IPVM no Lar | Tiago 2.20-24

Exposição na epístola de Tiago  •  Sermon  •  Submitted
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Estudo bíblico expositivo na Carta de Tiago 1.12, baseado nos comentários: Kistemaker, S. J. (2006). Tiago e Epístolas de João. (C. A. B. Marra, Org., S. Klassen, Trad.) (1a edição). São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã. / Grünzweig, F. (2008). Comentário Esperança, Carta de Tiago. Curitiba: Editora Evangélica Esperança. / Calvino, J. (2015). Epístolas Gerais. (T. J. Santos Filho & F. Ferreira, Orgs., V. G. Martins, Trad.) (Primeira Edição). São José dos Campos, SP: Editora FIEL. / Blomberg, C. L., & Kamell, M. J. (2008). James (Vol. 16). Grand Rapids, MI: Zondervan. / Dibelius, M., & Greeven, H. (1976). James: a commentary on the Epistle of James. Philadelphia: Fortress Press.

Notes
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Handout

3. A fé de Abraão

Começa com uma ilustração de um irmão ou irmã necessitado (vs. 15 a 17).
Em seguida, interage com a pessoa que diz ter realizado muitas obras e que se apega ao credo (vs. 18 e 19).
Finalmente, Tiago apresenta prova de que, historicamente, a fé e as ações sempre andam juntas (vs. 20 a 26).

20 Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante?

Tiago está dizendo: “Você não tem base para a sua argumentação sobre fé e obras. Suas palavras são desprovidas de verdade, são infundadas”.
Se o homem está falando de fé, certamente precisa ir até as Escrituras para aprender o que Deus tem a dizer sobre esse assunto.
Tiago se impacienta com o homem que está discutindo com ele.
Tiago continua a reprová-lo: “Você quer provas?” Ele está dizendo: “Procure nas Escrituras e você descobrirá que a fé sem obras é morta. Considere, por exemplo, Abraão, o pai dos crentes. Olhe a história de Raabe e veja como ela agiu pela fé”.

21 Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque?

22 Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou,

23 e se cumpriu a Escritura, a qual diz:

Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça;

e: Foi chamado amigo de Deus.

Sempre que um judeu discutia a questão da , acabava, invariavelmente voltando-se para a fé de Abraão. (o pai da fé)
Nas escolas de rabinos judeus, na literatura do período intertestamental e no Novo Testamento, os judeus discutem sua fé tomando por base Abraão.

Como interpretar esse ensino de Tiago?

Três tipos de solução a esse problema são sugeridos:
(1) Tiago está combatendo o ensino de Paulo;
(2) Tiago está combatendo um entendimento antinomianista dos ensinos de Paulo sobre justificação; ou
(3) Paulo e Tiago lidam com diferentes problemas e, assim, não há contradição.
1) e 2) Os que adotam a primeira e a segunda solução, que veem uma contradição entre Paulo e Tiago, podem simplesmente aceitar a possibilidade de haver ensinos contraditórios nas escrituras ou podem inclinar-se a rejeitar Tiago como não pertencente ao cânon da escritura. Entretanto, nenhuma dessas asserções é aceitável.
Uma vez que Tiago foi escrito antes de Romanos, como é geralmente aceito, as duas primeiras soluções são improváveis.
3) Isso deixa a terceira como a mais satisfatória:
Paulo e Tiago estão tratando de problemas diferentes.
·O problema que Paulo enfrentava era o da oposição de pessoas que confiavam na sua guarda da lei para salvação.
Tiago, porém, estava combatendo pessoas inclinadas a pensar que uma crença meramente intelectual nas verdades do Cristianismo era suficiente para a salvação.
Paulo e Tiago tem visões diferentes da terminologia “obras”
Paulo: Usa obras da lei, para designar as ações que eram feitas a parte da fé, como expressões salvíficas.
Tiago: Não usa o termo obra da lei, mas somente obras, para expressar as ações que vinham da fé salvífica, por isso testificavam a fé.
Resta a questão do que significa, no dizer de Tiago, que alguém é justificado pelas obras (Tiago 2.21,24). Está ele contradizendo Paulo?
Não se entendermos corretamente o uso que Tiago faz da palavra “justificar” (dikaioo).
Quando Tiago diz que Abraão foi justificados pelas obras ao oferecer Isaque sobre o altar (v.21), não está negando que Abraão foi realmente justificado muito tempo antes que isso ocorresse – quando, segundo Gênesis 15.6, “Ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça”.
O ponto que Tiago focaliza é que “foi pelas obras que a fé se consumou” (eteleiothe – “chegou aos seu objetivo) (v.22);
ou seja, que a obra de oferecer Isaque revelava que a fé pela qual Abraão havia sido justificado era a fé verdadeira. Essa obra mostrava que a fé de Abraão era genuína.
Sugiro, então, que o entendimento de dikaioo em Tiago signifique: “ser revelado como justificado”.
Em Tiago 2.21,24,25 sua referência [a dikaioo] é prova de sua aceitação por Deus, que acontece quando suas ações mostram que ela tem o tipo de fé viva e operosa à qual Deus imputa justiça.
A justificação que Tiago enfoca não é a aceitação original por Deus, mas a subsequente reivindicação de sua profissão de fé em sua vida.
É na terminologia, não na teologia, que Tiago difere de Paulo.
O verso 24 poderia, então, ser traduzido assim: “Você vê que um homem é revelado como justificado pelas obras e não pela fé somente”, isto é, que uma pessoa não será justificada pela fé que permanece só, mas pela fé que revela sua genuinidade por meio de obras de graciosa obediência.
Paulo e Tiago concordariam com o dito de Calvino: “É a fé sozinha que nos justifica, mas no entanto, a fé que justifica não está sozinha”.
Calvino, “Antidote to the Canons of the Council of Trent” in Tracts and Treatises in Defense of the Reformed Faith, trad. de Henry Beveridge (1851; Grand Rapids, Eerdmans, 1958), 3:152.

24 Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente.

Eis a conclusão. Tiago se dirige a todos os seus leitores quando diz: “Vocês vêem”. Com referência a Abraão, ele mostrou de modo convincente que qualquer um que lança mão das Escrituras verá que Abraão agiu baseado na fé. Tiago não diz que Abraão foi justificado por causa de sua fé e obras.
Deus justifica o pecador, isto é, o pecador nunca pode justificar a si mesmo por meio de suas próprias obras.
O homem também não pode contar somente com a fé, pois a fé sem obras é morta.
Tiago está dizendo que fé e obras andam juntas, que não devem ser separadas e que a fé divorciada das obras não justifica a pessoa. Deus justifica o pecador que está espiritualmente vivo e que demonstra confiança e obediência.
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