Sardes, Uma Igreja Zumbi

As sete igrejas do apocalipse  •  Sermon  •  Submitted
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Nesse sermão veremos a importância da vigilância da Igreja quanto a sua vitalidade. A mensagem de Apocalipse 3.1-6 nos ensina a diagnosticar quando uma Igreja está perdendo a vida e orienta a buscar Vida em Jesus através do Espírito Santo.

Notes
Transcript

Apocalipse 3.1-6

Carta à igreja em Sardes

3 1 Ao anjo da igreja em Sardes escreve:

Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto. 2 Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus. 3 Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti. 4 Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas. 5 O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. 6 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

Introdução

Sempre temos momentos de nossas vidas que nos marcam de formas diferentes. Confesso que um momento marcante em minha vida foi quando visitei o filho de uma membro da Igreja, que estava internado na UTI. Ele estava ligado a uma série de aparelhos que o faziam respirar e ter circulação sanguínea artificialmente. Infelizmente os médicos já haviam avisado a família que os sinais cerebrais de consciência já não existiam e que o falecimento seria inevitável. Naquela visita eu estava diante de um verdadeiro morto-vivo. Sua pele era rosada, seu corpo ainda estava quente e seu peito se movia pra cima e pra baixo num ritmo sistemático de respiração. Mas nada daquilo fazia o menor sentido, pois seu cérebro já havia morrido. No dia seguinte veio a triste notícia que todos esperavam: Apesar dele parecer extremamente vivo no dia da visita, agora ele estava finalmente morto.
Sei que esta é uma ilustração mórbida e muito triste para se contar em culto tão alegre e brilhante, mas ela exemplifica muito bem um fenômeno que tem acontecido em diversas Igrejas, e que a Igreja Presbiteriana de São Carlos não está isenta de passar por isso: Se tornar uma Igreja zumbi. Zumbi se tornou um termo muito usado em filmes de ficção, onde mortos se levantam de suas tumbas. Eles se mexem, comem, respiram e as vezes até interagem com os vivos, mas estão mortos e apodrecidos. Saindo da ficção e voltando para a realidade, uma igreja pode se tornar uma zumbi quando possuí essas mesmas características: Apresentam aparência e dinâmica de viva, mas na verdade estão mortas. Foi o que aconteceu com a Igreja de Sardes a quase 2.000 anos atrás.

Contextualização Histórica

Sardes era uma pequena, mas muito forte e próspera cidade da conhecida Ásia menor. A cidade se dividia em duas partes: Uma ficava bem alto, protegida por paredões de pedras imponentes, o que a tornava muito fortificada; a outra parte era 500 metros fortaleza abaixo, onde existia grande fertilidade e um comércio dinâmico. Essas características a tornavam uma grande potência, vindo a ser nomeada Capital da Lídia. Para completar, a cidade era banhada por um rio, que trazia muito ouro em pó, que era garimpado, derretido e forjado em peças riquíssimas. Em meados de 550 a.C. o rei Creso se fixou nessa cidade e acreditava estar a salvo de qualquer inimigo. Afinal, ele tinha proteção, fartura e riquezas ali. Mas todos esses pontos fortes que faziam de Sardes um verdadeiro paraíso, também foram a ruína daquele lugar.
Ciro, rei da Pérsia se acampou ao redor daquela cidade para conquistá-la, e os soldados de Sardes, acomodados e certos de sua imunidade se distraíram. Um soldado derrubou seu capacete da grande muralha de proteção, e ao descer para pegá-lo, acabou mostrando aos seus inimigos seus pontos fracos. A cidade que estava viva, adormeceu e depois morreu.
Mas a História de Sardes não terminou aí. Ela se reergueu e conseguiu novamente se tornar uma grande potência, porém outra vez caiu no mesmo erro. Subestimaram suas capacidades e em 214 a.C. Antíoco, rei da Síria, enviou seus exércitos, que escalaram as grandes muralhas protetoras e conquistaram aquela cidade enquanto dormiam tranquilamente.
Em 189 a.C. os Romanos, também a conquistaram e pra completar a ruína, passaram por um terremoto destruidor.
Por todos esses acontecimentos do passado, o Grande ditado que ecoava na Cidade de Sardes no primeiro século d.C. era: “Sê vigilante”. Jesus usa desse mesmo ditado para com sua Igreja naquele local. Todo o passado daquela cidade havia ensinado aquele povo a não dormir no ponto; aquele que pensa estar vivo, pode estar morto em segundos por meros descuidos e deslizes. E Jesus demonstra que com a Igreja não é diferente. Vamos analisar, então, o conteúdo dessa carta e contextualizarmos com a nossa realidade, para tirar o máximo de lições possíveis que nos auxiliarão na nossa caminhada cristã.

1. Jesus adverte a Igreja

Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto.

Mas o que definia a Igreja de Sardes como uma Igreja Zumbi?
A Igreja de Sardes, estava muito bem localizada e funcionava aparentemente de forma saudável. Era rica e próspera, pois nasceu de comerciantes e agricultores que foram se convertendo. Dentre todas as Igrejas da época, era a que menos sofria perseguição, o que aparentemente poderia ser algo bom, mas é aí nos enganamos.
Havia um motivo para a Igreja de Sardes, diferente das outras, não sofrer perseguição e prosperar tanto. Acontece que ela não representava nenhuma ameaça para os judeus radicais e as religiões idólatras da cidade, pois apresentava um evangelho fraco. A fé daqueles cristãos era tão negociável quanto os produtos daquela terra. Os novos membros, muitas vezes vinham pela diplomacia e não pelo poder impactante do verdadeiro evangelho.
Jesus diz a Igreja: não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus. (vs 2) Aqueles “crentes” faziam as coisas pela metade. Não estavam dispostos a lutar por sua fé. Estavam fascinados pelas riquezas e influência que possuíam. Não queriam pagar o preço do discipulado e muito menos carregar a sua cruz.
Aparentemente estavam vivos, mas aos olhos daquele que tudo vê, estavam mortos.

Contextualização:

Será que conseguimos encontra
Almeida Revista e Atualizada. (1993). (). Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil.

Contextualização:

Será que podemos encontrar alguma semelhança com as nossas vidas?
Se formos sinceros conosco e com Deus devemos admitir que muitas vezes baixamos a guarda. Muitas vezes nos conformamos com este século. Muitas vezes ficamos fascinados por aquilo que esse mundo destruído pelo pecado pode nos oferecer. Muitas vezes nos rendemos as tentações da serpente que nos oferece de forma corrompida aquilo que Deus já nos deu em sua perfeição. Muitas vezes negociamos o evangelho por uma fraca e pervertida diplomacia com os pecados e pecadores desse século. Muitas vezes deixamos de lado a cruz que deveríamos carregar.
Somos hipócritas ao nos vestirmos de uma camada que nos faz aparentar a vivos, mas por dentro estamos mortos e apodrecidos.
Nos lembremos que somos um corpo, e o que cada um aqui representa em sua vida cotidiana, reflete em toda a Igreja.
Será que é o fim? Será que a morte da Igreja está decretada de uma vez por todas? Não...

2. Jesus aconselha a Igreja

Quando Jesus se apresenta a esta Igreja o faz da seguinte maneira:

Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras

Aqui é nos mostrado um triplo aspecto de Cristo:
a. Sua harmonia com o Santo Espírito de Deus. A nível de interpretação, dentro do contexto maior do Apocalipse vamos ver que a linguagem “7 Espíritos” significa plenitude do Espírito Santo. Sabemos que o Pai, Jesus (o Filho) e o Espírito Santo são três pessoas do mesmo Deus. Apesar de serem o mesmo Deus, vemos que cada pessoa da trindade desempenha um papel distinto e importantíssimo na criação, preservação, redenção e renovação deste universo naquilo que chamamos na teologia de Economia Trinitária. Apesar de serem um, tanto em substancia como em poder, estão subordinados em harmonia e amor uns aos outros (O filho se subordina ao Pai, e o Espírito se subordina ao Filho). Não confunda com a subordinação autoritária que vemos nesse universo contaminado pelo pecado. Mas nesse entendimento, percebemos, também, no contexto bíblico maior que um dos papeis do Espírito Santo em nossa redenção é nos dar poder para testemunhar o evangelho e ser Igreja.
Ao Instituir a Igreja Jesus diz: Recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas…
E a Igreja só foi Inaugurada quando essa promessa se cumpriu em no dia de Pentecostes. Ou seja, a Igreja está intima e inseparavelmente ligada ao poder do Espírito Santo. Isso nos indica que outro aspecto da morte da Igreja de Sardes era sua fraca espiritualidade. Eles precisavam se encher do Espírito Santo, e Jesus se mostra como aquele que tem esse poder.
b. Sua autoridade sobre a liderança da Igreja. Jesus diz que possui os Sete Espíritos mas também as sete estrelas. A introdução de Apocalipse nos mostra que a linguagem “estrela” significa “mensageiro da Igreja”. De uma forma mais restrita, seria o pastor. De uma forma mais abrangente, todo o corpo de liderança que compõe a Igreja. Essa informação é importante ao nível que percebemos que em toda a história da Igreja Deus chamou e instituiu líderes para guiá-la. Ele, também, nos alertou que falsos líderes se levantariam para corrompe-la. Numa crescente de interpretação desse texto, vamos entender que a medida que nos enchemos do Espírito Santo, seremos e escolheremos bons líderes para a Igreja de Jesus. Mas uma Igreja fraca Espiritualmente, também terá uma liderança enfraquecida, fracionada e sem rumo. É muito importante entender que Jesus tem os líderes em suas mãos. É ele quem chama e capacita cada um com seu Santo Espírito.
c. Conhecedor de todas as coisas. Jesus ressalta sua harmonia com o Espírito Santo, sua autoridade sobre a liderança, mas também seu infinito conhecimento. Ele é aquele que pode julgar sua Igreja, determinar seu nível de vida e instruí-la corretamente para um reavivamento.

Contextualização:

Trazendo essas informações para nossa realidade, percebemos a importância de nos enchermos do Espírito Santo para que a Igreja exploda em vida verdadeira. Para isso precisamos repensar a nossa conversão. Apenas os verdadeiros convertidos podem ser cheios do Espírito. E apenas o verdadeiro Evangelho pode trazer verdadeira conversão. Nessa lógica, vamos entender que precisamos urgentemente buscar Deus em sua Palavra e nos arrependermos de nossa vida pecaminosa. Só assim o Espírito de Deus se acenderá dentro de nós e nos levará para um verdadeiro Avivamento.
Avivamento não tem nada a ver com gritarias, línguas estranhas e pessoas caindo no chão. Avivamento tem a ver com líderes cheios do Espírito, que dará poder para testemunharem o evangelho e levarem as pessoas para o caminho da Conversão.
Mas porque seria tão importante tomarmos caminhos tão drásticos em nossa vida ao invés de nos mantermos em nossa zona de conforto?

3. Jesus alerta a Igreja

Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer

Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti.

Assim como a falta de vigilância foi a ruína para a cidade de Sardes por diversas vezes, Jesus nos alerta a vigiarmos. A expressão “virei como um ladrão” trás o tom de urgência dessa carta. Um ladrão não dá avisos. Um ladrão não espera ninguém se preparar para sua visita. E assim, também Jesus, mostra que seu retorno é iminente. Seja vigilante, diz Jesus. Não protele. Não deixe para amanhã. O amanhã pode ser tarde demais.
Jesus nos instruí a fortalecer o que ainda está vivo, para que aquilo que está morto seja, da mesma forma, vivificado.

Contextualização:

Temos aprendido em uma caminhada com a liderança dessa Igreja que é muito fácil nos desviarmos do nosso foco e verdadeira missão. Somos tentados a fazer do nosso jeito, aquilo que Jesus nos deixou um modelo perfeito. Amamos encher a Igreja de artifícios que podem fazer com que ela aparente estar viva: Um templo luxuoso, tecnologia de ponta, instrumentos e músicos de qualidade, um lindo coral, uma enorme equipe diaconal, um conselho aparentemente harmonioso. Mas quando seguimos a ordem de Jesus de “Lembrar” a nossa missão, vemos que estamos muito longe de expressar verdadeira vitalidade. Para diagnosticar verdadeiramente, precisamos olhar para Jesus e não para aquilo que tentamos conquistar sem ele:
a. Nossa Igreja está pregando o verdadeiro evangelho nessa cidade?
b. Nossa Igreja está fazendo discípulos para Jesus?
c. Nossa Igreja está crescendo num caminho de santidade a medida que nos aproximamos de Deus através de sua Palavra?
Não se esqueça: A Igreja somos eu e você!!!
Pra finalizar lemos...

Conclusão

4 Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas. 5 O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.

Apesar da Igreja de Sardes ser declarada uma Igreja Zumbi, ainda havia nela uma esperança. Jesus nos incentiva a vencer. Ser vitorioso em Cristo é:
a. Não se contaminar com os fascínios desse mundo; não se contaminar com um evangelho enfraquecido
b. Perseverar na batalha contra o pecado;
c. Pagar o preço de ser um verdadeiro discípulo de Jesus, ainda que isso resulte em perseguição;
O prêmio que nos aguarda é algo que esse presente século não pode nos oferecer. A vida eterna na presença de Jesus nosso mestre.

Conclusão

6 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.

Algumas pessoas podem dizer essa noite: Mas a mensagem foi para uma Igreja que viveu a 2.000 anos atrás. Isso não tem nada a ver conosco. Continuemos a viver nossas vidas, pois os tempos são outros.
Mas o versículo 6 nos deixa muito claro que a mensagem é para todos aqueles que possuem ouvidos para ouvi-la. Sejamos Vigilantes.
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