ELE NUNCA SE ESQUECE DE NÓS
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Em nossa última leitura de Hebreus, vimos como em Jesus nos coloca diante do trono da graça de Deus. Vimos como Jesus, infinitamente maior que qualquer sumo-sacerdote, intercede por nós e não só nos apresenta ao Pai, como abre por seu próprio sangue um novo e vivo caminho para que estejamos, nós mesmos, constantemente diante do Pai.
Diante do Pai, pela obra do Filho, através do Espírito, recebemos graça e misericórdia diariamente.
Na leitura de hoje, vemos como Jesus, nosso atual Sumo-Sacerdote, não só faz coisas por nós, como nos ensina por seu próprio exemplo o que todos devemos também fazer.
1 Cada sumo sacerdote, sendo escolhido dentre os homens, é constituído nas coisas relacionadas com Deus, a favor dos homens, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados.
Qual a função de um sumo-sacerdote?
Todos os sumos-sacerdotes do AT foram escolhidos dentre os homens. Jesus não (o autor explica isso mais adiante).
Todo sumo-sacerdote tem a função de prestar favores aos homens diante de Deus. É um mediador entre os homens e Deus. Faz a função inversa do profeta - que traz a mensagem de Deus aos homens (o sumo-sacerdote leva uma mensagem dos homens a Deus, um pedido de perdão).
Embora sejam escolhidos dentre os homens, são todos de uma linhagem escolhida por Deus, a linhagem de Arão e os levitas (tribo de Levi), conforme determinado em .
Sendo um ser humano igual aos que representa, o que um sumo-sacerdote é capaz de fazer?
Hb5.2
2 Ele é capaz de se compadecer dos ignorantes e dos que se desviam do caminho, pois também ele mesmo está rodeado de fraquezas.
3 Por esta razão, deve oferecer sacrifícios pelos pecados, tanto do povo como de si mesmo.
4 E ninguém toma esta honra para si mesmo, a não ser quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão.
Ainda tratando do sumo-sacerdote humano, o autor deixa claro que o sumo-sacerdote não é mais santo que aqueles que representa. É tão pecador quanto eles, e por isso deveria oferecer sacrifício para si também.
Isso deveria trazer humildade e compaixão no coração destes homens. Eles deveriam ter sempre a consciência de que são eram super-homens, mas que possuíam as mesmas fraquezas e que estavam rodeados constantemente das mesmas tentações. Deus, porém, os ouviria e aceitaria a oferta/sacrifício tanto por seus pecados quanto pelos daqueles que eles representavam.
O verso 2 fala de compaixão pelos ignorantes e pelos que se desviam pelo caminho.
Devemos lutar contra o orgulho diante dos que sabem menos que nós e contra o desprezo por aqueles que não estão no mesmo caminho que nós.
A única coisa que nos trouxe para o caminho de Deus e nos mantém nele é a graça de Deus.
Após falar do Sumo-Sacerdote, o autor começa a compará-lo com Jesus.
Hb5.5-
5 Assim, também Cristo não glorificou a si mesmo para se tornar sumo sacerdote, mas quem o glorificou foi aquele que lhe disse: “Você é meu Filho, hoje eu gerei você.”
6 E em outro lugar também diz: “Você é sacerdote para sempre, segundo a ordemde Melquisedeque.”
Cristo não glorificou a si mesmo. Isso só significa que a obra da salvação foi uma obra do Pai, do Filho e do Espírito, e não só do Filho.
Como os sumo-sacerdotes do AT da linhagem de Arão, Jesus não apontou a si mesmo, mas foi apontado/escolhido pelo Pai.
Cristo foi coroado com glória por causa do que ele fez em sua morte.
O verso 6 liga Jesus à chamada (e inexplicável) Orde de Melquisedeque.
Melquisedeque foi uma figura misteriosa que apareceu na Bíblia somente em .
18 E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho. Ele era sacerdote do Deus Altíssimo.
Depois, no ele é mencionado novamente.
4 O SENHOR jurou e não voltará atrás: Você é sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
E agora, em Hebreus, Melquisedeque volta a ser mencionado algumas vezes.
Melquisedeque é descrito como o Rei de Salém e um sacedote (). De acordo com o , um outro Melquisedeque surgiria na descendência de Davi. Salém é identificada como o lugar onde Jerusalém atualmente está.
No mito popular (de acordo com livros judeus apócrifos), o povo lia estórias de que um anjo chamado Miguel teria salvo Melquisedeque no Dilúvio (2 Enoque 72.1, 9-10). Contava-se também que o Manuscrito de Melquisedeque (um texto dos Manuscritos do Mar Morto), apresenta Melquisedeque como uma figura divina mais exaltada que os anjos. Fora destes textos (inspirados e apócrifos), nada mais é dito sobre este homem.
Ao conectar Jesus à figura de Melquisedeque, evoca-se a ideia popular de um sacerdote eterno, divino, maior que os anjos.
Porém, apesar de ser tão grande, também se fez humano e conheceu as dores daqueles a quem Ele representaria. Veja nos versos seguintes.
7 Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte, foi ouvido por causa da sua reverência.
Hb5.7-
A humanidade de Jesus é reforçada aqui. Após enfatizar tanto sua divindade, o autor de Hebreus mostra que ele também era totalmente humano e que, por isso, poderia ser sacrificado em nosso lugar.
Enquanto homem, Jesus fez uso da oração como meio de alcançar forças para as tribulações que passaria.
E veja que interessante:
8 Embora fosse Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu
9 e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem.
Hb5.8
Em qual sentido Jesus "aprendeu a obediência"?
Este texto é bastante mal interpretado em alguns círculos. No entanto, não é difícil o compreendermos ao lermos junto dos demais versos, como temos feito até aqui.
Como um ser humano igual aos outros, Jesus aprendeu a falar, a andar, a comer e a orar. Embora sendo Deus, ele não deixou de ser um homem, 100% homem (enquanto permanecia sendo 100% Deus).
Na teologia, chamamos isso de União Hipostática (união das duas naturezas de Cristo). Compreender esta união é tão impossível para nós quanto tentar entender a Trindade.
O que podemos entender é que, enquanto homem, Jesus sofreu, chorou, teve fome, e aprendeu coisas. Isso mostra a solidariedade dele com a nossa raça. Ele se fez um de nós. E como um de nós, mostrou-nos com tudo o que Ele sabe como agirmos em meio aos sofrimentos: orando.
Veja novamente o verso 7:
7 Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte, foi ouvido por causa da sua reverência.
Após sua morte pura e perfeita na cruz, tornou-se o perfeito sacrifício em nosso favor:
9 e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem.
Jesus, em sua morte, tornou-se a única fonte possível de salvação para qualquer ser humano. Sem Jesus, é impossível sermos salvos. Por isso, faz-se urgente toda ação missionária, todo esforço para pregarmos o evangelho, para enviarmos missionários, para apoiarmos aqueles que estão nos campos, aqueles que percorrem terra e mar para trazer alguém ao conhecimento de Jesus.
E nossa leitura de hoje termina com o verso 10.
10 E Deus o nomeou sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.
Para sempre, Jesus estará posto como aquele que se colocará no entre os homens e Deus, para interceder por eles, e para trazê-los para a presença do Santo dos santos.
APLICAÇÃO
APLICAÇÃO
Algo muito confortador é saber que Jesus passou por tudo que passamos.
E não é só isso, saber que ele intercede por nós em nossas dores e sofrimentos, saber que ele tem compaixão de nós em nossa ignorância, quando nos desviamos do caminho, e saber que ele é o único que pode nos colocar de volta no lugar de onde nunca devemos sair.
Sem Jesus, sempre estaremos distantes de Deus. Com Jesus, estaremos sempre no centro da vontade de Deus. Jesus é o centro da vontade de Deus. Jesus é onde encontramos a Deus.
Se queremos ser salvos, não há outro lugar, pessoa ou religião que substituam a Jesus. Só Jesus salva. Só Jesus é hoje Sumo-Sacerdote. Só Ele intercede, pede a nosso favor, e nos apresenta diante do Pai constantemente.
Jesus é a perfeita figura apresentada por Isaías em :
15 O SENHOR responde: “Será que uma mulherpode se esquecerdo filho que ainda mama, de maneira que não se compadeçado filho do seu ventre? Mas ainda que esta viessea se esquecer dele, eu, porém, não me esquecereide você.
16 Eis que eu gravei vocênas palmas das minhas mãos; as suas muralhasestão continuamentediante de mim.
Nossos nomes estão escritos com tintas inapagáveis nas palmas das mãos de Jesus. Os buracos nas mãos do Redentor possuem nossos nomes gravados. Ele nunca se esquecerá daqueles pelos quais sofreu e morreu.
Por isso, diante das tribulações, podemos/devemos repousar sobre estas verdades, buscar consolo nestas palavras, confiar no que ele disse, no que ele fez, confiar de que tudo passará e, no fim, com ele reinaremos.
Até lá, devemos praticar o que Jesus praticou quando aqui vivia e sofria. Devemos orar, orar mais, orar sem cessar.
Não devemos nunca nos esquecer do verso 7:
7 Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte, foi ouvido por causa da sua reverência.
8 Embora fosse Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu
Devemos sempre buscar refúgio na oração. Suplicar, chorar, buscar… As mesmas mãos que abraçaram Jesus no Getsêmani nos abraçarão em nosso quarto. Os mesmos anjos que sustentarão Jesus na via dolorosa nos acompanharão em nossos caminhos de dor.
9 e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem.
Ao atravessarmos estes caminhos de dor, que façamos aquilo que mais agrada os ouvidos de nosso Pai Celestial: o louvor em meio à dor.
Cante, louve, ore, chore. Mas que a dor e os clamores não silenciem o louvor de nossos lábios. Cristo, mesmo sabendo que seria traído, espancado, abandonado, pregado em numa madeira, em menos de 24 horas antes de passar por tudo isso conduziu seus discípulos em hinos de louvor após a última ceia.
Em Jesus temos não só o Salvador que precisamos, mas o maior exemplo de vida que jamais encontraremos. Louvemos a Jesus!