Gálatas 1.11-24: A Minha Vida Como Prova Do Evangelho Da Graça
Pregação expositiva lectio contínua em Gálatas • Sermon • Submitted
0 ratings
· 263 viewsNotes
Transcript
Handout
Introdução
Introdução
Para ser revendedor de determinadas empresas é exigido que, primeiro, você seja um cliente dela. A lógica é a seguinte: você só estará apto a vencer aqueles produtos se você os conhece a ponto de saber realmente a diferença que ele faz.
Muitos vendedores querem se dar bem oferecendo esses produtos para pessoas de renda alta que, no entanto, não fazem parte do seu círculo de amizade. Normalmente vendas assim são um fracasso! Os melhores vendedores, todavia, procuram àqueles que lhes conhecem a um bom tempo, a ponto de poderem ver o resultado do produto em suas vidas. Desta maneira, o testemunho pessoal é a melhor garantia da funcionalidade do produto.
Como o Evangelho da Graça e o apostolado de Paulo estavam sendo atacados nas igrejas do sul da Galácia, Paulo começa, a partir do versículo onze deste capítulo até o final do capítulo dois fazer uma extensa defesa do seu apostolado, tendo em vista que isso era essencial para a defesa do Evangelho da Graça.
Como dar credibilidade ao Evangelho da Graça? Como convencer as pessoas disto? Através do seu testemunho pessoal Paulo quer que seus leitores percebam que o evangelho que ele pregou tem origem divina (v.11,12).
Assim como bons vendedores provam a qualidade do seu produto através da sua experiência de vida, Paulo prova a veracidade do Evangelho da Graça pela sua história de vida.
Portanto, a ideia que o texto nos transmite é que podemos demonstrar a todos a veracidade do Evangelho da Graça através da nossa história de vida.
Neste sentido, Paulo nos mostra TRÊS SITUAÇÕES em que o Evangelho da Graça pode ser demonstrado como verdadeiro através da história de vida do salvo.
I. Antes da conversão: a mudança na vida do salvo é prova da veracidade do Evangelho da Graça (13,14)
I. Antes da conversão: a mudança na vida do salvo é prova da veracidade do Evangelho da Graça (13,14)
Paulo nos mostra dois aspectos de sua vida antes da sua conversão que comprovam a veracidade do Evangelho da Graça. Mas, agora, vejamos primeiro quem era ele até encontrar-se com Cristo.
Quem era Paulo até a sua conversão.
Um fariseu (Fp 3.5)
Estudou aos pés de um grande Rabino chamado Gamaliel (At 22.3)
Consentiu na morte de Estevão (At 8.1)
Recebeu autorização do sumo sacerdote para perseguir os cristãos (At 9.1,2)
Se converteu na estrada para Damasco (At 9.3-9)
A perseguição de Paulo ao cristianismo (13)
Exposição
“Vocês ouviram qual foi o meu procedimento no judaísmo como perseguia com violência a igreja de Deus, procurando destruí-la”
O livro de Atos nos dá mais detalhes da perseguição de Paulo à Igreja de Deus.
Ele ia de casa em casa em Jerusalém, prendendo todos os cristãos que encontrasse e os arrastava para a cadeia (At 8.3).
Quando os cristãos eram condenados à morte, Paulo votava a favor de que isso acontecesse (At 26.10)
Não satisfeito com tudo, ele ainda tentava acabar com ela (v. 13)
O fanatismo religioso de Paulo (14)
Exposição
“No judaísmo, eu superava a maioria dos judeus de minha idade, e era extremamente zeloso das tradições dos meus antepassados”
O que leva Paulo a se exaltar dessa forma não é nenhum orgulho pessoal, mas sim a tentativa de dissipar qualquer argumento de que ele não possuía conhecimento suficiente do judaísmo, como, possivelmente seus opositores o acusavam.
Paulo era extremamente zeloso pelas tradições orais que recebeu pelos seus estudos com conceituados rabinos. É bom lembrarmos que ele foi criado de acordo com a tradição mais severa do judaísmo - o farisaísmo.
Diante de um fanatismo religioso tão grande, homem algum poderia dissuadi-lo a abandonar a sua crença. Apenas Deus poderia!
Ilustração
O processo para o corte de um diamante bruto é interessante. Há duas formas de cortá-lo: na clivagem, quando é dado um forte e rápido golpe, o que nem sempre funciona, ou usando uma serragem, em um processo longo e tedioso, feito com uma serra elétrica rotatória ou, mais recentemente, com raios laser. Por meios naturais, é impossível ao homem cortá-lo. Paulo era um diamante bruto que jamais cederia a argumentos humanos para pregar algo diferente do que o judaísmo ensinava, mas Deus, através da sua graça, conseguiu abrir a mente e o coração dele, transformando-o em uma pedra preciosa.
Aplicação
Todo salvo, mesmo aquele nascido na igreja tem uma história antes e depois da conversão. As pessoas precisam ver através dessa história de vida que o Evangelho da Graça é verdadeiro. Portanto, precisamos nos portar como verdadeiros servos de Deus.
Assim como um diamante bruto precisa ser cortado para ser lapidado. Àqueles que tiveram um encontro com Cristo, mas que, permitiram que seu coração se tornasse pedregoso novamente, precisam buscá-lo. A sua graça é instrumento suficiente para lapidar esses corações novamente.
Recapitulação
Devemos demonstrar através da nossa história de vida que o Evangelho da Graça é verdadeiro. Paulo nos ensina que uma boa forma de fazer isso é através da vida sombria que tínhamos, mas que não possuímos mais. No entanto, a vida do crente não se resume a antes da sua conversão. Por isso, agora analisaremos outra parte da nossa história de vida em que o Evangelho da Graça pode ser demonstrado como verdadeiro.
II. Depois da conversão: o objetivo na vida do salvo é prova da veracidade do Evangelho da Graça (15,16a)
II. Depois da conversão: o objetivo na vida do salvo é prova da veracidade do Evangelho da Graça (15,16a)
Antes de Paulo chegar ao objetivo na sua vida após sua conversão, Paulo nos ensina dois aspectos sobre o seu chamado.
A soberania divina (15a, 15c)
Exposição
“Mas Deus me separou desde o ventre materno … Quando lhe agradou”
É impossível não perceber a mudança de vida de Paulo quando foi salvo por Cristo. Mais notável ainda é a mudança de Paulo nos sujeitos dos verbos. Enquanto que nos versículos 13 e 14 usa-se o “eu”, note: “vocês ouviram qual foi o MEU procedimento […] como EU perseguia a igreja de Deus […] No judaísmo, EU superava […] e EU era extremamente zeloso das tradições dos MEUS antepassados, agora, após convertido passa-se a usar “Deus”, perceba: “Deus me separou […] e [Deus] me chamou por sua graça […] Quando lhe [Deus] agradou revelar o SEU filho em mim”.
O verbo “separar” aqui significa “colocar em um grupo à parte de outros, concernente a um propósito” e a expressão “quando lhe agradou” é apenas um hebraísmo que indica a soberania de Deus, é uma outra forma de dizer “quando Deus quis”.
Portanto, o que Paulo está dizendo é que seu chamado apostólico:
partiu de Deus (mas Deus me separou)
foi antes que ele pudesse escolher (desde o ventre materno)
foi pela graça (chamou por sua graça)
foi derivado da soberania divina (quando lhe agradou)
Não nos cabe deduzir porque Deus escolhe soberanamente assim pessoas para chamados específicos, pois a Bíblia não nos dá resposta. Foi assim também com Jeremias (Jr 1.5).
Essa escolha, no entanto, não serve como base para a eleição incondicional, pois a Bíblia não afirma eleição individual, e sim, coletiva.
Cabe-nos, porém, refletirmos que Deus é soberano e age como quer e quando quer e que os motivos nem sempre nos são revelados. Todavia, sempre podemos confiar de que Deus faz e sempre fará o melhor.
O chamado por graça (15b,16a)
Exposição
“e me chamou por sua graça”
Paulo não merecia a graça de Deus, aliás, esse é o conceito de graça, favor imerecido e totalmente livre! ou como William Hendriks coloca, “é o favor ativo de Deus em outorgar o maior dom a quem merece o maior castigo”. Paulo não merecia a misericórdia divina, nem mesmo a pedira, mas a graça de Deus o alcançou.
Após vermos dois aspectos importantes quanto ao chamado apostólico de Paulo, observemos agora qual foi o objetivo divino.
O objetivo do chamado divino na vida de Paulo (16a)
Exposição
“Quando lhe agradou revelar o seu Filho em mim para que eu o anunciasse entre os gentios”
John Stott, descreveu essa experiência de Paulo da seguinte forma: “Paulo perseguia a Cristo porque cria que este era um impostor. Agora os seus olhos estavam abertos para ver Jesus não como um charlatão, mas como o Messias dos judeus, Filho de Deus e salvador do mundo”.
Talvez Paulo esteja se referindo à sua conversão na estrada de Damasco. Seja como for, o objetivo na vida de Paulo ao ser chamado por Deus não era guardar para si o Filho, e sim anunciá-lo a gentios que antes ele repudiava.
Assim, quando um homem se converte a Cristo, nasce-lhe um amor capaz de movê-lo a pregar o Evangelho da Graça à pessoa mais odiável do universo.
Ilustração
Uma mesma porta pode ter objetivos diferentes. Se você e a tranca, o objetivo dela é impedir que pessoas passem por ela. Se você a abre, o objetivo muda radicalmente. O objetivo na vida de Paulo mudou a partir do momento em que sua mente mudou. Conversão é isso - mudança de mente. Quando Paulo foi convertido a Cristo sua mente trancada aos gentios, um povo que antes era odiado, agora passou a estar abertas para eles.
Aplicação
O Evangelho da Graça tem esse poder de destrancar mentes. Pessoas que antes odiávamos agora passam a ser amadas por nós. O senso de abrir a porta da Graça para que eles possam entrar é motivado pelo amor de Deus em nossas vidas.
O verdadeiro servo de Deus não deve ter inimizades. Lembremo-nos que éramos inimigos de Deus, mas sua graça nos alcançou. Procuremos alcançar vidas da mesma maneira!
Peça a Deus amor pelos homens. Amar ao próximo é prova de amor a Deus. Deus escolheu ser amado no seu próximo. Quando você demonstra amor pelo seu próximo, você está demonstrando amor ao seu Deus.
Recapitulação
Devemos demonstrar a veracidade do Evangelho da Graça através de nossa história de vida. Paulo assim fez ao apresentar sua vida. Quando era um judeu zeloso da lei e perseguidor da igreja de Deus foi alcançado pela graça. Depois de convertido, passou a ter como objetivo de vida anunciar a Cristo aos gentios que antes desprezava. Mas isso não é tudo. Qual é o resultado de sua conversão. Vejamos...
III. Depois da conversão: o resultado do Evangelho da Graça na vida do salvo é prova de sua veracidade (16b-24)
III. Depois da conversão: o resultado do Evangelho da Graça na vida do salvo é prova de sua veracidade (16b-24)
Antes de demonstrar o resultado do Evangelho da Graça em sua vida, Paulo, primeiramente, tem de provar que não recebeu o Evangelho pelos outros apóstolos.
Prova de que Paulo não recebeu o Evangelho através dos outros apóstolos (15b-21)
Exposição
“Quando lhe agradou revelar o seu Filho eu mim para que eu o anunciasse entre os gentios, não consultei pessoa alguma”
Paulo começa a combater a falácia de que seu Evangelho era inferior porque não fora instruído pelos doze apóstolos. A isso Paulo confirma a acusação, porém demonstrando que seu Evangelho veio da mais pura fonte divina.
“Tampouco subi a Jerusalém para ver os que já eram apóstolos antes de mim”
Paulo não está se colocando acima dos demais apóstolos, e nem mesmo sendo contra as autoridades eclesiásticas. No entanto, ele está iniciando o seu argumento de que seu Evangelho vinha direto de Deus.
“mas de imediato parti para a Arábia e voltei outra vez a Damasco”
A Arábia a qual Paulo se refere é a parte noroeste. Neste local aconteceram alguns fatos bíblicos importantes, como a Lei dada no Monte Sinai e a peregrinação no deserto pelos israelitas.
Damasco é uma cidade da Síria.
“Depois de três anos, subi a Jerusalém”
Paulo regressa a Jerusalém somente após três anos da sua conversão. Desta forma, ele está dizendo que estava recluso aprendendo diretamente de Deus o Evangelho que tanto defende.
William Barclay disse que “antes de falar aos homens, Paulo precisou falar com Deus”. A isso, complemento citando o reverendo Hernandes Dias Lopes, quando diz que “só se levantam diante dos homens aqueles que primeiro se prostraram diante de Deus”.
O fato de Paulo ficar três anos sendo instruído por Deus com relação ao Evangelho da Graça é, no mínimo, curioso. Não foram três anos que os doze discípulos foram instruídos por Jesus? Assim, Paulo também estava passando pelo mesmo processo. Por isso, o seu Evangelho em nada difere do Evangelho de Cristo e dos demais apóstolos.
“Depois de três anos, subi a Jerusalém para conhecer Pedro pessoalmente e estive com ele quinze dias. Não vi nenhum dos outros apóstolos, a não ser Tiago, irmão do Senhor […] A seguir fui para as regiões da Síria e da Cilícia”
Devemos dar atenção ao verbo grego historesai (conhecer na NVI), pois era usado no sentido de fazer turismo e significa “visitar com o propósito de conhecer uma pessoa”.
Obviamente que em quinze dias pode-se aprender algo do Evangelho, mas é preciso muito mais que isso para conhecer todo o conselho de Deus.
Mais uma prova da autenticidade divina do Evangelho de Paulo é que ele não esteve com todos os apóstolos para sondá-los e extrair deles o máximo de conhecimento. Ele apenas esteve com Pedro e Tiago, irmão de Jesus.
Seria, portanto, ridículo argumentar que o Evangelho de Paulo tinha origem humana.
Para acabar de vez com o argumento de que o Evangelho de Paulo deveria estar sujeito ao dos apóstolos, e que, portanto, tinha origem humana, Paulo faz um juramento invocando a ira divina sobre si.
O juramento de Paulo
Exposição
“Quanto ao que lhes escrevo, afirmo diante de Deus que não minto”
Fazer juramento indicava colocar Deus como testemunha de seus atos. As pessoas da época de Paulo levavam isso muito a sério, e não faltava fé de que um juramento vão acarretaria na ira divina sobre aquele que cometeu perjúrio.
Portanto, o juramento de Paulo colocava mais peso em suas palavras, bem como mais confiabilidade.
Passemos agora à parte mais importante deste trecho, o resultado do Evangelho na vida de Paulo e do salvo.
O resultado do Evangelho da Graça na vida do salvo (22-24)
Exposição
“Eu não era pessoalmente conhecido pelas igrejas da Judeia que estão em Cristo. Apenas ouviam dizer:”
Com “igrejas da Judeia”, Paulo faz uma clara divisão entre Jerusalém e as igrejas da Judeia, ainda que Jerusalém faça parte desta região.
A fama de Paulo era conhecida, mas ele “não era pessoalmente conhecido”
“Aquele que antes nos perseguia, agora está anunciando a fé que outrora procurava destruir. E glorificavam a Deus por minha causa”.
Glorificar a Deus significa “reconhecer ou estimar o seu caráter, sua natureza ou os seus atributos”.
Mesmo não conhecendo pessoalmente Paulo, as igrejas da Judeia magnificavam a Deus pela transformação que o Evangelho da Graça proporcionou na vida de Paulo.
Concordo com Warren W. Wiersbe quando diz que “Os judaizantes estavam interessados somente na própria glória (Gl 6.11-18). Por isso roubavam os convertidos de Paulo e os levavam a desviar-se. Se Paulo estivesse preocupado em glorificar a si mesmo, poderia ter continuado sua carreira como rabino, e talvez se tornado sucessor de Gamaliel. Mas era a glória de Deus que motivava o apóstolo, e é essa mesma glória que também deve motivar nossa vida”.
Ilustração
A terceira lei de Newton afirma que toda ação corresponde a uma reação. Por exemplo: quando um jogador de futebol cabeceia uma bola ele consegue mudar a trajetória da mesma, pois exerce uma força sobre ela. Também é certo que a bola exerce uma força sobre a cabeça do jogador, uma vez que ele sente o impacto da bola. No entanto, no Evangelho da Graça a lei que rege é que a ação salvífica de Deus exerce a influência sobre o salvo fazendo com que ele glorifique o divino, mas o divino não é mudado pela ação humana.
Aplicação
O Evangelho não trata-se de Deus honrando ou exaltando o homem, mas sim de Deus sendo glorificado! Nós não exercemos nenhuma “força” sobre Deus, e sim ele é quem exerce em nós!
Preguemos o Evangelho da Graça que glorifica a Deus, mas também vivamos de acordo com ele para que o glorifiquemos à vista dos homens.
Conclusão
Conclusão
Se um bom vendedor precisa testemunhar do produto que vende, e se Paulo teve de dar testemunho da sua vida como prova do Evangelho da Graça, quanto mais nós devemos fazê-lo. Podemos fazer isso apontando quem éramos e o que Deus fez em nossas vidas. Podemos demonstrar a eficácia do Evangelho da Graça através dos nossos objetivos de pregar a salvação ao mais temível e odiado pecador. E, podemos demonstrar a veracidade do Evangelho da Graça ao glorificarmos ao nosso Criador com a nossa pregação e com a nossa vida.Portanto, a minha e a sua vida servem como prova do Evangelho da Graça.