Jesus a Fonte de Água Viva.

Texto.

1-Passadas estas coisas, Jesus andava pela Galiléia, porque não desejava percorrer a Judéia, visto que os judeus procuravam matá-lo.

2-Ora, a festa dos judeus, chamada de Festa dos Tabernáculos, estava próxima.

Passado o discurso sobre o Pão da Vida, agora seremos apresentados à mais dois discursos de Jesus que poderíamos resumir em o discurso sobre Jesus ser a Fonte de Água Viva, e o outro, sobre Jesus ser a Luz do Mundo.

Tais discursos acontecerão no contexto da festa dos Tabernáculos. A festa dos Tabernáculos, ou festa das Cabanas, era uma festa que acontecia para lembrar a provisão de Deus para seu povo durante a peregrinação do deserto (Lv 23.42,43.) Como as demais festas, elas duravam sete dias e culminavam com um oitavo dia de celebração especial e de reunião festiva.

Segundo D.A Carson: O povo que vivia nas áreas rurais armava barracas improvisadas de ramos leves e folhas para morar nelas durante a semana; habitantes das cidades construíam barracas semelhantes em seus terraços ou em seus pátios

3-Dirigiram-se, pois, a ele os seus irmãos e lhe disseram: Deixa este lugar e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes.

4-Porque ninguém há que procure ser conhecido em público e, contudo, realize os seus feitos em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo.

5-Pois nem mesmo os seus irmãos criam nele.

Os irmãos de Jesus, ao verem toda a manifestação pública em torno dele se apresentam para “aconselhá-lo” de forma bem irônica por sinal. Eles querem que Jesus faça uma demonstração, querem que ele se mostre ao mundo. Mas o motivo é porque não creem nele.

E a prova da descrença deles reside no vs 5 que é explícito ao dizer que nem mesmo eles criam nele.

6-Disse-lhes, pois, Jesus: O meu tempo ainda não chegou, mas o vosso sempre está presente.

O tempo de Cristo se manifestar é o tempo do pai, não o tempo que os irmãos querem que ele se manifeste. Por isso Jesus afirma que o tempo dele ainda não havia chegado.

7-Não pode o mundo odiar-vos, mas a mim me odeia, porque eu dou testemunho a seu respeito de que as suas obras são más.

8-Subi vós outros à festa; eu, por enquanto, não subo, porque o meu tempo ainda não está cumprido.

9-Disse-lhes Jesus estas coisas e continuou na Galiléia.

Para os irmãos de Jesus que não tinham nenhum vínculo direto com Deus, qualquer tempo era tempo pra qualquer coisa, pra Jesus não. Então, inicialmente, se opondo ao conselho dos irmãos, ele decide ficar.

Jesus na Festa dos Tabernáculos

10-Mas, depois que seus irmãos subiram para a festa, então, subiu ele também, não publicamente, mas em oculto.

11-Ora, os judeus o procuravam na festa e perguntavam: Onde estará ele?

12-E havia grande murmuração a seu respeito entre as multidões. Uns diziam: Ele é bom. E outros: Não, antes, engana o povo.

13-Entretanto, ninguém falava dele abertamente, por ter medo dos judeus.

Jesus já não é anônimo, ele é um personagem conhecido, Jesus já havia estado ali, havia feito a purificação do templo, sua obra e mensagem era conhecida, e isso gerou uma certa curiosidade nas pessoas. E elas queriam saber onde ele estava. Será que ele vem à festa?

Uns diziam: “Ele é um bom homem”. Outros diziam, “Ele é um enganador”.

A controvérsia entre Jesus e os judeus

14-Corria já em meio a festa, e Jesus subiu ao templo e ensinava.

15-Então, os judeus se maravilhavam e diziam: Como sabe este letras, sem ter estudado?

O “sem ter estudado” aqui diz respeito a Jesus não ter tido um estudo formal com algum rabino. E eles usam isso neste ponto buscando desqualificá-lo para que não assumisse a postura de um mestre religioso. Os rabinos dos dias de Jesus costumavam ensinar com base em decisões e disposições de outros rabinos mais conhecidos. (Comentário do uso do A.T no N.T: Beale e Carson, p. 568).

16-Respondeu-lhes Jesus: O meu ensino não é meu, e sim daquele que me enviou.

17-Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo.

Jesus responde ao fato de não ter tido nenhuma instrução “formal”, dizendo que não é que ele não esteja debaixo de nenhuma autoridade, a questão é que ele está ensinando debaixo da autoridade do próprio Deus. É o próprio Deus quem o enviou e lhe deu as Palavras que ele fala.

E aqui Jesus ainda mostra que eles não faziam a vontade de Deus coisa nenhuma. Ele é enfático: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo”. AS coisas que eu falo devem ser analisadas por si mesmas. O que eu ensino testifica se de fato, venho de Deus ou não.

18-Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas o que procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro, e nele não há injustiça.

Jesus reforça sua fala aqui. Ele não fala por si mesmo, e ele não procura a própria glória, mas procura a glória do Pai que o enviou.

19-Não vos deu Moisés a lei? Contudo, ninguém dentre vós a observa. Por que procurais matar-me?

A despeito de Moisés ter lhes dado a lei, eles não a obedeciam.

Jesus retoma aqui a questão de que eles queriam matá-lo. Observe:

Jesus fala sob autoridade de Deus.

Jesus não busca a própria glória.

Jesus está sofrendo ameaças de morte.

20-Respondeu a multidão: Tens demônio. Quem é que procura matar-te?

É claro que neste ponto, não temos um apelo generalizado da multidão para que Jesus fosse morto, ainda assim, há entre a multidão, principalmente entre os líderes, aqueles que não estão recebendo de bom grado os ensinamentos de Jesus.

21-Replicou-lhes Jesus: Um só feito realizei, e todos vos admirais.

Jesus vai desenvolver o motivo.

22-Pelo motivo de que Moisés vos deu a circuncisão (se bem que ela não vem dele, mas dos patriarcas), no sábado circuncidais um homem.

23-E, se o homem pode ser circuncidado em dia de sábado, para que a lei de Moisés não seja violada, por que vos indignais contra mim, pelo fato de eu ter curado, num sábado, ao todo, um homem?

Jesus trabalha seu argumento partindo de que a lei mandava guardar o sábado, no entanto, havia a circuncisão, que era anterior a lei, e que, por causa da circuncisão o sábado poderia ser “violado”, por que então, para curar um homem que estava a anos enfermo, isso também não poderia acontecer no sábado?

E além do mais, era esse mesmo o motivo pelo qual eles queriam matá-lo??

24-Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça.

Este ponto está ligado ao que foi levantado no vs 15. Ele não pode ter estudado formalmente com algum rabino, no entanto, seu ensino procede direto de Deus, então, não julguem segundo as aparências.

Aplicação.

1- Jesus não se sentiu intimidado a agir por causa da pressão dos irmãos. Precisamos ter isto como lição. Devemos agir de acordo com aquilo que Cristo quer de nós, e não de acordo com as pressões do mundo. A fala de Jesus mostra que ele não agia por si só, ele agia guiado por Deus e pelo Espírito Santo, assim é a vida do cristão. Há um tempo para todas as coisas, e cada coisa acontece no seu tempo. Não se sinta forçado a nada por causa das pressões do mundo. Aja de acordo com o que é certo. Seja na criação de filhos, seja na vida conjugal, seja no trabalho. O que te impulsiona, não são as pressões dos amigos, familiares, etc.. O que deve te impulsionar é a vontade de Deus. Foi assim com Jesus, ele não foi porque eles queriam, ele foi quando Deus quis que ele fosse.

2- Faça o certo independente daquilo que outros dizem. As pessoas se dividiam em pensamentos à respeito de Jesus. Jesus não agia para agradá-los.

3- Não caia na falácia do “Não julgueis”

Mateus 7.1 RA

Não julgueis, para que não sejais julgados.

Deuteronômio 16.18 RA

Juízes e oficiais constituirás em todas as tuas cidades que o Senhor, teu Deus, te der entre as tuas tribos, para que julguem o povo com reto juízo.

Isaías 11.3 RA

Deleitar-se-á no temor do Senhor; não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos;

Zacarias 7.9 RA

Assim falara o Senhor dos Exércitos: Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um a seu irmão;

a NAA traz “Julgai segundo a verdade e sejam bondosos e misericordiosos uns com os outros”.

Atos dos Apóstolos 17.11–12 RA

Ora, estes de Bereia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim. Com isso, muitos deles creram, mulheres gregas de alta posição e não poucos homens.

1João 4.1 RA

Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora.

Atos dos Apóstolos 20.30 RA

E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.

1Coríntios 14.29 RA

Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem.

1Tessalonicenses 5.21 RA

julgai todas as coisas, retende o que é bom;

2Pedro 2.1–4 RA

Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme. Ora, se Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo;

Podemos julgar pessoas comum, individualmente?

1Coríntios 5.9–13 RA

Já em carta vos escrevi que não vos associásseis com os impuros; refiro-me, com isto, não propriamente aos impuros deste mundo, ou aos avarentos, ou roubadores, ou idólatras; pois, neste caso, teríeis de sair do mundo. Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda comais. Pois com que direito haveria eu de julgar os de fora? Não julgais vós os de dentro? Os de fora, porém, Deus os julgará. Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor.

1Coríntios 6.5 RA

Para vergonha vo-lo digo. Não há, porventura, nem ao menos um sábio entre vós, que possa julgar no meio da irmandade?