Jesus e Nicodemus.
Exposições no Evangelho de João. • Sermon • Submitted
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Nicodemus Visita a Jesus.
Nicodemus Visita a Jesus.
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Nicodemos visita a Jesus
O capítulo 2 finaliza nos dizendo que Jesus não necessitava que ninguém lhe desse testemunho do homem, porque ele conhecia a natureza humana, sendo assim, era conhecedor dos homens. Agora no capítulo 3 seremos informados a respeito de um homem que por sua posição deveria ser um conhecedor das coisas, mas, quando se depara com Cristo naquilo que aparentava ser uma simples conversa, Jesus mais uma vez embaralha a cabeça de seus interlocutores com coisas que faziam parte da própria religião deles.
1-Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus.
O texto começa nos apresentando a este nobre personagem.
Era um fariseu.
Era um dos príncipes dos judeus.
Não era um cidadão comum, era alguém da alta sociedade judaica. Provavelmente rico, e profundo conhecedor das Escrituras.
2-Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.
Alguns discutem o fato de Nicodemus ter ido até Jesus a noite, alguns dizem que João usa o termo noite como recurso literário para fazer um contraste entre luz e trevas, mas, fato é que o texto não nos diz o motivo.
Ele reconhece Jesus como um mestre, e o motivo de seu reconhecimento repousa no fato de Jesus operar sinais sobrenaturais. Nós fomos informados disso, fomos informados ao fim do capítulo 2 que Jesus operou muitos sinais e muitos creram nele (). Impulsionado por estes sinais é que Nicodemus vem até Jesus.
Ele reconhece que Jesus é mestre vindo de Deus, e esse reconhecimento tem por base os sinais. Vale mencionar que “sinais” é um termo recorrente em João, principalmente na primeira parte que alguns estudiosos chamam de o livro dos sinais.
Os sinais atestam, os sinais atraem, os sinais confirmam a origem divina de Cristo, senão de sua natureza, pelo menos de suas obras.
3-A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
A resposta de Jesus é algo muito interessante aqui, pois Jesus parece desviar totalmente a abordagem que Nicodemos faz. Mas só parece, o que Jesus está fazendo aqui é aprofundar a questão. Enquanto o pensamento de Nicodemos repousa nos sinais que Jesus fez, Jesus leva a conversa para um nível mais alto e mostra que para ver o reino de Deus é necessário algo mais do que a simples apreensão de que Jesus vinha de Deus. Era necessário nascer novamente. É interessante como Jesus conduz a coisa para outro nível, e mostra o que realmente importa. Nicodemos fala dos sinais, Jesus fala de salvação. Observe: Jesus fala isso com um Fariseu, um judeu conhecedor das Escrituras. Mais uma vez Jesus inclui aqui o conceito de salvação. E mais uma vez, Nicodemos parece querer demonstrar que possui um certo conhecimento das coisas de Deus, pelo fato de reconhecer em Jesus alguém vindo de Deus. É como se ele dissesse: Olha, eu entendo dessas coisas e sei que você vem de Deus. Jesus então fala de algo que ele deveria saber mas não sabia, Jesus acrescenta mais uma vez outro conceito, o de salvação.
Ver o reino de Deus faz alusão com os sinais que ele fazia.
4-Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?
A pergunta de Nicodemos revela a compreensão que ele tinha do conceito que Jesus estava apresentando a ele. Ele entende a fala de Jesus como algo literal. ELe entende a forma mecânica do nascimento humano, imaginando uma direção reversa. “Ora Nicodemos, você acabou de pretender passar a ideia de alguém sábio”.
5-Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.
Observe a progressão do diálogo:
Nicodemos reconhece Jesus como mestre e como alguém vindo de Deus por causa dos sinais.
Jesus responde que o X da questão não está nos sinais e sim na necessidade de novo nascimento para entrar no reino de Deus. Ou seja, Jesus mostra que o importante não é saber certas coisas, mas sim ser regenerado.
Nicodemos replica com a questão de como alguém pode entrar no ventre para sair outra vez, mostrando não entender a natureza desse novo nascimento.
Jesus agora vai explicar no que consiste o novo nascimento.
“Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus”. - Este é o significado do nascer de novo e não o regresso ao ventre materno como Nicodemos havia entendido. Nascer de novo é nascer da água e do Espírito. Agora, o que significa nascer da água e do Espírito?
Alguns criam muitas teorias sobre isto que me parecem ser teorias baseadas em coisas que vieram posteriores ao acontecimento. Explico, por exemplo:
Alguns comentaristas entendem que nascer da água se refere ao Batismo e nascer do Espírito se refere ao ser revestido pelo Espírito.
Outros imaginam que nascer da água significa o batismo e o nascer do Espírito regeneração feita pelo Espírito.
Bem, nascer da água e do espírito se refere a uma e a mesma coisa.
Alguns vão argumentar que João Batista afirma que batizava com água, e que Jesus viria e batizaria com Espírito, logo quando mais a frente Jesus fala sobre nascer da água e do Espírito então significa que nascer da água é batismo e nascer do Espírito é algo que Deus faz. O problema com esse raciocínio é que ele liga ser batizado com nascer da água e automaticamente liga regeneração com nascer da água. E são coisas distintas, ainda que o batismo seja mandamento. Mas, se o batismo é a confissão pública de fé e o ato de inclusão na igreja local, como a gente sabe que é, logo ele não está ligado a regeneração, pois se assim fosse todo batizado seria salvo. Você pode dizer ah, mas o texto dizer nascer da água e do Espírito, no entanto mais uma vez, são coisas diferentes. Ser batizado nas águas é uma coisa e nascer da água e do Espírito é outra coisa.
A literatura veterotestamentária é repleta de referências ao fluir das águas como sendo uma representação do Espírito de Deus. Observe o que diz :
“Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícies e de todos os vossos ídolos vos purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis”.
É interessante notar a referência aqui à limpeza feita pelo aspergir das água, está claro para nós que as águas não purificam, mas sim que elas tem o simbolismo de purificar. O fato é que aqui, não é algo cerimonial, aqui é Deus que asperge, e esse aspergir de Deus é algo realizado pelo Espírito. Se a gente entende que o nascer de novo é algo realizado pelo Espírito e não pela vontade humana, logo,nascer da água e do Espírito é algo realizado pelo espírito, sendo assim, não pode ser uma referência ao batismo, mas sim àquilo que só o Espírito Santo pode fazer.
: “Porque derramarei água sobre o chão sedento e torrentes sobre a terra seca. Derramarei o meu Espírito sobre a sua posteridade e a minha bênção sobre os seus descendentes”.
Outra vez temos a imagem de água e Espírito juntos significando purificação e bênçãos advindas desta realidade.
O Dr D.A Carson diz o seguinte em seu comentário sobre essa passagem: “Nascer da água e do Espírito assinala uma nova criação, um novo nascimento que purifica e renova, a purificação e a renovação escatológicas prometidas pelos profetas do Antigo Testamento. É verdade que os profetas tendiam a focalizar os resultados coletivos, a restauração da nação; mas eles também antecipavam uma transformação dos corações individuais”.
Ainda assim, mesmo aqueles que defendem que o nascer da água se refira ao batismo, mesmo esses nunca afirmam que o ritual em si, sem o pleno nascimento que só o Espírito pode trazer significa algo.
6-O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito.
7-Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo.
Esse ponto traz uma verdade interessante. Jesus apresenta aqui o contraste do nascimento natural com o nascimento Espiritual. Se a questão na mente de Nicodemos é que seria impossível voltar a entrar no ventre da mãe e tornar a nascer, com essa sentença, Jesus mostra que o seu pensamento vai muito além, pois ainda que um homem conseguisse fazer isso, ainda assim seria um nascido da carne. Se ele entra no ventre da mãe e nasce, ele nasceria novamente carnal. Por isso Jesus diz que o nascido do Espírito é Espírito, pois, nascer do Espírito sim seria considerado um novo nascimento. Nascer da carne novamente ainda seria carne. Poderíamos citar exemplos de homens que tornaram a vida, não no sentido de entrar novamente no ventre, mas no sentido de que estavam mortos e foram revividos, e mesmo assim, tornaram da mesma maneira que foram, carne. Da mesma forma se houvesse possibilidade de entrar no ventre materno sairia de lá carne.
Por outro lado, o nascer do Espírito à que Jesus se refere é algo definitivo. Algo que o homem não controla.
Esse é outro ponto interessante aqui, observe: Não é o homem que controla, não é o homem que escolhe, não é o homem que determina. É algo que Deus quem realiza. Isso precisa ficar claro.
João já havia mostrado essa ideia no prólogo de seu evangelho , “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”.
Em , João mostra que os que são nascidos de Deus, o são pela vontade de Deus. Aqui no cap 3 ele volta a essa mesma ideia, dizendo que o que nasce da carne é carne, e o que nasce do Espírito é Espírito. Rememorando a ideia de que tal nascimento não ocorre segundo a vontade do Homem.
Hendriksen diz o seguinte sobre esta passagem:
“Muitas vezes, na pregação de nossos dias, esta palavra é mal compreendida. Deve-se entender claramente que, em harmonia com o contexto todo, ela não se refere ao domínio do dever moral, mas ao do decreto divino. Quando Jesus diz: “Você deve nascer de novo”, ele não quer dizer: “Tente de todas as maneiras nascer de novo”. Pelo contrário, ele quer dizer: “Algo precisa acontecer com você: o Espírito Santo precisa plantar em seu coração a vida de cima”.
7-Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo.
8-O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.
Assim como ninguém na terra pode dirigir o vento, assim é todo aquele que é nascido do Espírito, ele não pode ser dirigido por ninguém a não ser o Espírito que o regenerou. Ele age guiado por esse Espírito. O Espírito é soberano para guiá-lo da maneira que quiser.
9-Então, lhe perguntou Nicodemos: Como pode suceder isto? Acudiu Jesus:
10-Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas?
Nicodemos mais uma vez demonstra seu espanto e sua incapacidade de compreender as verdades que Jesus estava dizendo.
11-Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que temos visto; contudo, não aceitais o nosso testemunho.
12-Se, tratando de coisas terrenas, não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?
Jesus estava sendo rejeitado pelos judeus ao fazer sinais terrenos. Os Judeus não davam crédito às suas palavras. Os judeus não compreendiam as coisas que Jesus fazia e ensinava, se nem essas coisas terrenas eles aprendiam, como creriam se Jesus esmiuçasse as coisas espirituais.
Note, repetidamente Nicodemos pergunta: como pode ser isso? como assim? como pode suceder essas coisas? Ele não compreendia nada. Ele chega como alguém que parece entender Jesus, ele chega reconhecendo que Jesus era alguém vindo de Deus. Mas Jesus não é alguém vindo de Deus, Jesus é Deus, e é isso que Nicodemos não entende. Quando ele chega falando de sinais e Jesus responde falando sobre regeneração e que carne não faz essas coisas, Jesus está mostrando que Ele é quem faz isso, Ele é o doador da vida, Ele é o meio pelo qual acontece o Novo Nascimento, e Nicodemos não entende, e quer detalhes, daí Jesus diz: Vc não entende das coisas relativas ao seu limitado círculo terreno. Como quer saber de coisas mais profundas, coisas espirituais?
13-Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do Homem [que está no céu].
Jesus aqui afirma quem ele realmente é. Ele diz que ninguém foi lá no céu para descobrir essas coisas,o que acontece é que quem sabe essas coisas é quem veio so céu. Então, não se trata de um movimento de subida e descida, é movimento apenas de descida, é o Filho do Homem que veio e trouxe todas essas coisas. Aqui coaduna com o início do Evangelho onde João afirma que “o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus”.
O diálogo com Nicodemos é uma progressão na ideia apresentada no prólogo do Evangelho.
14-E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado,
15-para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.
Jesus aqui faz menção ao evento do Êxodo, e assim como João Batista que faz referência ao cordeiro e Jesus na purificação do templo faz referência a derrubada do santuário, aqui Jesus repete o conceito de que seu ministério culminaria em morte. Morte sacrificial representada pelo cordeiro sacrificado, pelo templo derribado e agora pelo levantar do Filho do homem no madeiro. Seu ministério é sacrificial, sua missão é morrer.
Mas não morrer simplesmente, morrer para que por meio dessa morte os mortos tenham vida. É isso que diz no 15, para que todo o que crê tenha a vida eterna. Vida eterna para todo aquele que nasce novamente. Vida eterna para todo aquele que olha para cruz erguida e crê que aquele que ali foi pendurado, o fez por sua causa e pelos seus pecados.
E o motivo de toda essa missão é dado no vs 16-Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
A missão do Filho
Aqui nós temos
16-Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
o caráter do amor (amou de tal maneira)
O autor do amor (Deus)
o objeto do amor (mundo)
o presente doado como prova desse amor (seu Filho)
o propósito do amor (para que todo o que crê não pereça mas tenha a vida eterna).
17-Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
O objetivo desta primeira vinda é operar a obra de salvação.
18-Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
Aqui é visto o contraste entre o que crê e o que não crê. Uma vez que o pecado entrou no mundo e passou a todos os homens, logo todos se encontram na mesma condição de condenados. O que vai diferenciar um do outro é justamente Jesus. Aquele que crê em Jesus terá o seu julgamento (que aqui quer dizer condenação) revogado, aquele que não crê, permanece sobre ele o julgamento. Em que consiste este julgamento? o vs abaixo responde.
19-O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más.
Eles são julgados porque rejeitaram a luz, e rejeitam a luz porque amam as trevas, e amaram mais as trevas porque não queriam que suas más obras fossem reveladas. Queriam permanecer com seu sistema pecaminoso e anti Deus. Amavam mais aquilo que construíram do que aquilo realmente que importa. Por isso quiseram matar Jesus. Jesus verdadeiramente interpretava e aplicava a lei de Deus, eles não queriam isso porque isso faria ruir o sistema construído na areia que eles fizeram. Veja o próximo versículo.
20-Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem argüidas as suas obras.
É como se dissessem: “saia daqui Senhor com essa sua luz radiante, não queremos isso, isso mostrará nossas sujeira e podridão.
21-Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus.
Quem pratica a verdade não precisa ter este medo. Suas obras são feitas em Deus e para Deus.
Aplicação.
Aplicação.
1-
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1- O novo nascimento é algo necessário a todo homem. Não há nenhum ser humano que será salvo sem passar pelo novo nascimento, isso no entanto, não é algo que o homem fabrica. O que o homem pode fabricar é somente o que está no vs 6 “O que é nascido da carne é carne”. Ou seja, o novo nascimento não vem pelos seus esforços, pela sua apreensão intelectual, não vem pela sua riqueza. O novo nascimento é uma obra que vem exclusivamente do Espírito Santo de Deus. É ele quem faz.
2- Você é nascido de novo? Pense na sua vida, pense na sua caminhada cristã e veja se você é alguém nascido de novo. Muitos se enganam, muitos vivem a vida achando que são nascidos de novo e não o são. Ore, peça a Deus que te ajude, peça ao Senhor que faça essa obra em sua vida. Deseje ardentemente isso. Sua eternidade depende disso.
3- As obras de usa vida podem ser colocadas à luz, ou tem de ficar escondidas nas trevas? Se um farol luminoso for acendido sobre suas obras o que ele iluminará, coisas que te farão sentir alegria, ou coisas que te farão sentir uma profunda tristeza?
4- Pregue o evangelho, fale de Cristo para as pessoas. Fale do Cristo, o único que pode operar o novo nascimento, sem isso as pessoas passarão a eternidade no inferno.