Da Providência - Cap. V
Estudos na Confissão de Fé de Westminster • Sermon • Submitted
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A providência de Deus e a queda de seus filhos
A providência de Deus e a queda de seus filhos
5.5 O mui sábio, justo e gracioso Deus muitas vezes deixa por algum tempo seus filhos entregues a muitas tentações e à corrupção dos seus próprios corações, para castigá-los pelos seus pecados anteriores ou fazer-lhes conhecer o poder oculto da corrupção e dolo dos seus corações, a fim de que eles sejam humilhados; para animá-los a dependerem mais íntima e constantemente do apoio dele e torná-los mais vigilantes contra todas as futuras ocasiões de pecar, para vários outros fins justos e santos. Ref. 2Cr 32:25-26, 31; 2Sm 24:1, 25; Lc 22:31-32; 2Co 12:7-9.
Sempre ficamos confusos quando testemunhamos a queda em pecado e aparente apostasia de um crente. Neste capítulo da nossa Confissão, veremos o que a Bíblia diz sobre o papel e o propósito da Providência na queda temporária dos filhos de Deus.
Deus deixa seus filhos entregues às tentações e corrupções do coração, mas apenas por um tempo
Deus deixa seus filhos entregues às tentações e corrupções do coração, mas apenas por um tempo
Há certas ocasiões na vida do crente nas quais, Deus, que é sábio, justo e gracioso, “deixa por algum tempo seus filhos entregues a muitas tentações e à corrupção dos seus próprios corações”. Essa queda no pecado, porém, não é definitiva, mas temporária, ou seja, no tempo determinado, o Senhor proverá ocasião de arrependimento e restauração. Casos assim são ilustrados pela parábola do “Filho Pródigo” (Lc 15.11-31) e têm um exemplo concreto na experiência do apóstolo Pedro.
O propósito da Providência na queda dos filhos de Deus
O propósito da Providência na queda dos filhos de Deus
Castigar pecados anteriores (não tratados): o pecado remanescente em nossos corações deve ser mortificado (Cl 3.5; Rm 8.13), porém, muitas vezes, tornamo-nos indulgentes com ele. Negligenciamos as convocações ao arrependimento e nos tornamos impenitentes. Entregar-nos temporariamente ao nosso próprio pecado é um meio de disciplina que Deus usa para que compreendamos a gravidade e o perigo de vivermos pecando.
Dar a conhecer a corrupção do nosso coração: na maioria das vezes somos cegos sobre “o poder oculto da corrupção e dolo” – o pecado interior – do nosso coração. Dessa forma, muitas vezes não fazemos o uso devido dos meios de graça e consentimos com o cultivo de pecados em nossas vidas. A fim de revelar essa corrupção e dolo dos nossos corações, Deus por um tempo nos entrega aos nossos desejos pecaminosos e, assim, podemos ver com mais clareza a pecaminosidade ainda residente em nós. Entregar seus filhos temporariamente ao pecado é um meio que Deus usa para ensiná-los sobre seus próprios corações (2Cr 32.31).
Fazer-nos mais humildes, dependentes e vigilantes: a experiência da queda em pecado, após cumprir os dois primeiros propósitos, tem o objetivo de:
Humilhar-nos, quebrando o orgulho espiritual (Mt 5.1).
Fazer-nos dependentes da graça e dos recursos do Deus Trino, em vez de confiarmos na carne (Jo 15.5).
Tornar-nos mais “vigilantes contra todas as futuras ocasiões de pecar”.
A Providência e o endurecimento dos ímpios
A Providência e o endurecimento dos ímpios
5.6 Quanto àqueles homens malvados e ímpios que Deus, como justo juiz, cega e endurece em razão de pecados anteriores, ele não somente lhes recusa a graça pela qual poderiam ser iluminados em seus entendimentos e movidos em seus corações, mas às vezes tira os dons que já possuíam, e os expõe a objetos que a sua corrupção torna ocasiões de pecado; além disso os entrega às suas próprias paixões, às tentações do mundo e ao poder de Satanás: assim acontece que eles se endurecem sob as influências dos meios que Deus emprega para o abrandamento dos outros. Ref. Rm 1:24-25, 28, 11:7; Dt 29:4; Mc 4:11-12; Mt 13:12, 25:29; 2Rs 8:12-13; Sl 81:11-12; 1Co 2:11; 2Co 11:3; Êx 8:15, 32; 2Co 2:15-16; Is 8:14.
Nesse parágrafo da Confissão se expõe que Deus, o justo juiz, em sua providência, “cega e endurece” os ímpios. E, assim o faz, para castigá-los por seus próprios pecados (Rm 1.24-28), em especial, o de não lhe darem glória.
Diferentemente do que acontece com alguns crentes, nos ímpios, esse endurecimento é definitivo e constitui-se de Deus recusar-lhes sua graça “pela qual poderiam ser iluminados em seus entendimentos e movidos em seus corações”, sendo assim, levados ao arrependimento (Mc 4.11-12). Além disso, Deus lhes tira dons que porventura possuam (Mt 13.12) e os expõe a situações que “a sua corrupção torna ocasiões de pecado” (2Ts 2.7-12). Nesse estado, tais “homens malvados e ímpios” são entregues “às suas próprias paixões, às tentações do mundo e ao poder de Satanás”. Para esses, os meios que Deus usa para quebrantar uns, a eles endurecem (2Co 2.15-16).
Conclusão
Conclusão
A Bíblia nos ensina que tanto crentes como ímpios podem ser endurecidos por Deus. Em tal estado não há como distinguir um do outro e, até que aconteça, não saberemos se haverá arrependimento ou não.
O arrependimento não é algo fácil! Por isso devemos buscá-lo enquanto somos sensíveis ao pecado e podemos ouvir a voz de Cristo na pregação do seu Evangelho. É prudente buscarmos o conserto enquanto o tempo é oportuno.
Se não mortificarmos o pecado, ele provocará nosso endurecimento. Podemos cair de tal forma que talvez não encontremos mais lugar de arrependimento (Hb 12.14-17).
A providência e o cuidado especial de Deus sobre a Igreja
A providência e o cuidado especial de Deus sobre a Igreja
5.7 Como a providência de Deus se estende, em geral, a todos os crentes, também de um modo muito especial ele cuida da Igreja e tudo dispõe a bem dela. Ref. Am 9:8-9; Mt 16:18; Rm 8.28; 1Tm 4: 10.
O capítulo da Providência se encerra dando-nos a plana convicção de que o propósito de Deus em relação ao seu povo é fazer-lhe bem. Muitas coisas podem acontecer na e contra a Igreja de Cristo (Rm 8.31-39), mas nenhuma delas prevalecerá sobre ela ou lhe causará dano definitivo. A Igreja triunfará com Cristo (Rm 8.28).
Referência bibliográfica
Referência bibliográfica
BROMILEY, Geoffrey W. Providence. In: The International Standard Bible Encyclopedia, Revised. [s.l.: s.n.], 1979, v. 3, p. 1020.
DIXHOORN, Chad Van. Guia de estudos da Confissão de Fé de Westminster. São Paulo: Cultura Cristã, 2017.
ELWELL, Walter A.; BEITZEL, Barry J. Providence. In: Baker Encyclopedia of the Bible. Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1988, v. 2, p. 1791–1794.