IPVM no Lar | Tiago 2.18-19

Exposição na epístola de Tiago  •  Sermon  •  Submitted
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Estudo bíblico expositivo na Carta de Tiago 1.12, baseado nos comentários: Kistemaker, S. J. (2006). Tiago e Epístolas de João. (C. A. B. Marra, Org., S. Klassen, Trad.) (1a edição). São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã. / Grünzweig, F. (2008). Comentário Esperança, Carta de Tiago. Curitiba: Editora Evangélica Esperança. / Calvino, J. (2015). Epístolas Gerais. (T. J. Santos Filho & F. Ferreira, Orgs., V. G. Martins, Trad.) (Primeira Edição). São José dos Campos, SP: Editora FIEL. / Blomberg, C. L., & Kamell, M. J. (2008). James (Vol. 16). Grand Rapids, MI: Zondervan. / Dibelius, M., & Greeven, H. (1976). James: a commentary on the Epistle of James. Philadelphia: Fortress Press.

Notes
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2. Fé, obras e credo

Tiago constrói cuidadosamente uma apresentação da fé e das obras.
Começa com uma ilustração de um irmão ou irmã necessitado (vs. 15 a 17).
Em seguida, interage com a pessoa que diz ter realizado muitas obras e que se apega ao credo (vs. 18 e 19).
Finalmente, Tiago apresenta prova de que, historicamente, a fé e as ações sempre andam juntas (vs. 20 a 26).

18 Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé.

19 Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem.

Dividimos esta seção em três partes:

a. Discussão

Não vem ao caso no momento se Tiago está discutindo com uma pessoa real ou imaginária.
Ele desenvolve seu argumento da seguinte maneira:
Alguém diz: “Você tem fé; eu tenho obras”.
A pessoa não quer dizer que Tiago tem fé e ela mesma tem obras. O interlocutor se refere a uma pessoa que declara ter fé, mas não tem obras, e a uma outra que insiste que tem obras, mas não tem fé. Ele separa a fé das obras.
Suponhamos que uma pessoa tenha apenas fé e a outra, apenas obras.
Então, possivelmente, aquela que diz ter fé aproxima-se de Deus mais prontamente do que aquela cujo histórico mostra apenas obras.
E, por causa dessa fé, a primeira pessoa considera-se superior à que não tem fé, mas obras.

b. Desafio

Tiago recusa-se a aceitar a divisão entre fé e obras.
A verdadeira fé não pode existir separada das obras, e obras agradáveis a Deus não podem ser realizadas sem verdadeira fé.
EXISTEM, MAS NAO DEVE.
Tiago desafia o interlocutor: Mostre-me sua fé sem obras e eu lhe mostro minha fé por meio daquilo que faço, ou seja, Tiago quer ver que tipo de fé o interlocutor possui.
Se a fé não está arraigada num coração que crê, então essa fé não passa de uma série de palavras vazias – é sem valor.
O oposto significa que a verdadeira fé está inseparavelmente unida às obras de amor.
Paulo resume esse ponto sucintamente quando diz: “Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum, mas a fé que atua pelo amor” (Gl 5.6).
Apresentando mais um argumento, o interlocutor declara que a fé não é necessária. Ele defende a causa do Cristianismo prático. Argumenta que realizar boas obras é mais importante do que crer em uma determinada doutrina.

c. Correção

Tiago se dirige a todos aqueles que desejam separar a fé das obras.
Ele os desafia a mostrar uma verdadeira fé sem obras ou obras sem fé e lhes diz que, em troca, ele mostrará sua fé por meio de sua conduta, ou seja, em tudo o que ele faz, a fé é o ingrediente principal.
Assim como o motor produz potência porque uma corrente elétrica passa por ele, assim também o cristão produz boas obras porque é movido pela verdadeira fé.
Essa declaração assemelha-se ao ensinamento de Jesus de que conhecemos uma árvore por seus frutos: “Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo” (Mt 7.19).
Aqueles que falam, mas não agem, ouvirão Jesus dizer: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais iniqüidade” (Mateus 7.23 ). A fé sem obras está morta.
Nesse capítulo, Tiago se refere a dois tipos de fé: a verdadeira e a suposta.
A primeira é característica do verdadeiro crente, que mostra sua fé por meio de obras e “de sua boa vida” (Tg 3.13).
O segundo tipo é uma demonstração de ortodoxia morta, que não passa de uma série de declarações doutrinárias que refletem com exatidão os ensinamentos das Escrituras.
Os judeus, por exemplo, recitam seu credo: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor” (Dt 6.4), mas se a fé consiste no mero recitar das palavras conhecidas de um credo – apesar de essas palavras estarem todas nas Escrituras – ela se tornou um exercício intelectual vazio, que nada tem em comum com a fé que brota do coração.
Tiago chega ao cerne de sua ilustração.
Diz: “Vocês crêem que há um só Deus? Ótimo! Até os demônios crêem nisso e estremecem”. Todavia, nenhum anjo caído pode apropriar-se da salvação por causa de fé fatual.
Do mesmo modo, aquele que concorda apenas intelectualmente com a verdade escriturística, sem mostrar envolvimento com o Deus que professa, esse é desprovido da verdadeira fé.
Sua fé não passa de imaginação. Está morta. Se uma pessoa tem apenas conhecimento de que Deus é um só e não possui nenhuma vivência de fé em Deus por meio de Jesus Cristo, ela é pior que os demônios.
De acordo com Tiago, os demônios crêem e tremem.
A implicação disso é que, mesmo entre os demônios, prevalece a verdade doutrinária.
Eles confessaram o nome de Cristo durante o ministério de Jesus (ver Mc 1.24; 5.7; Lc 4.34).
Seu conhecimento do Filho de Deus os fez estremecer, mas esse conhecimento não poderia tê-los salvo. Conhecimento sem fé não vale nada.
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