Ser cristão é APRENDER A AMAR
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· 42 viewsAmar como Jesus amou é a principal ferramenta da missão
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Transcript
Os três primeiros evangelhos têm todos uma descrição similar a respeito do que Jesus fez e ensinou. Muito do que nós vemos em Lucas, na série que estamos pregando desde o início do ano passado se repete em Mateus e Marcos. Eles são chamados de sinóticos, porque oferecem esta mesma visão de Jesus sob perspectivas diferentes.
Quando porém lemos o evangelho de João, nós percebemos algo de outra natureza. João não é um historiador detalhista como Lucas. Sua preocupação é outra. Ele mesmo diz que seu interesse é que seus leitores cressem em Jesus como Filho de Deus. Por isso, seu Evangelho vai fundo na pessoa de Jesus em como, misteriosamente, o Verbo, que é Jesus se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e verdade.
Graça e verdade são especialmente reveladas quando entramos no capítulo 13 até o 17, a narrativa de uma única noite, a da última ceia, antes que o Senhor fosse traído, preso, julgado e executado. Há dois detalhes que chamam a atenção aqui, a meu ver. Primeiro, a importância do que é dito e, segundo, o desvendar do próprio coração de Cristo. Ele nunca se expôs tanto aos seus quanto neste último encontro antes da cruz, em seu amor por eles - e não apenas por eles, mas também por nós, os que viríamos a partir de seu testemunho, como Jesus menciona em sua oração do capítulo 17.
E se há uma palavra que governa o ministério de Cristo esta palavra é amor. Amor ao Pai, a quem ele serve fielmente e às pessoas a quem ele veio salvar. Não é de se estranhar, então, que amar seja a grande instrução que deixa aos seus e a nós. A partir deste texto, na última mensagem desta série, quero mostrar a vocês que
Nós revelamos ao mundo o amor de Cristo quando amamos os irmãos
Nós revelamos ao mundo o amor de Cristo quando amamos os irmãos
Quero primeiro mostrar a você que as pessoas em geral têm uma falsa compreensão a respeito do que significa amar. Mostro em seguida que Jesus restaura o nosso conceito de amor. Depois, falaremos sobre o que o amor entre nós comunica, para terminar mostrando como este amor pode ser colocado em exercício. Primeiro, vejamos o que se entende geralmente por amor e como o que Jesus quer dizer quando nos ordena amar não é algo com que estejamos necessariamente habituados.
A falsa noção do que é amar
A falsa noção do que é amar
Na primeira parte do verso 34, vemos Jesus afirmando trazer um novo mandamento, de que nós nos amássemos uns aos outros; mas em que sentido este mandamento é novo, se na Lei de Moisés nós lemos Deus ordenando ao seu povo que ()?
“Não procurem vingança, nem guardem rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor.
A novidade do mandamento não está ligada ao tempo, mas o frescor da interpretação de toda a Lei à luz do mandamento de amar. O amor é o fundamento de toda a Lei divina. João trabalha esta perspectiva na sua primeira carta quando afirma ():
O amor restaurado
Amados, não lhes escrevo um mandamento novo, mas um mandamento antigo, que vocês têm desde o princípio: a mensagem que ouviram. No entanto, o que lhes escrevo é um mandamento novo, o qual é verdadeiro nele e em vocês, pois as trevas estão se dissipando e já brilha a verdadeira luz.
Ou seja, nós temos um novo mandamento que nada tem de novo, porque é a base da própria Lei; mas fica uma pergunta a ser respondida: porque a necessidade de um mandamento que ordene amar?
Eu preciso fazer uma confissão a vocês, bastante pessoal. Quando descobrimos a gravidez do Samuel, eu tive um certo receio. Já não sou tão jovem, já não tenho a mesma disposição de sete anos atrás, quando o Otávio nasceu, a vida financeira, como a da maioria é apertada. Não é que eu não desejasse um outro filho, mas o medo do que esta nova paternidade poderia representar me impactou de alguma maneira.
Porém, quando há quase um ano eu peguei Samuel nos braços pela primeira vez, todo medo desapareceu. Meu coração se ligou a ele da mesma forma como aconteceu com o Otávio. Hoje, quando seguro Samuel no colo, quando ele me dá um trabalho danado, eu nem me lembro do receio sentido. Amar parece ser algo tão natural, não é? Para que, então, um mandamento tão específico sobre isto?
A razão é que, como tudo que envolve o ser humano, a nossa maneira de amar é confusa. Quando Adão vê Eva pela primeira vez, nós lemos do encanto, de como estas duas almas se ligaram uma à outra. Eva é a bela companheira, tomada de sua carne e dos seus ossos; mas são necessários exatamente 14 versículos para que ela se torne a desgraçada causadora da ruína de Adão. Ele continuou ligado a ela, como vemos na sequência, mas o amor agora vem manchado com o egoísmo, busca por autossatisfação e desconfiança.
Agora, nós amamos ao próximo, desde que ele tenha com que nos recompensar. É como a moça que termina o relacionamento com seu namorado e diz que não quer nada com ele. Depois de um ano, ela escreve um e-mail que diz "querido, sinto sua falta. Eu penso em você o dia todo e a noite toda. Você domina minha mente e eu não quero mais ficar longe de você. Querido, vamos nos reconciliar. P.S. Parabéns por ganhar na loteria!” O amor natural do homem é assim, manchado pelo pecado. Esta dificuldade nos relacionamentos é que levou o cantor David Byrne a afirmar que:
Eu acho que posso ser um workaholic. Muito disso é uma maneira de lidar com outras partes da vida com as quais eu não me sinto tão à vontade, como relacionar-me com seres humanos (David Byrne).
O próprio sentido do que significa amar está distorcido. A USP realizou no ano passado uma pesquisa com cerca de 600 participantes. A eles era mostrado um cartaz com a palavra AMOR e eles tinham de escrever, numa folha em branco uma palavra ou frase que definisse o que é amor. O resultado, não surpreendente, é que a maioria dos homens relaciona amor com sexo, enquanto as mulheres relacionam amor com romance. Assim, amar passa a ser, na visão da maioria, uma expressão de afetividade.
Eu percebo em mim mesmo como o amor é manchado pelo pecado.
Talvez esta confusão fique mais patente, se considerarmos o exemplo de John Lennon, sobre como o que consideramos como amor pode significar não muito mais que uma palavra solta. Você sabe, Lennon escreveu músicas belíssimas, mas eu quero chamar sua atenção para o refrão de All You Need Is Love, uma das músicas mais conhecidas da história, gravada em 1967 no auge da guerra do Vietnã no álbum The Magical Mystery Tour dos Beatles. Veja:
“Tudo o que você precisa é de amor/tudo o que você precisa é de amor/tudo o que você precisa é de amor, amor/amor é tudo de que você precisa” (John Lennon e Paul McCartney)
Mas de que amor estamos falando? O mesmo John Lennon que escreveu este refrão agredia fisicamente suas duas esposas, era um pai negligente e que frequentemente humilhava seus filhos em público. Além disso, ajudou a financiar o grupo Panteras Negras, ativistas da causa racial que, não raro, usavam de violência; e John Lennon não está sozinho em sua confusão, já que a maioria das expressões culturais sobre o amor estão cheias de egoísmo e busca por autossatisfação. De que amor estamos falando?
Este não é o amor de que a Lei de Moisés ou Jesus falam. ele confronta esta falsa noção do que é amar, por exemplo em :
Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa vocês receberão? Até os publicanosfazem isso!E se saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso!
Ou seja, é inútil amar apenas aqueles de quem se pode obter algo em troca; e se Jesus rechaça esta falsa noção, também devemos nós, como João nos lembra em sua primeira carta ():
Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade.
Nós, como igreja de Cristo, precisamos confrontar esta noção vazia de amor que a cultura tem explicitando em ações a verdade sobre o que é amar. O amor que Jesus ordena é algo tão sublime, que é necessário dizer a você, que ainda não entregou sua vida a Jesus, ainda não sabe realmente o que é amar. É o que veremos a seguir.
O amor restaurado
O amor restaurado
O amor restaurado
O amor restaurado
“Amor é cristão”
O amor restaurado
Na segunda parte do verso 34, Jesus nos dá o padrão e a medida do verdadeiro amor. A forma grega do verbo traduzido por “amem-se” é interessante. Não é um imperativo, uma ordem como seria de se esperar, mas um convite. Um convite a que amemos como ele ama.
Alto demais, não é? Mas isto é bom e honroso. Jesus nos trata como imagem e semelhança de Deus. Ele não baixa a régua, não diminui o padrão. Nós fomos criados à imagem de um Deus que ama. Há um relacionamento de amor dentro da Trindade, uma união de propósitos, de serviço e consideração mútuos que deve ser imitado por nós, já que somos feitos à semelhança do Senhor. A capacidade de amar é um dos assim chamados atributos comunicáveis de Deus. Ela está presente em nós, ainda que manchada pelo pecado, como já mostramos. O que Jesus propõe é uma restauração ao padrão divino de amor, o qual ele mesmo encarna à perfeição; mas o que aprendemos deste amor em Jesus para que nós o imitemos?
Há muito a dizer, mas vou me ater em três aspectos aqui. Primeiro, o amor de Jesus é intencional. Veja, mais uma vez, o que João diz em :
Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar uns aos outros.
Nós amamos porque ele nos amou primeiro.
O que João está querendo dizer é que o amor de Deus tomou a iniciativa e veio em nossa direção. Ele não esperou que fôssemos dignos deste amor. Aliás, como temos reforçado semana após semana, Deus nos amou enquanto nós ainda éramos seus inimigos; mas Jesus não fez conta disto. Ele se fez carne, habitou entre nós cheio de graça e verdade, entregou-se voluntariamente para sofrer a pena merecida por nós pelos nossos pecados e hoje se aproxima de nós, pelo seu Espírito, para nos dar um coração capaz de amar como ele ama. O amor de Jesus é um amor intencional, que toma a iniciativa.
O amor
Segundo, o amor de Jesus é um amor sacrificial. Considere o capítulo 1 deste evangelho de João, sobre como ele descreve a Jesus antes de sua encarnação. Ele era o filho perfeito do Pai, cheio de glória, criando e sustentando tudo pelo seu poder (a adição é de Paulo, na carta aos Colossenses). Era autossuficiente, nada necessitando de nossa parte; mas ele escolhe esvaziar-se desta glória, sofrer na pele os efeitos do pecado no homem, as nossas necessidades, ser rejeitado pelas mesmas pessoas por quem veio para, por fim, sofrer a humilhação suprema da morte na cruz. Ele deu de si mesmo para que nós fôssemos salvos, e isto movido por exclusivo amor, já que nada poderíamos oferecer a ele. Por isso, João afirma, em que a maior prova do amor de Deus por nós é ele ter nos dado o seu Filho para morrer em nosso lugar.
Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.
Muito poderia ser dito ainda sobre este amor sacrificial, mas permita que eu vá para o terceiro aspecto do amor de Jesus. O amor dele é um amor paciente. É um amor como o descrito no , que fala sobre a misericórdia de Deus. Na sua misericórida, segundo o mesmo salmo (), vemos que Deus sabe de nossas falhas. Ele sabe que somos o pó da terra; mas ainda assim, persistentemente, ele nos ama. Como dissemos em nossa mensagem sobre o capítulo 15 de Lucas, Deus é o pai que espera à beira do caminho o filho que volta sujo, maltratado pelos seus próprios erros. O amor de Deus jamais desiste de nós.
Este é o padrão do verdadeiro amor, intencional, sacrificial e paciente, que Jesus nos chama a imitar. O amor de Jesus não é um sentimento egoísta e que busca a autossatisfação. É uma decisão em favor do outro, de benevolência, de desejar o bem e crescimento, por vezes, de pessoas totalmente indignas deste favor.
Este amor que encontramos em Jesus está presente tanto para que possamos experimentar quanto aprender. O amor que você tanto busca está em Jesus. É ele em seu propósito de chegar até você que me enviou hoje para falar do seu amor. É ele quem se entregou por você, levando sobre si o peso da ira de Deus. É ele quem não leva em conta os seus pecados passados e que espera que você responda ao seu amor, aprendendo a amar, a ele e às pessoas.
Pense no poder de transformação deste amor colocado em prática e digo isto principalmente aos que já o experimentaram, os crentes em Jesus. Este amor é o motor da transformação que o mundo tanto precisa. Pense nas estruturas do egoísmo ruindo sob uma explosão do amor de Deus. Pense na cidade, tão fria e indiferente, sendo transformada por pessoas como você, portador do amor de Deus. A Igreja de Cristo é chamada a espalhar o mesmo amor que experimentou da parte de Cristo: intencional, sacrificial, paciente.
Jesus vai mostrar a seguir que o amor é a carteira de identidade do cristão. O amor que nutrimos uns pelos outros é a ferramenta missionária por excelência.
O que o amor comunica
O que o amor comunica
O que o amor comunica
Como é possível, hoje, que milhões de pessoas rejeitem e até mesmo persigam uma fé que fala tanto de amor, graça e generosidade quanto a fé cristã? Nossos valores mais caros atendem às maiores necessidades existenciais da humanidade, como aceitação, significado e valor. Ainda assim, somos desprezados pessoalmente, nossa mensagem recusada e nosso direito à livre expressão do que cremos diariamente ameaçado. Por quê?
Bem, poderíamos dizer que o Deus soberano escolheu alguns para a salvação e outros para a perdição e por isso as pessoas não vêm a crer, e isto estaria biblicamente certo. Também estaria correto dizer que o diabo cegou o entendimento de muitos para que não vejam a Cristo, não se convertam e sejam salvos; mas será que nós não temos nenhuma responsabilidade?
Esta é uma notícia recente, publicada na quinta, dia 30. Ouça:
Um debate sobre os ensinamentos da Bíblia terminou em tragédia em uma igreja de Timbaúba, na Zona da Mata de Pernambuco, na última quarta-feira. José Carlos da Silva, 52 anos, foi preso em flagrante após matar a facadas Paulo Germano da Silva, de 58 anos, por volta das 5h da manhã. De acordo com a Polícia Civil, os dois eram pastores e teriam "se desentendido sobre a palavra de Deus". Após sofrer as facadas, a vítima tentou fugir, mas José Carlos o alcançou e o agrediu a pedradas. Paulo Germano veio a óbito no local. De acordo com moradores do bairro, os dois eram membros de uma igreja pentecostal e dividiam um quarto no bairro do Cruzeiro. A Polícia Civil informou que o agressor seria encaminhado para audiência de custódia no Fórum da cidade, onde será ouvido pelo juiz de Direito da Comarca de Timbaúba.
Após sofrer as facadas, a vítima tentou fugir, mas José Carlos o alcançou e o agrediu a pedradas. Paulo Germano veio a óbito no local. De acordo com moradores do bairro, os dois eram membros de uma igreja pentecostal e dividiam um quarto no bairro do Cruzeiro.
A minha dúvida é, que credibilidade temos para afirmar a verdade do que cremos diante de fatos como este? Richard Dawkins é um dos ateístas mais ferrenhos da atualidade. Não podemos concordar com ele em sua defesa - contraditoriamente - religiosa e fundamentalista do darwinismo, mas ele tem razão ao afirmar que nem todas as epidemias até hoje mataram mais do que a intolerência religiosa - e nós somos culpados de boa parte disto, vide as cruzadas ou a inquisição, por exemplo.
A Polícia Civil informou que o agressor seria encaminhado para audiência de custódia no Fórum da cidade, onde será ouvido pelo juiz de Direito da Comarca de Timbaúba.
Ou as grandes guerras mundiais não foram travadas entre cristãos, colaborando na decadência do cristianismo europeu? Ou as guerras atuais entre a civilização cristã e a islâmica? São os muçulmanos os únicos culpados, como boa parte da mídia, influenciada pela direita cristã americana nos quer fazer acreditar? Quem definiu bem este fato foi Francis Schaeffer (FRASE). O descumprimento do mandamento de Jesus é o pior testemunho que podemos dar contra a fé que afirmamos ter.
“Não podemos esperar que o mundo acredite que o Pai enviou o Filho, que as afirmações de Jesus são verdadeiras, e que o Cristianismo é verdadeiro, a menos que o mundo veja alguma realidade da unidade dos verdadeiros cristãos.” (Francis Schaeffer)
Ao contrário, se nós exercitamos o amor que Jesus ordena entre nós, o mundo verá que temos algo a oferecer além de palavras vazias. Eles verão a verdade sobre Cristo, sobre o seu amor intencional, sacrificial e paciente. Ouça o que escreveu Tertuliano, já no séc. II:
“Mas são principalmente os feitos de um amor tão nobre que levam muitos a colocar uma marca sobre nós. 'Veja', eles dizem, 'como eles amam um outro', para si mesmos, os que são animados pelo ódio mútuo; 'como eles estão prontos até para morrer um pelo outro', os mesmos que, logo mais, nos matarão. E eles se enfurecem conosco também, porque nos chamamos irmãos uns aos outros...”
Em outras palavras, eles verão que nós estamos com Jesus e ele habita em nós e isto será, para eles, ao mesmo tempo incômodo - porque assim não vivem - como reconfortante - por saberem que tal amor existe de fato. Mais do que isto, eles compreenderão que tal amor não é possível senão por uma completa mudança de natureza - por um novo nascimento, a partir de um Deus que é, ele mesmo, amor. E o Novo Testamento é pródigo em afirmar a realidade de que somente pode afirmar ser nascido de novo se é capaz de amar. Veja, por exemplo, , e :
Sabemos que já passamos da morte para a vida porque amamos nossos irmãos. Quem não ama permanece na morte.
Se alguém afirmar: “Eu amo a Deus”, mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.
Desta forma sabemos quem são os filhos de Deus e quem são os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não procede de Deus, tampouco quem não ama seu irmão.
Assim, nos compreendemos que o amor é a grande ferramenta da missão. Nada atestará melhor o amor de Deus por nós do que a ilustração viva de uma igreja que se ama. É valiosíssimo aqui nos lembrarmos de (sem slide). O que causava a simpatia do povo pela Igreja não era tanto suas pregações (ainda que elas acontecesem), mas o modo como viviam, tendo tudo em comum, motivados pelo amor. João da Cruz, religioso do séc. XVI refletiu muito bem este raciocínio quando disse (FRASE). Ele está corretíssimo. Quando amamos da maneira como este texto nos desafia, o testemunho pe tão impactante que não pode gerar senão admiração e desejo por conhecer mais a fonte deste amor que nutrimos uns pelos outros.
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“Ame quando não existe amor e você obterá amor” (João da Cruz).
Talvez você que esteja ouvindo pense, ‘bem, eu não vejo isto acontecendo na Igreja’ e eu darei razão a você por pensar assim. Realmente, nós não parecemos muito com Jesus em seu exemplo de amor em muitas ocasiões. A gente vê inveja, ciúmes, disputa por poder e coisas que jamais deveriam ser sequer mencionadas no meio dos cristãos; mas eu convido você a ter paciência, nós também estamos aprendendo.
Talvez você que esteja ouvindo pense, ‘bem, eu não vejo isto acontecendo na Igreja’ e eu darei razão a você por pensar assim. Realmente, nós não parecemos muito com Jesus em seu exemplo de amor em muitas ocasiões. A gente vê inveja, ciúmes, disputa por poder e coisas que jamais deveriam ser sequer mencionadas no meio dos cristãos; mas eu convido você a ter paciência, nós também estamos aprendendo.
Nós, como Igreja, porém, não podemos nos acomodar. O mundo olha para nós e espera ver em nós coerência entre palavra e prática.
Eu não sei se você jápassou por esta constrangedora situação. Você se senta no banco preferencial no metrô, porque não vê ninguém que precisa do lugar. Na estação seguinte, uma mulher com uma barriga protuberante entra no vagão. Você oferece o lugar, porque pensa que ela está grávida e ela responde: ‘não precisa, eu não estou grávida”. Algumas igrejas e pessoas são assim. Você acredita que a vida espiritual delas é fértil, por causa da Bíblia que sempre carregam, dos ‘aleluias’ ou ‘glórias a Deus’ pronunciados ou pelo seu ensino tão bem estruturado; mas quando se trata de amar, a vida de Cristo está ausente. As pessoas precisam olhar para nós e ver bem mais que palavras.
Nós devemos ser para este mundo em que o amor se esfria cada dia mais o modelo de uma nova sociedade, o protótipo da cidade eterna que Jesus há de trazer em sua volta.
Como, então, exercitamos este amor em nosso meio, a demonstração de nossa identidade em Cristo?
O exercício do amor
O exercício do amor
Jesus encerra esta passagem na segunda parte do verso 35 com uma condicional: as pessoas verão que somos seus discípulos se (e somente se) nós amarmos uns aos outros. Se nós imitarmos a ele em seu amor intencional, sacrificial e paciente, seremos conhecidos como seus seguidores. O amor é o distintivo do cristão e obter esta identidade não deveria ser fruto de esforço, mas algo natural, por estarmos nele.
Se você pegar um atiçador e colocá-lo em uma lareira com o fogo ardendo, o atiçador estará apenas no fogo. Mas se você deixá-lo no fogo, o fogo estará no atiçador, que ficará incandescente. Ele não vai ficar em brasa por dizer: "quero ficar quente hoje", por causa de onde está; e se retirado do fogo, é colocado sobre qualquer outro material, ele fará com que este material também se incendeie. Tudo será incendiado porque o atiçador estava no fogo e o fogo no atiçador. Se os cristãos estão tocando coisas e nada está queimando, nada está mudando, e não há vitória, é porque eles não entendem que o poder em brasa não vem através do esforço, mas através do relacionamento. O objetivo de Deus é a semelhança de Cristo, isto é, conformar-se ao caráter de Cristo. Semelhança de Cristo significa simplesmente imitar quem é Cristo, não porque você está se esforçando, mas porque Cristo está em você.
É importante dizer isto, para que se saiba que, para amar como Deus requer de nós é preciso, antes, conhecer aquele que é a perfeita expressão do amor, Jesus Cristo. Como já dissemos, o amor que você busca e o amor que você precisa demonstrar estão nele. Venha a Jesus, conheça o verdadeiro amor que o mundo não pode dar nem alcançar e então busque viver como ele viveu.
Falando nisto, lembre-se que o amor levou Jesus a fazer o bem até mesmo aos seus inimigos. Mais importante, nós, os que cremos, estávamos no meio deste grupo até que a graça dele nos alcançasse. Que direito temos, então, de limitar o nosso amor a quem quer que seja? O comando de Jesus ‘amem-se uns aos outros’ não pode se esgotar entre aqueles que nos são semelhantes, no meio do povo de Deus, mas deve ir além das fronteiras do conforto, alcançando pessoas que, como nós, também não o merecem.
Esta disposição de amar livremente deve nos levar, cristãos, a estarmos atentos a toda oportunidade de fazer o bem. Nós temos a chave para uma cidade mais gentil, para transformar injustiças, para secar as lágrimas dos aflitos. Esta chave é o amor que Cristo nos entregou quando se deu por nós, transformando-nos de forma irreversível em seguidores seus. Deus coloca ao nosso redor constantemente oportunidades de mostrar a benignidade do amor cristão, na maneira como tratamos as pessoas, como cuidamos de nossas famílias ou como servimos aqui.
E, por falar em Antioquia, é preciso louvar a Deus pelo que tem acontecido aqui. Nós temos sido, como igreja, confrontados constantemente em nossa falsa noção de amor. Nós temos compreendido juntos a importância de relacionamentos significativos, que abracem o diferente e se aprofundem na sua dimensão terapêutica, e temos buscado responder a este desafio com sinceridade de coração, Deus seja louvado por isso. O desafio, agora, é sempre nos lembrar que as pessoas com quem travamos contato têm uma expectativa em relação a nós. Elas querem encontrar, na Antioquia, algo diferente, que Santana jamais viu. Como nós podemos colocar este amor em prática de maneira cada vez mais dedicada, em cuidado uns com os outros, com os que nos visitam e com os de fora? Eu creio firmemente que a Antioquia irá chegar lá, porque conheço e amo o que Deus está fazendo em nós e através de nós.
Ser cristão é aprender a amar. Que Deus alargue o nosso coração, para que aprendamos a amar como ele nos amou.