IPVM no Lar | Tiago 1.9-11
Exposição na epístola de Tiago • Sermon • Submitted
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· 49 viewsEstudo bíblico expositivo na Carta de Tiago 1.9-11, baseado nos comentários: Kistemaker, S. J. (2006). Tiago e Epístolas de João. (C. A. B. Marra, Org., S. Klassen, Trad.) (1a edição). São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã. / Grünzweig, F. (2008). Comentário Esperança, Carta de Tiago. Curitiba: Editora Evangélica Esperança. / Calvino, J. (2015). Epístolas Gerais. (T. J. Santos Filho & F. Ferreira, Orgs., V. G. Martins, Trad.) (Primeira Edição). São José dos Campos, SP: Editora FIEL. / Blomberg, C. L., & Kamell, M. J. (2008). James (Vol. 16). Grand Rapids, MI: Zondervan. / Dibelius, M., & Greeven, H. (1976). James: a commentary on the Epistle of James. Philadelphia: Fortress Press.
Notes
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Orgulhando-se
Orgulhando-se
Assim como faz em outras passagens desse primeiro capítulo de sua epístola, Tiago menciona um assunto em uma ou duas frases.
Depois, numa seção posterior ou num outro capítulo, ele o desenvolve.
Aqui ele introduz a questão do orgulho.
9 O irmão, porém, de condição humilde glorie-se na sua dignidade, 10 e o rico, na sua insignificância, porque ele passará como a flor da erva.
9 O irmão, porém, de condição humilde glorie-se na sua dignidade, 10 e o rico, na sua insignificância, porque ele passará como a flor da erva.
Esses dois versículos revelam paralelismo e contraste comum nos Salmos e Provérbios.
O paralelo encontra-se na expressão gloriar-se.
E o contraste nas cláusulas irmão de condição humilde e o rico
Além disso, os substantivos dignidade e insignificância opõem-se um ao outro.
Observe que, apesar de Tiago evitar usar a palavra pobre nesse versículo, é evidente a intenção de se retratar pobreza (compare com Tg 2.2,3,5,6).
Ao homem de condição humilde ele chama irmão.
a. “O irmão”.
a. “O irmão”.
Como pastor, Tiago escreve uma carta aos “cristãos espalhados entre as nações”.
Ele sabe que muitos deles vivem em profunda pobreza e ocupam os cargos de menor remuneração na sociedade.
Essas pessoas precisam de palavras de encorajamento, pois as condições econômicas são opressivas e difíceis de entender.
Assim, Tiago exorta o irmão cristão a “glorie-se na sua dignidade”.
Apesar de o irmão viver em “condição humilde”, ele não apenas deve saber de sua posição elevada: é encorajado até mesmo a gloriar-se dela.
O contraste é gritante.
Como pode um cristão sem recursos compreender que é deve se gloriar nisso?
Antes que possa orgulhar-se de sua posição de honra, deve aprender primeiro a apreciar a importância de sua condição, isto é, deve olhar não para as posses materiais, mas para os tesouros espirituais.
Chave hermenêutica desse versículo, não é a condição financeira, mas a condição espiritual.
Ela se evidencia na palavra IRMÃO.
Ele deve ter uma perspectiva completamente diferente da vida.
Sua visão de mundo não nasce do materialismo, mas dos valores espirituais.
Ele sabe que o próprio Deus exaltou o crente a uma posição mais elevada.
Ele se vê como filho do Rei – filho ou filha de Deus.
b. “O rico”.
b. “O rico”.
O equivalente ao “irmão de condição humilde” é “o rico”.
Tiago exorta ambos para que se gloriem de suas respectivas posições.
Quem é essa pessoa rica?
Essa é uma pergunta que fica em aberto.
Alguns estudiosos desejam completar o paralelo nos versículos 9 e 10 ao inserir a palavra irmão: “e o irmão rico na sua insignificância”.
Assim, tanto o pobre quanto o rico são cristãos.
Kistemaker faz algumas objeções inquestionáveis:
Em primeiro lugar, apesar de Tiago chamar claramente o homem de condição humilde de irmão, ele omite esse termo quando apresenta o homem rico. (Não aparece no grego)
Em seguida, Tiago compara o homem rico com a erva que murcha e morre – ele desaparecerá (v. 11).
Ele não acrescenta nenhuma palavra de admoestação e não chama ao arrependimento.
Assim, em outras partes da epístola, Tiago deixa a impressão de que o rico não pertence à comunhão dos cristãos (ver Tg 2.6–9; 5.1–6).
E, por fim, Tiago se dirige aos cristãos que foram perseguidos e dispersos. Eles são oprimidos pelos ricos nas regiões onde se assentaram.
Além disso, observamos que Tiago fala do homem rico, mas não das riquezas.
Ele não repudia as posses terrenas a fim de alegrar-se na pobreza. Não, ele ensina que Deus é quem dá “toda dádiva boa e perfeita” (1.17).
Tiago não está preocupado com as riquezas, mas com a pessoa que as possui.
Concluo, portanto, que o homem rico não é um cristão.
Como pode uma pessoa rica “gloriar-se na sua insignificância”?
O rico tem motivos para se gloriar em muitas outras coisas, mas jamais em sua insignificância.
Ele se gloria de sua riqueza material, mas as riquezas terrenas “desaparecem como a flor da erva”.
Tiago lança mão da ironia.
Está dizendo que “o homem rico deve orgulhar-se de sua posição humilde”, visível ao irmão que tem discernimento espiritual.
Os bens terrenos podem ser comparados às marés: eles vêm e vão. Tiago, porém, usa uma ilustração tirada do clima e da paisagem.
11 Porque o sol se levanta com seu ardente calor, e a erva seca, e a sua flor cai, e desaparece a formosura do seu aspecto; assim também se murchará o rico em seus caminhos.
11 Porque o sol se levanta com seu ardente calor, e a erva seca, e a sua flor cai, e desaparece a formosura do seu aspecto; assim também se murchará o rico em seus caminhos.
Essa ilustração se assemelha à profecia de Isaías:
“Toda a carne é erva e toda a sua glória como a flor da erva; seca-se a erva e caem as flores, soprando nelas o hálito do Senhor” [Isaías 40.6-7; ver também Jó 14.21].
Em uma única frase o autor descreve as condições climáticas de Israel.
A principal causa da seca é o calor ardente do sol que se levanta, especialmente quando acompanhado do vento causticante do deserto.
Essa combinação faz as plantas murcharem rapidamente e sua flor e beleza desaparecem em questão de horas.
Quando o vento chamado siroco sopra dia e noite vindo do leste, o aspecto da paisagem transforma-se drasticamente.
“Assim também se murchará o rico em seus caminhos”.
Certamente as posses terrenas do homem podem desaparecer num tempo incrivelmente curto, mas o texto não diz que as riquezas desaparecerão.
Afirma que o “rico murchará”. Em forma poética, esta é a descrição do ser humano encontrada no Salmo 103.15-16
15 Quanto ao homem, os seus dias são como a relva; como a flor do campo, assim ele floresce; 16 pois, soprando nela o vento, desaparece; e não conhecerá, daí em diante, o seu lugar.
A New International Version nos dá uma boa tradução de uma expressão semítica. Subitamente, a vida do rico chega ao fim enquanto ele se ocupa em ganhar dinheiro.
Suas riquezas não são capazes de prolongar sua vida, pois ele parte deixando para trás as suas posses.
Considerações práticas em 1.9–11
Versículo 9
Tendo em mente a admoestação de Paulo para se fazer o bem a todos (Gl 6.10), procuramos suprir as necessidades daqueles que são assolados pela pobreza.
Mas uma coisa é dar aos pobres generosamente, e outra é associar-se a eles.
Uma pessoa rica pode ter muito mais influência e respeito do que aqueles que pertencem à classe mais baixa da sociedade.
Essa pessoa pode demonstrar sua disposição em ajudar os necessitados, mas não necessariamente a nível pessoal.
Tiago, porém, diz que o irmão de condição humilde ocupa uma posição elevada.
Em outras palavras, não deve ser desprezado!
Além disso, o próprio irmão deve estar completamente consciente da posição elevada que ocupa.
Ele é filho de Deus.
Versículo 10
No mundo de hoje, louvamos os ricos que alcançaram posições de autoridade e nos apiedamos dos pobres por viverem em condições tão deploráveis.
A Bíblia diz que a posição do rico que vive sem Deus é deplorável (Lc 12.20,21), mas o “irmão de condição humilde” é exaltado.