Curso - Teologia do Pentateuco

Teologia Bíblica do Antigo Testamento  •  Sermon  •  Submitted
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Introdução, Teologia e Exposição do Pentateuco

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Introdução

A Teologia Bíblica é uma disciplina relativamente recente e tem suas próprias particularidades. A Teologia histórica olha para a história e o que foi defendido em cada contexto, a teologia Sistemática tem uma preocupação mais filosófica e apologética já a Teologia Bíblica olha para o texto em seu contexto sem preocupações com doutrinas específicas ou problemas na igreja que precisam de uma resposta dogmática.
De certo modo a Teologia Bíblica se relaciona com a Teologia Sistemática, afinal é a partir da Teologia Bíblica que Teologia Sistemática faz suas proposições e defende os dogmas da igreja e a fé, entretanto não é preocupação da Teologia Bíblica temas específicos ou a busca de respostas, mas a tentativa de olhar para os textos bíblicos em seus contextos e permitir que a escritura fale por si.
Assim é relevante olharmos com atenção para a Teologia Bíblica e a preocupação de como cada livro compões o todo das escrituras para que não nos percamos nos detalhes e possamos enxergar a revelação de Deus a cada um de nós.
Portanto essa matéria tem o objetivo de dar ferramentas para a melhor compreensão do pentateuco e o seu papel teológico no todo da revelação. É fundamental a compreensão desse papel teológico para a compreensão tanto do Antigo Testamento quanto do Novo Testamento.
Os escritos e profetas o tempo todo retomam as alianças firmadas no pentateuco e este é a base da fé e expectativa de retorno a terra e restauração da terra e direção de Deus. Nos Evangelhos, Atos e nas Cartas dica evidente que Cristo é a finalidade da lei e seu cumprimento de modo que Jesus é a realidade que se viam apenas sombras.
Sem compreender a Teologia do Pentateuco haverá muita dificuldade em se entender os evangelhos e Hebreus por exemplo que o tempo todo se refere a essas instituições da Antiga Aliança que são mais do que parte da história do povo judeu, mas parte da história da salvação revelada por Deus por meio da Antiga Aliança que se completa na Nova e tem a sua base no pentateuco.
Por isso essa matéria tem o objetivo de apresentar as questões introdutórias para a contextualização e familiarização do aluno no contexto da Antiga Aliança, os grandes temas teológicos de cada livro e como se relacionam com o todo da revelação e finalmente uma discussão a respeito da exposição bíblica e a pregação que é a finalidade do estudo das escrituras especialmente por pastores.
Para fins de avaliação teremos o seguinte:
Leitura: 20%
Foco e Desenvolvimento do Antigo Testamento
Questionários: 20%
Prova: 20%
Pesquisa Exegética: 40%
Introdução, teologia e exposição de um texto bíblico do pentateuco de sua preferência.

Teologia Bíblica

É possível fazermos teologia sem usar a Bíblia? Como um cristão fiel e Deus e amante da revelação provavelmente dirá que não, então toda a teologia é Bíblica? De certa forma deveria, mas quando tratamos da Teologia Bíblica estamos fazendo uma distinção da Teologia Histórica e Sistemática. Cada uma delas tem a sua relevância e área de atuação, mas precisamos conceituar o objeto de nosso estudo antes de começar desenvolvê-lo adequadamente.
A Teologia Histórica olha para os grandes pensadores, seus contextos e teologia, de modo que identifica os processos e debates, a Teologia Sistemática busca respostas bíblicas para temas doutrinários e apologéticos, já a Teologia Bíblica olha apenas para o texto e seu contexto tentando identificar a preocupação do autor do texto e não as necessidades dos leitores modernos como a Teologia Sistemática.
Assim podemos dizer que Teologia Bíblica e Sistemática em uma realidade ideal caminham juntas, a bíblica identifica o que o texto significa e o que Deus desejava revelar em seu contexto e a Sistemática organiza esse conhecimento para o leitor moderno. Nessa matéria naturalmente vamos nos preocupar com a revelação de Deus em seu contexto por meio do autor inspirado.

História da Teologia Bíblica

Centro da Teologia Bíblica

Por muito tempo diversos autores têm buscado um centro teológico que uma todo o Antigo Testamento. Parece que é universal a ideia de que há diversidade na escritura, mas vários autores têm buscado a linha que une o Antigo Testamento. De modo geral é sugerido que as promessas e as alianças são o centro do Antigo Testamente, essa linha que une toda a narrativa.
Alguns dos grandes autores que falam do Antigo Testamento dedicaram tempo nessa empreitada tais como Gerhard Hasel, Walter Kaiser e Ralph Smith. Alguns tem proposto algo um pouco diferente em que não haveria um centro, mas uma elipse com dois pontos que ligassem e unisse todo o Antigo Testamento e que seria o domínio de Deus e a comunhão.
Concordo com Carlos Osvaldo quando usa essa ideia dos dois focos, mas propõe algo um pouco mais abrangente e que consegue captar praticamente todas as propostas de centro para o Antigo Testamento que seriam:
1. Recuperação da Soberania Mediada
2. Bem estar da criatura sob a autoridade e para a glória de Deus
Vou um pouco além do que propôs um dos professores que mais influenciou minha caminhada na teologia e creio que esse parâmetro se cumpre em Cristo e pode ser a linha que une ambos os Testamentos, ou seja, toda a Teologia Bíblica.
Entendo que fica um pouco mais clara essa proposta ao olhar a história da redenção de uma forma mais completa como a Redenção da Criação e não apenas do homem. sendo exposta em quatro etapas:
Criação
Queda
Redenção
Consumação ou Nova Criação
Assim é a vontade de Deus restaurar toda a criação que foi impactada pelo pecado do homem que era o representante de Deus e tinha autoridade dada por ele, Merril em Teologia do Novo Testamento organizado por Zuck afirma que Gn 1.26-28 é o centro no Antigo Testamento e que o Reino de Deus é a referencia de modo que Deus instituiseu reino e da autoridade esse reino deve ser recuperado e restaurado seguindo passos parecidos.
Como vimos acima há ainda outras percepções como a promessa ou a Aliança ser o centro, mas estas creio que ficam um pouco limitadas e não seguem o padrão no Novo Testamento, não há dúvidas de que as promessas e Alianças tanto no Antigo quanto no Novo Testamento são fundamentais, entretanto cremos que sejam apenas meios de revelar essa linha que unifica não apenas o Antigo Testamento, mas toda a Escritura.
Gosto muito da ideia construída por Graig G. Bartholomew ao identificar uma linha na história como o Deus que não apenas tem um tema central que une a Teologia, mas uma linha que dirige a história de modo soberano.

Meta narrativa

A essa linha podemos chamar de Meta Narrativa, que é a ideia de uma única narrativa que atravessa todas as narrativas. Deus nos deu histórias e especialmente no Antigo Testamento, há uma ideia popular de que em narrativas e poesia não dá para fazermos doutrina ou Teologia. Eu discordo dessa ideia, se isso for verdade perderemos talvez 2/3 da revelação de Deus!
Compreendo também que infelizmente muitos tem transformado as narrativas em apenas lição de moral perdendo de vista a revelação de quem é Deus e o seu plano ou aplicando diretamente aos nossos dias momentos em que Deus agiu de forma singular trazendo confusão.
Mesmo quando olhamos para o pentateuco podemos perceber que em sua maior parte é narrativo e sua narrativa é Teologia que é aplicada nos registros históricos ou proféticos ou como era chamado na Bíblia Hebraica profetas anteriores e posteriores.
Por exemplo Israel é o povo de Deus que não o abandona porque Deus os tirou do Egito, a terra pertence a esse povo porque Deus fez uma aliança do Abraão , Isaque e Jacó, Ele é todo poderoso e governa a terra nos salmos porque é o criador do Universo em Gênesis, preserva a nação em meio a constantes ataques em Daniel e Ester no período pós exílico justamente porque prometeu a Abraão que faria uma grande nação e esta não seria dizimada,.
Até mesmo quando olhamos para o Novo Testamento podemos perceber a importância de enxergar a intenção dos autores humanos sob a direção de Deus na condução de uma grande história. Jesus é o rei da linhagem de Davi, aliança de 2 Samuel 7 um livro narrativo, ele é também a semente da mulher no Eden de Gênesis 3.15, o descendente de Abraão que abençoa todas as nações e etc.
Para que possamos aproveitar ao máximo da revelação precisamos olhar para ela como um todo e não apenas as suas partes e desenvolver a capacidade de relacionar as partes com o todo.
A Exegese olhas as minucias de cada parte, intenção autoral, contexto, ,manuscritos, significados enquanto a Teologia Bíblica tem o desafio de ser a ponte entre os detalhes descobertos na Exegese com o todo da escritura que nos direciona para uma Teologia Sistemática adequada que não depende exclusivamente da história ou de grandes pensadores, mas da escritura desenvolvendo uma apologética sustentável para a preservação da fé e finalmente nos ajuda no púlpito pra pregar de fato o evangelho revelado nas escrituras e aplicado ao cristão moderno não direcionado pela necessidade ou preferencias, mas pela revelação de Deus.
Este Deus que dirigiu a história e a conduz desde a criação até a consumação recuperando a soberania mediada e perdida e levando o seu povo a um desfrute pleno de relacionamento com Ele para a sua glória e todos esse processo é revelado em seu reino, alianças, promessas e finalmente no ápice dessa história que é a pessoa e obra de Jesus Cristo, assim não há duvida que a nossa pregação e vida como igreja muda quando compreendemos não apenas os detalhes da revelação, mas como se encaixa com o todo.

Conclusão

Podemos perceber a importância da Teologia Bíblica e seu papel fundamental na condução do povo de Deus e suporte aos pastores em seus ministérios para focar no que Deus afirma que é essencial ao seu povo e não apenas o que eles mesmo julgam.
Vimos que é uma disciplina relativamente recente e desenvolve um papel fundamental na construção de uma Teologia Sistemática mais bíblica e menos histórica e apologética .
Ao final percebemos como é difícil encontrar um único centro para a Teologia Bíblica visto que ela é tão diversa com muitos temas e estilos distintos, por isso vamos adotar aqui para este curso o duplo centro que ligados formam uma Elipse proposto por Carlos Osvaldo em Foco e Desenvolvimento do Antigo Testamento que é a Recuperação da Soberania Mediada e O Bem estar da Criação sob autoridade e para a glória de Deus. Com apenas uma pequena modificação de criatura para criação, afinal entendemos que a redenção leva a consumação e restauração da criação e não deve se limitar a humanidade.
Além de considerar estes dois temas como unificadores de toda a Teologia Bíblica entendemos que na revelação Deus conduz a história de modo que tendo esses dois centros podemos enxergar uma linha que nos ajuda a compreender a história da revelação unificando a Antiga e a Nova Aliança, respeitando a progressão da revelação e finalmente nos dando uma forma de enxergar o mundo e interpretar a história (filosifia da história) que por alguns autores é chamado de “a grande história de Deus” e nesse curso vamos dizer que pode ser chamado “O drama das escrituras” seguindo Bartholomew, deste modo essa linha é a Criação, Queda, Redenção e Consumação.
Compreendemos que essa divisão poderia ser melhor desenvolvida com a redenção de um povo e instituições que direcionam para a obra de Cristo que é a redenção final de toda a criação em Cristo sendo o cumprimento da Antiga Aliança e direcionando para a Nova Aliança e a Consumação.
Deste modo quando fazemos Teologia Bíblica não podemos perder de vista o centro e a linha que nos guia para compreendermos como cada parte se relaciona com o todo da escritura.

Questões Introdutórias do Pentateuco

Relevância

É de fundamental importância compreendermos as questões introdutórias do pentateuco, tais como autor, data, público, contexto para que tenhamos uma compreensão mais precisa daquilo que Deus por meio do autor desejou revelar a respeito de si, seu povo e a condução da história.
O estudo do pentateuco é fundamental para qualquer estudante de Teologia, afinal ele serviu de modelo e referência tanto para a Teologia do Antigo Testamento de modo geral quanto na Teologia do Novo Testamento.
É importante termos em mente que a revelação tem um paralelo importante com a encarnação. Jesus sendo plenamente homem e plenamente Deus foi o único capaz de executar o plano. A revelação é divina com propósito de falar da salvação e da pessoa de Deus, mas ela foi escrita por e para homens de modo que seu contexto histórico, estilo literário e desenvolvimento são fundamentais para uma boa compreensão. De certa forma a escritura é plenamente humana e plenamente divina.
Outra distinção bem relevante é que a Sistemática deseja compilar resultados e não se preocupa com o processo enquanto a Bíblica olha para a progressão da revelação e serve de ponte entre a exegese e a sistemática.
Ambas as abordagens são genuínas e fundamentais, apenas tem papeis diferentes na formação de um teólogo ou pastor completo que deseja nutrir adequadamente a sua comunidade e exercer com excelência o seu papel.

Auto, Data e Destinatários

Toda a lei foi entregue a Israel por volta de 1445 a.C escrita por Moisés, apesar de muito contestado pelos críticos da fonte, forma e redação temos essa evidência bem fundamentada na escritura (Ex 17.14; Nm 33.1,2; Dt 31.9; 2 Rs 21.8; Mt 19.7). Foi entregue a Israel completa imediatamente antes da entrada na terra prometida para de fato desfrutarem dos privilégios de uma nação livre que pode se relacionar com Deus que os tirou da escravidão do Egito.
O Pentateuco tem um papel fundamental de revelar a forma como o povo de Deus deve se relacionar com Deus sendo uma nação distinta e especial, esquecendo o que foi abandonado no Egito com suas muitas divindades e paganismo.
Provavelmente Moisés não foi de fato o autor propriamente dito de cada livro ou passagem, provavelmente ele reuniu uma série de tradições escritas ou orais que remontavam ao tempo dos patriarcas. De modo que Moisés ao compilar as tradições pode revelar a Israel, o povo de Deus na Antiga Aliança, a origem do mundo, da nação e o papel da nação no plano de Deus, tais esclarecimentos eram necessários a este povo que seria confrontados com todo tipo de expressão religiosa que deveriam se abster e ser fiéis ao seu Deus e Deus de seus antepassados que haviam firmado uma aliança com Deus.

Estilo Literário

Ao contrário do que nome sugere a Torah que significa lei e é o nome dado a esse conjunto, estes cinco livros não são formados em sua maioria por regras e regulamentos. Apenas Êxodo 20-40; Levítico e trechos de Números e Deuteronômio são regulamentos. A sua maior parte é formada de narrativas. Parece que Deus não se preocupou apenas em revelar o que eles deveriam fazer, mas por meio de modelos revela quem Ele mesmo é e o que espera de seu povo com ilustrações por meio de narrativas.
Essa estrutura por si já e suficiente para sugerir fortemente que a auto revelação de Deus e sua atuação na história tem um peso teológico forte no pentateuco, mais forte até mesmo que um conjunto de regras para a boa convivência de uma nação.
Em especial Deuteronômio além de sua estrutura legal não ser a ênfase ele ainda é identificado como um tratado de suserania e vassalagem do segundo milênio a.C que conta com narrativas, e uma seção de preceitos pactuais que determinam as responsabilidades e privilégios das partes na relação de Suserano Vassalo. Assim parece que esse material tem o objetivo de ser mais do que um conjunto de regras, mas uma forma de enxergar o mundo e interpretar a história (filosofia da história).
Mesmo o livro de Levítico que é majoritariamente legal e cerimonial é mencionado direta e indiretamente pelos autores do Novo Testamente e principalmente pelo autor de Hebreus ao reinterpretar as alianças e suas instituições como sacerdócio, sacrifício, cidade santa, templo, a lei e o profeta que é superior ao grande legislador e profeta Moisés. Assim parece que o autor de Hebreus usa todas estas instituições e regulamentos e os interpreta teologicamente aplicando ao dia a dia de seu público.

Teologia do Antigo Testamento

Considerando tudo isso fica evidente que precisamos olhar para o pentateuco como Teólogos Cristãos estudando o Antigo Testamento e identificando o que Deus desejou revelar de sua pessoa, povo e obra para aplicarmos ao nosso próprio público não aquilo que desejamos ou gostaríamos, mas o que ele revelou e é necessário para o povo que pertence a ele na Nova Aliança.
Precisamos olhar para o pentateuco considerando em que momento do progresso de revelação ele se encontra a intenção do autor, o que motivou a usar determinados estilos literários e artifícios e finalmente como essa parte se encaixa no todo da revelação de Deus para o seu povo agora que está completa.

Pressupostos Básicos

Pode parecer estranho, mas para compreendermos adequadamente a Teologia do Antigo Testamento é necessários dois pressupostos bem básicos. Primeiro, Deus existe e segundo ele decidiu se revelar na história de forma compreensível e intencional. De modo que ele dirige a história de acordo com sua vontade exercendo a sua soberania.
Assim quando olho para os registros do Antigo Testamento não são apenas um punhado de tradições ou histórias de um povo antigo, mas Deus por meio desse povo revelou quem ele é, seu plano e propósito. Por isso o pentateuco contém narrativa (evento) e interpretação (lei ou discurso).

Gênesis

Introdução

Teologia

Êxodo

Introdução

Teologia

Levítico

Introdução

Teologia

Números

Introdução

Teologia

Deuteronômio

Introdução

Teologia

Exposição do Pentateuco

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