Quem são os verdadeiros membros da Igreja.
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Texto.
Texto.
1 Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem.
2 Pois, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho.
3 Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.
Introdução
Introdução
É comum nos depararmos com cristãos sinceros, e que por certos motivos se questionam se realmente são salvos ou não, se realmente pertencem a família da fé ou não. Essa preocupação é sadia, uma vez que mostra a busca da pessoa por realmente moldar sua vida e sua crença na firmeza da Verdade. No entanto, pode ser também nociva, quando ela é mal dirigida e tira da pessoa toda e qualquer esperança, tira o sossego, o sono.
Pensando nisso, hoje nós vamos analisar alguns requisitos bíblicos para analisarmos com segurança se somos ou não crentes, se somos ou não salvos de verdade. Não é uma receita de bolo, nem uma equação matemática, ainda assim, conseguimos, pela Escritura, ter uma noção considerável se somos ou não parte da Igreja.
Pra fazer isso eu resolvi separar para vocês o apontamento que a Confissão Belga faz sobre isso.
A Confissão Belga é o primeiro documento tido como padrão doutrinário da Igreja Reformada da Holanda. Seu principal autor foi um homem chamado Guido de Brès, um pregador reformado martirizado em 1567.
Artigo 29 da Confissão Belga de 1561.
Artigo 29 da Confissão Belga de 1561.
As mascas da verdadeira igreja, de seus membros e da falsa igreja.
As mascas da verdadeira igreja, de seus membros e da falsa igreja.
“Aqueles que pertencem à igreja podem ser conhecidos pelas marcas dos cristãos, a saber: a fé e pelo fato de que, tendo recebido Jesus Cristo como único Salvador, fogem do pecado e seguem a justiça, amando a Deus e o seu próximo, não se desviando para a direita nem para a esquerda e crucificando a carne com as obras dela. Isso não quer dizer, porém, que eles não tenham ainda grande fraqueza, mas, pelo Espírito, a combatem todos os dias de sua vida e sempre recorrem ao sangue, à morte, ao sofrimento e à obediência do Senhor Jesus. Neles, eles têm a remissão dos pecados pela fé”.
Vamos analisar algumas partes desta declaração.
1- “Aqueles que pertencem à igreja podem ser conhecidos pelas marcas dos cristãos”.
1- “Aqueles que pertencem à igreja podem ser conhecidos pelas marcas dos cristãos”.
Ela começa dizendo que “aqueles que pertencem à igreja podem ser conhecidos pelas marcas dos cristãos”. Para Guido de Brès, existem certas marcas que são características dos cristãos. Por marcas, está claro para nós que Guido se refere à características, ou seja, cristãos possuem marcadores característicos específicos, algo que, por possuírem tais marcas, isso provam que realmente são cristãos.
Assim como qualquer outra coisa para receber alguma definição precisa de algo que lhe seja característico, para o cristão, acontece da mesma forma. Por exemplo, quando digo: “o urso é um mamífero”. Estou me referindo à um animal que faz parte de um grupo específico, onde todos os participantes deste grupo possuem uma característica em comum, neste caso, se alimentar do leite materno. Patos não se alimentam do leite materno, logo, patos não são mamíferos e não estão os ursos ligados aos patos neste aspecto. Em outras palavras, essa característica serve para diferenciar uns dos outros.
Então Guido entende que existem certas marcas que caracterizam os cristãos e os diferem de qualquer outro grupo, logo, tais características são definidoras. Para ser cristão é necessário ter tais características.
Fé.
Fé.
A primeira que ele elenca é a fé: O autor da carta ao Hebreus tem a mais famosa definição de fé encontrada nas Escrituras: “A fé é a garantia do que se espera e a prova do que não se vê” (Hb 11.1 A21). Segundo essa definição, ter fé significa ter como garantido, como certo aquilo que se espera. E de igual forma, ter como certo e garantido aquilo que não se pode ver. Óbvio que o autor aos Hebreus não se refere à você e eu termos o pensamento positivo de que ficaremos milionários e isso certamente ter que acontecer. A sua declaração encabeça vários exemplos que ele dá de fés colocadas em prática, (Hb 11.2) ou seja, não podemos desassociar a definição que ele dá, dos exemplos que a seguem.
Quando analisamos os exemplos percebemos que em todos eles a fé tinha um direcionamento correto, e não visava um ganho pessoal ou um benefício próprio e material.
Os pré diluvianos
Os pré diluvianos
Abel - Ele cita Abel, que pela fé, ofereceu sacrifícios superiores aos de Caim e por causa disso foi aprovado por Deus.
Enoque - Ele cita Enoque que agradou a Deus com sua fé e foi arrebatado aos céus por isso.
Noé - Ele cita Noé que, ao ser comissionado por Deus, teve fé que cairia água dos céus e que sua família seria salva, construiu a arca e pregou ininterruptamente até que as água começaram a cair.
Os Patriarcas
Os Patriarcas
E ele segue citando Abraão, Sara, Isaque, Jacó, José.
Diversos
Diversos
Moisés, Raabe, Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e os profetas. Enfim, vários exemplos.
É impressionante perceber que todos esses homens eram incapazes de realizar os feitos grandiosos que fizeram, e ao mesmo tempo, realizaram estes feitos porque tinham certeza de coisas que esperavam acontecer, e convicção de fatos que não eram capazes de ver. Sempre lembrando que essas coisas que eles esperavam e esses fatos que eles tinham convicção, sempre dizia respeito a algo maior que eles, e maior que a materialidade que os circundava.
Observe a forma como vários desses foram alçados ao rol dos heróis da fé!
Segundo o autor, alguns desses, venceram reinos, praticaram justiça, alcançaram promessas, fecharam a boca de leões, apagaram a força do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram forças, tornaram-se poderosos na guerra, puseram exércitos em fuga.
Algumas mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos.
Alguns foram torturados e não aceitaram ser livrados, para alcançar uma melhor ressurreição.
Outros experimentaram zombaria e espancamentos, correntes e prisões.
Foram apedrejados e provados, serrados ao meio, morreram ao fio da espada, andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, aflitos e maltratados.
O mundo não era digno dessas pessoas. Andaram vagando por desertos e montes, por cavernas e buracos da terra. E todos eles, embora recebendo bom testemunho pela fé, não obtiveram a promessa: visto que Deus havia providenciado algo melhor a nosso respeito, para que, sem nós, eles não fossem aperfeiçoados.
Quando o autor diz que eles “não obtiveram a concretização da promessa”, o que eles quer dizer com isso?
Ora, ainda que muitos desses homens receberam bênçãos durante sua vida, viram o cumprimento de algumas promessas, está claro por essa parte final dos versículos que a fé desses homens residia em algo superior àquilo que eles estavam vivendo. Era a fé de que um redentor viria! Essa era a promessa, essa era a esperança, tais homens e mulheres creram piamente nisso, e passaram por tudo isso pelo fato de terem essa crença. Em outras palavras, tinham como certo algo que não viam, algo que esperavam.
Contar a história do guarda-chuva.
Perceba, a fé nos une a esses mesmos homens e mulheres descritos aqui. A fé nos coloca na mesma categoria, assim como o urso é da mesma família que outros mamíferos, ainda que tenhamos vários, nós também, ainda que sejamos vários, e tenhamos atuações diferentes no corpo de cristo, a fé nos une a esses.
Nos une a Abel, Enoque, Noé, Abraão, Sara, Isaque, Jacó, José, Moisés, Gideão, Sansão. E porque isso? Porque a fé não é algo nosso, o mesmo Espírito que concedeu fé a esses homens, é o mesmo que concede fé à cada um de nós. O mesmo Espírito que agiu poderosamente sobre as vidas desses homens, é o mesmo que age sobre a nossa. Isso nos une. Nos coloca no mesmo patamar, na mesma família.
Louvado seja Deus por isso!
Traduzindo a fé para hoje.
Traduzindo a fé para hoje.
Mas você ainda pode estar se perguntando, no que reside a fé? Ora, a fé é a confiança, a certeza, a garantia de que tudo aquilo que Cristo fez e que está relatado nas Escrituras, aconteceu e é verdadeiramente daquela forma.
Então se a Escritura diz que Cristo é Deus, e que sendo Deus se humilhou fazendo-se homem, e que fazendo-se homem obedeceu ao Pai, e que entregou sua vida como propiciação pelos nosso pecados, e que ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, deu-nos seu Espírito para nos consolar, confortar, exortar e manter-nos na fé, e que em breve voltará. Isso é verdadeiramente assim! E nos apropriamos disso de forma convicta.
Não é confissão positiva, não é pensamento positivo para que algo aconteça, é apropriação de algo que já aconteceu, e não é uma apropriação puramente intelectual, mas, uma apropriação concedida a nós pelo Espírito. Não existe fé sem o Espírito Santo, sem Ele, é tudo confissão positiva. Mas com ele é verdade comunicada por graça. É certeza comunicada por graça, mantida por um eterno e infinito poder e recebida por graça. Essa é a primeira característica. Se tem algo que podemos claramente dizer: “eu recebo!”, é essa apropriação. Cristo morreu pelos nossos pecados, se entregou por nós, zela diariamente por nós, e em breve voltará. Fé é crer nisso com o guarda-chuvas nas mãos.
“pelo fato de que, tendo recebido Jesus Cristo como único salvador, fogem do pecado e seguem a justiça”.
“pelo fato de que, tendo recebido Jesus Cristo como único salvador, fogem do pecado e seguem a justiça”.
A sequência da definição da confissão é: “pelo fato de que, tendo recebido Jesus Cristo como único salvador, fogem do pecado e seguem a justiça”. Receber Jesus como único Salvador é fruto da fé, em outras palavras, não há como recebê-lo como salvador sem fé. Como consequência, aquele que recebe Jesus como Salvador, foge do pecado e segue a justiça. Mas, o que significa isso?
Em Romanos 6.1-2 o apóstolo Paulo diz o seguinte “Que diremos, então? Permaneceremos no pecado para que a graça se destaque? De modo nenhum. Nós, que morremos para o pecado, como ainda viveremos nele?”.
O contexto desta fala de Paulo começa no capítulo 5, ali Paulo mostra que por causa da transgressão de Adão o pecado entrou no mundo, pelo pecado entrou também a morte. Tal pecado escravizou todos os homens, a lei então foi dada para realçar essa transgressão e consequentemente essa escravização. Cristo por sua vez, veio para libertar o homem do pecado, e essa libertação é fruto da graça de Deus, com isso, onde havia muito pecado, muita graça foi realçada. (Onde está mais sujo gasta-se mais água para limpar, a riqueza está no fato de ter água abundante para limpar a sujeira que for, em outras palavras, pode estar sujo da pior maneira, nunca faltará água para limpar). É nesse ponto que ele fazendo o papel do seu interlocutor imaginário questiona: Então permaneceremos na sujeira para que se ressalte a abundância da água? A resposta é imediata: De modo nenhum! E a resposta de Paulo está no fato de que a graça liberta o crente da escravidão do pecado, ou seja, a graça não somente limpa a sujeira do pecado, mas quebra as correntes que mantinham o homem preso nas masmorras da injustiça, com isso, ainda que suas vestes se sujem em alguma medida, ele nunca será escravo novamente, haverá sempre água suficiente para limpá-lo. Por isso o crente não pode mais viver pecando, ele não é mais escravo.
É exatamente isso que temos na declaração da Confissão Belga. Aquele que, pela fé, recebeu Jesus Cristo como Salvador, foge do pecado. Foge em direção a justiça. Foge porque não é mais escravo. Foge porque seu senhor agora é outro e ele quer fazer a vontade de seu Senhor. Pedro em sua primeira carta também expressa essa mesma ideia. Veja o que ele diz: “Ele mesmo levou nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; pelas suas feridas fostes sarados”. (1Pe 2.24 grifo nosso).
Paulo escrevendo aos Gálatas, (Gl 5.16-17) antes de fazer as conhecidas listas de obras da carne vs fruto do Espírito, deixa claro que existe um conflito entre carne e espírito, e que o desejo da carne se opõe ao Espírito. Mas o contrário também é verdade, por isso a recomendação dele no vs 16 “andai no Espírito e jamais satisfareis os desejos da carne”. Podemos concluir que a vida do crente é uma vida de luta para constantemente fugir do pecado, correr em direção a justiça, e sempre buscar agradar a Deus. Essa é uma característica daquele que verdadeiramente é um cristão.
“amando a Deus e ao seu próximo”
“amando a Deus e ao seu próximo”
O texto segue dizendo “amando a Deus e ao seu próximo”: 1Jo 4.19-21 diz o seguinte: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro. Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama seu irmão, a quem viu, não pode amar a Deus, a quem não viu. E dele temos este mandamento: quem ama a Deus ame também seu irmão”.
Já que estamos falando de caraterísticas do verdadeiro crente, não poderemos nunca deixar de mencionar o amor, e é por ser questão fundamental que ela está presente neste documento. Amar a Deus e amar ao próximo são, de acordo com Jesus, o resumo de toda a lei. (cf Mc 12.28-34).
Se não há amor a Deus não há evangelho. Se não há amor ao próximo não há evangelho, pois uma coisa está totalmente ligada a outra. Amar a Deus sem amar ao próximo é igual mula sem cabeça. Não existe, é fantasia. A medida de nosso amor a Deus está na medida em que amamos nosso próximo. E essa é uma característica fundamental dos verdadeiros crentes. Isso os distingue dos falsos. Quer saber se você é um eleito de Deus, veja como você lida com essas questões. Você ama a Deus? Você ama ao próximo.
Questões para ampliar:
Até onde realmente conseguimos fazer isso? Fato é que, temos muita dificuldade de amar a Deus sobre todas as coisas. Geralmente amamos coisas mais imediatas mais do que todas as coisas, no entanto, como vimos já neste estudo, a vida do crente é uma constante luta contra a acomodação do pecado, e uma empreitada sem fim em busca da justiça e do que é correto. Por isso, quanto mais dificuldade o crente tem de cumprir um desses requisitos, mais ele vai lutar em oração para que tal deficiência seja reparada, mais ele vai reconhecer sua miserabilidade, e mais dependente de Deus ele se tornará. Nunca conseguirá repousar sobre o aconchego de suas obras, mas sempre ansiará pelos braços de seu Salvador onde encontra verdadeiro repouso. Então, o verdadeiro crente, ainda que reconheça que é falho em alguns desses pontos, ele estará constantemente lutando para corrigir isso e melhorar. Estará constantemente buscando a Deus, pedindo ajuda ao Senhor.
“não se desviando para a direita nem para a esquerda e crucificando a carne com as obras dela”
“não se desviando para a direita nem para a esquerda e crucificando a carne com as obras dela”
A sequência do texto diz: “não se desviando para a direita nem para a esquerda e crucificando a carne com as obras dela”. A segunda parte desta declaração está contida no que já comentamos a respeito da oposição entre a carne e o espírito.
Vamos nos ater a primeira parte: Não se desviando nem para a direita nem para a esquerda. Paulo diz o seguinte em Fp 3.14 “Prossigo para o alvo, pelo prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus”. Perceba que a linguagem de Paulo aqui faz menção à foco. Ele está focado, ele não se desvia. Ele segue firme, segue em frente. Conferir
1 Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus.
2 E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.
3 Participa dos meus sofrimentos como bom soldado de Cristo Jesus.
4 Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou.
5 Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas.
6 O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a participar dos frutos.
7 Pondera o que acabo de dizer, porque o Senhor te dará compreensão em todas as coisas.
8 Lembra-te de Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos, descendente de Davi, segundo o meu evangelho;
9 pelo qual estou sofrendo até algemas, como malfeitor; contudo, a palavra de Deus não está algemada.
10 Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória.
11 Fiel é esta palavra: Se já morremos com ele, também viveremos com ele;
12 se perseveramos, também com ele reinaremos; se o negamos, ele, por sua vez, nos negará;
13 se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo.
58 Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.
A declaração finaliza dizendo:
Isso não quer dizer, porém, que eles não tenham ainda grande fraqueza, mas, pelo Espírito, a combatem todos os dias de sua vida e sempre recorrem ao sangue, à morte, ao sofrimento e à obediência do Senhor Jesus. Neles, eles têm a remissão dos pecados pela fé.
Eu acho que a passagem de números sobre a serpente de bronze ilustra bem esta parte para nós. (Contar a história)
Foi picado pela serpente do pecado? Olhe para Cristo!
Foi assolado pelo desânimo? Olhe para Cristo!
Está com dificuldades financeiras, emocionais, físicas, etc? Olhe para Cristo!
Receba de Cristo, se aproprie de Cristo, confie nos méritos de Cristo!
Olhe para Cristo, ele te é suficiente!