Untitled Sermon (2)
o salmo de numero 2
2. O Governo Divino (vs. 4–6)
Em contraste com a fervente atividade descrita no versículo 1, o Senhor é capaz de visualizar a trama dos homens de seu trono celestial. Ele não ri com o intuito de ridicularizá-los, mas porque, de sua soberana segurança, ele vê seu planejamento, e porque ele sabe que seu dia está chegando (Sl 37.13). Quase a mesma expressão ocorre no Salmo 59.8.
Quando o Senhor fala, é em ira para os terrificar. A declaração que ele faz diz respeito ao lugar de seu rei, contra quem os governantes pagãos têm tramado. A realeza em Israel era uma instituição que Deus propiciara a seu povo (ver Dt 17.14–20; e para sua introdução, 1Sm 8–12). Desde o tempo em que Davi capturou a fortaleza de Sião (2Sm 5.7), ela veio a ser o centro da vida tanto religiosa quanto política em Israel. Cada governante davídico tipificava a vinda do reino messiânico final que é descrito aqui.
3. Declaração de Deus a Seu Filho (vs. 7–9)
Agora não é o rei messiânico quem fala de sua própria designação. “Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho; hoje eu me tornei teu Pai” (v. 7). Em outro lugar nos Salmos, o decreto do Senhor se refere ao estabelecimento de seu governo ordeiro no universo (Sl 148.6). Aqui ele é usado para a soberana designação de seu Filho. As palavras ecoam no batismo de Jesus (Mt 3.17) e na transfiguração (Mt 17.5). Paulo também usa as palavras em referência à ressurreição (At 13.33). Jesus ingressou-se nesse estágio de sua filiação quando, através do Espírito de santidade, foi “com poder declarado o Filho de Deus por meio de sua ressurreição dentre os mortos” (Rm 1.4).
“Pede-me e eu farei as nações tua herança, os confins da terra tua possessão. Tu as governarás com cetro de ferro; tu as despedaçarás como um vaso de oleiro” (vs. 8,9). A Salomão foi dada em Gibeão uma ordem de fazer ao Senhor um pedido (1Rs 3.5), mas agora se declara a Salomão algo muito maior. Justamente como o governo no Salmo 72 se estende majestosamente até os confins da terra, também aqui. O governo do Messias é aquele que assegura que as nações se tornarão sua herança e sua possessão até os confins da terra. Os reis rebeldes (“as [nações]” no v. 9) já mencionados no versículo 2. Descobrirão que seu cetro não é apenas um bastão simbólico, mas um cetro de ferro que é capaz de espalhá-los em pedaços.
4. Chamado ao Compromisso (vs. 10–12)
Um chamado soberano se dirige agora a esses reis. Os governantes terrenos só podem achar bênção para si e seus súditos quando se fazem subservientes às reivindicações de Cristo. O chamado que lhes é dirigido é para que “sirvam ao Senhor com temor e se regozijem com tremor” (v. 11). Têm de tornar-se seus vassalos (pois é isso que o termo “servir” implica). Além do mais, têm de “beijar o Filho para que não se ire contra vocês e destrua seu caminho, pois sua ira pode inflamar-se num instante. Bem-aventurados são os que se refugiam nele” (v. 12). No texto hebraico, a palavra usada aqui para “Filho” não é o termo usual (ben), mas uma forma aramaica (bar). O aramaico era o idioma comum para boa parte do antigo Oriente Próximo ao longo de muitos séculos, e é apropriado que tal termo seja usado num contexto no qual os reis gentílicos são abordados. São chamados a realizar um ato de homenagem diante do rei ungido do Senhor, para que sua ira não se inflame contra eles e sejam destruídos. Justamente como o primeiro salmo começou com o conceito de bênção, assim este segundo salmo termina com esta mesma nota de segurança. Todos quantos buscam refúgio no Senhor acharão verdadeira bênção e satisfação nele. Ele é o único refúgio a proteger da tormenta da ira de Deus.
Em adição às citações deste salmo no Novo Testamento já supracitadas, é importante compreender como às vezes ele é aludido no Livro do Apocalipse (p.ex., 2.27; 12.5; 19.15). Os cristãos vêem no Salmo 2 o quadro do rei messiânico que ora governa o mundo, e que se destina a governar até que subjugue todos os demais governantes e liberte o reino para o Pai (1Co 15.24). O Livro do Apocalipse nos mostra o quadro final de Cristo governando com um cetro de ferro e portando o título “Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19.15,16).