O que é ser pentecostal?

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BÍBLIA SAGRADA – DOUTRINAS PENTECOISTAIS
Estudo 502

O que é ser pentecostal?

INTRODUÇÃO

Estamos vivendo um tempo de muita incerteza no mundo inteiro. Todos estamos esperando que, de fato, a pandemia mundial do corona-vírus, o COVID-19, termine para saber como será nosso novo jeito de viver. As máscaras e as distâncias sociais, parecem ter sido incorporadas no comportamento humano no menor sinal de qualquer problema respiratório, seja um simples resfriado ou um problema maior. Novos comportamentos de assepsia pessoal, de asseio na preparação de refeições e alimentos, o cuidado na limpeza de lugares e materiais, enfim, muita coisa mudou e as pessoas acabaram ficando, parece, com medo das outras.
Frieza, distanciamento e reclusão, hoje são comuns e aceitáveis na nova conduta social. Empregos, trabalhos e mesmo relacionamentos virtuais, também são absolutamente aceitáveis em quase todas as esferas da sociedade.
Parece que Deus deu um chacoalhão na humanidade e muitos estão retornando para o Senhor Jesus, outros aceitando a Cristo como seu salvador pessoal e, há até os que já começaram a repensar suas convicções de fé.
Pode-se dizer que a luz brilhou nas trevas, embora de uma maneira muito forte, já que pelo amor os homens, até mesmo os chamados cristãos, estavam ignorando o brilho do Senhor.
Agora é hora de sondar o nosso alicerce, checar as nossas raízes e solidificar ainda mais a nossa na fé que abraçamos e nas verdades eternas da palavra de Deus. É hora de receber e de dar, de aprender e ensinar, de ter compaixão e amar, de esquecer-se de si próprio e buscar “aqueles que estão fora”.
Nossa nova série de estudos trata da nossa maior característica cristã – somos pentecostais!
Por causa da crise do COVID-19, a CPAD não vai imprimir as Lições Bíblicas Dominicais dos terceiro e quarto trimestres de 2020 e, aproveitando o ensejo do nosso currículo doutrinário em estudar as doutrinas pentecostais, associamos o benefício de estudar de novo a lição das Doutrinas Bíblicas Pentecostais, da lavra do muito saudoso pastor Antônio Gilberto, ministrada no terceiro trimestre de 2006.
Nos estudos do currículo doutrinário vamos preparar o ambiente para as aulas que serão ministradas nas classes da Escola Bíblica Dominical em cada domingo.
Mas, na verdade, o que significa ser pentecostal? Quem são os pentecostais? Por que somos chamados pentecostais?
Ao longo das semanas deste estudo vamos tratar de responder todas essas perguntas e muitas outras mais que surgirão e até aquelas que, talvez, nunca tenham passado pela sua cabeça. Então você vai terminar esta série muito mais forte nas suas convicções pentecostais e assembleiana.
Desfrute!

QUEM SOMOS NÓS?

Nós, especificamente aqui nos Estados Unidos, somos conhecidos por algumas características:
• Cristãos
• Evangélicos
• Pentecostais
• Assembleianos
• Belemitas

Cristãos

Somos cristãos porque cremos em Cristo e O recebemos como nosso único e suficiente Salvador, fomos lavados no Seu sangue para perdão dos nossos pecados, fomos batizados nas águas e seguimos Sua Palavra.

Evangélicos

Somos evangélicos porque nos identificamos perfeitamente com as quatro principais declarações que os caracterizam:

Único sacrifício

A morte de Jesus Cristo é o único e suficiente sacrifício para apagar todos os meus pecados,

Doutrina da inerrância

• A Bíblia não contém erros e é a nossa regra de fé e prática,

Pregar a salvação

• Devemos pregar o evangelho a toda a criatura e trazê-las à salvação em Jesus Cristo,

Vida eterna só em Jesus

• Apenas aqueles que crêem somente em Cristo como salvador recebem de Deus, a vida eterna.

Pentecostais

Somos pentecostais porque cremos na atualidade do Batismo no Espírito Santo e nas manifestações dos seus preciosos dons espirituais.

Assembleianos

Nós somos Assembleianos porque pertencemos à denominação das Assembleias de Deus.

Belemitas

Somos Belemitas porque servimos ao Senhor Jesus na Assembleia de Deus – Ministério do Belém.

POR QUE PENTECOSTAIS?

De onde vem o termo Pentecostal?

Promessa

Foi no dia de Pentecostes que a promessa do derramamento do Espírito Santo (Joel 2:28-29) veio sobre os discípulos pela primeira vez. Antes disso, o Pentecostes era uma festa judaica instituída por Deus, para celebrar a colheita.
Joel 2.28–29 NAA
28 “E acontecerá, depois disso, que derramarei o meu Espírito sobre toda a humanidade. Os filhos e as filhas de vocês profetizarão, os seus velhos sonharão, e os seus jovens terão visões. 29 Até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias.

Quinquagésimo

Pentecostes é uma palavra grega que significa “quinquagésimo”, porque era a festa que acontecia cinquenta dias depois da Páscoa: Levítico 23:15-16
Levítico 23.15–16 NAA
15 — Contem sete semanas a partir do dia imediatamente após o sábado, a partir do dia em que trouxerem o feixe da oferta movida; deverão ser semanas inteiras. 16 Até o dia que vem depois do sétimo sábado, contem cinquenta dias; então apresentem nova oferta de cereais ao Senhor.

Festa das primícias

A Páscoa judaica caía no início da colheita e no domingo, após o último dia da festa da Páscoa, o sacerdote apresentava o primeiro feixe de cereal colhido para Deus (Levítico 23:9-11) - era a Festa das Primícias, do primeiro feixe apresentado diante de Deus por oferta movida. Essa era uma forma de agradecer a Deus por Seu sustento. A colheita mesmo, começava na primavera, por volta de março ou abril, e continuava até o outono. Por isso era também conhecida como a Festa dos Primeiros Frutos (Números 28:26). Festa da Colheita dos Primeiros Frutos – porque celebrava o início da colheita desse ano e era comemorada no quinquagésimo dia depois da Páscoa. Essa época era o fim da primeira colheita do ano. Nesse dia, os judeus ofereciam a Deus um pouco da melhor farinha feita dos cereais que tinham colhido (Levítico 23:16-17).

Cristo nossa Páscoa

Com Deus nada é por acaso, a Bíblia diz que Cristo nossa Páscoa, foi sacrificado por nós (1Co 5:7). Ele foi o feixe movido, apresentado como as primícias de toda a criação (1Co 15:20-23) e cinquenta dias depois aparecem os primeiros frutos do Espírito Santo, o derramamento do Espírito (AT 2:1-4).
1Coríntios 5.7 NAA
7 Joguem fora o velho fermento, para que vocês sejam nova massa, como, de fato, já são, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado.
Então, somos chamados pentecostais porque mantemos a doutrina dos apóstolos e da igreja primitiva de crer no Batismo no Espírito Santo e na atualidade dos dons espirituais.

Daniel Berg

Nosso lema como Assembleianos brasileiros, que herdamos de Daniel Berg, que sempre o mencionava nas suas preleções, é: - Jesus Cristo salva, Jesus Cristo cura, Jesus Cristo batiza no Espírito Santo e leva para o céu! Glória a Jesus!

DO DIA DE PENTECOSTES AO SÉCULO XIX

Acompanhar os passos dos pentecostais genuínos desde a igreja primitiva até o século XII foi um desafio que custou intensas horas de muito trabalho, de oração e de profunda pesquisa, mas que igualmente trouxe uma satisfação imensa. A razão de paramos no século XIX é porque há abundância de informação dos séculos XX e XXI além de, eventualmente, serem abordados em estudos posteriores.

Revestidos de Poder no Antigo Testamento

Profetizar

Uma das partes mais interessantes desse estudo foi entender a manifestação do revestimento do poder de Deus já no Antigo Testamento, desde a peregrinação no deserto, em Parã.
Números 11:25
Números 11.25 NAA
25 Então o Senhor desceu na nuvem e falou com Moisés. E, tirando do Espírito que estava sobre Moisés, o pôs sobre aqueles setenta anciãos. Quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas isto nunca mais se repetiu.
Aqui aparece uma pequena experiência pentecostal ainda no período da peregrinação no deserto.
A base da doutrina pentecostal do batismo no Espírito Santo, ou revestimento de poder, é muito sólida e começa, como vimos, na passagem referida acima, no Antigo Testamento.
Há quem questione a doutrina pentecostal alegando não ter base doutrinária, mas as suas raízes nas escrituras são muito profundas. Moisés já havia passado pelo Sinai, pelo bezerro de ouro e várias outras experiências difíceis com o povo hebreu. Agora, chegando no deserto de Parã, e mal chegam, o povo começa a murmurar. Moisés acha o seu cargo tão pesado, por causa da murmuração do povo, que chega a pedir a morte. Deus responde a Moisés e manda que ele escolha setenta homens idôneos, anciãos, para ajudá-lo. Para consagrá-los para o serviço da Obra, o Senhor mandou que Moisés os reunisse diante da tenda da congregação e tirou do Espírito que estava sobre Moisés e o colocou sobre eles e eles profetizaram.

A evidência foi profetizarem

A evidência ou o sinal da confirmação da chamada daqueles setenta anciãos foi profetizarem, ou o anúncio de uma palavra profética. O texto não contempla o conteúdo da mensagem profética, mas a palavra hebraica no texto significa que eles agiram como profetas. Profetizaram uma única vez e depois, nunca mais, numa clara evidência da escolha divina para cooperarem com o homem de Deus, Moisés.
Dois homens também escolhidos entre os setenta, por alguma razão, não vieram à porta da tenda, mas permaneceram no arraial. O Espírito os toma no meio do arraial e começam também a profetizar. Josué faz saber o fato a Moisés e pede que ele o proíba, ao que Moisés respondeu:
Números 11:29 - Porém Moisés lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Tomara que todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito! (Ênfase nossa)
Moisés desejou que toda nação de Israel fosse profeta. Séculos depois, levantado por Deus, o profeta Joel anuncia:
Joel 2:28 (ARC) - E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. (Ênfase nossa)
Sobre toda carne não quer dizer sobre todas as pessoas, mas sobre todo tipo de pessoas, não somente a liderança, não somente os reis e profetas, por exemplo, mas sobre homens, mulheres, jovens, anciãos, servos e servas, sem importar gênero, nível social, idade, etc. – Glória a Jesus!
Todas as pessoas poderiam receber esse revestimento do Espírito Santo por isso esse capítulo é chamado de o capítulo da difusão do Espírito.
Profetizarão – mantendo o mesmo padrão de Números 11 em Joel 2.
John H. Walton, autor americano, atual, não pentecostal, comenta (2):
Walton sugere que o sinal dos anciãos profetizando é comparável às línguas de fogo vistas na parte superior de Atos 2.
Mas como o nosso Deus é perfeito, não termina aí, há pelo menos dois episódios da manifestação do revestimento de poder com a evidência veterotestamentária de profetizar.
Cf.: Lucas 1:39, 41-45; 67-68 (ARC) - “E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá, e aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo, e exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e é bendito o fruto do teu ventre! E de onde me provém isso a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor? Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas! E Zacarias, seu pai, foi cheio do Espírito Santo e profetizou, dizendo: Bendito o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo!” (Ênfase nossa)
Maria estava gestante do Messias, o Senhor Jesus. Segundo os conhecedores da geografia bíblica, a viagem de Maria para visitar a Izabel, demoraria pelo menos quatro dias. Izabel não sabia da visita de Maria e tampouco que ela estava grávida, mas quando Maria a saúda a criancinha (João Batista) saltou no ventre de Izabel, a qual foi cheia do Espírito Santo e exclamou com grande voz – começa então a profetizar sobre o fruto do ventre de Maria!
A característica do enchimento do Espírito Santo no AT, como vimos acima, era profetizar. Izabel profetizou! Seu esposo que, por não crer na profecia de um herdeiro, por juízo de Deus, ficou mudo, no verso 67, após o nascimento de João Batista, seu filho, é também cheio do Espírito Santo é igualmente profetiza!
É impossível negar e há muita evidência bíblica que liga o enchimento do Espírito à profecia.

Falar em línguas

Alguém pode questionar porque a menção já é do Novo Testamento, porém, o Senhor Jesus ainda não havia inaugurado a dispensação da graça e Zacarias e Izabel eram os pais do último profeta do Antigo Testamento segundo o próprio Senhor Jesus: Lucas 16:16 (ARC) - “A Lei e os Profetas duraram até João; desde então, é anunciado o Reino de Deus, e todo homem emprega força para entrar nele.”
De novo em Atos: Atos 2:4 (ARC) - E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” (Ênfase nossa).
Agora, a primeira evidência de ser cheio do Espírito Santo não é a profecia, mas falar em línguas. Além de a profecia não estar extinta, nem tampouco fora de contexto, tanto as línguas como as proféticas são dons de elocução (3), dons da fala, e o Senhor Jesus deixou claro que o enchimento do Espírito Santo era para ser testemunha, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia... (At 1:8)
Então, o que marca uma pessoa cheia do Espírito Santo é exatamente a elocução, ou seja, falar. Essa característica no AT aparece com a profecia e no NT também com a línguas. Em cada passagem sobre o batismo no Espírito Santo no livro dos Atos dos Apóstolos, a evidência sempre é a elocução, que agora era falar línguas estranhas.
As profecias e as línguas são expressões bíblicas de fala inspirada pelo Espírito Santo.
Fantástico, não é mesmo? Não falta evidência bíblica para a Doutrina Pentecostal!
Nós não podemos ser acusados de apenas basear nossa doutrina no livro dos Atos do Apóstolos, de modo algum!
Observe agora aqui, a menção do Apóstolo Pedro da profecia:
Atos 2:16-18 (ARC) - “Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos; e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas, naqueles dias, e profetizarão;” (Ênfase nossa)
Em plena harmonia com a doutrina do revestimento de poder desde o Antigo Testamento, o Apóstolo Paulo exalta também a profecia:
ICoríntios 14:5 – “E eu quero que todos vós faleis línguas estranhas; mas muito mais que profetizeis, porque o que profetiza é maior do que o que fala línguas estranhas, a não ser que também interprete, para que a igreja receba edificação.”

O Período da Patrística

Os pastores e bispos que substituíram os apóstolos e que aprenderam aos seus pés, eram carinhosamente chamados de “os pais da igreja” (4). A história secular registra, com muita abundância, as atividades desses pastores por haver vasto material escrito desse período . Esse é um material de grande importância porque os pastores daquele período escreveram muitos livros, documentos e trocaram entre si muitas cartas com experiências, cuidados e discutindo todo tipo de desafio e comportamentos das igrejas locais, bem como problemas com heresias, tanto localizados como universalizados. Aí estão, também, os comentários dos concílios realizados para resolver questões cruciais da igreja e alinhar a teologia cristã.
O período patrístico é considerado até a morte de João de Damasco (675 - 749) quando se inicia o período bizantino (726).

O paulatino esfriamento da Igreja primitiva

Desafortunadamente outras prioridades foram tomando o lugar da prioridade do Senhor Jesus Cristo – o revestimento de poder (Lc 24:49). O Senhor havia ordenado que não se afastassem de Jerusalém até que, do alto, fossem revestidos de poder. Antes de saírem para pregar a Palavra precisavam ser cheios do Espírito Santo. Da mesma forma que os setenta anciãos, antes de começarem seu mister, tinham que receber do Espírito que estava sobre Moisés.
No final do século IV, parece que alguns teólogos, talvez pelo surgimento de muitas heresias, ficaram tão acadêmicos que perderam a linha da experiência pentecostal ao ponto de muitos já não crerem nas manifestações dos dons e até mesmo desafiarem quem mencionava milagres, e zombarem daqueles que afirmavam a realidade das línguas estranhas e das curas, por exemplo.
Foi aí que surgiu a linha cessacionista onde alguns começaram a declarar que os dons espirituais já não eram mais necessários, uma vez que, agora, havia a Palavra escrita, e que os dons haviam terminado com a morte do último apóstolo, no caso, o Apóstolo João.
O Bispo de Lyon, Irineu (5), um ministro ortodoxo, que tinha muito cuidado da pura doutrina da Palavra de Deus, dava testemunho do dom de línguas e do poder de Deus na ressurreição dos mortos, dos quais, os seus próprios escritos sugerem que ele fora testemunha ocular. Warfield, um ferrenho cessacionista presbiteriano falecido em 1921, procurando negar o testemunho de Irineu de Lyon por meio da subjetividade da narrativa e por não haver detalhamento dos fatos, usou os escritos de Teófilo, um contemporâneo de Irineu, onde sugere alguém desafiando Teófilo a apresentar quem tenha ressuscitado, mas este teria se esquivado em responder.
Então, conclui Warfield, na minha opinião, de maneira absurda e precipitada, se Teófilo se desviou de uma resposta, é porque não viu, nem Irineu de Lyon, seu conterrâneo, teriam visto. Ora, que obrigação Teófilo tinha de conhecer quem Irineu vira ressuscitar? E qual a lógica de que se Teófilo não vira, logo Irineu tampouco, vira alguém ressuscitar? Lembre-se que Irineu dava testemunho dos milagres, não estava registrando um relato histórico, era o testemunho de um pastor!
Mas o ponto aqui, é a permanência da manifestação dos dons no segundo e terceiro séculos.
O alvo da zombaria foi Orígenes (6) que também dava testemunho de ter sido testemunha ocular da expulsão de demônios, línguas estranhas, curas e profecias.
Enquanto Orígenes era prudente em seus testemunhos pentecostais, evitando registrar detalhes dos milagres para não gerar zombaria por parte dos incrédulos, outros expoentes como Cipriano (7), davam testemunho público dos milagres que o Senhor Jesus estava realizando entre eles.
Assim, o pentecostalismo vai atravessando os séculos III e IV. Seria muito espaço e tempo ocupados aqui para mencionar vultos da história da Igreja dos primeiros séculos, mesmo escolhendo a dedo aqueles que foram fiéis à doutrina pentecostal.
No século IV, uma das figuras mais expoentes é Augustinho. Ele era um teólogo, filósofo e bispo de Hipona Regius, na Numídia, norte da África romana. Seus escritos influenciaram o desenvolvimento da filosofia ocidental e do cristianismo ocidental, e ele é visto como um dos mais importantes Pais da Igreja Latina no período patrístico (8). Muito conhecido como Santo Augustinho, o bispo de Hipona é considerado por inaugurar uma nova era na Igreja Católica Romana.
Augustinho estava entre os mais ferventes cessacionistas no princípio da sua carreira e escritos, onde atesta que o dom de línguas é coisa do passado. Porém, no último livro nas suas retrações, Augustinho se redime afirmando que os dons não eram coisa do passado, como ele afirmara anteriormente, quando era muito jovem. Ele afirma crer no batismo no Espírito Santo e no falar em línguas, bem como, nesses escritos, elenca setenta curas que foram operadas em apenas dois dos seus anos de bispado. Era sabido que Augustinho recebera os dons de curar e que expulsava demônios (9).
Por estarem frustradas com as más práticas cristãs das igrejas da época, algumas pessoas, tanto homens como mulheres começaram a buscar uma vida isolada para viverem separados com Deus. Dentre eles o egípcio Pachomius que após terminar o serviço militar (314d.C.) na guarnição romana, havendo se convertido ao evangelho de Cristo, migra para o deserto para viver para Deus. Viveu um período com uns ermitões e depois construiu o primeiro mosteiro no norte da África.
Pachomius foi posteriormente imitado por outros e o mais famoso deles foi Benedito de Nursia (480-550) que por volta de 525d.C. fundou um mosteiro no Monte Cassino, na Itália. Muitos outros mosteiros foram fundados na Europa com o nome de Beneditinos seguindo a mesma linha e princípios de Benedito.
A menção dos mosteiros aqui, se deve ao fato de, entre essas pessoas frustradas com as igrejas, que saíram fundando mosteiros onde pudessem melhor servir a Deus, estavam várias cheias do Espírito Santo e estão registrados muitos testemunhos de poderosas manifestações do Espírito Santo de Deus nos mosteiros através das línguas estranhas e curas de muitas outras pessoas.
Mesmo estando descontentes com a então Igreja Católica, provavelmente foram as manifestações do Espírito Santo através das suas vidas operando curas que fizeram com que fossem considerados santos e fossem canonizados.

Causas dos Esfriamento

Uma das principais causas do esfriamento da Igreja dos primeiros séculos foi a invasão da prosperidade.

Constantino,

o Imperador Romano, havia se convertido ao cristianismo e elevado os cristãos ao alto clero imperial. Com a paz e o apoio do Império Romano, muitos cristãos se tornaram muito ricos. Constantino ficou conhecido na história por buscar riqueza e por fazer seus amigos ficarem ricos (10).
Alguns usaram sua riqueza para espalhar o Evangelho e construir mosteiros, enquanto outros, ganhando dinheiro, idolatravam tudo o que ele podia comprar.
As mulheres da igreja ortodoxa agora deviam ficar em casa e orar pela igreja, em vez de ajudar no batismo e no ensino das mulheres. Elas não tinham mais permissão para expor o evangelho, tinham que deixar isso para um homem de Deus.
No entanto, as pessoas ainda estavam recebendo o batismo do Espírito Santo, evidenciado por falar em línguas, mas, nas reuniões da Igreja Católica Romana, os dons estavam desaparecendo (final do século IV, início do século V). Talvez uma exceção a isso fosse as partes mais remotas, como os Alpes.

Os dons do Espírito Santo, nos primeiros quatrocentos anos, passaram do fluir como uma fonte, para quase desaparecerem.

Muitos fatores contribuíram para a diminuição do fluir do Espírito Santo, orgulho espiritual, falta de compromisso e luta pelo poder.
Em vez de dependerem do Espírito Santo, os homens queriam depender de si mesmos. Em vez de buscar o Senhor em unidade para a solução dos problemas que surgiram, eles decidiam o que queriam.
As pessoas voltaram aos seus modos pagãos enquanto os líderes cheios do Espírito Santo eram martirizados ou atraídos por heresias.
Depois, começaram as lutas pelo poder, não apenas sobre quem seriam os bispos, anciãos, diáconos, mas quem desempenharia responsabilidades diferentes na administração das funções da igreja.
Os homens decidiam tudo na igreja ortodoxa, as mulheres eram inferiores e a elas e não se podia confiar responsabilidades na igreja.
No final do século IV, homens importantes da Igreja Ortodoxa disseram que as línguas do Espírito Santo haviam cessado. As manifestações do Espírito Santo, já não eram bem-vindas e praticamente desapareceram. No entanto, o Senhor não parou de derramar o Seu Espírito sobre aqueles que buscavam, sinceramente, estar na Sua presença. A história registra o Espírito Santo se movendo entre os monges, nos mosteiros.

A Chamada Idade das Trevas

A Idade das Trevas é um termo frequentemente usado como sinônimo da Idade Média. Refere-se ao período entre a queda do Império Romano e o início do Renascimento Italiano e a Era dos Descobrimentos. Muitos livros didáticos listam a Idade das Trevas como estendendo-se, aproximadamente, dos anos 500 a 1500d.C (11).
Esse período, era também um período obscuro da história do pentecostalismo, pois havia pouco conhecimento do avivamento, por pelo menos, duas razões:
1. A igreja romana estava muito afastada das verdades bíblicas, especialmente as pentecostais.
2. O cessacionismo era aceito pela maioria e os grupos pentecostais eram tidos como fanáticos ou hereges e, portanto, não havia qualquer interesse em registrar manifestações do Espírito Santo ou milagres nos quais eles sequer criam.
Porém, muitos registros existem da perpetuação do genuíno movimento pentecostal, da genuína manifestação do Espírito Santo desde a Igreja Primitiva até o nosso tempo, século XXI. Muita coisa começou a ser resgatada depois da explosão do movimento pentecostal no mundo inteiro, ainda que tenha demorado muito, já que a maioria das publicações de documentos do movimento pentecostal só apareceram a partir dos anos 90 do século XX.
A existência de documentos em forma de livros, relatos, cartas, etc., históricos, está contribuindo para que, afinal, a história seja reescrita e a potente mão de Deus seja mostrada através dos séculos, mesmo dos chamados séculos de trevas.

Século V

Começa o século V e a Igreja está envolvida em muitos problemas, tanto relacionais como, especialmente doutrinários. Havia conflitos por causa da doutrina da predestinação, da qual Augustinho era a favor; Conflito por causa do título que se daria a Maria, mãe do Senhor Jesus, o que, afinal ficou como Maria, mãe de Deus no Concílio de Éfeso em 431d.C. houve severa oposição a esse título e ele foi banido no Concílio de 436d.C (12).
Havia também questões quanto à natureza do Senhor Jesus porque alguns não aceitavam sua natureza divina. No Concílio de Calcedônia, em 451, foi confirmado que Jesus tem duas naturezas, divina e humana.
Considerando que o papel dos homens aumentou, ao longo dos anos, muitas posições foram adicionadas – além dos diáconos, sub-diáconos. Em Roma uma terceira posição foi acrescentada: acólitos (cooperadores). Outros títulos eram escriturários, exorcistas (expulsadores de demônios) e porteiros.
Arcebispo e Papa foram os títulos para o outro extremo do espectro (13).

Século VI

No século VI a Igreja Romana continuou a se deteriorar.
O imperador romano Justiniano, em 518, assumiu o controle da Igreja Cristã, declarando o que era uma sã doutrina.
Patrick
Nascido na primeira metade do século V, se converteu ao cristianismo e não apenas creu, mas manifestou os dons do Espírito Santo (14). Besa – egípcio, Philoxenus – persa, Severus – Antioquia, Basil da Capadócia e Gregório Nizianzus – Constantinopla, todos obtiveram o batismo no Espírito Santo (15).
Maomé (570 - 632)
Forçou sua religião nos países persas, destruiu a maior parte da literatura cristã e causou muitas dificuldades aos mosteiros.
Os dons do Espírito Santo, no entanto, continuavam sendo manifestados – Bento (Benedito de Nursia) e Maximus receberam o batismo do Espírito Santo. Além de ser conhecido como o Estado de Bento, ele era conhecido por seu poder na oração e na realização de milagres. Um dos milagres ocorreu quando o muro do mosteiro desabou, matando um monge. Bento, através da oração, restaurou-o à vida.
Ele foi avisado de sua própria morte e ordenou seus discípulos para cavarem sua sepultura seis dias antes do seu fim. Bento morreu em pé, na capela, com as mãos levantadas em direção ao céu.
No livro de Hyatt, são relatados milagres que foram realizados por Benedito durante sua evangelização na Grã-Bretanha (16). Ele é o pai dos monges beneditinos.

Século VII

O destaque do século VII é que enquanto os muçulmanos avançam, especialmente contra a Síria, causando dificuldades para os mosteiros, um grupo denominado Paulinos ou Paulicianos, seguidores dos ensinos do grande apóstolo, liderados por Constantino Silvano, que depois de ser revestido de poder, enquanto lia as cartas de Paulo, tornou-se um pregador itinerante. Os professores Paulicianos eram conhecidos por sua simplicidade, austeridade e por manifestarem extraordinários dons do Espírito Santo, crê-se, inclusive o de falar em línguas (17).
Infelizmente essa pureza e distinção de avivamento desaparecem nesse mesmo grupo para, depois de 700 anos (mais ou menos 1500), dar a uma das maiores heresias, que foi a doutrina do catarismo, gnóstica, dualista, afirmando existirem apenas duas forças na natureza, a do bem, e a do mal (18).

Século VIII

Desacordo sobre os ícones entre a Igreja Bizantina e a Igreja Católica Romana.
Entre os anos 717 e 741, houve um forte desacordo sobre os ícones entre a Igreja Bizantina e a Igreja Católica Romana. Os monges, porém, continuavam a fluir nos dons do Espírito Santo.
Joseph Hazzayua (nascido em 710-13)
Era conhecido como um místico sírio. De acordo com McDonnell e Montague(19), Joseph Hazzayua combinava a vida ascética com os carismas de lágrimas e línguas e a palavra do conhecimento.
A Igreja Ortodoxa Russa Oriental
acredita no batismo do Espírito Santo e no recebimento do dom de línguas. As Línguas eram consideradas como de oração pessoal e, portanto, raramente são mencionadas (20).

Século IX

A riqueza histórica e a importante dinâmica da Igreja nesse século estão amplamente registradas por diversos autores. Apesar de não serem objeto exato deste estudo, pela sua beleza e demonstração do poder de Deus, confesso minha tentação em contemplá-los aqui.
Les Vaudois
O Ocidente teve vários grupos conhecidos por se moverem no Espírito. Alguns eram conhecidos como as Comunidades Cristãs Independentes desenvolvidas ao redor dos Alpes com os Vaudois (ou do Vale, ou ainda valdenses) no lado italiano (21). No século XII ainda há registros desses valdenses como cheios do Espírito Santo (22).
Segundo Alexis Muston, D.D. (23), as igrejas cresceram independentemente uma da outra, acreditando que não eram sujeitas perante os homens, mas somente a Deus, mantendo a base da fé cristã comum, cada igreja tinha sua própria administração.
O Espírito Santo fluía através dos anciãos da Igreja Russa (24).

Século X

Apesar de haver registros dos dons do Espírito Santo serem manifestados no século X, do quinto ao décimo séculos há uma clara demonstração da Igreja católica, cada vez mais, deixando seu primeiro amor. A Igreja Católica Romana passou a seguir as leis dos homens em vez das de Deus. Como resultado, o Espírito Santo foi excluído da mesma, e, sem o Espírito Santo, não havia qualquer manifestação dos dons. Monges e monjas se aproximando do Senhor Jesus, receberam os dons do Espírito Santo (25). As evidências das línguas estranhas, ainda que mencionadas, diminuíram drasticamente.

Século XI

Foi um século de acontecimentos catastróficos em meio ao cristianismo, especialmente romano.
No ano 1000, a Igreja Católica Romana se volta contra os dons do Espírito Santo dados no dia de Pentecostes e escreve suas próprias regras para identificar e libertar uma pessoa endemoninhada (26).
Havia sérias questões internas tanto na igreja romana quanto na Ortodoxa Grega, além das questões de sérias divergências entre as duas, resultando, em 1054, na divisão entre a Igreja Católica Romana e a Ortodoxa Grega ou Bizantina.
Em meio a tantas turbulências, escassos são os registros de pessoas cheias do Espírito Santo no século XI. Há, porém, pelo um registro em especial de alguém cheio do Espírito Santo – Simeon, chamado de o Novo Teólogo, de quem se diz ter sido batizado no Espírito Santo na hora da sua ordenação ao sacerdócio, dando posterior testemunho - Mas quem era que estava mexendo minha língua, eu não sei... Deus sabe, de fato, apenas a luz sabe se conversei com a luz no corpo ou fora dele (27).

Século XII

Agora havia não apenas a descrença e a ordem contra o movimento pentecostal por parte da Igreja Católica, mas também a perseguição afirmando que quem falava línguas estranhas era do diabo.
Hildegard de Bingen (1098-1179),
ma abadessa alemã, viveu a maior parte do século XII. Criada no claustro, mas sem instrução devido à uma doença, ainda assim foi capaz não apenas de interpretar as escrituras latinas, mas de falar e interpretar uma língua totalmente desconhecida (28).
Os cristãos do vale do Piemonte podem ter tido a evidência do batismo do Espírito Santo falando em línguas (29).
Vida de Dominic
O capítulo II do segundo livro da Vida de Dominic registra que, enquanto ele ia de Toulon para Paris, com seu irmão Bertrand, encontraram alguns alemães, ele então os colocou para orar e começou imediatamente a falar alemão para o grande espanto desses estranhos, e, por mais quatro dias ele discursou com eles a respeito do Senhor Jesus. Essa não foi a única vez que isso aconteceu com ele (30). A mesma coisa é testemunhada a respeito de Francisco de Assis, Louis Bertrand e outros (31).

Século XIII

Não tinham outra opção
De novo, a impressão que se tem é de que muitas pessoas estavam na Igreja católica por não haver outra opção e crerem que era a única igreja, porém buscando servir a Deus de todo o coração, eram cheias do Espírito Santo e poderosamente usadas nas mãos de Deus.
Canonização
Depois da sua morte, muitas dessas pessoas foram canonizadas pela mesma Igreja católica que antes sequer as reconhecia. É o caso de algumas pessoas do século XIII.
Santo Antônio de Pádua
Em 1227d.C., Santo Antônio de Pádua falou perante o papa Gregório IX, os cardeais da Cúria, e um grande número de pessoas reunidas da maior parte do mundo. Todos testemunharam o poder do Pentecostes quando Santo Antônio pregou um sermão em todas as suas línguas e entregou longa profecia (32).
João de Parma,
um dos sucessores de São Francisco, acreditava firmemente na profecia e era o instrumento do Espírito em muitas declarações proféticas. A Enciclopédia Católica admite que a maioria dos católicos chamava São Francisco de entusiasta e algumas edições afirmam que São Francisco falou em outras línguas (33).
Clara
Nasceu em Montefalco, Itália, por volta de 1268 e, mais tarde, ingressou em um convento de terciários franciscanos. Clara sucedeu sua irmã Joan como abadessa do Convento de Santa Cruz em Montefalco. Ela levou uma vida austera de oração e dedicação. Um trabalho alemão do século XIX sobre o misticismo cristão de Johann Joseph von Gorres lista St. Claire de Montefalco como tendo um dom de línguas estrangeiras (34).
Margaret of Castello (1287-1320)
foi reivindicada como tendo acesso a fontes que outras pessoas desconheciam, como a vinda de Pentecostes, quando os discípulos começaram a falar em línguas desconhecidas. Dizia-se que ela vivia muito perto do Espírito Santo, e que Ele a ajudava. Isso foi falado dela depois que ela foi capaz de corrigir uma lição de geometria e uma lição de latim, mesmo sendo cega e nunca ter aprendido isso (35).

Século XIV

Neste século o Senhor levantou várias pessoas cheias do Espírito Santo e há vários registros da manifestação dos dons espirituais. Vamos apenas fazer menção com muito breve relato.
Gregory Palamas (1296-1359)
Nasceu em Constantinopla de uma família nobre. Aos vinte anos, ele entrou na vida monástica, no Monte Athos, de Atanásio. Palamas considerava que dons como línguas diversas, interpretação de línguas, a palavra de instrução, o dom de a cura e a realização de milagres eram atuais e concedidos às vezes através de intensa oração (36).
Ange Clarenus,
Em 1300, recebeu, durante a noite de Natal, pelo dom de línguas, o conhecimento da língua grega.
Birgitta da Suécia (1302/3-1373),
Também conhecida pelas muitas lágrimas e por falar a língua dos anjos (37).
Sérgio (1314-1392)
era um ancião dedicado a monges e leigos. Devido a ele, 50 mosteiros foram plantados ao longo da parte nordeste da Rússia. Ele foi usado pelo Senhor para ressuscitar os mortos, além de outros milagres, mostrando que ele tinha o dom de milagres que foi um dos dons dados no dia de Pentecostes mostrando também que ele era batizado no Espírito Santo. Ele também era profeta (38).
Cirilo de Belozersk (13? -1429)
O ancião tinha o dom da palavra de conhecimento, dons de curar – um cego viu e outros enfermos foram curados, entre muitas outras pessoas que foram libertas.
Vicente de Ferrier (1350-1419)
Era um pregador dominicano. Ele tinha o dom de falar em línguas estranhas e Butler(39) diz: escritores confiáveis relatam que vários grupos étnicos para quem ele pregou, o ouviram falar em seu próprio idioma.
João da Cruz
Falava em línguas frequentemente. Certa vez convenceu dois muçulmanos a crerem em Cristo falando em línguas, em seu árabe nativo (40).

Século XV

O século XV faz parte da Alta Idade Média, período que viu a queda de Constantinopla (1453) diante do Império Otomano - Islâmico. Começava o avanço islâmico no ocidente. Igrejas milenares viraram mesquitas e o Islã passa a controlar a Igreja Ortodoxa.
Mas Deus mantinha e reacendia novos focos de avivamento pelo poder do Espírito Santo. O Senhor Jesus levanta um povo, talvez desacreditado por seu estilo de vida nômade, e supostamente descendentes dos recabitas (Jerusalém 35:1-10) – os Ciganos – no sul da França, começa um avivamento que tocaria fogo em todo o continente e se espalharia pelo mundo, vindo a tornar-se o maior movimento pentecostal da Europa no século XX, com mais de meio milhão de membros apenas na Europa (41).

Século XVI

Os anciãos ortodoxos russos
Continuam recebendo o batismo no Espírito Santo. Entre eles Nilus de Sora (1433-1508) que, cheio do Espírito Santo recebeu o dom de profecias. Alexander de Svir, cantava cânticos espirituais, tinha os dons de curar e profecias. Antônio de Siya (1477- 1515?) tinha o dom da palavra de conhecimento. Cornélio de Komel (morto em 1537), Cirilo do Novo Lago (morto em 1532), todos com dons do Espírito Santo e posteriormente considerados santos.
Os Anabatistas
Fundados em Zurique, Suíça, sob a liderança de Ulrich Zwilngli (Zuinglio), não aceitavam o batismo infantil e criam que batismo era apenas depois de a pessoa aceitar a Cristo como salvador. Os Anabatistas também falavam línguas estranhas. Entre os Anabatistas cheios do Espírito Santo estava Menno Simons (1496-1561) e Louis Bertrand (1526-1581), que também falava línguas, profetizava, tinha o dom de discernimento(44) e alcançou mais de trinta mil indígenas para Cristo na América Latina (45).
Francisco Xavier (1506-1522)
Falava línguas estranhas pelo poder do Espírito Santo (46). Enquanto pregava aos hindus, pregava na língua deles pelo poder do Espírito Santo (Xenolália) (47). Até mesmo a Igreja Católica reconheceu seu dom de variedade de línguas como uma genuína obra do Espírito Santo (48).
Martinho Lutero (1483-1546)
Também falou em línguas. Lutero deixou a Igreja Católica em 1517. A obra de Souer em alemão, A History of the Christian Church, na página 406 do volume 3, descreve Lutero como profeta, evangelista, falando em línguas e interpretando, e como tendo os dons do Espírito Santo(49).

Século XVII

Os anciãos ortodoxos russos
Continuam recebendo o batismo no Espírito Santo – Glória a Deus! Entre eles os Deodoro de George-Hill (1585-16??) – profecia e milagres, Irenarcus de Solovvki – operação de maravilhas (50).
Os Jansenitas,
Um grupo católico romano fundado por Cornélio Jansen (1585-1638) que insistiu em ter uma experiência pessoal com o Senhor Jesus e, aqueles irmãos, foram batizados no Espírito Santo com a manifestação da glossolália (51).
Os Quakers (Amigos),
Fundados por George Fox (1624-1691) em 1646 que insistia em que fossem liderados pelo Espírito Santo, eram conhecidos por falar em línguas estranhas. Eles profetizavam (52).
Crianças pequenas,
Falando outras línguas (Xenolália) cheias do poder do Espírito Santo.
Os Huguenotes
Tinham a reputação de pessoas sinceras, bem-intencionadas e de vida piedosa. Com o derramamento do Espírito Santo, houve uma aceleração espiritual nas pessoas que estavam com eles (53).

Século XVIII

Refugiados chegaram em Londres, (1706),
Como profetas de Deus. (Lacy, Grito do Deserto; N. Peyrat, Pastores no deserto). Eles tinham o dom de línguas. Um inglês, John Lacy, se converteu e se tornou um líder. Ganharam também um distinto prosélito, Sir R. Bulkley, erudito e político que declarou ter ouvido Lacy repetir longas frases em latim, e outro falar hebraico, embora, quando não estivessem no Espírito, não fossem capazes disso (54).
Os primeiros Metodistas,
Seguidores de Whitefield, eram conhecidos por terem recebido o batismo no Espírito Santo com o dom de falar em outras línguas. O próprio John Wesley, respondendo ao Dr. Middleton, disse ter ouvido pessoas falando línguas estranhas nos de Dauphiny (55). Em seu livro, Marjorie Brower atesta ter testemunhado pessoas falando línguas estranhas nas reuniões da Igreja Metodista no princípio do movimento (56). Em seu diário, aos 8 de março de 1750, Thomaz Walsh, grande pregador metodista, atesta ter recebido o batismo no Espírito Santo naquela manhã (57). No mesmo período Whitefield trouxe milhares à salvação em Cristo. Lawrence registra que alguns deles foram cheios do Espírito Santo e falaram em outras línguas (58).
Igreja Católica Romana
Neste século a Igreja Católica Romana registrou várias pessoas demonstrando os dons do Espírito Santo (59).

Século XIX

Universidade da Geórgia
O século XIX viu um extraordinário crescimento da manifestação das línguas estranhas. Por volta de 1801 a Universidade da Geórgia, por exemplo, sentiu o efeito desse avivamento e quando os alunos visitavam os locais de acampamento, eram cheios do Espírito Santo e falavam línguas (60).
Os primeiros mórmons
Eram cheios do Espírito Santo e falavam línguas (61)! Em 1839 Joseph Smith começou a se opor ao dom de línguas e, em 1842, ele proibiu o dom de línguas entre os mórmons (62).
Edward Irving (1792-1834)
Da National Church of Scotland, experimentou um grande avivamento depois de começar a pregar sobre o batismo no Espírito Santo enfrentando tanta oposição que teve de sair da Igreja Católica e começar a Igreja Católica Apostólica na Escócia (63).
Dwight L. Moody
Tinha duas irmãs na igreja que pastoreava em Chicago, orando para que ele recebesse o batismo no Espírito Santo. Ele relata que vivia clamando para que o Senhor o enchesse do seu Espírito Santo e que, certo dia em Nova Iorque, ele teve a experiência de ser cheio do Espírito Santo.
Moody contava que, depois daquele dia, suas mensagens eram iguais e que ele não apresentou nenhuma verdade nova para a Igreja, mas milhares de pessoas começaram a aceitar a Jesus como salvador por causa do poder que estava nele (64).
Em seu livro O Povo Mais Feliz da Terra, Demos Shakarian conta como seu avô foi impactado pelo dom de profecia ao receber uma palavra profética do nascimento do seu filho. Shakarian conta também como os russos trouxeram o avivamento pentecostal aos armênios(65).
Charles Finney (1793-1873) contou que estava sentado ao lado da lareira do seu escritório e de repente foi cheio do Espírito Santo sem lembrar de que alguém jamais lhe falasse de tal experiência(66).
Catherine Booth,
Esposa de William Booth, fundadores do Salvation Army, era batizada no Espírito Santo. O Manual de Doutrina do Exército de Salvação datado de 1935 declara na página 84 - 3 c. A descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes foi o início de uma nova era. Todo o povo de Deus agora é chamado para ser cooperador com Ele e para Ele, e pode receber os dons especiais do Seu Espírito Santo, a fim de realizar o que seria impossível por seus próprios esforços(67).

CONCLUSÃO

A impressão que fica, depois de tantos relatos de fatos históricos de homens e mulheres de Deus, é que afinal, foram canonizados por milagres que realizaram no poder do Espírito Santo, porque eram cheios do poder de Deus e, como a Igreja Católica já não mais cria nas manifestações dos dons, especialmente por pessoas comuns, escolheu canonizar aqueles cujos milagres não se podia refutar ou esconder. Afinal eram pessoas comuns, cheias do Espírito Santo. Atos 2:39 – “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar.”
E a história não termina aí, no século XXI o Senhor nosso Deus está realizando, talvez, a maior e mais extraordinária obra de poder de todos os séculos, e o protagonista dessa geração é você, sou eu.
A Responsabilidade é Minha!
Joel Freire Costa
Pastor
Lighthouse Point, FL
_______________________________

NOTAS:

1) As referências bíblicas são da edição ARC – Almeida Revista e Corrigida. Qualquer outra menção será separadamente referida.
2) John H. Walton and Victor Harold Matthews, The IVP Bible Background Commentary: Genesis--
Deuteronomy. (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1997), 186.
3) Elocução – Boa e elegante enunciação de pensamentos pela palavra. No Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2020,
4) Estudiosos da patrística estimam que essa era tenha terminado por volta do ano 700 com a morte do, considerado, último pai da Igreja, João de Damasco (749) e o início do período bizantino (726).
5) Nasceu em Esmirna no ano 130 depois de Cristo e faleceu na hoje cidade de Lyon (Lugdunum à época) na França, no ano 202, contemporâneo portanto dos bispos que sucederam diretamente os apóstolos, carinhosamente chamados de os pais da Igreja. A era desses bispos ficou conhecida como o período dos Pais da Igreja ou Patrística.
6) Orígenes era um pregador eloquente nascido de família crista egípcia. Era carismático e de virtuoso conhecimento que atraiu os jovens quando foi o diretor da Escola Catequética de Alexandria. Fundou também a Escola de Cesárea. Foi considerado herege porque seus ensinos destoavam da Igreja Católica.
7) Cipriano era bispo de Cartago no norte da África falecido em 258 d.C. Converteu-se ao cristianismo aos 35 anos e foi eloquente pregador e erudito bíblico e linguístico, além de advogado e mestre em retórica.
8) Wells, J. (2000). Longman Pronunciation Dictionary (2 ed.). New York: Longman.
9) Clark, Randy. The Essential Guide to the Power of the Holy Spirit, God’s Miraculous Gifts at Work Today. Destiny Image Publishers, PA. 2015.
10) seu sobrinho Juliano, dizia que ele era atraído pelo dinheiro e que buscou acima de tudo, enriquecer-se e aos seus partidários.[Long, Jacqueline. “Julian Augustus’ Julius Caesar”, IN Maria Wyke, ed., Julius Caesar in Western Culture, Blackwell, Malden, MA,2006, pg.76
11) “The Dark Ages: Definition, History & Timeline.” Study.com. September 7, 2015..
12) Harrison, Everett F, Bakerís Dictionary of Theology: Michigan: Baker Book House c1960 p. 379
13) Duchesne, Mgr. L., Christian Worship its Origin and Evolution, NY: The Macmillan Company Fifth Edition 1919, p. 34.
14) Confession paragraph 423-41.
15) Burgess, Stanley, The Holy Spirit Eastern Christian Tradition Hendrickson Publishers, Inc 1989, p. 161-206.
16) Hyatt, Eddie I. 2000 anos de cristianismo carismático, um olhar do século XXI para a história da igreja de uma perspectiva pentecostal / carismática: Texas: Hyatt International Ministries 1998.
17) Bresson, Bernard L, Studies in Ecstasy, B.Y.: Vintage Press 1966, p 35, 36.
18) Topoi (Rio J.), Rio de Janeiro, v. 19, n. 38, p. 6-34, mai/ago. 2018 | www.revistatopoi.org.
19) McDonnell, Kilian and Montague, George T., Christian Initiation and Baptism in the Holy Spirit Evidence from the First to Eight Centuries, Minnesota: The Liturgical Press, 1994 p.333.
20) Burgess, Stanley, The Holy Spirit Eastern Christian Traditions p.51.
21) Gilly, William Stephen, Valdenses, Valdo, and Vigilantius: being the articles under these titles in the seventh edition of the Encyclopedia Britannica, Edinburgh: Adam and Charles Black, 1841 p. 3
22) Bresson, Bernard L, Studies in Ecstasy, B.Y.: Vintage Press 1966, p.37.
23) Muston, Alexis, The Israel of the Alps A Complete History of the Waldenses of Piedmont and their Colonies: Prepared in Great Part from Unpublished Document. VL 1 London: Blackie and Son. 1866, p. 4.
24) Kontzevitch, I.M. The Acquisition of the Holy Russia, CA: St. Herman of Alaska, p74
25) Burgess, Stanley, The Holy Spirit: Eastern Christian Traditions p.128.
26) Kelsey, Morton T., Tongue Speaking An Experiment in Spiritual Experience, NY: Doubleday & Company, Inc.1964 p.46
27) Kontzevitch, I.M. The Acquisition of the Holy Spirit in Russia St. Herman of Alaska Brother hood 1996, p. 102
28) Kelsey, Morton T., Tongue Speaking An Experiment in Spiritual Experience, NY: Doubleday & Company, Inc. 1964 p. 47 (Evidence of glossolália is found in her manuscripts, Lingua Ignota [Catholic Encyclopedia, 1913, VII p. 352] p. 16 Gonsalvez)
29) Mitchell, A. W., The Waldenses: Sketches of The Evangelical Christians of the Valleys of Piedmont - Penn: Slote & Mooney, Stereotypers. 1853,29, 30
30) Frodsham, Stanley Howard With Signs Following The Story of the Pentecostal Revival in the Twentieth Century, Gospel Publishing House 1946 p.256.
31) Id. p. 256.
32) Bresson, Bernard L, Studies in Ecstasy, B.Y.: Vintage Press 1966, p 35, 36.
33) Id. Studies in Ecstasy p. 38.
34) Kelsey, Morton T. Tongue Speaking An Experiment in Spiritual Experience, NY: Doubleday & Company, Inc.1964p 51.
35) Hill, Pamela, The Woman in the Cloak, NY: St Martin’s Press, p1988, p. 129.
36) Burgess, The Holy Spirit Eastern Christian Tradition p. 7
37) Id. P. 108.
38) The Northern Thebaid. P.30 e 38.
39) p. 66 2000 Years of Charismatic Christianity Hyatt (ref Butler live of Saints vo. 2,p 33)
40) Id. P. 66.
41) Clément Le Cossec, My Adventures with the Gypsies: Faith – Miracles (Bangalore: The Indian Gypsie Work Fellowship, 1997), P. 17.
42)_Rose, Seraphim and Podoshensky, Herman compilers. The Northern Thebaid, CA: St. Herman of Alaska Brotherhood 1976, p. 93-182.
43) Hamilton, Williams Pollock, Ed., The Charismatic Movement, Grand Rapids: Eerdmans, 1975 p. 73-74.
44) Bresson, Bernard L, Studies in Ecstasy, NY: Vintage Press 1966, p. 5.
45) Frodsham, Stanley Howard With Signs Following The Story of the Pentecostal Revival in the Twentieth Century - GPH, 1946 p.257.
46) Sherrill, John, They Speak with other Tongues, MI: Spire 1966, They Speak with other Tongues p.77.
47) Frodsham, Stanley Howard With Signs Following The Story of the Pentecostal Revival in the Twentieth Century - GPH 1946, p. 255.
48) Lawrence, B.F., The Apostolic Faith Restored, St. Louis, Mo.: The Gospel Publishing House 1916, p. 34.
49) Hyatt, Eddie I. 2000 anos de cristianismo carismático, um olhar do século XXI... Texas: Hyatt International Ministries 1998, p. 81.
50) Kelsey, Morton T., Tongue Speaking An Experiment in Spiritual Experience, NY: Doubleday & Company, Inc.1964, p.52.
51) Noorbergen, Rene, glossolália Sweet Sounds of Ecstasy Book 1, Ontario: Pacific Press p. 60.
52) Lawrence, B.F., The Apostolic Faith Restored, St. Louis, Mo.: The Gospel Publishing House 1916, p.35 in 1689.
53) Dalton, Robert Chandler, Tongues Like As Of Fire, Missouri: The Gospel Publishing House, 1945, p.18,19.
54) Hackett, H.B., Rev. and Ed., Dr. W. Smith’s Dic. of the Bible; Vol. IV. NY: Hurd and Houghton,1870 (Narrative, p.92).2 p. 3310-3311.
55) Frodsham, Stanley H., With Signs Following The Story of the Pentecostal Revival in the Twentieth Century, Mo: GPH, 1946 p 258.
56) (Marjorie Brower) Chapter Five: The 1800’s through 1900. Atestado também por Lawrence no seu livro The Apostolic Faith Restored.
57) With Signs Following p. 258.
58) Lawrence, B.F., The Apostolic Faith Restored, St. Louis, Mo.: The Gospel Publishing House, 1916, p. 36.
59) Catholic Online Saints. http://saints.catholic.org/stsindex.html.
60) Hyatt, Eddie I. 2000 Years of Charismatic Christianity, A 21st Century …: Texas: Hyatt International Ministries 1998 p.125.
61) Mormon: Vilate Kimball Autobiography in Women of Mormondom (1877),1806-1837, page 105-106.
62) Speaking in Tongues and the Mormon Church. John Farkas Berean Christian Ministries; P.O. Box 1091; Webster, NY.
63) Drummond, Andrew Landale, Edward Irving and His Circle, London: James Clarke & Co, LTD, 1937P.131-133.
64) Hyatt, Eddie I., 2000 Years of Charismatic Christianity, A 21st Century …, Texas: Hyatt International Ministries 1998,142.
65) Shakarian, Demos, The Happiest People on Earth; Spire Books Fleming H Revell Company Old Tappan, New Jersey, 1975, P.15.
66) Kinnaman, Gary D., And Signs Shall Follow, Chosen Books 1987p. 111.
67) Anon., The Salvation Army Handbook of Doctrine, London: International Headquarters, 1935.
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