Deus é Fiel e Imutável

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Deus é Fiel e Imutável

Tiago 1.17 NAA
Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.

Introdução

Você consegue imaginar servir a um senhor instável, mal humorado e cheio de gostos excêntricos? Os semi-deuses gregos eram assim, eles goram criados a partir da mitologia imaginaria dos seres humanos se vendo como num espelho.
Exemplos;
ZEUS Ele era o senhor de todos os deuses. Seu poder vinha dos raios, fabricados para ele pelos ciclopes. Traía sua mulher e irmã, Hera, com deusas, ninfas e mortais. Era o rei dos disfarces e sua descendência marcou os grandes eventos na Terra.
HERA A mulher e irmã de Zeus ficou de fora da divisão do mundo depois que os deuses venceram a guerra contra os titãs. Acabou como a deusa do casamento e do ciúme. A maior parte das histórias sobre Hera a mostra buscando vingança das rivais.
AFRODITE A filha de Urano nasceu da espuma do mar. Sua beleza perfeita serviu de fonte de inspiração para poetas e artistas. Ninguém resistia ao seu charme e ela se tornou uma das deusas mais poderosas do Olimpo. Era vaidosa e vingativa.
POSÊIDON Os gregos viviam em ilhas ou perto da costa. Por isso Posêidon, o deus do mar, era um dos mais poderosos de seu panteão. Ele era capaz de criar tempestades e terremotos e ficou famoso por sua violência.
APOLO Era um deus belo e controverso. Patrono dos arqueiros, costumava causar danos aos humanos, mas ao mesmo tempo era o deus da música e das artes. Tinha uma irmã gêmea, a deusa Artemis. Com o tempo, foi identificado com o Sol.

DEUS. A doutrina cristã de Deus surgiu da doutrina judia como se expressa nas Escrituras hebraicas. Por isso o cristianismo sempre destacou a unicidade de Deus (Monoteísmo*), assim como sua santidade e amor — que requerem resposta humana no amor e em conduta ética. Nesse contexto, ainda considerando os limites do pensamento e da linguagem humana, Deus é descrito como um ser pessoal, e a linguagem sobre Deus tende a empregar expressões tomadas das relações humanas interpessoais. Deus ama, é fiel, justo etc.

ALGUNS ATRIBUTOS INCOMUNICAVEIS
Sumário de Teologia Lexham Atributos Descrevendo Deus em Si Mesmo

• A glória de Deus descreve sua excelência única.

• A imutabilidade de Deus é sua impossibilidade de mudar.

• A onipotência de Deus é seu todo-poderio - ele tem todo o poder.

• A onipresença de Deus descreve o seu relacionamento para com o espaço: ele está em todos os lugares.

• A eternidade de Deus descreve o seu relacionamento para com o tempo: ele está em todos os momentos.

• A onisciência de Deus nomeia seu todo-conhecimento; ele não é ignorante de nada e nunca teve que aprender nada de novo.

• A auto-existência de Deus aponta para sua independência: ele não precisa de outros seres e existe para e por si mesmo.

• A espiritualidade de Deus revela sua natureza como não-física.

• A unidade de Deus aponta para o ensino bíblico de que Deus é um, único e indiviso.

• A simplicidade de Deus revela que Deus não é composto de várias partes.

• A infinidade de Deus é sua qualidade de ser ilimitado, por tempo ou espaço ou qualquer coisa.

A imutabilidade de Deus é sua independência de mudança e de ser o mesmo em todos os tempos: passado, presente e futuro.
A doutrina da imutabibilidade divina afirma a independência de Deus de toda mudança. Existindo fora do tempo, ele é tudo o que ele é em um momento imutável, livre do movimento e desenvolvimento da história. Mas com o tempo, suas criaturas o experimentam como imutável em suas relações com os seres humanos e, portanto, perfeitamente digno de confiança.
A imutabilidade distingue Deus das criaturas mutáveis, tais como os humanos e os animais, que nascem, crescem, e morrem. Também o distingue das coisas inanimadas que são moldadas, movidas e destruídas. Ao contrário destes, Deus não precisa crescer e mudar, nem pode ser remodelado ou destruído. Qualquer mudança que ele passasse seria para o melhor ou para o pior, mas cada uma delas é impossível para um ser divino perfeito. Ao mesmo tempo, Deus não é estático e sem vida. Em vez disso, ele está livre da mudança porque é, de uma só vez, a totalidade da vida e da atividade.
A imutabilidade de Deus não impede seu envolvimento nas mudanças e transições da história, incluindo aquelas descritas na revelação bíblica. Em vez disso, em sua atividade dentro da história, Deus mostra sua imutabilidade. Onde é dito de Deus mudar sua mente, se arrepender, ou mover de um estado emocional a outro, entendemos que ele esteja revelando seu caráter imutável em juízo em um momento e em graça num outro. Quando vemos um lado diferente da face de Deus, não é porque ele mudou, mas porque mudamos em relação a ele. Ao mesmo tempo, Deus mostra sua imutabilidade em permanecer perfeitamente fiel às suas promessas. O que Deus deseja ele fará, e o que ele começa, ele completará. A imutabilidade de Deus não é um obstáculo para o relacionamento humano com Deus, mas é o fundamento para a confiança nele.
Malaquias 3.6 NAA
— Porque eu, o Senhor, não mudo; por isso, vocês, filhos de Jacó, não foram destruídos.

1 - O CARÁTER IMUTÁVEL DE DEUS

A fidelidade de Deus está entrelaçada com Seu caráter imutável. No livro de Malaquias, Deus disse acerca de Si mesmo: “Porque eu, o SENHOR, não mudo” (3.6). E nEle “não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg 1.17). As mudanças podem ser tanto para melhor como para pior. No entanto, ambas são inconcebíveis em Deus. Em seu livro The Atributes of God [Os Atributos de Deus], o Pastor A. W. Pink escreveu: [Deus] não pode mudar para melhor, pois Ele já é perfeito; e sendo perfeito, não pode mudar para pior. Visto que Ele é completamente não influenciado por qualquer coisa fora de Si mesmo, Seu aperfeiçoamento ou piora são impossíveis.
Ele é perpetuamente o mesmo.[14] No entanto, algumas passagens bíblicas que sugerem que Deus pode mudar confundem algumas pessoas.
Por exemplo, Gênesis 6.6-7: “então, se arrependeu o SENHOR de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração. Disse o SENHOR: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito”.
Mas pense nisto: o caráter de quem mudou? Não foi o de Deus. Ele criou as pessoas para fazerem o bem, mas, em vez disso, elas mudaram e escolheram fazer o mal. No livro de Jonas, há outra passagem geralmente mal interpretada. Quando Deus viu que os habitantes de Nínive se converteram dos seus pecados, Ele “se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez” (3.10). Mas, novamente, quem mudou? Não foi Deus. Ele demonstrou misericórdia para com Nínive, não porque Ele mesmo se arrependeu, mas porque as pessoas o fizeram. Louis Berkhof abordou essa questão desta forma: Há mudança em torno dEle [Deus], mudança nas relações dos homens com Ele, mas não há mudança alguma em Seu ser, Seus atributos, Seu propósito, Suas motivações para agir ou em Suas promessas... Se as Escrituras falam de Seu arrependimento, de Sua mudança de intenção e da mudança de Seu relacionamento com os pecadores quando esses se arrependem, devemos lembrar que essa é apenas uma forma antropomórfica de falar. Na verdade, a mudança não está em Deus, mas sim no homem e no relacionamento do homem com Deus.
[15] A maneira como uma pessoa permanece diante de Deus determina o que acontece com ela. Não podemos culpar o Sol por derreter a cera e endurecer o barro. O problema está na essência dessas duas matérias, não no Sol. Deus nunca muda. Ele continuará recompensando o bem e punindo o mal.
Moisés escreveu sobre o caráter imutável de Deus desta forma: Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá? Nm 23.19 O caráter imutável de Deus o separa de tudo e de todos.
Os céus, por exemplo, estão sujeitos a mudanças. Eles se movem, seguem seu curso. O Livro de Apocalipse nos fornece um retrato drástico das mudanças extremas que os céus passarão até que o fogo acabe dissolvendo-os. As estrelas cairão, o Sol escurecerá, a Lua terá cor de sangue e os céus se enrolarão como um pergaminho.
A terra também está sujeita a mudanças. As pessoas têm mudado a face da terra com suas escavadoras e a atmosfera com a poluição. O livro de Apocalipse diz que, no final dos tempos, as pessoas e a vida vegetal morrerão e que os mares estarão poluídos. A Terra foi transformada uma vez pelo Dilúvio e será mudada novamente, visto que será consumida pelo calor intenso (2 Pe 3.6-7).
Os ímpios estão sujeitos a mudanças. Os incrédulos hoje pensam que têm uma vida feliz ou pelo menos aceitável. Mas um dia, perceberão que uma eternidade sem Deus é uma existência trágica.
Os anjos estão também sujeitos a mudanças, pois alguns “não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio” (Jd 1.6). Esses seres são demônios.
Até os crentes mudam. Há momentos em que nosso amor por Cristo é ardente e obedecemos a Ele, mas há outros em que ele quase se extingue e nós desobedecemos.
Por um lado, Davi confiava no Senhor como sua Rocha e Refúgio (2 Sm 22.3); por outro, ele temia por sua própria vida, dizendo: “Pode ser que algum dia venha eu a perecer nas mãos de Saul (1 Sm 27.1). Todo mundo e todas as coisas mudam no universo. Mas Deus não muda!
O que o caráter imutável de Deus significa para nós como crentes? Significa conforto. Conforme A. W. Pink destacou: Não se pode confiar na natureza humana, mas podemos confiar em Deus! Assim, por mais instável que eu possa ser, por mais inconstantes que meus amigos demonstrem ser, Deus não muda. Se Ele mudasse como nós mudamos, se quisesse uma coisa hoje e outra amanhã, se fosse controlado por caprichos, quem poderia confiar nEle? Mas todo o louvor seja dado ao Seu glorioso nome porque Ele sempre é o mesmo. Seu propósito é permanente, Sua vontade é estável, Sua palavra é garantida.
Eis aqui uma rocha sobre a qual podemos firmar os nossos pés enquanto a poderosa torrente varre tudo ao nosso redor. A estabilidade do caráter de Deus garante o cumprimento de Suas promessas.[16]
Suas promessas incluem uma salvação eterna para os crentes. Isso significa que Ele manifestará fielmente o seu amor, perdão, misericórdia e graça para conosco para sempre! Deus nos diz de modo tranquilizador:
“Porque os montes se retirarão, e os outeiros serão removidos; mas a minha misericórdia não se apartará de ti, e a aliança da minha paz não será removida” (Is 54.10).
Esse é o Deus fiel e imutável em quem podemos confiar totalmente. Ele sempre será fiel à Sua Palavra e cumprirá todas as Suas promessas. Não é de se admirar que Cristo tenha dito: “Tende fé em Deus” (Mc 11.22). Ele estava dizendo: “Você pode confiar em Deus. Pode colocar a sua vida em Suas mãos”. Que o Senhor o ajude a fazer isso!
Salmo 102.27 NAA
Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus anos jamais terão fim.
Hebreus 1.12 NAA
como manto tu os enrolarás, e, como roupas, serão igualmente mudados. Tu, porém, és o mesmo, e os teus anos jamais terão fim.”
Hebreus 13.8 NAA
Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre.
Imutabilidade segundo Bavinck
[193] Uma implicação natural da asseidade de Deus é sua imutabilidade. À primeira vista, essa imutabilidade parece ter pouco apoio na Escritura. Nela, Deus é visto como mantendo uma associação vital com o mundo. No princípio ele criou os céus e a terra e, portanto, mudou do não-criado para o criado. E desde o princípio ele é, por assim dizer, um co-participante da vida do mundo e especialmente de seu povo, Israel. Ele vem e vai, revela-se e esconde-se. Ele desvia sua face [em ira] e volta-se para nós em graça. Ele se arrepende (Gn 6.6; 1Sm 15.11; Am 7.3, 6; Jl 2.13; Jo 3.9; 4.2), e muda seus planos (Êx 32.10–14; Jn 3.10). Ele fica irado (Nm 11.1, 10; Sl 106.40; Zc 10.3) e coloca de lado sua ira (Dt 13.17; 2Cr 12.12; 30.8; Jr 18.8, 10; 26.3, 19; 36.3). Sua atitude em relação ao piedoso é uma, em relação ao ímpio é outra (Pv 11.20; 12.22). Com o puro ele é puro, com o perverso, é inflexível (Sl 18.26, 27).12 Na plenitude do tempo ele até mesmo se torna humano em Cristo e passa a morar na igreja por meio do Espírito Santo. Ele rejeita Israel e aceita os gentios. E, na vida dos filhos de Deus, há uma consistente alteração de sentimentos de culpa e da consciência de perdão, de experiências da ira de Deus e de seu amor, de seu abandono e de sua presença.
Ao mesmo tempo, as Escrituras testificam que, em meio a toda essa alteração, Deus é e continua sendo o mesmo. Tudo muda, mas ele permanece estável. Ele continua sendo quem é (Sl 102.26–28). Ele é YHWH, aquele que é e sempre continua sendo ele mesmo. Ele é o primeiro e, com os últimos, ainda é o mesmo Deus (Is 41.4; 43.10; 46.4; 48.12). Ele é aquele que é (Dt 32.39; cf. Jo 8.58; Hb 13.8), o incorruptível, que, sozinho, tem a imortalidade e é sempre o mesmo (Rm 1.23; 1Tm 1.17; 6.16; Hb 1.11, 12). Imutável em sua existência e em seu ser, ele é assim também em seu pensamento e em sua vontade, em todos os seus planos e decisões. Ele não é um ser humano para que minta ou se arrependa. Aquilo que ele diz ele fará (Nm 15.28; 1Sm 15.29). Seus dons (charismata) e seu chamado são irrevogáveis (Rm 11.29). Ele não rejeita seu povo (Rm 11.1). Ele completa aquilo que começou (Sl 138.8; Fp 1.6). Em uma palavra, ele, YHWH, não muda (Ml 3.6). Nele “não há variação ou sombra de mudança” (Tg 1.17).

O JURAMENTO INFALÍVEL DE DEUS

No período do Antigo Testamento, era comum uma pessoa fazer um juramento invocando o poder de algo ou alguém mais importante do que ela. Para o povo judeu, o maior poder era Deus (cf. com Gn 14.22; 21.23-24; 24.3).
Se alguém fizesse um juramento assim, seria responsável por cumpri-lo. Deus, no entanto, não precisa fazer tal juramento. Ele é a própria Verdade, e não há poder superior a Ele. Devemos aceitar Sua Palavra sem duvidar. Apesar disso, Deus garantiu Sua promessa a Abraão com um juramento: Pois, quando Deus fez a promessa a Abraão, visto que não tinha ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo, dizendo: Certamente, te abençoarei e te multiplicarei. E assim, depois de esperar com paciência, obteve Abraão a promessa.
Pois os homens juram pelo que lhes é superior, e o juramento, servindo de garantia, para eles, é o fim de toda contenda. Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento, para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta. Hb 6.13-18
Gênesis 22.15–18 NAA
Então do céu pela segunda vez o Anjo do Senhor chamou Abraão e disse: — Porque você fez isso e não me negou o seu filho, o seu único filho, juro por mim mesmo, diz o Senhor, que certamente o abençoarei e multiplicarei a sua descendência como as estrelas dos céus e como a areia que está na praia do mar. Sua descendência tomará posse das cidades dos seus inimigos. Na sua descendência serão benditas todas as nações da terra, porque você obedeceu à minha voz.
O juramento de Deus, evidentemente, não foi feito para tornar Sua promessa mais segura, mas para se acomodar à fé fraca das pessoas. Deus desceu ao nosso nível para nos fornecer maiores garantias.
O escritor de Hebreus diz que há “duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta” (v. 18). A palavra grega para “imutáveis” era usada em relação a resoluções. Uma vez que seja devidamente tomada, a resolução não pode ser mudada por ninguém, a não ser por aquele que a tomou.
Quais são as duas coisas imutáveis? A promessa e o juramento de Deus. Deus declarou que ambas as coisas eram imutáveis, até ao ponto de arriscar sua própria reputação. Sua vontade não pode ser mudada, invertida ou alterada. Podemos ter certeza disso? Sim, porque Ele não pode mentir. Ele se comprometeu a dar forte encorajamento e confiança a todos os que correm para Ele como o seu Refúgio e Salvador.
Deus ainda acrescentou outra razão para os crentes confiarem nEle. Em Hebreus 6, o escritor concluiu:
[Esta esperança], a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque (vv. 19-20).
Como nosso Sumo Sacerdote, Cristo serve de âncora para a nossa alma, Aquele que nos guardará para sempre de nos afastarmos de Deus. Homer Kent escreveu: Essa âncora é segura porque é inflexível. É certo que ela ficará presa porque suas patas são firmes e não podem ser deformadas nem quebradas.
Semelhantemente, Cristo, em Si mesmo, é absolutamente confiável e totalmente digno de nossa confiança.[13]
Podemos confiar em Deus, não só porque Cristo é a âncora de nossas almas, mas também porque Ele penetrou além do véu. A expressão “além do véu” era uma referência ao lugar mais sagrado do templo, o Santo dos Santos. Dentro do Santo dos Santos estava a Arca da Aliança, que simbolizava a glória de Deus. Uma vez por ano, no Dia da Expiação, o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos para fazer expiação pelos pecados do povo de Deus.
Entretanto, na Nova Aliança, a expiação foi feita de uma vez por todas através do sacrifício de Cristo na cruz (Hb 9.12). Como nosso precursor, Cristo entrou no céu, na parte interna do véu. Na mente de Deus, nossa alma está segura no céu com Cristo.
A segurança absoluta que Deus nos oferece é quase incompreensível. Não só as nossas almas estão ancoradas dentro do santuário celestial inexpugnável e inviolável, como também Cristo vela por elas. Certamente podemos confiar nossas almas a esse Deus extremamente fiel.

O CARÁTER CONFIÁVEL DE DEUS

Vemos claramente a fidelidade de Deus ilustrada na vida de Abraão.
Abraão, cujo nome original era Abrão, cresceu num ambiente pagão — em Ur, uma antiga cidade caldeia da Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates. Ela era uma terra fértil, onde o Jardim do Éden provavelmente estava localizado e onde a grande cidade de Babilônia enfim foi construída. Abraão era descendente de Sem, um dos três filhos de Noé, mas durante muitas gerações, sua família adorou deuses falsos (Js 24.2). A Jornada de Abraão Um dia, Deus falou a Abraão e ordenou-lhe que fosse para Canaã.
O escritor de Hebreus diz: “Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia” (11.8). A palavra grega para “saber” significa “fixar a atenção em” ou “colocar os pensamentos em”.
Ele partiu para uma terra estrangeira sem ao menos colocar os seus pensamentos no lugar para onde estava indo. Além disso, ele não tinha garantia alguma, além da Palavra de Deus, de que ele iria chegar lá. Sua peregrinação de fé o levou a abandonar sua terra natal, seu lar e sua propriedade. Ele rompeu os laços familiares, deixou seus entes queridos e abandonou sua segurança presente em troca da incerteza futura.
Por que ele obedeceu e partiu? Porque ele sabia que Deus era digno de confiança. O Sacrifício de Abraão O brilhante teólogo Jonathan Edwards escreveu de modo comovente: Tenho andado diante de Deus e dado a mim mesmo, e tudo o que sou e possuo a Deus, de modo que já não sou de mim mesmo em aspecto algum. Não posso exigir nenhum direito sobre este entendimento, esta vontade e estes afetos que estão em mim. Nem tenho direito algum sobre este corpo ou sobre qualquer um de seus membros — nenhum direito sobre esta língua, estas mãos, estes pés; nenhum direito sobre estes sentidos: visão, audição, olfato ou paladar. Tenho me despojado de mim mesmo e não retive coisa alguma como sendo minha.[11] Edwards se ofereceu completamente a Deus, desejoso de obedecer a Ele sem reservas.
Vemos a mesma atitude em Abraão, conforme revelado nesta cena dramática:
Pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui! Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei. Levantou-se, pois, Abraão de madrugada e, tendo preparado o seu jumento, tomou consigo dois dos seus servos e a Isaque, seu filho; rachou lenha para o holocausto e foi para o lugar que Deus lhe havia indicado. Ao terceiro dia, erguendo Abraão os olhos, viu o lugar de longe. Então, disse a seus servos: Esperai aqui, com o jumento; eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vós. Tomou Abraão a lenha do holocausto e a colocou sobre Isaque, seu filho; ele, porém, levava nas mãos o fogo e o cutelo. Assim, caminhavam ambos juntos. Quando Isaque disse a Abraão, seu pai: Meu pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho! Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto? Respondeu Abraão: Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto; e seguiam ambos juntos. Chegaram ao lugar que Deus lhe havia designado; ali edificou Abraão um altar, sobre ele dispôs a lenha, amarrou Isaque, seu filho, e o deitou no altar, em cima da lenha; e, estendendo a mão, tomou o cutelo para imolar o filho. Mas do céu lhe bradou o Anjo do SENHOR: Abraão! Abraão! Ele respondeu: Eis-me aqui! Então, lhe disse: Não estendas a mão sobre o rapaz e nada lhe faças; pois agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho. Tendo Abraão erguido os olhos, viu atrás de si um carneiro preso pelos chifres entre os arbustos; tomou Abraão o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu filho. Gn 22.1-13
Que tremendo ato de confiança!
Deus já havia prometido que a posteridade de Abraão cresceria até ao tamanho de uma nação e seria o Seu povo especial (12.2; 15.2-5); e que a terra à qual Deus o havia trazido seria a pátria dessa nação (13.14-17); e que sua posteridade seria uma bênção para o mundo (12.2-3; 18.18).
Abraão “creu no SENHOR, e isso lhe foi imputado para justiça” (15.6).
Ou seja, Abraão creu que Deus cumpriria as promessas de sua aliança e faria o que disse. Ele sabia, assim como deveríamos saber, que o Senhor é digno de confiança e fiel à Sua Palavra.
Mas como Abraão poderia esperar que a promessa fosse cumprida se ele iria oferecer Isaque como sacrifício?
Porque Abraão “considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos” (Hb 11.19).
Ele sabia que Deus cumpriria Suas promessas de algum modo, mesmo que fosse através de um milagre, se necessário.
A fé de Abraão não era uma fé cega, pois ele havia visto o caráter confiável de Deus e Sua integridade demonstrada vez após vez. Ele pôs sua fé na pessoa certa.

A FIDELIDADE DE DEUS À SUA ALIANÇA

Não muito tempo depois de Deus ter criado Adão e Eva, eles decidiram desobedecer a Ele. Eles comeram do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal e caíram, assim como o restante da criação. Em consequência disso, toda a terra foi amaldiçoada. Nossos primeiros pais perderam sua comunhão com Deus e foram banidos do Éden.
Logo depois, foi cometido o primeiro assassinato, e as coisas começaram a entrar em decadência. Corrupção, violência, poligamia, idolatria, incesto, mentira, roubo, adultério e todos os tipos de pecado tornaram-se comuns e cada vez piores. A humanidade tornou-se tão libertina, que Deus destruiu a todos na face da terra, exceto as oito pessoas da família de Noé.
Entretanto, nas gerações após o dilúvio, as pessoas continuaram fugindo de Deus.
Apesar disso, Deus não desistiu da humanidade. O Seu plano eterno era que alguns O adorassem e servissem. Abraão fazia parte desse plano. Ele deveria ser o progenitor da nação de Israel, a qual deveria trazer a salvação ao mundo - através do Messias.
Abraão, no entanto, foi apenas uma pessoa que respondeu ao plano divino, isto é, Deus não o escolheu para ser parte do plano divino devido a algum mérito especial, qualidade ou virtude da parte dele.
Deus o escolheu segundo o beneplácito de sua vontade soberana. Abraão se tornaria o pai de uma poderosa nação, e, nele, todas as nações da Terra seriam abençoadas simplesmente porque o Senhor disse: “Eu o escolhi” (Gn 18.19).
O Senhor garantiu Sua promessa a Abraão por meio de uma aliança. Na mesma forma de ratificar alianças no Oriente Médio daquela época, Deus disse a Abraão para cortar animais específicos ao meio e arrumar as metades em frente umas das outras.
Depois que o Senhor o fez cair em sono profundo, o Senhor falou com ele sobre Sua promessa e Ele mesmo passou entre as metades. Normalmente, ambas as partes caminhavam entre as metades dos animais para simbolizar sua responsabilidade mútua de cumprir as condições do acordo, como se dissessem: “Que sejamos cortados ao meio se não mantivermos nossa parte do contrato”.
Mas Abraão não tinha participação na determinação das condições da aliança ou na cerimônia que a selou.
O fato de somente Deus ter andado entre as metades significava que a responsabilidade total era dEle.
Abraão não tinha parte na aliança, ele era um recebedor da mesma e um veículo para que ela fosse cumprida. As condições e obrigações eram somente de Deus. Abraão estava seguro no plano eterno de Deus.
Por quê? Porque Deus é fiel à Sua Palavra e fiel para cumprir as promessas de Sua aliança. Em todo o universo, somente Ele pode dizer: “Como pensei, assim sucederá, e, como determinei, assim se efetuará” (Is 14.24).
Jeremias 31.31–34 NAA
— Eis aí vêm dias, diz o Senhor, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não segundo a aliança que fiz com os seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; pois eles quebraram a minha aliança, apesar de eu ter sido seu esposo, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que farei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: Na mente lhes imprimirei as minhas leis, também no seu coração as inscreverei; eu serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: “Conheça o Senhor!” Porque todos me conhecerão, desde o menor até o maior deles, diz o Senhor. Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei.
Conclusão

O PLANO INALTERÁVEL DE DEUS PARA A REDENÇÃO

A escolha soberana de Deus é o tema de Romanos 9. Como ilustração, Paulo escreveu sobre Jacó e Esaú. Paulo escreve que eles não “eram ainda nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), [e] já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço” (Rm 9.11-12). Assim como no caso de Abraão, somente Deus traz a salvação, e não qualquer coisa que uma pessoa possa fazer. Deus se propôs a amar os seus, e nada pode violar esse plano. Quando Ele planeja Seus propósitos soberanos, Ele os executa. Seus planos nunca falham porque Ele é fiel à Sua Palavra. Isaque e Jacó não foram os únicos beneficiários do plano de Deus. Paulo escreveu: Porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas; nem por serem descendentes de Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, estes filhos de Deus não são propriamente os da carne, mas devem ser considerados como descendência os filhos da promessa (vv. 6-8). Seu argumento era que Abraão é o pai espiritual de todos os que creem (cf. com Rm. 4.11-12). Ele estava se referindo à fé das pessoas, e não à sua herança racial. Em sua carta aos gálatas, ele diz assim: “Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão” (3.7). Nós que cremos em Cristo como Salvador e Senhor estamos tão seguros quanto Abraão porque exercemos a mesma fé que ele. Como verdadeiros filhos de Abraão, estamos seguros no plano do Senhor para a redenção. Afinal, aqueles a quem Deus “de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.29-30). O crente não faz coisa alguma para garantir a sua salvação. De acordo com Seu próprio propósito, Deus a garante para nós. O crente não pode garanti-la e certamente não pode mantê-la. Mas, em Sua fidelidade, Deus realiza ambas as coisas.[12] Por que Deus nos escolhe para a salvação e nos conforma à imagem de Seu Filho? Porque faz parte de Seu plano soberano e sábio fazê-lo. Podemos ter a certeza de que Ele jamais mudará ou invalidará Seu plano eterno, pois Ele é sempre fiel para cumprir Suas promessas.
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