Jesus o Pão da Vida.

Introdução.

Primeiro milagre - A multiplicação de Pães. Jo 6.1-15.

Por causa dos sinais que realizava, Jesus conquista uma multidão de seguidores.

Jesus se vê numa situação onde tem diante de si uma multidão, essa multidão está faminta, e Jesus ocasionalmente vai dar-lhes de comer.

Ênfases nos vs Jo 6.5; 7; 9; 12; 14.

Como consequência do milagre as pessoas reconhecem que Jesus é o profeta que devia vir ao mundo, e como a interpretação deles era de que o tal profeta teria uma atividade política, eles intentam fazê-lo rei a força. Sabedor disso Jesus sai dali, sozinho, ou seja, sem os discípulos, e vai para o monte.

Segundo milagre - Andar sobre o mar. Jo 6.16-21.

Ao anoitecer daquele dia os discípulos entram no barco para atravessarem o mar.

Observação: O Mar da Galiléia, ou mar de Tiberíades, conhecido também como Lago de Genesaré, não é um mar no sentido pleno da palavra. Na realidade o mar da Galiléia é um grande lago de água doce, é o maior lago do país, contando com aproximadamente 19 km de comprimento por 13 km de largura.

No meio da noite, o mar começa a se agitar por causa dos ventos fortes e de repente veem Jesus vindo até eles caminhando sobre as águas.

O Discurso. Jesus o Pão da Vida.

22-25: A multidão ao perceber que Jesus não estava ali, atravessam também para o outro lado, indo para as margens de Cafarnaum, onde Jesus estava. Observe o movimento:

Um multidão estava ali.

Mais pessoas vinham em seus barcos para onde Jesus havia multiplicado os pães.

Ao perceberam que Jesus não estava, todos entram nos barcos e partem para Cafarnaum à procura de Jesus.

Quando o encontram, pelo fato de não o terem visto entrar no barco com os discípulos ficam sem saber como ele havia chegado ali do outro lado. O que evidencia a realidade do milagre de Jesus ter caminhado sobre as águas.

26-27: Observe, Jesus não responde à pergunta deles, ao contrário, faz uma severa advertência. “Vocês estão me procurando porque comeram os pães e ficaram satisfeitos” A busca deles por Jesus não envolve fé, envolve o desejo de uma satisfação momentânea de algo, envolve o solucionar uma necessidade, estavam faminto, Jesus lhes deu pão, isso foi o que lhes chamou a atenção.

Não é o que acontece hoje em dia? Quantos tem ido atrás de Jesus por coisas que Jesus pode lhes dar, só não percebem que Jesus é Deus, e ele conhece tudo, inclusive os motivos que levam cada pessoa a seguir atrás dele.

Essa multidão será duramente confrontada, e ao final, uma grande maioria deles vai debandar da fé,vai abandonar Jesus por causa do seu discurso duro. É exatamente o que acontece hoje, muitos seguem Cristo por “N” motivos, porém, quando são confrontadas com seu discurso da verdade, o abandonam achando o discurso duro demais.

Jesus os adverte a trabalharem, não pela comida que estraga. Isso é interessante, o caso deles é o exemplo claríssimo disso que Jesus está dizendo. Eles comeram no dia anterior, o organismo já fez a digestão, já acabou, estão famintos novamente. Por outro lado o Senhor os exorta a buscarem uma comida que não estraga e que sacia plenamente a fome do homem, ele já vai explicar que comida é essa.

28: Eles tentam desviar o foco do assunto da comida para as coisas de Deus, é como se dissessem: Estamos preocupados com as coisas de Deus, por isso viemos aqui. No entanto, mais uma vez demonstram sua compreensão deturpada, eles querem realizar coisas, observe como a resposta de Jesus contrasta isso.

29: A resposta de Jesus é diametralmente oposta áquilo que eles pensavam: A obra (singular) de Deus não são coisas a serem realizadas, mas sim crer naquele que Deus enviou.

30-31: Eles querem uma confirmação de que Jesus é o enviado de Deus para que assim então possam crer nele.

Observe a comparação que eles estão fazendo:

Moisés foi enviado de Deus.

Moisés deu pão (maná) ao povo durante 40 anos.

O maná caía do céu.

Jesus multiplicou pães apenas uma vez, e os pães que Jesus deu a eles não veio do céu.

Conclusão: A multiplicação não é sinal suficiente, queremos mais.

32-33: Jesus rebate mostrando que o milagre não estava em Moisés, pois não foi Moisés quem lhes dava o maná, mas sim Deus. E aqui, novamente, Jesus faz uso de sua filiação divina, ele diz: Meu Pai.

O ponto que Jesus acrescenta aqui é que o pão de Deus é o que desce do céu, e esse pão dá vida ao mundo.

Em outras palavras, o pão de Deus não alimenta somente um grupo de pessoas caminhando pelo deserto por um determinado tempo, o pão de Deus vivifica o mundo todo.

34: Logo eles demonstram que estão interessados mesmo é no pão, veja como são prontos em pedir que o Senhor lhes desse “sempre” desse pão.

Eles lembram aqui a compreensão da Samaritana.

35: Assim que eles pedem que Jesus lhes dê sempre desse pão, a resposta de Jesus é pronta: Eu sou o pão da vida. Nele jamais haverá fome ou sede. Novamente nos lembra o diálogo com a samaritana, lá Jesus diz Eu o sou o que falo contigo, aqui Jesus afirma, Eu sou o pão da vida.

Observe que na própria resposta de Jesus está o conceito de espiritualidade daquilo que ele está dizendo, ele não diz apenas que é o Pão, ele diz que quem vai a ele JAMAIS terá fome e sede. Veja como a obra de Jesus é completa.

O maná precisavas ser recolhido diariamente, as pessoas comiam o maná e tornavam a ter fome. Podemos parafrasear aqui o escritor aos Hebreus que afirma a transitoriedade dos sacrifícios da lei, e a plenitude do SACRIFÍCIO de Jesus. Somos remetidos a mesma ideia aqui, Jesus é definitivo.

36: eles são incrédulos, e Jesus novamente repete isso.

37-40: Aqui Jesus mostra a soberania do Pai na salvação.

Observe que esse conceito da soberania não exclui a responsabilidade humana, pois é exatamente isso que Jesus diz no vs 36, Jesus afirma a incredulidade deles, ou seja, tal incredulidade é posta como responsabilidade deles. Agora Jesus começa a enfatizar ainda mais o conceito da completude de sua obra que ele introduziu no vs 35. Observe:

O Pai dá. (Escolhe)

Aquele que o Pai dá vai até ele. (Atrai)

O que vai até ele, ele de forma nenhuma lançará fora. (Preserva) Ora, se Jesus fala de lançar fora, obviamente significa que o tal já está dentro. O que confirma a completude da obra, em outras palavras, não há falhas.

E ele segue mostrando que a completude dessa obra é a vontade de Deus. O balizamento disso está no vs 39 onde afirma que a vontade de Deus é que nenhum dos que o Pai o deu se percam. E o interessante é que a confirmação disso é a ressurreição. Ainda que morto viverá. E é cristo que garante essa vida.

No verso 40 Jesus mostra como conclusão dessa parte que os que o Pai dá são aqueles que veem o Filho e creem nele. Observe o contraste com o que ele disse no vs 36: “Porém eu já disse que vocês não creem, embora estejam me vendo”. Em outras palavras, o que Jesus está dizendo aqui é que: Vocês não creem porque o Pai não me deu vocês. Se ele tivesse dado vocês creriam, teriam vida, e eu os ressuscitaria no último dia.

41-42: Frente a fala de Jesus, os judeus tentam minar sua credibilidade mostrando que ele era alguém extremamente comum, alguém que eles conheciam, afinal Jesus está na Galiléia que é o local onde sua família mora. E eles começam a dizer, como assim ele desceu do céu? Nós conhecemos toda a sua família.

43-46: Jesus de pronto repreende a murmuração deles, ao mesmo tempo, Jesus não entra na deles tentando justificar-se, ele aponta mais ainda o motivo da incredulidade deles. “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer”. Ele usa os profetas para dar base ao que ele está dizendo: “E todos serão ensinados por Deus, portanto, todo aquele que ouviu e aprendeu do Pai, esse vem a mim”. Em outras palavras, vocês não ouviram ou aprenderam do Pai. No capítulo 8 ele vai dizer claramente que o pai deles é outro (o diabo), mas chegaremos lá.

47: Como Jesus deu ênfase na questão da ressurreição, ele aqui mostra que quem nele crer tem a vida eterna, ainda que morra será ressuscitado no último dia.

João vem mostrando isso repetidamente em seu evangelho. Isso porque Jesus falou disso repetidamente em seu ministério terreno, foi assim com Nicodemos, foi assim com a mulher samaritana, foi assim no discurso no templo após a cura do paralítico, e aqui novamente.

48-51: Jesus repete o conceito de que ELE É O PÃO DA VIDA, contrasta com o maná, que os pais deles comeram e morreram, e fazendo uma junção, de metáfora com literalidade, mostra que quem comer dele, ou seja, vir a ele e ter fé nele, como ele já afirmou no vs 40, terá a vida eterna.

Que Pão é esse que Jesus dá? Ele responde, sua carne. Está claro aqui que carne se refere ao sacrifício que será feito na carne, Jesus é o Deus encarnado (Jo 1.14), ele é o cordeiro que ao ser sacrificado tira o pecado do mundo, como João o Batista já afirmou. Ele é aquele que será levantado, como a serpente de bronze foi levantada, e agora ele é o pão que será dado pela vida do mundo, e todos esses conceitos:

cordeiro;

ser levantado;

dar sua carne, remetem direto ao seu sacrifício.

Crer nisso é ter vida eterna.

52: Os judeus estão sem entender. De certa forma eles entenderam a linguagem metafórica, mas não compreenderam como isso poderá acontecer, por isso o questionamento dele está no “como” da questão.

53-54: Jesus responde o “como” retornando a algo que ele já disse, observe como os vs 40 e 54 tem a mesma estrutura.

Ver e crer no filho = comer minha carne e beber meu sangue

ter vida eterna = ter vida eterna

ressuscitar no último dia = ressuscitar no último dia

55-57: Claramente esses vs se referem então a vida de fé em Cristo.

58: Jesus é o pão, em nada semelhante ao maná. Apesar de comerem o maná, morreram, comer do pão vivo = vida, e ressurreição para vida no último dia, e viver eternamente.

Nem todos os que comeram do maná viveram eternamente, ali mesmo no deserto muitos demonstraram sua rebeldia e incredulidade e aos poucos foram perecendo pelo caminho.

Todos os que se alimentam de Cristo permanecem vivos, recebem vida em abundância, Ele os preserva. Glória a Deus por isso!

Aplicação!

Note como o foco de João ao relatar seu evangelho repousa na questão do discurso, Jesus sempre está usando os acontecimentos como oportunidade para discursar. O foco não é a multiplicação, nem o caminhar pelas águas, a conclusão do texto é o discurso. Pois a fé vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus.

Nosso conforto está em saber que como nos alimentamos pela fé no glorioso pão da vida, já temos vida eterna com ele. Independente do que passarmos aqui, somos garantidos por Deus.

Para onde iremos nós se só tu, tens as Palavras de vida eterna?