Um convite de alívio, ensino e descanso

Sermões da quarentena  •  Sermon  •  Submitted
0 ratings
· 113 views
Notes
Transcript

Introdução
Nosso coração tem a tendência de ser desesperado, vivemos uma grande tensão, pelo fato de buscar sentido e propósito para viver.
Somos movidos por sentido, temos uma espécie de radar em busca de algo confiável no qual podemos apoiar nossa existência.
Nascemos com o dom da vida, e queremos dar conta dela, queremos vive-la, mas não sem sentido.
Temos um grande potencial, e temos responsabilidades de liberar esse potencial para a glória de Deus.
Mas temos poucas respostas sobre nosso sentido de viver, quando olhamos para o mundo, a ciência e a filosofia. Temos muitas demandas internas e buscamos por respostas a altura destas demandas.
Temos um coração que não sossega enquanto não encontra o sentido da existência, e quando essa resposta não é verdadeiramente encontrada.
Buscamos diversas maneiras alternativas, para poder ter alívio, descanso, satisfação e sentido. Como alguém disse estes dias, as fontes que buscamos para ter sentido, é como um chiclete que mascamos e logo perde a doçura.
Os meios que encontramos para tornar a vida suportável, não respondem as perguntas de nossa alma.
Essa última semana que passou, aconteceu um caso triste e lamentável.
Um ator, já idoso, decidiu encerrar sua carreira de viver, quando ao escrever um bilhete de despedida, ao tirar sua vida, disse:
“Me desculpem, mas não deu mais. A velhice neste país é o caos como tudo agora. A humanidade não deu certo. Eu tive a impressão que foram 85 anos jogados fora num país como este. E com este tipo de gente que acabei encontrando. Cuidem das crianças de hoje!”
Lamentamos sua morte!
Mas, não seria isto, um grito por demandas não respondidas, respostas não encontradas, cansaço pela procura por alívio e descanso? Cansaço de uma vida vivida sob o fardo de pecados?
Como podemos driblar, ou melhor, encontrar a resposta para uma vida plena, onde se pode mesmo em meio as maiores tensões ter alívio e descanso?
É está resposta que quero dar está neste sermão – Um convite de alívio, ensino e descanso.
Vinde a mim - é um convite feito por quem tem autoridade para fazê-lo, e não só isso, mas é também um convite a conhecer a Deus como Pai, pois aqueles que se lançam ao convite de Jesus lançam-se aos braços do Pai.
Mateus 11.25–27 RA
Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Ele mesmo declara que o Pai entregou tudo a ele, ou seja, lhe deu autoridade de revelar o Pai aos homens, e por meio desta autoridade, ele faz um sublime convite ao seu reino gracioso.
Veja, Jesus não convida os sábios, que por sua pretensa sabedoria acham-se justos, cultos e aptos ao reino de Deus, antes, ele revela-se aos pequeninos.
Pequeninos são aqueles que tem consciência de sua completa dependência de Deus e pecaminosidade.
Mateus 11.28 RA
Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
Jesus faz uma fala usando um elemento muito comum para os judeus que o ouviam, o jugo.
Jugo - uma estrutura de madeira colocada ao pescoço de animais, normalmente bois, preso a um arado no qual os animais levavam em seus ombros, onde os bois eram conduzidos ao terreno a fim de preparar a terra para o plantio.
O primeiro significado que vem, dado o contexto é que os fariseus fizeram da lei de Deus um jugo pesado e opressor..
Mateus 23.4 RA
Atam fardos pesados [e difíceis de carregar] e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.
Os rabinos da época, pegavam a lei de Moisés e interpretavam de forma a torná-la um peso, que nem eles e tão pouco seus seguidores poderiam cumprir.
Na verdade, sabe-se que pelas obras da lei, não se encontra alívio, muito pelo contrário, a lei sinaliza o quão culpados somos, e aqueles que carregam sobre si, culpa, jamais desfrutam alívio e descanso.
Jesus direciona seu convite aos cansados e sobrecarregados que impelidos pelos fariseus estavam cansados das tentativas de encontrar alívio e que viviam sob o jugo pesado das regras morais dos fariseus.
Não existe peso maior do que a percepção de que a verdade procurada pela alma não é encontrada.
Quantos são os fardos diversos da vida que dilaceram a alma humana, o quanto os padrões sociais nos prometem alívio se a eles nos alinharmos.
O mundo tem criado jugos pesados e cruéis, que não nos oferecem sentido, propósito, ainda que façam propaganda de satisfação, alegria, alívio e descanso.
A verdade é que a humanidade vive a carregar fardos diversos, sejam aqueles que ativamente o homem busca e se cansa de tanto procurar, ou fardos impostos a ele, seja pela sociedade, grupos sociais, a cultura e a religião.
Na carta deixada pelo ator Flavio Migliaccio citado no início, ele disse que o tipo de sociedade e as pessoas que a compunham trouxeram a ele a conclusão de que a humanidade não deu certo, e que o melhor caminho seria dizer adeus a esta sociedade.
John Bunyan, escreveu em 1660 um livro chamado "O Peregrino", onde nele relata a estória de um homem que atormentado pelo peso de grandes fardos de pecado, sai a procura de alívio e descanso para sua alma.
Esse livro é o retrato de todos nós, vivemos sob esse dilema, nos cansamos por tentar encontrar alívio pelo nosso esforço, e estamos sobrecarregados pelos fardos que outros colocam sobre nós ao nos prometer alívio e descanso.
Somos infelizes, insatisfeitos, pois em nenhum dos dois lados, por nosso esforço, ou pelos fardos que colocam sobre nós, encontramos alívio e descanso para a alma.
É aí que vem o convite de Jesus, e é:
Claramente descrito em João 6.35: “O que vem a mim de modo algum terá fome, e o que crê em mim de modo algum terá sede”.
É óbvio, à luz dessa passagem, que “ir” a Jesus significa “crer” nele. Essa fé é conhecimento, assentimento e confiança, tudo de uma só vez.
Jesus não só convida de forma atraente os homens, mas lhe faz promessas. Aos que se encontram cansados e sobrecarregados ele garante alívio, ele promete ensiná-los e dar descanso para suas almas cansadas.
Ninguém precisa ter medo algum de que suas forças e capacidades serão insuficientes para conquistar esse descanso. Ele nem precisa e não pode ser conquistado, nós não precisamos contribuir nada para ele.
Esse descanso é dádiva. É presente daquele que com autoridade divina afirma: Eu o darei a vocês. Não é uma obra humana, mas um ato de Deus que o ser humano recebe como presente.
Eis a promessa: e eu vos darei alívio. Tal alívio não é só negativamente a ausência de incerteza, temor, ansiedade e desespero; mas também, positivamente, é paz de mente e coração, é confiança.
Salmo 125.1 RA
Os que confiam no Senhor são como o monte Sião, que não se abala, firme para sempre.
João 14.27 RA
Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.
Romanos 5.1 RA
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
O texto prossegue.
Mateus 11.29 RA
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
Na época de Jesus havia muitos rabinos e cada um deles tinha uma espécie de jugo (regras, leis e estatutos) que seus alunos tinham de carregar sobre si.
Era comum as pessoas perguntarem umas as outras a que rabino seguia e que jugo carregava, cada jugo sinalizava o rabino do qual a pessoa era aluno.
Jesus usa desse contexto para dizer que seu jugo, é distinto dos mestres da época, pois os jugos dos mestres não produziam alívio, e tão pouco descanso, mas uma sobrecarga terrível.
Jesus exige que tomemos o seu jugo, porque junto do jugo vem alívio, ensino e descanso.
Aliás, uma das funções do jugo no trabalho agrícola era aliviar dos lombos dos animais todo o peso e resguardar o animal de ter sua carne dilacerada pelo peso trabalho.
Neste sentido, Jesus está dizendo que o jugo dos mestres da época, ou o jugo que o mundo impõe sobre nós, as pressões para termos sucesso, dinheiro, prestígio, por termos de estar sempre atualizados, sempre alegres, sempre na moda, sempre com celulares e carros do ano.
E todos ensinos oriundos desse jugo, não produz vida, alívio e descanso, mas nos dilacera, fere, machuca, nos esmaga.
Por isso, Jesus coloca seu próprio jugo, ou ensino, em oposição ao jugo os rabinos da época.
E tenha certeza, em oposição aos gurus do nosso tempo.
Algo que pode soar estranho, é que os homens a quem Jesus chama já estavam cansados e sobrecarregados dos fardos da vida. Como pode Jesus chamá-los para carregar mais um jugo?
A grande diferença, e graciosa diferença é que o jugo de Jesus vem repleto de alívio, ensino e descanso.
O alívio de Jesus se da pelo fato de ele carregar sobre si o maior fardo que nos pesava, o pecado.
1Pedro 2.24 RA
Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados.
Somos considerados discípulos de Jesus por aprendermos dele como seus alunos.
A graça de aprender de Jesus é o que relata João.
1João 5.3 RA
Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos,
Além disso Paulo diz a Timóteo que esse aprendizado de Jesus é o que nos capacita para a salvação.
Jesus está dizendo: Tomem sobre vocês meu jugo, e aprendam de mim”, ou “e se tornem meus discípulos”, sua intenção é: “Aceitem meu ensino, a saber, que uma pessoa é salva por meio da simples confiança em mim”.
Podemos ser seus discípulos e tomar seu jugo, porque Jesus declara ser manso e humildade coração.
Cristo em vida, nos mostrou estes atributos.
Ele mansamente como ovelha obediente, toma sobre si a forma humana, e humildemente serve com graça e amor aos pecadores, é obediente até a morte e morte de cruz.
Operou milagres não para provar sua grandeza, mas porque desejava aliviar as dores dos homens. Jesus não assumiu posição de destaque e grandeza como faziam os mestres da lei.
Antes viveu mansa e humildemente fazendo a vontade do Pai, e nos chama a andar em seus ensinos pois ele nos capacita a obedecê-los e fazer a vontade do Pai, assim como ele.
Agostinho certa vez disse: O jugo de Jesus é como uma pluma de um pássaro, pois não nos derruba no chão, mas nos torna capazes de alçar voos até os céus ao encontro de Pai.
O descanso prometido por Jesus flui do seu ensino, de uma vida de discipulado com Jesus, de andar com ele em obediência e submissão. Aliás submissão é a postura de quem leva o jugo. Seu ensino nos orienta, sua voz nos dá comando e direção.
Jesus nos chama para sermos instruídos, conduzidos, aliviados e ao final desfrutaremos de seu descanso para as nossas almas.
O que Jesus ressalta neste breve relato de Mateus é a mais alta necessidade do homem, como vimos no início, encontrar descanso para alma, ou o que podemos chamar de respostas existenciais.
Em Cristo temos o descanso que tanto procuramos, e necessitamos para enfrentar o fardo da existência e suas demandas.
Uma imagem poderosa sobre o jugo é que ele normalmente era utilizado por dois bois, na metáfora de Jesus ele não só nos chama a levar seu jugo, mas ele está conosco nos ajudando a levar, ele nos capacita, nos auxilia, intercede por nós.
Mateus 11.30 RA
Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.
A palavra suave, deve ser entendida como “útil”, ou seja, o jugo de Jesus é útil para nós.
Concede-nos apoio para andar, ajuda para obedecer, direção e sentido para a vida com Cristo.
Mas também é útil para o trabalho, pois o jugo é um instrumento de trabalho, o reino de Deus se expande e cresce com aqueles que levam sobre si o jugo de Jesus e não resistem em anunciar o seu convite aos homens. "Vinde a Mim".
A leveza do jugo de Jesus nos permite ter descanso principalmente em meio a este mundo hostil.
Willian Hendriksen disse: Simbolicamente falando, Jesus aqui assegura às pessoas oprimidas a quem se dirige, tanto de outrora como de hoje, que seu jugo, isto é, o que ele insiste que usem, é agradável, e seu fardo, isto é, aquilo que ele requer de nós, é leve.
O que ele está de fato dizendo, portanto, é que a simples confiança nele e a obediência a seus mandamentos que procedem da gratidão pela salvação já comunicada por ele é algo prazeroso.
Produz alívio, nos ensina, dá descanso, nos completa, nos alegra, nos da vida. A pessoa que vive esse estilo de vida não é mais escrava do fardo do pecado e de quaisquer fardos que possam ser colocados sobre ela.
A promessa de alívio, ensino e descanso que Jesus provê pode ser experimentado agora, frente as grandes tensões e demandas que a existência traz, o pecado, as incertezas, doenças, ansiedades.
O ensino de Cristo, se levado a sério, como irresistível que é, tem um efeito completo sobre nossa vida, pois Jesus é um Salvador completo.
Voltando ao livro "O Peregrino de John Bunyan", o desfecho do livro termina com o personagem principal chamado cristão, que caminha com um fardo imenso de pecado nas costas: Bunyan diz:
"Agora vi em meu sonho que a estrada pela qual o cristão viajava era cercada de ambos os lados por uma muralha chamada Salvação. Por este caminho cristão subia apressado, mas com muita dificuldade por causa do fardo às costas. Cristão foi assim até que chegou a um lugar alto, em cujo topo se erguia uma cruz de madeira, e mais embaixo havia um túmulo vazio. Quando ele se aproximou da cruz, o fardo caiu de suas costas e rolou para dentro da sepultura, e eu não o vi mais. Então cristão sentiu-se maravilhosamente aliviado e disse com o coração cheio de alegria: - Cristo me deu o descanso com a Sua angústia e a vida com a Sua morte".
O fardo de Jesus é leve porque o que de pesado havia, Jesus levou na Cruz, o fardo pesado da ira de Deus sobre os nossos pecados ele carregou, deixando a nós o fardo leve e suave que produz alívio, que nos ensina e produz descanso.
Em Cristo, as demandas da nossa existência são respondidas quando atendemos ao convite que ele nos faz pela graça mediante a fé.
Vinde a mim! É um chamado que nos faz abandonar o pecado, o cansaço, o sobrepeso, a falta de sentido e propósito, e abraçar a Cristo e tudo o mais que ele nos concede para um viver pleno e cheio de significado e propósito.
Vá a Cristo, venha hoje mesmo alimentar-se dele, ele nutre sua alma, ele dá a você o alívio, o ensino que traz salvação e vida eterna, e por fim o descanso necessário para viver hoje em meio as grandes dificuldades da vida.
O descanso que desfrutaremos agora aponta também para um descanso superior, o eterno descanso garantido por Cristo em sua glória.
Um descanso que não será interrompido porque flui da eterna presença de Jesus, o único que pode dar as almas cansadas e sobrecarregadas alívio, ensino para salvação e descanso eternamente.
SDG
Related Media
See more
Related Sermons
See more