Determinação (Atos 20.13-16)

Arildo Louzano da Silveira
Atos dos Apóstolos  •  Sermon  •  Submitted   •  Presented
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Determinação (Atos 20.13-16) Início dos estudos em 17/11/2018; pregação em 25/11/2018, domingo.   13 ¶ Nós, porém, prosseguindo, embarcamos e navegamos para Assôs, onde devíamos receber Paulo, porque assim nos fora determinado, devendo ele ir por terra. 14  Quando se reuniu conosco em Assôs, recebemo-lo a bordo e fomos a Mitilene; 15  dali, navegando, no dia seguinte, passamos defronte de Quios, no dia imediato, tocamos em Samos e, um dia depois, chegamos a Mileto. 16  Porque Paulo já havia determinado não aportar em Éfeso, não querendo demorar-se na Ásia, porquanto se apressava com o intuito de passar o dia de Pentecostes em Jerusalém, caso lhe fosse possível. Determinação (Atos 20.13-16) Introdução Um verbo muito utilizado, hoje em dia, nas igrejas, é o verbo determinar. Frequentemente, nas orações, as pessoas ordenam: “Eu determino a cura”; “eu determino a bênção”; “eu determino a vitória”. Se você tivesse o mesmo poder que Jesus para determinar certas coisas, o que você determinaria? A cura de alguém, alguma bênção material, a derrota de Satanás, multidões de pessoas entrando pelas portas da igreja, a ponto de faltar-nos espaço no templo? Ou será que você determinaria certas ações dentro do seu íntimo: “eu determino que, a partir de hoje, vou separar um tempo especial, diariamente, para leitura da Bíblia e oração silenciosa”; “eu determino que não vou mais discutir com minha mãe, com minha esposa, com meu marido”; “eu determino que vou me vestir com a verdade e com a couraça da justiça para ter vitória sobre todas as tentações” O texto que vamos ler hoje apresenta Paulo e os demais missionários como pessoas determinadas, firmes no propósito de fazer a vontade de Deus, e isto nos faz lembrar de algumas possíveis razões para sermos determinados: Porque outros estão contando conosco (13) 13 ¶ Nós, porém, prosseguindo, embarcamos e navegamos para Assôs, onde devíamos receber Paulo, porque assim nos fora determinado, devendo ele ir por terra. Os discípulos foram de navio enquanto Paulo seguiu por terra. Era uma determinação de Paulo, e não sabemos exatamente por que, mas era necessário seguir o plano, de forma coordenada, para que voltassem a se encontrar em Assôs. Se Paulo se atrasasse, ou se os discípulos não cumprissem o plano de embarcar no navio, em Trôade, estariam pondo em risco a missão. Além do mais, eles estavam levando uma grande soma em dinheiro, que era a oferta dos gentios para os santos em Jerusalém, que passavam dificuldades. Uma das razões pelas quais precisamos ser determinados, muirtas vezes, é que outros estão contando conosco. Não podemos falhar, pois poderíamos colocar em risco a estabilidade de nossa família, de nossa organização, de nossa comunidade. É assim que, em benefício das pessoas a quem amamos, permanecemos firmes, determinados naquilo que assumimos como nossa obrigação. Existe uma música inglesa que fez muito sucesso nos anos 1960 e 1970, cujos autores foram inspirados por um filme sobre a história de um orfanato. A tradução livre da letra poderia ser mais ou menos assim: A estrada é longa; com muitas voltas sinuosas; isso nos leva a quem sabe onde? [...] Mas eu sou forte o suficiente para carregá-lo; ele não é pesado, ele é meu irmão. [...] Seu bem-estar é da minha preocupação; ele não é nenhum fardo para eu suportar; nós vamos chegar lá; porque eu sei, ele não me sobrecarrega; ele não é pesado, ele é meu irmão. Se eu estou carregado [...] de tristeza [...] uma longa [...] estrada da qual não há retorno; enquanto estamos no caminho, por que não compartilhar? E a carga Não me pesa; ele não é pesado, ele é meu irmão. RUSSELL, Bob; SCOTT, Bobby. He Ain't Heavy, He's My Brother. Londres: Abbey Road Studios, 1969. Quantas lindas histórias não poderíamos contar, aqui, de pessoas que sacrificaram tudo por seus filhos, ou filhos que sacrificaram tudo por seus pais, ou irmãos, e foram determinados, mesmo nas horas mais difíceis, porque sabiam que eles estavam contando com o seu indispensável apoio? Somos exortados em Gálatas 6.2: “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo”. Jesus é o supremo exemplo desse tipo de determinação, pois ele ficou firme, sabendo que nós dependíamos dele para que Deus nos livrasse do inferno e nos desse a vida eterna. Em João 12.27, ele ora: “Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora”. Este exemplo devemos seguir. Devemos ser, também, determinados em cumprir a vontade de Deus para nossas vidas, porque outros estão contando conosco. Porque existem oportunidades que não podemos perder (14,15) 14  Quando se reuniu conosco em Assôs, recebemo-lo a bordo e fomos a Mitilene; 15  dali, navegando, no dia seguinte, passamos defronte de Quios, no dia imediato, tocamos em Samos e, um dia depois, chegamos a Mileto. Nesta parte do parágrafo temos a impressão de que a viagem foi bem movimentada, o navio ia passando de porto em porto, num ritmo bem marcado, pois os marinheiros, experientes, sabiam que não podiam perder nenhuma oportunidade, seja para navegar, seja para aportar. Uma citação de William Ramsay, no comentário de Simon J. Kistemaker, sobre este trecho, diz que: O navio evidentemente parava todas as tardes. A razão era o vento, que no Egeu durante o verão geralmente sopra do norte, começando cedo na primeira hora da manhã, e cessando no final da tarde; ao pôr-do-sol reinava absoluta calmaria e depois uma brisa suave do sul começava e soprava toda a noite. A partida era feita antes do nascer do sol e era necessário que todos os passageiros embarcassem logo depois da meia noite a fim de estarem prontos ao primeiro sopro vindo do norte. RAMSAY, William M. St. Paul the Traveller and the Roman Citizen, p. 293. 1897. Grand Rapids: Baker, 1962. In KISTEMAKER, Simon J. Exposição de Atos dos Apóstolos Vol. 2. São Paulo: Cultura Cristã, 2003. Assim como esta viagem de navio, são também os caminhos de um cristão neste mundo. Precisamos ser determinados, pois existem oportunidades que não podemos perder, conforme a Bíblia nos fala em vários trechos: 1 Coríntios 7.21  Foste chamado, sendo escravo? Não te preocupes com isso; mas, se ainda podes tornar-te livre, aproveita a oportunidade. 2 Coríntios 6.2  (porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação); Gálatas 6.10  Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé. Colossenses 4.5  Portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportunidades.. Quando o Senhor veio, o seu povo não soube aproveitar a oportunidade, e Jesus lamentou em Lucas 19.44, sobre Jerusalém:  “e te arrasarão e aos teus filhos dentro de ti; não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não reconheceste a oportunidade da tua visitação”. Sejamos determinados, porque existem oportunidades que não podemos perder. Porque visamos um bem maior (16) 16  Porque Paulo já havia determinado não aportar em Éfeso, não querendo demorar-se na Ásia, porquanto se apressava com o intuito de passar o dia de Pentecostes em Jerusalém, caso lhe fosse possível. Porque será que Paulo estava evitando Éfeso, onde estavam muitos amigos e discípulos que o amavam? Pode ser porque ele não resistiria aos apelos dos amados para que ficasse mais uma temporada, ou pode ser que evitava a violência dos ourives que antes causaram aquele grande tumulto, ou mesmo dos inimigos judeus, que planejavam matá-lo. O fato é que, neste momento, ele tinha que abrir mão dessa comunhão, visando um bem maior, o seu firme propósito de passar o dia de Pentecostes em Jerusalém, onde devia entregar as ofertas que lhes foram confiadas pelos gentios, e depois seguir para Roma. Há situações, em nossas vidas, em que temos que abrir mão de coisas boas, até mesmo de estar com os amados irmãos e familiares, porque visamos um bem maior, o cumprimento de uma missão que, sabemos, está dentro da vontade de Deus. No site de uma Igreja Presbiteriana em Belo Horizonte, encontramos o testemunho de uma missínária, a quem vou der o nome fictício de Ângela. Uma parte do testemunho está reproduzida abaixo: A* é missionária da Oitava Igreja atuando em campo fechado, no Norte do Iraque, entre mulheres curdas. CM: O que aconteceu quando você chegou ao campo missionário? A*: Uma das dificuldades que enfrentei estava logo no início. Pisei no campo missionário tive e que guardar a mala, sabendo que estaria ali independente do que acontecesse. Muito diferente do turista que está ali por um pouco de tempo desfrutando do novo. O obreiro transcultural sabe que quando passa o novo, o encantador, o belo, e se dá conta que ali agora é seu novo lar, os choques culturais começam a aparecer e a saudade da família começa a bater forte, podendo voltar só depois de alguns anos. Ele terá que permanecer. Porque você tem a passagem de ida, mas a de volta só Deus é quem sabe. Isso gera uma certa aflição e ansiedade, por isso é muito importante ter uma visão clara do chamado e da vontade do Senhor, pois quando o tempo mau chegar, você terá forças para resistir. CM: E as tensões de guerra e conflitos civis nesta região? A*: Nesses seis anos e meio de Iraque, temos passado por várias dificuldades, inclusive guerra, medo e ansiedade. Temos acompanhado a tristeza e solidão dos refugiados, momentos muito difíceis, contudo, não retrocedemos, pois Aquele que nos chamou é fiel. CM: Como é viver em outra cultura e aprender uma nova língua? A*: Outra dificuldade na vida do obreiro transcultural é a adaptação da nova língua e cultura. Quanto mais longe a língua e cultura estiverem do nosso continente, maiores são as diferenças e dificuldades para uma aprendizagem. Se não houver empenho e dedicação, horas e horas de estudo, envolvimento com a cultura local, será impossível transmitir de forma clara o Evangelho da salvação. Nesse tempo de aprendizagem, passamos por muitas frustrações, dificuldade e estresse. Nos tornamos como crianças quando damos os primeiros passos em uma nova língua e cultura. Muitas vezes erramos, contudo, prosseguimos com o alvo de aprender melhor a língua e cultura local e assim poder chegar ao coração do povo. CM: Como a mulher lida com o inevitável afastamento da família? A*: Outra dificuldade que nós mulheres missionárias enfrentamos é em relação ao nosso lado emocional e sentimental. Por exemplo, estar longe dos familiares não é fácil. Nesse tempo aqui no Oriente Médio, meu esposo perdeu seu pai e seu irmão em um curto espaço de tempo, ele não conseguiu retornar e eu o vi sofrendo sem poder abraçar os seus entes queridos. Agora mesmo eu tenho uma tia muito querida nas últimas no hospital. Missões transculturais exigem renúncia, essa é mais uma realidade difícil que enfrentamos. Saudade da família, da igreja, de louvar em nossa língua, de ouvir pregações em nossa língua, dos amigos. Querer ver e pegar no colo os novos bebês que estão chegando para família, saudade da nossa comida brasileira, enfim, isso tudo mexe com o nosso emocional. Por isso é preciso buscar sempre a presença do Espírito Santo, pois Ele pode suprir todas as nossas necessidades emocionais e sentimentais. CM: Uma palavra de encorajamento. A*: Quero ressaltar que independente das dificuldades, vale a pena prosseguir, quando vemos pessoas conhecendo a Cristo, recebendo a salvação. Toda dificuldade se torna pequena diante de uma vida que se rende ao Senhor. Vale a pena prosseguir pois o Senhor é fiel. E quando Ele chama, Ele provê paz e alegria e tudo mais que precisamos para enfrentar as dificuldades do campo missionário. Desafios de uma mulher no campo missionário. Site da Oitava Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte, 16 de janeiro de 2018. Disponível em: <https://www.oitavaigreja.org.br/desafios-de-uma-mulher-no-campo-missionario/>. Acesso em 25 nov. 2018. Assim como os missionários são compelidos a abrir mão de coisas boas por um bem maior, assim também nós, pessoas comuns, somos orientados, pela Palavra de Deus, a sermos determinados em seguir o que é bom e justo, mesmo que tenhamos que nos privar de algumas coisas boas da vida. Vejamos o que dizem os versículos abaixo sobre este assunto: Mateus 5.29  Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno. Mateus 5.30  E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno. 1 Coríntios 6.12  Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. Provérbios 29.17  Corrige o teu filho, e te dará descanso, dará delícias à tua alma. O Senhor também vai nos disciplinar, muitas vezes, e nos privar de algumas coisas, visando um bem maior do que as bênçãos imediatas: João 16.7  Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. Hebreus 12.6,7  porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? Conclusão Paulo e os outros missionários foram bem determinados. Eles traçaram um plano e se esforçaram para cumprí-lo, dentro da vontade de Deus. Ele sabiam que outras pessoas contavam com eles, que haviam oportunidades que não podiam ser perdidas, que havia um bem maior pelo qual deviam abrir mão de outras coisas, até mesmo coisas boas. Sejamos nós, também, determinados para cumprirmos a vontade de Deus para nossas vidas   Apêndice 13 Nós <2249>, prosseguindo <4281>, embarcamos e navegamos <1909> <4143> <321>  Assôs <789>, devíamos <3195> receber <353> Paulo <3972>, porque <1063> assim <3779> nos fora <2258> determinado <1299>, devendo <3195> ele <846> ir por terra <3978>. 14  reuniu <4820> Assôs <789>, recebemo-lo a bordo <353> fomos <2064>  Mitilene <3412>; 15  dali <2547>, navegando <636> no dia seguinte <1966>, passamos <2658> defronte de <481> Quios <5508>, no dia imediato <2087>, tocamos <3846> em <1519> Samos <4544> e, um dia depois <2192>, chegamos <2064> Mileto <3399>. 16  Paulo <3972> já havia determinado <2919> não aportar em <3896> Éfeso <2181>, não <3361> querendo <1096> demorar-se <5551> Ásia <773>, se apressava <4692> Pentecostes <4005> em <1519> Jerusalém <2414>, caso <1487> lhe <846> fosse <2258> (5713) possível <1415>. Lucas 2:16  Foram apressadamente <4692> e acharam Maria e José e a criança deitada na manjedoura. Lucas 19:5  Quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, disse-lhe: Zaqueu, desce depressa <4692>, pois me convém ficar hoje em tua casa. Lucas 19:6  Ele desceu a toda a pressa <4692> e o recebeu com alegria. Atos 20:16  Porque Paulo já havia determinado não aportar em Éfeso, não querendo demorar-se na Ásia, porquanto se apressava <4692> com o intuito de passar o dia de Pentecostes em Jerusalém, caso lhe fosse possível. Atos 22:18  e vi aquele que falava comigo: Apressa-te <4692> e sai logo de Jerusalém, porque não receberão o teu testemunho a meu respeito. 2 Pedro 3:12  esperando e apressando <4692> a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão.  
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