Jesus Purifica o Templo.
Texto.
Todo judeu do sexo masculino, de 12 anos para cima, devia comparecer à Páscoa em Jerusalém, uma festa celebrada para comemorar o livramento do povo de Israel do cativeiro egípcio. No décimo dia do mês de Abib ou Nisã (que geralmente corresponde ao nosso mês de março, embora seus dias finais às vezes se estendam mês de abril adentro), um cordeiro de um ano, sem mácula, era escolhido. Era morto no décimo quarto dia, entre três e seis horas da tarde. A celebração noturna elaborada da festa nos dias da jornada de nosso Senhor incluía os seguintes elementos:
a) Uma oração de gratidão pelo chefe da casa, bebendo-se a primeira taça de vinho. Outras taças eram esvaziadas na continuidade da festa.
b) O consumo de ervas amargas, como lembrança da amarga escravidão no Egito.
c) A pergunta do filho: “Por que esta noite é diferente de todas as demais?”; e a resposta apropriada do pai, em forma narrada ou lida.
d) O cântico da primeira parte do Hallel (Sl 113–114) e o lavar das mãos.
e) Cortar e comer o cordeiro, junto com pães sem fermento. O cordeiro era comido em comemoração às ordens recebidas pelos antepassados na noite em que o Senhor feriu todos os primogênitos do Egito e livrou seu povo (veja Êx 12.13). Os pães sem fermento eram um memorial dos primeiros dias de jornada, durante os quais este pão da pressa foi comido pelos ancestrais. Era também um símbolo de pureza.
f) A continuação da refeição, cada um comendo tanto quanto quisesse, mas sempre após o cordeiro.
g) O cântico da última parte do Hallel (Sl 115–118).
Após o dia em que o cordeiro era morto, seguiam-se sete dias da Festa dos Pães Asmos, celebrada do décimo quinto dia até o vigésimo primeiro de Nisã. Era tão íntima a conexão entre a refeição da Páscoa em si e a Festa dos Pães Asmos, que se seguia imediatamente, que o termo Páscoa frequentemente é usado para se referir a ambos os eventos.
Assim, em Lucas 22.1 – uma passagem bem significativa – lemos: “Ora, a Festa dos Pães Asmos estava próxima, que é chamada Páscoa”. Também em Atos 12.4 (veja o verso precedente) o termo Páscoa claramente se refere a todos os sete dias da festa. O Antigo Testamento também denomina a Páscoa como uma festa de sete dias (Ez 45.21).
Durante este festival de sete dias, chamado de Páscoa, muitos animais eram oferecidos em sacrifício (Nm 28.16–25) a Javé. Portanto, ao lermos no segundo capítulo de João acerca de bois e ovelhas sendo vendidos no pátio do templo, parece justificada a conclusão de que o termo Páscoa, no verso 13, também se refere aqui a todo o festival de uma semana. Jesus subiu para Jerusalém, verdadeiro neste caso até em sentido literal (realmente subindo de 207 metros abaixo do nível do mar, perto do Mar da Galileia, para 760 metros acima do nível do mar, a altitude da Cidade Santa), mas sempre verdadeiro no sentido religioso.