens não guardam a tua lei.”.
Você se sente mal pelos diversos pecados que as pessoas cometem contra Deus,. Você se sente mal pelos pecados que você comete contra Deus?
No cap 9 do livro de Daniel temos outro comovente relato de confissão de pecados, e de arrependimento por ter transgredido a lei de Deus (). Daniel entende através da leitura do livro do profeta Jeremias que o tempo do castigo do povo estava se cumprindo, ele então parte pra uma oração onde reconhece a grandeza de Deus, (vs 4), reconhece e confessa os pecados e iniquidades do povo (vs 5), note que ele entende que os seus próprios pecados também são causa de todos esses males, pois eles se dirige a Deus na confissão na primeira pessoa do plural.
Você tem confessado seus pecados a Deus em suas orações?
Hendriksen diz que: A poderosa onda de emoção que caracteriza a efusão do coração expressa em e se coaduna com o presente contexto, pois a palavra traduzida por chorar, na segunda bem aventurança, indica uma tristeza que emana do coração, toma posse da pessoa toda e se manifesta exteriormente.
Temos vários indícios do mesmo princípio no N.T, um deles é o próprio texto que estamos estudando, temos também no livro de Tiago.
Tiago escrevendo sua carta, diz que as guerras e contendas que haviam entre os crentes aos quais ele escrevia sua carta procediam dos prazeres que militavam na carne deles. Ele segue e descreve um pouco da situação “Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis porque pedis mal, para esbanjardes em vosso prazeres. Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que fez habitar em nós? Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros, Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração. Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria, em tristeza. humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará.” ().
Há de se lembrar que o choro ao qual me refiro e que Escritura menciona, não é o choro de desespero, não é uma atitude desoladora de alguém que não consegue encontrar consolo. Não é um choro fruto de uma auto-piedade. Não é um choro por causa dos homens, mas por causa de Deus.
O cristão não pode se alegrar?
Não se afirma que o crente não possa ter alegrias, não possa ter momentos de divertimento, no entanto, tais momentos não podem estar relacionados ao pecado. E o pecado não pode estar sendo a causa de prazeres e alegrias nas pessoas. Nossa alegria vem de Cristo e de tudo aquilo que ele nos proporcionou, tanto por sua graça especial quanto por sua graça comum.
Podemos sim nos alegrar em nossa família, nas conquistas pessoais, devemos sim nos alegrar nos divertimentos do dia a dia. Porém o que não podemos fazer é basear nossa alegria em coisas pecaminosas. Não podemos ser indiferentes aos pecados e misérias que nos cercam, como se não fosse nada. Não podemos nos conformar com esse mundo. A regra do mundo não é a nossa. Temos a Palavra de Deus como guia e somente ela.
A vocês que choram por amor a Deus, choram arrependidos de seus pecados, choram ao ver o estado do mundo em que vivemos, a palavra de Deus tem algo para vocês. “Bem aventurados os que chora, pois, vocês serão consolados”.
O consolo a que esse versículo se refere, não é somente o consolo final, é um consolo imediato, é um consolo trazido pelo Espírito Santo.
Os que choram serão consolados.
Sei que existem muitos cristão que se encaixam nas coisas que falei, sei também que muitos cristãos se encaixam na condição daqueles que choram, daqueles que sentem pesar, daqueles que não se atrevem a ficar impassivos frente a uma situação onde o nome de Deus é zombado. Existem aqueles que são alegres em Cristo mas que choram quando pecam. Se sentem mal. Tristes. Entendem que esse maldito acompanhante que temos nos aflige, e se arrependem quando caem, confessam seus pecados. Choram ao ver as injustiças que acontecem mundo afora. Choram ao ver cristãos perseguidos e mortos por não negar sua fé.
A vocês que choram por amor a Deus, choram arrependidos de seus pecados, choram ao ver o estado do mundo em que vivemos, a palavra de Deus tem algo para vocês. “Bem aventurados os que chora, pois, vocês serão consolados”.
O consolo a que esse versículo se refere, não é somente o consolo final, é um consolo imediato, é um consolo trazido pelo Espírito Santo.
O resultado do choro piedoso, fruto do arrependimento e da renúncia ao pecado é o conforto. Não é o choro que abençoa, mas o conforto que Deus dá aqueles que choram.
Conforto vem do grego parakaleo, a mesma palavra que substantiva a pessoa do Espírito Santo como o consolador. ().
Quando nosso choro sobe até Deus, Seu conforto inigualável e incomparável desce até nós. Ele é o Deus de toda consolação (), que está sempre pronto a atender a nossa necessidade. Deus é um Deus de conforto. Cristo é um Cristo de conforto, o Espírito Santo, é um Espírito Santo de conforto. Leia ()
A Palavra de Deus nos conforta - “Pois, tudo quanto outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”.
O Espírito Santo nos consola - “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco”.
Devemos consolar uns aos outros - “Quanto ao mais irmãos, adeus! Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará convosco.”.
O consolo a que esse versículo () se refere, não é somente o consolo final, é um consolo imediato, é um consolo trazido pelo Espírito Santo. No entanto, há também, o consolo definitivo, onde não haveremos mais de chorar, de nossos olhos serão enxugadas todas as lágrimas, não mais sentiremos dor, não mais pecaremos, viveremos plenamente santos com nosso amado Senhor e Salvador Jesus Cristo. É isso que esperamos, é isso por isso que clamamos, maranata, ora vem Senhor Jesus!
O que fazer? Como chorar?
Fim!