IPVM no Lar | Tiago 2.14-17
Exposição na epístola de Tiago • Sermon • Submitted
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· 48 viewsEstudo bíblico expositivo na Carta de Tiago 1.12, baseado nos comentários: Kistemaker, S. J. (2006). Tiago e Epístolas de João. (C. A. B. Marra, Org., S. Klassen, Trad.) (1a edição). São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã. / Grünzweig, F. (2008). Comentário Esperança, Carta de Tiago. Curitiba: Editora Evangélica Esperança. / Calvino, J. (2015). Epístolas Gerais. (T. J. Santos Filho & F. Ferreira, Orgs., V. G. Martins, Trad.) (Primeira Edição). São José dos Campos, SP: Editora FIEL. / Blomberg, C. L., & Kamell, M. J. (2008). James (Vol. 16). Grand Rapids, MI: Zondervan. / Dibelius, M., & Greeven, H. (1976). James: a commentary on the Epistle of James. Philadelphia: Fortress Press.
Notes
Transcript
1. Fé sem obras
1. Fé sem obras
A carta que Tiago escreveu está viva. Ela se identifica com qualquer leitor, independente de época, cultura, idade e raça.
14 Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?
14 Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?
Tiago começa propondo duas perguntas diretas que o leitor só pode responder de forma negativa.
A fé sem obras é inútil para o homem, pois não pode dar-lhe a salvação.
Isso significa que a fé não salva o ser humano? Paulo escreve: “Mas ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça" (Rm 4.5).
Paulo está dizendo uma coisa e Tiago outra?
De forma alguma. Na verdade, Tiago observa um lado da moeda chamada fé, e Paulo, o outro.
Duas ASAS DE UM MESMO AVIÃO.
Em outras palavras, Tiago explica o lado ativo da fé, e Paulo, o lado passivo.
De certo modo, os escritores dizem a mesmo coisa, mesmo encarando a fé por perspectivas diferentes. Paulo se dirige ao judeu que procura obter a salvação obedecendo à lei de Deus. Para ele, Paulo diz: “Não são as obras da lei, mas a fé em Cristo, que produz a salvação”. Tiago, pelo contrário, dirige seus comentários à pessoa que diz ter fé, mas não a coloca em prática.
Considere os seguintes pontos:
Considere os seguintes pontos:
a. Fé sem obras.
a. Fé sem obras.
O que Tiago quer dizer com fé?
Certamente não está se referindo a uma declaração doutrinária chamada de confissão de fé, como, por exemplo, o testemunho de que Jesus é Senhor (1Co 12.3).
A diferença entre expressar-se fé numa confissão – recitando o Credo dos Apóstolos – e confessar nossa fé ativamente em palavras e obras é que a fé expressa numa confissão pode resultar apenas em concordância intelectual sem obras para confirmá-la.
É isso que Tiago tem em mente quando pergunta: “De que vale, meus irmãos, se um homem afirma que tem fé, mas não tem nenhuma obra?”.
Tiago é específico. Declara: “se um homem afirma que tem fé”. Ele deixa subentendido que a fé dessa determinada pessoa não é uma confiança autêntica em Jesus Cristo.
15 Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano,
15 Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano,
16 e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?
16 e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?
b. Palavras sem obras.
b. Palavras sem obras.
Para Tiago, fé e amor andam juntos. Ele usa uma ilustração clara para retratar não um estranho ou um próximo, mas um “irmão ou irmã”.
Esse irmão ou essa irmã no Senhor “pertencem à família da fé” (Gl 6.10) e voltam-se com desejosa expectativa para os membros da igreja em sua hora de necessidade.
Tiago escreve que esse irmão ou irmã não tem roupas, isto é, está mal-vestido e carece do alimento cotidiano. A situação é desesperadora, especialmente no tempo de frio.
Qual é a resposta a essa necessidade?
“Se um de vocês”, diz Tiago, “que age como porta-voz, proferir apenas palavras vazias para os desesperados, mas recusar-se a ajudar, de que valerá essa pessoa dizer que tem fé?”
As palavras são rebuscadas: “Vá, desejo-lhe tudo de bom”. Essa é a típica forma de despedida hebraica que aparece várias vezes nas Escrituras e nos apócrifos (Jz 18.6; 1Sm 1.17; 20.42; 29.7; 2Sm 15.9; 2Rs 5.19; Mc 5.34; Lc 7.50; At 16.36; Judite 8.35).
Vejo a observação Vá, desejo-lhe tudo de bom é, deixar que um irmão ou irmã com frio e faminto tire a si mesmo do buraco puxando pelos próprios cabelos.
A ironia de toda essa situação está no fato de a pessoa que fala raciocinar do seu próprio ponto de vista, pois ela própria tem roupas adequadas para proteger seu corpo do frio e comida suficiente para manter-se bem alimentada.
Ela, porém, é quem profere palavras vazias, que não lhe custam nada, e que nada significam para o ouvinte.
Se essa pessoa não toma nenhuma atitude sobre as necessidades físicas de seu irmão ou irmã, de que vale a sua fé? Tiago dá a resposta no versículo seguinte.
17 Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.
17 Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.
c. Fé que está morta.
c. Fé que está morta.
Por vezes, os cristãos proclamam o evangelho do Senhor sem ter qualquer consideração pelas necessidades físicas de seus ouvintes.
Falam às pessoas sobre a salvação, mas parecem se esquecer de que os miseráveis precisam de roupas e comida a fim de que o evangelho se torne relevante.
A menos que palavras e obras andem juntos, a menos que a pregação do evangelho seja acompanhada de um programa de ação social, a menos que a fé seja demonstrada por meio do cuidado amoroso e preocupação, ela está morta.
Ao contar a parábola do semeador, Jesus fez distinção entre a fé temporária e a verdadeira fé.
A fé temporária é como a semente que cai em solo pedregoso; ela não tem raízes e dura pouco tempo (Mt 13.21). Tal fé termina numa morte inevitável.
A verdadeira fé, ao contrário, é como o grão que cai em solo fértil e produz colheita abundante. A verdadeira fé está firmemente arraigada no coração do crente.
Nesse versículo específico, o autor cria um contraste entre a fé que está viva e a fé que está morta. Ele retrata uma fé vibrante, trazendo à memória o exemplo de Abraão oferecendo seu filho Isaque (v. 21). E ele usa um sinônimo para representar o termo morto. Assim, ele escreve que “a fé sem obras é inoperante” (v. 20, itálico nosso). A fé que está morta, portanto, ainda é fé, mas é inoperante, sem valor.
Considerações doutrinárias em 2.14–17
Considerações doutrinárias em 2.14–17
Para Tiago, a fé e as obras andam juntas e não podem ser separadas.
A verdadeira fé resulta em obras que mostram um estilo de vida cristão distintivo e demonstram que o crente encontra-se num relacionamento de salvação com Deus.
Uma fé desprovida de obras não é autêntica e, portanto, difere completamente da fé que tem um compromisso com Cristo.
Tiago dirige seu ensinamento para as pessoas que pensam que só a fé importa e que questões de fé são, na verdade, uma confissão intelectual (2.19).
Tal fé objetiva, expressa numa declaração confessional, está morta.
Ela difere da fé subjetiva, que exibe um relacionamento pessoal com Jesus Cristo.
A verdadeira fé tem características subjetivas e objetivas. Subjetivamente, o cristão coloca sua fé em Deus porque sabe que Deus recompensa a pessoa que o procura diligentemente (Hb 11.6). Ele aprendeu que “tudo o que não provêm de fé é pecado” (Rm 14.23). Sua fé se expressa no amor a Deus e ao seu próximo, de modo que, objetivamente, seus atos são um testemunho eloqüente de sua fé em Deus.