Andando sobre as águas
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Andando sobre as águas
Andando sobre as águas
A história é muito conhecida. Ela encontra-se em Mateus 14:22-33
Aquele dia não havia sido um dia normal na vida dos discípulos ou da multidão. Para compreendermos a intensidade desta história, precisamos compreender o que aconteceu nas horas que a precederam.
Em Mateus 14:13-21 temos o relato daquele dia incomum. Primeiro porque Jesus havia curado inúmeras pessoa, segundo porque ele havia alimentado a multidão com apenas 5 pães e 2 peixinhos. Não eram poucas pessoas que estavam com Jesus naquele dia. O texto fala em 5000 homens, sem contar mulheres e crianças.
O momento de glória chegou!
O momento de glória chegou!
Ao verem dezenas de pessoas sendo curadas, uma multidão com mais de 10 mil pessoas sendo alimentadas, a conclusão óbvia do povo foi de olhar para Cristo como um libertador em grande potencial na luta contra o império romano.
É este Aquele que há de tornar a Judéia um paraíso terrestre, uma terra que mana leite e mel. Pode satisfazer todo desejo. Pode derribar o poder dos odiados romanos. Pode libertar Judá e Jerusalém. Pode curar os soldados feridos na batalha. Abastecer exércitos inteiros de alimento. Conquistar as nações, e dar a Israel o domínio longamente ambicionado. DTN 377
Ao perceberem a movimentação da multidão, os discípulos também sem animaram e começaram a planejar a coroação de Jesus como seu Rei (João 6:15) e General.
Sabendo, pois, Jesus que estavam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o proclamarem rei, retirou-se novamente, sozinho, para o monte.
É interessante notar como o povo estava tão focado no "messias" idealizado dentro de seus sonhos temporais e limitados que não conseguiam enxergar, ou compreender, mesmo Jesus lhes explicando de maneira clara, qual era seu propósito como messias.
Será que muitas vezes eu e você não temos idealizado um messias de acordo com nossos interesses pessoais? Um messias totalmente diferente de quem Jesus é e deseja ser em nossa vida?
O balde de água fria
O balde de água fria
Chegamos então a Mateus 14:22. Ao perceber as intenções da multidão e dos discípulos, Jesus manda os discípulos entrarem no barco e atravessarem o lago, e começa a despedir as multidões.
Logo a seguir, compeliu Jesus os discípulos a embarcar e passar adiante dele para o outro lado,enquanto ele despedia as multidões.
— Como assim Jesus? Esse é o momento de glória!
— Entrem no barco, vão para o outro lado. Acabou por hoje.
Protestaram contra essa medida; mas Jesus falou então com uma autoridade que nunca dantes assumira para com eles. Sabiam que seria inútil qualquer oposição de sua parte, e, silenciosos, dirigiram-se para o mar. DTN 378
Certamente isso não era o que os discípulos queriam ouvir naquele momento. Todas suas expectativas foram jogadas por terra. Sua frustração com o messias que haviam idealizado os leva ao ponto de questionarem se Jesus era realmente o messias.
Mateus 14:23 entretanto diz que Jesus diante da tentação do caminho fácil, do atalho, despede as multidões, sobe ao monte, para orar sozinho.
E, despedidas as multidões, subiu ao monte, a fim de orar sozinho. Em caindo a tarde, lá estava ele, só.
Existem momentos em que a solitude é não apenas importante, mas necessária. Jesus precisava ficar a sós… com o Pai. Não estava em dúvida de quem era ou de qual era sua missão. Ele intercedeu pelos discípulos e pela multidão que ainda não haviam compreendido seu propósito como salvador.
Será que eu e você estamos separando momentos para estarmos a sós com Deus para focarmos na missão e propósito que Ele tem para nossa vida?
Enquanto isso, Mateus 14:24 nos apresenta os discípulos longe de Jesus, a cerca de 5-6km, no meio do lago, enfrentando uma grande tempestade. A tormenta que enfrentavam contra o mar certamente não era maior do que a que acontecia em seus corações.
A incredulidade se estava apoderando de seu espírito e coração. Cegava-os o amor da honra. Sabiam que Jesus era odiado pelos fariseus, e estavam ansiosos por vê-Lo exaltado como pensavam que devia ser. Estarem ligados a um mestre que podia operar tão grandes milagres, e ainda serem injuriados como enganadores, era provação que mal podiam suportar. Deveriam ser sempre considerados seguidores de um falso profeta? Não haveria Cristo nunca de afirmar Sua autoridade como rei? Por que não havia Ele, que possuía tal poder, de revelar-Se em Seu verdadeiro caráter e tornar-lhes a eles o caminho menos penoso? Por que não salvara João Batista de uma morte violenta? Assim raciocinavam os discípulos, até que trouxeram sobre si mesmos grande treva espiritual. Perguntavam: Poderia ser Jesus um impostor, como afirmavam os fariseus? DTN 380
Um fantasma!
Um fantasma!
Os discípulos lutaram com todas as suas forças para não deixar o barquinho afundar. Como eles desejavam que Jesus estivesse ali com eles naquele momento. Lutaram com todas as suas forças até até cerca de 3h da manhã, e se renderam. Não aguentavam mais.
Mas Jesus não os havia esquecido. Ele observava atentamente seus preciosos discípulos lutando contra as ondas em desespero. E quando suas forças estavam quase se esgotando, ele vai ao seu encontro. Mateus 14:25 diz que ele foi ter com eles andando por sobre o mar.
Na quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando por sobre o mar.
Ao verem Jesus andando sobre as águas, aqueles homens já totalmente desfalecidos entram em pânico.
— É um fantasma!
Mateus 14:26 chegaria a ser cômico, se não fosse trágico! Doze homens, em um barco, em meio à tempestade, gritando de medo!
E os discípulos, ao verem-no andando sobre as águas, ficaram aterrados e exclamaram: É um fantasma! E, tomados de medo, gritaram.
Jesus avança como se lhes quisesse passar adiante; reconhecem-nO, porém, e clamam por socorro. DTN 381
Jesus prontamente responde: Se animem! Sou eu. Não fiquem com medo! (Mateus 14:27)
Sobre as águas
Sobre as águas
Pedro fica extremamente agitado ao ver seu Mestre. Como que num impulso ele fala (Mateus 14:28):
Respondendo-lhe Pedro, disse: Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas.
Esse pedido parece ser loucura! O que não entendemos é que por trás dele existe algo muito forte ligado ao discipulado.
Nos tempos de Jesus, os Rabis (mestres) tinham seus discípulos que os seguiam dia e noite. A maior ambição de um discípulo era a de se tornar semelhante ao seu mestre. Os discípulos entendiam que TUDO que o mestre fazia, eles também deviam fazer. Portanto na mente de Pedro, se Jesus, meu mestre, andou sobre o mar, eu também posso andar! A narrativa da história se segue com uma naturalidade surpreendente! (Mateus 14:29)
E ele disse: Vem! E Pedro, descendo do barco, andou por sobre as águas e foi ter com Jesus.
Jesus fala "vem" e Pedro desce do barco e sai andando sobre as águas na direção de Jesus.
Precisamos lembrar que o mar estava agitado, as ondas e o vento estavam fortes. Os discípulos já haviam lutado por horas para se manter vivos e agora Pedro sai daquele que era até então o único lugar seguro em meio a toda aquela tempestade.
Isso me leva a pensar que muitas vezes estamos mais seguros em meio à tempestade, com Cristo, do que quando estamos em aparente segurança mas longe dele.
Pedro começa a caminhar sobre o mar. Não, o mar não estava congelado, mas seus passos estavam firmes como se estivesse andando na terra. Cada passo um milagre!
Você já se sentiu vivendo assim? Cada passo um milagre?
Pedro continua caminhando, e quando já está na metade do caminho, olha para trás, vê o barco, seus amigos boquiabertos contemplam-no andando por sobre o mar. Quando volta o olhar para Jesus, uma onda enorme encobre o mestre, e ele começa a ter medo. Toda a euforia se transforma em pavor. Ao não enxergar mais a Cristo, sua fé desfalece e ele fica sem chão. Seus pés começam a afundar, não há nada para se segurar. Só quem já quase se afogou sabe o que é perder o chão sob os pés. O desespero toma conta e ao se deparar face a face com a morte, Pedro clama: SALVA-ME, SENHOR! (Mateus 14:30)
Reparando, porém, na força do vento, teve medo; e, começando a submergir, gritou: Salva-me, Senhor!
Você já se sentiu sem chão? Em algum momento de angústia você já gritou assim como Pedro: "Salva-me, Senhor"?
Mateus 14:31 diz que IMEDIATAMENTE Jesus estendeu a mão e segurou Pedro.
E, prontamente, Jesus, estendendo a mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste?
Aquele braço não era um braço qualquer! Jesus era carpinteiro por formação.
Você sabe qual a diferença entre Carpinteiro e Marceneiro?
Em muitas ilustrações encontramos Jesus em uma oficina de marcenaria e imaginamos que seu trabalho era produzir móveis como mesa, cadeiras, armários… mas nos tempos bíblicos as pessoas comiam no chão, não tinham mesa ou cadeiras, muito menos armários em casa. Jesus não era marceneiro, ele era carpinteiro.
c 6.3 Jo 6:42. Segundo Mt 13:55, José, o esposo de Maria, era carpinteiro. O termo grego também significa pedreiro.
Sociedade Bíblica do Brasil, Bíblia de Estudo Almeida Revista e Atualizada (Sociedade Bíblica do Brasil, 1999).
Eu fico imaginado Pedro afundando e tentando se agarrar a algo quando sua mão se encontra com a de Cristo. Jesus não era fraquinho. Aquele braço era forte. Mas além da força física, aquele era o poderoso braço de Deus.
Quantas vezes, ao sobrevir-nos aflição, fazemos como Pedro! Olhamos para as ondas, em lugar de manter os olhos fixos no Salvador. Os pés vacilam, e as orgulhosas águas passam por sobre nossa alma. Jesus não disse a Pedro que fosse ter com Ele para que perecesse; não nos chama a segui-Lo, para depois nos abandonar. "Não temas", diz-nos; "porque Eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és Meu. Quando passares pelas águas, estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque Eu sou o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador." Isa. 43:1-3.
Mas agora, assim diz o Senhor, que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.
Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.
Porque eu sou o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito por teu resgate e a Etiópia e Sebá, por ti.
Porque Pedro afundou?
Mateus 14:31 responde: Pedro duvidou.
E, prontamente, Jesus, estendendo a mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste?
Sua fé enfraqueceu. No momento em que Pedro desviou seu foco de Cristo, sua fé vacilou, sua dúvida aumentou e o resultado foi afundar.
Quantas pessoas hoje estão vivendo dentro da igreja mas seu olhar já não está em Cristo. Apesar de cumprirem as regras e rituais propostos pela sua rotina religiosa, sua fé tem enfraquecido dia após dia. Alguns chegam ao ponto de em um momento abandonar tudo e inclusive passam a duvidar da existência de Deus.
Como isso é possível? Como chegou a esse ponto? Como isso começou?
Juntos no barco
Juntos no barco
Ao tomar Pedro pela mão, Jesus caminha juntamente com ele, lado a lado, mãos dadas, até o barco. Mateus 14:32 diz que somente então, ao subirem "ambos para o barco, cessou o vento."
Subindo ambos para o barco, cessou o vento.
Somos tentados assim como Pedro a confiar em nossa auto-suficiencia.
Unicamente compreendendo a própria fraqueza e olhando firmemente para Jesus, podemos caminhar com segurança.
Tão depressa tomou Jesus lugar no barco, o vento cessou, "e logo o barco chegou à terra para onde iam". A noite de horror foi seguida pelo raiar da aurora. Os discípulos e outros que se achavam no barco, inclinaram-se aos pés de Jesus, corações agradecidos, dizendo: "És verdadeiramente o Filho de Deus." DTN 382
Não sei se você está vivendo em meio à tempestade. Não sei se as dúvidas tem consumido sua fé e feito você duvidar que é capaz de vencer. Não sei se você está sem chão tentando desesperadamente se agarrar a algo. O que eu sei é que assim como os discípulos experimentaram naquela noite: tudo vai passar.
Depois da negra noite vem o alvorecer! Depois das lágrimas vem a alegria. A tempestade não vai durar para sempre!
Enquanto ela não passa, mantenha os olhos em Jesus! Não desvie o olhar! E mesmo se em algum momento você afundar, sua fé vacilar… junte suas últimas forças e clame: SALVA-ME, SENHOR! E certamente o poderoso braço de Jesus estará estendido e lhe erguerá. Então vocês caminharão juntos, lado a lado, de mãos dadas, em meio a tempestade. E até o final da tormenta, Ele estará com você!
Acredite! Amém