Da queda do homem
Estudos na Confissão de Fé de Westminster • Sermon • Submitted
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Introdução
Introdução
Entramos numa seção – capítulos 6 a 8 – da Confissão de Fé de Westminster que expõe as doutrinas bíblicas da queda da raça humana em pecado, do pacto de Deus com o homem e de Cristo como mediador desse pacto. Assim, em nossos próximos estudos veremos como as pessoas caíram em miséria quando pecaram, o castigo que é consequência disso e como Deus, em sua misericórdia, providencio um Redentor, Jesus Cristo.
A queda dos nossos primeiros pais
A queda dos nossos primeiros pais
6.1 Nossos primeiros pais, seduzidos pela astúcia e tentação de Satanás, pecaram, comendo do fruto proibido. Segundo o seu sábio e santo conselho, aprouve a Deus permitir o pecado deles, havendo determinado ordená-lo para a sua própria glória. Ref. Gn 3:13; 2Co 11:3; Rm 11:32; 5:20-21.
Segundo a Bíblia, Adão e Eva, nossos primeiros pais, pecaram ao serem “seduzidos pela astúcia e tentação de Satanás”, comendo do fruto proibido, ou seja, o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 3.1-6, 13).
No relato da queda, a Bíblia nos conta[1] que:
Adão e Eva conheciam a lei de Deus: Deus lhes havia dito que comer do fruto da árvore do bem e do mal era proibido e, que se o fizessem, certamente morreriam. Eles não pecaram por ignorância, mas conscientemente.
A serpente, uma criatura de Deus, contradisse o Criador: a queda dá início à “grande troca”: na qual os homens preferem a criatura ao Criador. Seja por ouvirem Satanás no lugar de ouvirem a Deus ou por desejarem a fruta proibida em vez de se satisfazerem no Senhor, nossos primeiros pais preferiram a criatura ao Criador (Rm 1.22-25).
A mulher e o homem ouviram, olharam e, então, pecaram: a queda também nos ensina a dinâmica do pecado. A tentação vem por “ouvirmos” nossos desejos ou a forma como nossa imaginação nos conduz a pensar sobre o pecado. Depois nossos olhos se fixam naquilo que é alvo do nosso desejo e, finalmente, consumamos o pecado (Tg 1.13-15).
O pecado é muito mais que fazer a coisa errada. Ele começa com amar, adorar e servir a coisa errada. O pecado de alguma forma evolve a grande troca.[2]
Ainda hoje, a queda nos ensina que devemos ser cuidadosos com o pecado, pois, da mesma forma que Adão e Eva, podemos ser seduzidos por Satanás e por nossos desejos (2Co 11.3).
Precisamos lembrar que a queda do homem não foi um erro de projeto, como se Deus tivesse criado Adão e Eva com alguma inclinação perversa. Quando estudamos a criação do homem, vimos que Deus o criou “com almas racionais e imortais, e dotou-as de inteligência, retidão e perfeita santidade, segundo a sua própria imagem, tendo a lei de Deus escrita em seus corações, e o poder de cumpri-la, mas com a possibilidade de transgredi-la, sendo deixados à liberdade da sua própria vontade, que era mutável”[3]. Jamais entenderemos a razão de eles terem escolhido pecar, mas sabemos que o fizeram porque quiseram.
Deus decretou a queda
Deus decretou a queda
A segunda parte desse parágrafo afirma que “Segundo o seu sábio e santo conselho, aprouve a Deus permitir o pecado deles”. “A queda é um evento chocante para nós, mas não o foi para Deus. Ele não foi surpreendido”[4]. Deus determinou em seu plano eterno a queda a fim de administrá-la para o bem.
Deus certamente sabia de antemão, que, se um ser como Adão fosse posto em tais condições, como foi, ele pecaria, como pecou. Todavia, a despeito desse infalível conhecimento, Deus criou esse exato ser e o colocou nessas exatas condições. E havendo determinado administrar o pecado para o bem, ele soberanamente decretou não intervir para impedi-lo, e assim infalivelmente o fez futuro.
Por outro lado, Deus nem causou nem aprovou o pecado de Adão. Ele proibiu e apresentou motivos para que ele fosse impedido. Ele criou Adão santo e plenamente apto para obediência, e com suficiente conhecimento de sua responsabilidade, e então deixou entregue à sua provação. Se perguntar por que Deus, que abomina o pecado, e que benevolentemente deseja a excelência e felicidade de suas criaturas, soberanamente determinaria permitir que se abrisse tal fonte de corrupção, depravação e miséria, podemos simplesmente dizer, com profunda reverência: “Mesmo assim, ó Pai, isso pareceu bem aos teus olhos”.[5]
Deus decretou a queda para sua glória
Deus decretou a queda para sua glória
A Bíblia nos ensina que Deus fará com que tudo concorra para sua própria glória. Mesmo o pecado, Deus o tem permitido para esse fim. Com a queda não foi diferente. Ele a usou para glorificar seu próprio nome através da revelação de sua misericórdia em Jesus Cristo (Rm 11.32; 5.20-21). A primeira e grande ironia é “o Criador planejou usar a malícia de Satanás para demonstrar a ‘profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus’ (Rm 11.33)”[6].
[1] DIXHOORN, Chad Van, Guia de estudos da Confissão de Fé de Westminster, São Paulo: Cultura Cristã, 2017, p. 108.
[2] TRIPP, Paul David, Instrumentos nas mãos do Redentor, São Paulo: Nutra, 2009, p. 102.
[3] Confissão de fé, 4.2
[4] DIXHOORN, Guia de estudos da Confissão de Fé de Westminster, p. 108.
[5] HODGE, Archibald Alexander, A Confissão de Fé de Westminster comentada, São Paulo: Cultura Cristã, 1999, p. 152.
[6] DIXHOORN, Guia de estudos da Confissão de Fé de Westminster, p. 108.