A Importância da Repreensão
A correção que Paulo fez a Pedro em Antioquia foi devida à incoerência deste na questão de liberdade cristã por meio da graça (2:11–14).
A Importância da Repreensão
A Antioquia liberal (usando o termo em seu sentido mais favorável) chegara a perceber a implicação mais transcendental do Concílio de Jerusalém. Chegara-se à dedução lógica de que, se as ordenanças cerimoniais concernentes a comida e bebida não deviam ser impostas aos gentios, então não deviam ser impostas nem mesmo aos judeus. Assim chegaram à compreensão de que a unidade da Igreja, composta de judeus e gentios, exigia, entre outras coisas, que comessem e bebessem juntos em suave comunhão, restringindo as limitações ao mínimo possível (conservando somente aquelas que estão descritas em At 15.20, 29). Não eram todos os irmãos “cristãos”, e não foi em Antioquia que esse belo e novo nome fora dado aos seguidores de Cristo pela primeira vez (11.26)? De acordo com este princípio de amor e comunhão, os membros da Igreja de Antioquia haviam comido e bebido juntos por algum tempo.
A Antioquia liberal (usando o termo em seu sentido mais favorável) chegara a perceber a implicação mais transcendental do Concílio de Jerusalém. Chegara-se à dedução lógica de que, se as ordenanças cerimoniais concernentes a comida e bebida não deviam ser impostas aos gentios, então não deviam ser impostas nem mesmo aos judeus. Assim chegaram à compreensão de que a unidade da Igreja, composta de judeus e gentios, exigia, entre outras coisas, que comessem e bebessem juntos em suave comunhão, restringindo as limitações ao mínimo possível (conservando somente aquelas que estão descritas em At 15.20, 29). Não eram todos os irmãos “cristãos”, e não foi em Antioquia que esse belo e novo nome fora dado aos seguidores de Cristo pela primeira vez (11.26)? De acordo com este princípio de amor e comunhão, os membros da Igreja de Antioquia haviam comido e bebido juntos por algum tempo.
Se Pedro entendera ou não as reais implicações das decisões do Concílio de Jerusalém, uma coisa pelo menos é certa: ele sabia que, ao separar-se dos crentes gentios, estaria indo de encontro a suas próprias convicções íntimas. Ele estava escondendo suas verdadeiras convicções, da mesma forma que um ator esconde seu verdadeiro rosto atrás de uma máscara. Ele estaria fazendo o papel de um hipócrita. Sabemos que isso é verdade, porque:
(1) Durante a permanência de Cristo na terra, Pedro fora um de seus discípulos mais íntimos. Ele ouvira o ensinamento de Jesus: “E, assim, considerou ele puros todos os alimentos” (Mc 7.19). Ele sabia que este mesmo Jesus instara com todos os pecadores a virem a ele para que fossem salvos por meio de uma simples fé nele (Mt 11.28–30). Ele sabia também que o Mestre tantas vezes acolhera aqueles que não eram judeus (Mt 8.11; 28.18–20; Mc 12.9; Lc 4.16–30; 17.11–19); e que em muitas partes de seu ensino ele enfatizara sua união com todos os crentes do mundo inteiro (Mt 13.31, 32; Lc 14.23; 19.10; Jo 3.16; 4.42; 10.16; 12.32; 17.19, 20).
(1) Durante a permanência de Cristo na terra, Pedro fora um de seus discípulos mais íntimos. Ele ouvira o ensinamento de Jesus: “E, assim, considerou ele puros todos os alimentos” (Mc 7.19). Ele sabia que este mesmo Jesus instara com todos os pecadores a virem a ele para que fossem salvos por meio de uma simples fé nele (Mt 11.28–30). Ele sabia também que o Mestre tantas vezes acolhera aqueles que não eram judeus (Mt 8.11; 28.18–20; Mc 12.9; Lc 4.16–30; 17.11–19); e que em muitas partes de seu ensino ele enfatizara sua união com todos os crentes do mundo inteiro (Mt 13.31, 32; Lc 14.23; 19.10; Jo 3.16; 4.42; 10.16; 12.32; 17.19, 20).
(2) E como se tudo isso não fosse suficiente, Pedro recebera a visão do lençol, não menos de três vezes! Foi lá no eirado de uma casa em Jope que Pedro aprendera que era errôneo considerar “imundo” aquilo que Deus considerou limpo (At 10.9–16).
(3) Ele também entendera o alcance dessa visão e passou a agir com base nela. Corajosamente, fora a Cesaréia e entrara na casa do centurião Cornélio, da companhia chamada italiana. Foi ao grupo reunido na casa de um não judeu que ele disse: “Vocês bem sabem que é proibido a um judeu juntar-se ou mesmo aproximar-se de alguém de outra raça; Deus, porém, me demonstrou que a nenhum homem considerasse comum ou imundo” (At 10.28).
(4) Ele não só visitara os incircuncisos, mas também comera com eles. E quando os membros do partido da circuncisão o criticaram por essa conduta, Pedro apresentou-lhes uma extensa defesa (At 11.1–18). E, estando plenamente convicto de que estava seguindo a única conduta divinamente aprovada, ele repetiu em Antioquia, de início, o que fizera em Cesaréia. Em ambos os casos, ele comeu com os gentios.
(5) Aliás, se Pedro fez bem em comer em Cesaréia com gentios interessados no evangelho, faria melhor ainda em comer com crentes gentios em Antioquia!
no tocante ao assunto de repreender publicamente aos que pecam publicamente, é digno de séria consideração o comentário de João Calvino sobre este versículo. “Este exemplo nos ensina que aqueles que pecam publicamente têm de ser publicamente castigados, até onde a Igreja está envolvida. O propósito é que seus pecados, ao permanecerem impunes, não se constituam em exemplos maléficos; e noutro lugar (1Tm 5.20) Paulo estabelece expressamente esta mesma regra, para ser observada no tocante aos anciãos: ‘Quanto aos que vivem no pecado, repreenda-os na presença de todos, para que também os demais temam’, porque a posição que eles (os anciãos) ocupam faz com que seu exemplo seja ainda mais nocivo. Era particularmente vantajoso que esta nobre causa, na qual todos tinham interesse, fosse abertamente defendida na presença de todo o povo, para que Paulo tivesse uma oportunidade melhor de mostrar que ele não se escondia da luz do dia”.
Em relação aos versículos 15–21, surge uma indagação inquietante: “A quem essas palavras são dirigidas?”. A Pedro? A todos os que se achavam presentes àquela festa de amor? Aos gálatas? A melhor resposta, provavelmente, seja esta, que apesar de Pedro de forma alguma estar ausente da mente de Paulo, visto que foi o próprio Cefas quem conduzira os demais a erro tão grave, ainda assim sua atenção se desvia do indivíduo para todo o grupo presente, que inclui o próprio Paulo. A mudança no emprego dos pronomes parece apontar nessa direção, pois, ao usar o pronome singular você (seu) (v. 14), Paulo agora muda para o plural “nós” (v. 15). Entretanto, deve-se acrescentar imediatamente que tudo o que Paulo diz aqui (vv. 15–21) era com a intenção de que suas palavras fossem tomadas à risca por aqueles a quem ou por quem seria lida a carta, já que o erro que os gálatas estavam cometendo era semelhante ao de Pedro e seus seguidores, pois ambos os grupos permitiram que os judaizantes os influenciassem (vv. 14–21).
O conteúdo dos versículos que temos diante dos olhos pode ser brevemente assim parafraseado: “Apesar de sermos judeus de nascença (raça, descendência), povo altamente privilegiado, e não pecadores comuns de descendência gentílica, contudo, quando aprendemos que as obras que fazemos em obediência à lei jamais seriam suficientes para nos tornar justos aos olhos de Deus, e que essa condição só poderia ser atingida pela confiança em Jesus Cristo, mesmo nós, que por orgulho e vanglória sempre olhamos os gentios com desprezo, então começamos a perceber que, diante de Deus, não éramos em nada melhores que eles. Desta forma, mesmo nós abraçamos a Cristo com fé viva a fim de que, por meio do exercício desta fé, pudéssemos receber como dom gratuito a condição de ‘não ser mais culpados, e, sim, justos’ aos olhos de Deus. Foi pela fé em Cristo e seus méritos, e de forma alguma pelas obras da lei, que recebemos esta bênção, pois por obras feitas em obediência à lei nenhum ser humano, frágil, terreno e perecível,70 e cujas obras nunca alcançam a meta da perfeição, jamais poderá alcançar a posição de justiça diante de Deus”.