IPVM no Lar | Tiago 5.1-3
Exposição na epístola de Tiago • Sermon • Submitted
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· 17 viewsEstudo bíblico expositivo na Carta de Tiago 1.12, baseado nos comentários: Kistemaker, S. J. (2006). Tiago e Epístolas de João. (C. A. B. Marra, Org., S. Klassen, Trad.) (1a edição). São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã. / Grünzweig, F. (2008). Comentário Esperança, Carta de Tiago. Curitiba: Editora Evangélica Esperança. / Calvino, J. (2015). Epístolas Gerais. (T. J. Santos Filho & F. Ferreira, Orgs., V. G. Martins, Trad.) (Primeira Edição). São José dos Campos, SP: Editora FIEL. / Blomberg, C. L., & Kamell, M. J. (2008). James (Vol. 16). Grand Rapids, MI: Zondervan. / Dibelius, M., & Greeven, H. (1976). James: a commentary on the Epistle of James. Philadelphia: Fortress Press.
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Cuidado com as Riquesas
Cuidado com as Riquesas
1. A quem se dirige
1. A quem se dirige
5.1 Atendei, agora, ricos, chorai lamentando, por causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão.
5.1 Atendei, agora, ricos, chorai lamentando, por causa das vossas desventuras, que vos sobrevirão.
Como um profeta do Antigo Testamento, Tiago critica as pessoas ricas que, em sua arrogância, esqueceram-se de Deus e de sua palavra.
Chama sua atenção energicamente e pede-lhes que ouçam o que ele tem a dizer.
Ao que parece, essas pessoas ricas não eram parte da comunidade cristã, mas opressores dos crentes, que viviam em pobreza (comparar com Tg 2.6).
Se eram judeus, haviam se desviado dos ensinamentos das Escrituras e se tornado pessoas do mundo. Se os ricos podiam ou não ouvir a admoestação de Tiago, é uma questão que fica em aberto, mas os pobres e oprimidos na comunidade cristã eram confortados e encorajados por saber que Deus conhece suas dificuldades.
Tiago declara o julgamento divino sobre os ricos, e eles não têm como escapar.
Recebem sua recompensa, por assim dizer, na forma de uma maldição. Têm sua porção de desventura - “miséria”.
As palavras são semelhantes às de Jesus, quando diz: “Mas ai de vós, os ricos! Porque tendes a vossa consolação” (Lc 6.24).
“Chorai lamentando”.
Enquanto os leitores da epístola são exortados a purificar-se do pecado (“aflijam-se, pranteiem e lamentem” [4.9]) e a arrepender-se.
Tiago não dá aos ricos nenhuma esperança de arrependimento.
O termo lamentar, na verdade, significa “gemer”. Ele descreve o som de uma pessoa que está sofrendo grande dor ou tristeza.
Qual é, então, a diferença entre chorar de arrependimento e chorar sem arrependimento?
João Calvino observa: “O arrependimento tem, de fato, o seu choro, mas este é misto de consolação, não se transforma em gemido”. A vida de luxo dos ricos está prestes a tornar-se uma vida repleta de miséria que inclui sofrimento, a “dor causada por doenças físicas”.4
2. Riqueza
2. Riqueza
2 As vossas riquezas estão corruptas, e as vossas roupagens, comidas de traça;
2 As vossas riquezas estão corruptas, e as vossas roupagens, comidas de traça;
3 o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugens, e a sua ferrugem há de ser por testemunho contra vós mesmos e há de devorar, como fogo, as vossas carnes. Tesouros acumulastes nos últimos dias.
3 o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugens, e a sua ferrugem há de ser por testemunho contra vós mesmos e há de devorar, como fogo, as vossas carnes. Tesouros acumulastes nos últimos dias.
Observe os seguintes pontos:
a. “As vossas riquesas estão corruptas”.
a. “As vossas riquesas estão corruptas”.
O que é a riqueza?
Sua definição depende da cultura e da época em que se vive.
Jó era um homem rico, porque Deus o havia abençoado com um grande número de animais (sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas [Jó 1.3]).
No início do Cristianismo, os ricos que possuíam terras ou casas vendiam-nas e davam o dinheiro aos pobres (At 4.34,35).
Para os leitores da Epístola de Tiago, ao que parece, a riqueza consistia de comida, vestimentas, ouro e prata.
Tiago admoesta os ricos, pois estes permitiram que sua riqueza se corrompesse.
O verbo, na verdade, significa “decompor-se” e parece aplicar-se a suprimentos de comida.
Deus criou a natureza de maneira tal que cada estação de colheita trouxesse um novo suprimento de comida para homens e animais.
Os suprimentos, portanto, não deveriam ser acumulados (Lc 12.16–20), pois estavam sujeitos a estragar-se.
O que Deus oferece por meio da natureza deve ser usado para o sustento diário de suas criaturas (Mt 6.19).
Com uma distribuição adequada desses suprimentos ninguém deveria passar fome, pois a terra abundante de Deus produz alimento suficiente para todos.
b. “e as vossas roupagens, comidas de traça”.
b. “e as vossas roupagens, comidas de traça”.
Na falta de substâncias químicas preventivas, a traça ataca tanto as roupas dos ricos como dos pobres.
Os pobres, porém, não precisam se preocupar se suas vestes serão comidas por traças, pois eles usam no corpo as únicas roupas que possuem.
Os ricos guardam suas vestes caras e, com o tempo, vêem que foram destruídas pelas larvas que as devoraram.
c. “o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugens”.
c. “o vosso ouro e a vossa prata foram gastos de ferrugens”.
“Seu ouro e prata estão corroídos”. É claro que metais preciosos não enferrujam. Portanto, é preciso que expliquemos o verbo enferrujar de modo figurativo, e não literal.
O acúmulo de prata e ouro com o simples fim de tê-los não serve para nenhum propósito importante.
De certa forma, esses metais são tão inúteis quanto se estivessem enferrujados.
Tiago fala da ferrugem para indicar como as posses terrenas não têm valor.
d. “e a sua ferrugem há de ser por testemunho contra vós mesmos”.
d. “e a sua ferrugem há de ser por testemunho contra vós mesmos”.
Num outro sentido, a corrosão dos metais tem uma conotação negativa.
Num tribunal, por exemplo, isso pode ser usado como evidência contra o rico, ou seja, alguém pode acusar o rico de não ser um administrador digno de suas riquezas. Ao invés de ajudar o pobre e ir ao encontro de suas necessidades, essas pessoas ricas acumulam suas riquezas, usando-as para os próprios prazeres egoístas ou não usando para propósito algum.
e. “e há de devorar, como fogo, as vossas carnes.”.
e. “e há de devorar, como fogo, as vossas carnes.”.
Tiago é um tanto descritivo nas denúncias que faz contra os ricos. Ele diz que “[a ferrugem] há de devorar, como fogo, as vossas carnes”.
O fogo é uma força devastadora; a temperaturas suficientemente altas, ele consome tudo o que estiver no seu caminho.
Tiago faz uma alusão ao julgamento de Deus que está para vir sobre eles (ver Dt 24.4; Is 10.16,17; 30.27; Ez 15.7; Am 5.6).
Desse julgamento, eles não podem escapar.
Em outras palavras, apesar de um dia todos terem que se apresentar diante do trono de julgamento, a ira de Deus pode cair sobre o pecador ainda em vida, de modo que seu corpo físico seja destruído. O rei Herodes, gloriando-se de seu próprio poder e riquezas, experimentou o julgamento imediato de Deus quando “um anjo do Senhor o feriu” (At 12.23).
f. “ Tesouros acumulastes nos últimos dias”.
f. “ Tesouros acumulastes nos últimos dias”.
Eis a conclusão da questão: “Nos últimos dias vocês acumularam tesouros”. Esse texto permite várias interpretações.
Em primeiro lugar, a vida do homem na terra é curta e, como Tiago indica (4.14), logo chegará ao fim. Na terra, as pessoas invejam os ricos por causa de seus bens e influência, mas, no momento da morte, aqueles que são materialmente ricos estão espiritualmente falidos. O que o homem deve fazer é aumentar sua conta bancária espiritual ao acumular tesouros no céu (Mt 6.20).
Em segundo lugar, várias traduções apresentam o texto “acumulastes tesouros para os últimos dias” (itálico nosso). Alguns intérpretes afirmam que os ricos acumulam tesouros conforme está escrito em Romanos: “acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus” (2.5).
Em terceiro lugar, no contexto mais amplo desse versículo, Tiago menciona duas vezes a vinda iminente do Senhor (vs. 7 e 8) e então acrescenta: “O Juiz está à porta” (v. 9).
O Senhor e o Juiz, obviamente, são a mesma pessoa.
A expressão nos últimos dias se refere ao chamado fim dos tempos, que é a era de cumprimento do que foi previsto no Antigo Testamento (Jr 23.20; Ez 38.16; Os 3.5; Jl 2.28) e que ocorreu na época do Novo Testamento (Jo 11.24 [singular]; Jo 12.48 [singular]; At 2.17; 2Tm 3.1; Hb 1.2).
De modo mais preciso, a expressão inclui o período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo.
Os ricos, de acordo com Tiago, acumularam riqueza material à sombra da volta de Cristo. Quando ele voltar, porém, eles serão julgados.
Considerações práticas em 5.2,3
Considerações práticas em 5.2,3
Versículo 2
Quando repórteres perguntam às pessoas nos últimos dias do ano o que elas esperam no ano novo, nove entre dez dizem que esperam ganhar mais dinheiro. O dinheiro dá segurança e a possibilidade de adquirir os bens necessários. Não podemos viver sem dinheiro. Vendemos nossas habilidades e tempo no mercado de trabalho para ter retorno financeiro, e todos nós temos o desejo de progredir ganhando mais dinheiro. Parece que nunca é suficiente, pois quanto mais recebemos, mais queremos.
Qual deve ser nossa atitude quanto ao dinheiro? As posses terrenas são como as marés do oceano: vêm e vão. Assim, não devemos basear nosso destino na instabilidade das riquezas terrenas. Ao invés disso, devemos receber cada boa dádiva e dom perfeito que vem das mãos de Deus (Tg 1.17) e, então, usar com sabedoria o dinheiro que Deus nos dá. Quando nos lembramos das necessidades de nosso próximo e damos generosamente, refletimos a generosidade de Deus para conosco.
Versículo 3
Qual é nossa mensagem para aqueles que foram dotados de riquezas terrenas? A resposta está na importante instrução de Paulo a Timóteo:
“Exorte os ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona… que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida” (1Tm 6.17,19).